sábado, 20 de março de 2021

O que a mídia pensa: Opiniões / Editoriais

A intimidação é intolerável – Opinião / O Estado de S. Paulo

O presidente Jair Bolsonaro, seus familiares, seu governo e seus seguidores têm mostrado que desconhecem o Direito brasileiro

O presidente Jair Bolsonaro, seus familiares, seu governo e seus seguidores têm mostrado que desconhecem o Direito brasileiro. Estão descaradamente promovendo, por várias vias, uma campanha de intimidação contra adversários políticos, como se não existissem no País as liberdades de opinião e de expressão. 

No dia 15 de março, o youtuber Felipe Neto foi intimado a depor na Polícia Civil, em investigação relativa a crime de calúnia e a crimes contra a Segurança Nacional (Lei 7.170/83). O fato a ser apurado: Felipe Neto chamou o presidente Jair Bolsonaro de genocida, em razão de sua atuação na pandemia. Na semana anterior, Carlos Bolsonaro tinha anunciado, em rede social, que apresentara queixa-crime contra Felipe Neto e a atriz Bruna Marquezine, por supostos crimes contra seu pai, Jair Bolsonaro.

Não há dúvida de que as liberdades de opinião e expressão autorizam o exercício da crítica, especialmente em relação aos governantes. Essa intimação da Polícia Civil, que depois foi suspensa pela Justiça, foi claro uso do aparato estatal para perseguir quem se opõe à família Bolsonaro.

Carlos Alberto Sardenberg - A falta que nos faz um Biden

- O Globo

Em 2 de janeiro deste ano, os Estados Unidos bateram o recorde de casos de Covid-19: 300.416 pessoas foram infectadas naquele dia. Em 12 de janeiro, cumprindo o ciclo do vírus, foi registrado o recorde de mortes por dia: 4.470.

Joe Biden tomou posse uma semana depois, em 20 de janeiro. Pois bem, no último dia 18, 59.822 residentes nos EUA foram infectados. E 1.611 morreram.

Os dados são do mapa da Covid-19 da Universidade Johns Hopkins.

Pode-se dizer que a vacinação já estava em curso, que o governo federal já estava comprando vacinas nas últimas semanas de Trump.

Verdade. Mas não percamos de vista a força de uma liderança nacional. Biden virou, sim, o jogo. Ele e a vice, Kamala Harris.

Primeiro, pela empatia com a população que sofria com a doença, sentimento demonstrado em cerimônias fúnebres de pesar e respeito, uso da máscara e campanhas pela vacinação. Isso muda o estado de ânimo de um país.

Segundo, pela ação fulminante. Prometeu vacinar 100 milhões de cidadãos em 100 dias. Passou dos 100 milhões no começo desta semana, sem distinguir entre americanos e não americanos.

Mais: em menos de dois meses de governo, aprovou um pacote de ajuda de US$ 1,9 trilhão, dinheiro para apoiar empresas, empregos e pessoas. Na semana passada, famílias residentes começaram a receber os depósitos em conta, US$ 1.400 por pessoa — um pagamento só — e parcelas mensais para crianças.

Pablo Ortellado - Outra vez o espectro do golpe

- O Globo

Mais uma vez, Bolsonaro invocou o espectro do golpe de Estado. Ele preparou um elaborado roteiro de ações e respostas que pode resultar em mais uma ameaça às instituições democráticas.

O roteiro tem seu primeiro ato na live do dia 11 de março. Nela Bolsonaro acusa governadores e prefeitos de tomarem “decisões absurdas” sobre o isolamento social, que equivaleriam a um estado de sítio, uma grave subtração do direito de ir e vir. Bolsonaro lembra em seguida que é a pessoa mais importante na cadeia de comando e avisa: “Não podemos deixar isso acontecer! Faço o que o povo quiser. Devo lealdade ao povo. Eu sou o chefe supremo das Forças Armadas!”.

Nos dias seguintes, meios bolsonaristas passam a divulgar vídeos com trechos da live dizendo que “Bolsonaro deu a senha”, que, se “o povo” pedir uma intervenção militar, Bolsonaro vai atender.

