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Boletim sobre os intrépidos garotos
Com o pai preso a um leito de hospital e impedido por ora de dizer ou de cometer sandices, os garotos Carlos e Eduardo Bolsonaro voltaram a pontificar em grande estilo nas redes sociais.
Haveria melhor momento para chamar atenção e aumentar o número dos seus seguidores, sejam eles devotos mansos ou adversários indignados? Não resistiram, pois.
À caça de votos para ser nomeado embaixador do Brasil em Washington, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) postou no Instagram uma foto sua ao lado do pai convalescente.
Detalhe que o aspirante a diplomata fez questão de mostrar: na cintura, uma pistola Glock 9mm de cor preta. É a arma padrão usada pelos policiais federais. Eduardo é escrivão licenciado.
Pode uma visita entrar armada em um hospital e circular por ali? A direção do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, respondeu que cabe à presidência da República cuidar da segurança do enfermo.
E da segurança dos outros enfermos e funcionários do hospital, quem cuida? E se Eduardo sacasse a arma para reagir ao desacato de um eventual inimigo com quem cruzara pelos corredores?
O Zero Três gosta de armas, de praticar tiro ao alvo e de falar grosso quando pode. Não foi ele que deu a receita para fechar o Supremo Tribunal Federal? Bastariam um cabo e dois soldados.
Ultimamente discreto no Twitter, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) voltou com a corda toda. Em meio aos elogios de praxe ao pai e ao governo, postou um comentário que logo bombou.
“Por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos… e se isso acontecer. Só vejo todo dia a roda girando em torno do próprio eixo e os que sempre nos dominaram continuam nos dominando de jeitos diferentes!”
Se por vias democráticas o Brasil não mudará na velocidade desejada por ele e os que pensam como ele, o que sugere o Zero Dois? Pegar em armas? Aplicar um golpe? Instalar uma ditadura?
Convenhamos: isso não seria um comportamento típico da esquerda que os Bolsonaros acusam de antidemocrática, autoritária e golpista? Não teria mais a ver com Cuba e Venezuela?
É fato que uma fatia da esquerda pegou em armas duas vezes com a promessa de mudar o Brasil: em 1935 e no final dos anos 60. Foi esmagada pelas ditaduras de Getúlio Vargas e dos militares.
Os garotos estão preocupados com a queda de popularidade do pai e do seu governo, e com a ameaça de voltarem a ser investigados pelo Ministério Público no caso de rolos fiscais (alô, alô, Queiroz!).
De resto, têm colecionado más notícias. Uma delas, a derrubada pelo Congresso do veto do seu pai ao projeto de lei que aumentou a pena para quem distribuir notícias falsas nas redes sociais.
Eduardo protestou. Disse que o projeto só beneficia a esquerda que dispõe de “melhores advogados”. O pai o apoiou. Os dois negam que distribuam notícias falsas. (kkkkkkkkkkkkkkkkk)
Tirar dos Bolsonaros seu principal instrumento de fazer política é desarmá-los por completo, é deixá-los expostos à sua falta de ideias construtivas, é reduzi-los à sua magnífica insignificância.
O aspirante a diplomata bem que poderia se ocupar fritando hambúrguer para os amigos em Washington. Mas, e o guerrilheiro de fancaria? Com o que iria se ocupar?
Huck quer um lugar no caldeirão de 2022
Te cuida, Doria!
Foi o discurso possível que a essa altura alguém se arriscaria a fazer como aspirante a candidato à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Se lhe perguntarem se será, negará. É de praxe.
Em seminário promovido pela revista Exame, em São Paulo, diante de uma plateia de executivos de empresas, o apresentador do Caldeirão do Huck falou como se só pensasse naquilo.