Manifestações são chamadas para o domingo (14) e a segunda (15), no centro das cidades e em frente aos quartéis, mas sem o apoio dos grandes canais e dos grandes influenciadores monitorados pela Polícia Federal no inquérito dos atos antidemocráticos.

Eurípedes Alcântara - Vitória do tribalismo?

- O Globo

De todos os meus vícios mentais, o mais evidente é o otimismo. Vício, sim, pois o pessimista só tem boas notícias. De um amigo, poderosa antena assestada sobre os rumos do Brasil, recebi este comentário: “Não se iluda, se surgir uma nova liderança pregando um mínimo de união. Seja ela quem for, todas as ‘tribos’ repentinamente parariam de brigar para, atipicamente juntas, detratarem essa nova liderança e, na sequência, voltarem a guerrear”.

Parei para pensar e tentar refutar esse grave diagnóstico. Li as manchetes dos jornais e, nelas, não encontrei motivos para rebater meu amigo. Reli os artigos de opinião. Fui aos comentários dos leitores e, finalmente, às redes sociais. Nada. A sensação generalizada agora é muito parecida com aquela predominante no começo do século XX e que havia sido, meio sem querer, profetizada por Marx e Engels no Manifesto Comunista: “Tudo o que é sólido desmancha no ar”. Darwin demonstrara que somos macacos nus e não anjos decaídos. Freud nos tirava o comando do próprio destino entregando-o ao inconsciente, enquanto Einstein promovia a dessacralização das leis naturais.

Ascânio Seleme - O que Bolsonaro faria

- O Globo

Do Império à República: alguns capítulos da história sob a ótica do atual presidente

Num exercício livre de reflexão, comecei a imaginar como seriam contados alguns capítulos da História do Brasil se Jair Bolsonaro estivesse nos sapatos de outros líderes brasileiros desde o fim do Império. Acho que seria mais ou menos assim:

Pedro II - Se fosse Bolsonaro e não Dom Pedro II o último imperador do Brasil, a República poderia demorar um pouco mais a acontecer. Bozo I iria puxar tanto o saco dos militares que talvez conseguisse demover o marechal Deodoro da Fonseca de fazer a proclamação em 1889. Poderia, de outro lado, provocar uma guerra civil se ouvisse a princesa Isabel e o conde D’Eu, que pediam uma reação armada. Antes disso, vetaria a Lei Áurea.

Deodoro da Fonseca - Daria o golpe, claro. Derrubaria o Império e fundaria uma república militar, onde civil ficasse sempre do lado de fora.

Delfim Moreira - Ao contrário do velho presidente, Bolsonaro não levaria a sério a gripe espanhola. Demitiria Carlos Chagas do Serviço de Saúde Pública e nomearia um general para o seu lugar. Os 35 mil mortos feitos pela epidemia em 1918, subiriam para mais de 300 mil no ano seguinte.

Getulio Vargas - Seria um ditador muito mais violento que o velho caudilho. Da mesma forma que Getulio, teria seus guarda-costas e deixaria seus filhos e parentes à vontade perto dos cofres públicos. Na Segunda Guerra, apoiaria Hitler e acabaria sendo derrubado pelas Forças Armadas aliadas. Morreria na prisão, não sendo portanto, eleito anos depois para um mandato democraticamente adquirido, o que não era mesmo o seu forte.

Jânio Quadros - Seria igual ao maluco da vassoura. Mas não renunciaria, nem de mentirinha, em razão do perigo de seu blefe ser aceito e ele vir a ser substituído por um vice “comunista”. Como Jânio, nenhuma dúvida que o nosso parvo trocaria os pés pelas mãos.

Ricardo Noblat - Presidente perverso recusa-se a ouvir o grito dos que sofrem

- Blog do Noblat / Veja

E refere-se ao Exército como “meu Exército”

À falta melhor do que fazer, uma vez que o combate à pandemia da Covid-19 só lhe desperta os instintos mais primitivos, Jair Bolsonaro passou pelo vexame de ouvir um “para com isso” do ministro Luiz Fux, presidente do Supremo Tribunal Federal.

No Rio, onde se encontrava, Fux soube que em Brasília, na sua pregação diária para devotos reunidos nos jardins do Palácio da Alvorada, Bolsonaro deu a entender que poderia decretar Estado de Sítio no país ou em algumas de suas regiões.

Estado de Sítio é coisa séria. Só pode ser decretado após consulta ao Conselho da República, ao Conselho de Defesa Nacional e mediante autorização do Congresso. O presidente do Supremo Tribunal Federal é um dos membros do Conselho da República.

Daí o interesse de Fux pelo assunto, o que o levou a telefonar de imediato para Bolsonaro. Segundo o artigo 137 da Constituição, o Estado de Sítio só se justifica em dois casos:

João Gabriel de Lima - Dois presidentes na guerra contra o vírus

- O Estado de S. Paulo

O Chile pode ser a inspiração para a reviravolta que o Brasil precisa dar

Em março de 2018, Sebastián Piñera tomou posse como presidente do Chile. Sete meses depois, do outro lado da cordilheira, Jair Bolsonaro venceu o segundo turno no Brasil. Ambos derrotaram as esquerdas em seus países. Piñera triunfou num ambiente um pouco menos polarizado – como brinca o economista Samuel Pessoa, o debate político chileno, na comparação com o brasileiro, lembra uma mesa acadêmica opondo a Universidade de Chicago ao MIT.

No meio do mandato, Piñera enfrentou insatisfação e protestos. Sua popularidade caiu a 6% em janeiro de 2020. Veio a pandemia, e Piñera mostrou senso de urgência. Em maio de 2020, determinou que seu subsecretário de Relações Internacionais, Rodrigo Yañez, se dedicasse exclusivamente à compra de vacinas. O Chile usou a seu favor o fato de ser uma das economias mais abertas do mundo, participante de mais de 30 tratados internacionais. Piñera supervisionou pessoalmente as negociações.

Enquanto o Chile brigava por vacinas, o Brasil as esnobava. De acordo com o presidente do Instituto ButantanDimas Covas, o governo federal recusou, ao longo de 2020, quatro ofertas de lotes da Coronavac. Em dezembro, Bolsonaro desdenhou do imunizante da Pfizer que, segundo ele, poderia transformar seres humanos em jacarés. No mesmo mês, o Chile recebeu o primeiro lote de vacinas, destinadas aos profissionais de saúde. Da Pfizer.

Bolívar Lamounier* - Sob o império da mentira

- O Estado de S. Paulo

Cúpula dos três Poderes hoje provavelmente é a pior composição da nossa História

Faz tempo que nós, brasileiros, vimos sentindo nossa autoestima baixar cada vez mais. Não vendo muito de positivo a celebrar, ressaltamos nossos defeitos, que, de fato, não são poucos.

Mas, sinceramente, nunca me ocorreu que tantos de nós fôssemos imbecis, canalhas e irresponsáveis como essas multidões que estão antepondo todo tipo de obstáculos ao combate à pandemia. Pondo em risco não só a nossa vida, mas também a deles.

A pandemia já ceifou quase 300 mil vidas e uma parcela importante dessa perda se deve ao comportamento do insano que nos preside. Seu objetivo parece ser muito mais o de impedir a ascensão eleitoral do governador João Doria do que livrar o nosso país dos riscos trazidos pelo coronavírus. Sabotando o trabalho dos agentes de saúde, fomentando aglomerações, insuflando fanáticos que o apoiam, mentindo sem nenhum pudor (por exemplo, quando afirma que o Supremo Tribunal Federal o impede de agir), ele vem tornando nossa tragédia muito maior do que ela precisaria ser. Hoje somos uma “ameaça global” e uma vergonha para o mundo.

Era o caso de esperar mais de um capitão excluído das Forças Armadas por indisciplina para em seguida se tornar um lídimo representante do “baixo clero” na Câmara dos Deputados? Justiça feita, ele não é um caso isolado. O que hoje temos na cúpula dos três Poderes é provavelmente a pior composição da nossa História. No próprio Supremo, guardião da Constituição, alguns ministros parecem empenhados tão somente em combater o combate à corrupção.

Demétrio Magnoli - O paradoxo do centro

- Folha de S. Paulo

Siglas têm nas mãos fracassos gravados na memória coletiva, mas não têm narrativa

Lula versus Bolsonaro. As sondagens indicam um segundo turno moldado pela mesma polarização política de 2018. Mas isso, como sabe qualquer especialista em pesquisas, é o som do passado —e eleições são sobre o futuro.

Tanto o ex como o atual presidente comandam minorias consolidadas, potencialmente capazes de impulsioná-los ao turno derradeiro, mas não de garantir-lhes o triunfo diante de uma terceira opção. A paisagem é mais ampla que o cenário numérico: objetivamente, o chamado "centro" tem uma oportunidade singular de bater um e outro em 2022. Em tese, a missão exige apenas uma campanha eficaz de esclarecimento político.

Hélio Schwartsman - No mundo de Bolsonaro

- Folha de S. Paulo

É possível conciliar o seu mundo ao mundo dos fatos?

No mundo dos fatos, Jair Bolsonaro negou a gravidade da epidemia de Covid-19, sabotou medidas de distanciamento social, promoveu tratamentos "mágicos" que não funcionam e foi omisso na compra de vacinas. Ainda provocou aglomerações com suas aparições públicas e espalhou "fake news" sobre as máscaras. Objetivamente, ele responde por parte das quase 300 mil mortes que o Brasil registra.

No mundo de Jair Bolsonaro, a história é bem diferente. No início deste mês, o presidente fez uma avaliação de sua performance ao longo de um ano de pandemia: "Desculpe aí, pessoal, não vou falar de mim, mas eu não errei nenhuma desde março do ano passado".

Alvaro Costa e Silva - Vacinação devagar, quase parando

- Folha de S. Paulo

E o governo paralisado pelas ambições pessoais e delírios do chefe

Imagine a paciência que os aspones são obrigados a ter com Bolsonaro nesses dias em que a popularidade do chefe despenca como laranja bichada. Convencê-lo, por exemplo, de que a vacinação é a melhor e mais eficiente maneira de estancar o avanço da Covid-19:

"E se o senhor, digamos, o senhor que está perto de completar 66 anos, digamos que o senhor aproveite a data que se aproxima para entrar na fila com outros brasileiros da mesma idade e tomar a primeira dose, veja bem, a primeira, depois o senhor teria de tomar a segunda, e, mostrando o braço de atleta, receber a vacina e provar que o senhor não tem medo da picada e, digamos, que está a favor da vacinação?".

Cristina Serra - Ge-no-ci-da!

- Folha de S. Paulo

Peço que você repita a palavra comigo, escandindo as sílabas

Em meados do ano passado, o Brasil já ia pela casa dos 50 mil mortos pela pandemia. E o que fez o genocida? Incentivou seus cães ferozes a invadir hospitais. Na época, o cartunista Renato Aroeira traduziu numa charge a indignação de muitos brasileiros. No desenho, a cruz vermelha dos hospitais é convertida na suástica nazista pelo genocida. Uma imagem forte e poderosa. O Ministério da Justiça decidiu perseguir Aroeira, mas deu um tiro no pé. Em solidariedade, mais de 70 artistas republicaram a charge e amplificaram a crítica.

Marcus Pestana - Lula e o PT: caminhos e descaminhos (I)

Aproximadamente 290 mil vidas perdidas no Brasil para o coronavírus. Sistema hospitalar em colapso, desabastecimento de medicamentos e tristes recordes diários de mortes. A maioria da população está preocupada com a lentidão da vacinação, com o emprego, o auxílio emergencial, a manutenção de suas empresas. E o mundo da política, acentuando característica histórica – a dissintonia com a sociedade, mergulha num debate inoportuno, fora de hora e insensível sobre a possível polarização entre Lula e Bolsonaro em 2022. Só haverá próximo ano novo se superarmos os enormes desafios imediatos de 2021.

Lula tem uma história pessoal admirável. Nascido pobre em Caetés, Pernambuco, migrou para São Paulo, onde se formou no SENAI no curso de torneiro mecânico e se tornou metalúrgico no ABC paulista. Daí, começou na vida sindical, sendo assessor e diretor do Sindicato dos Metalúrgicos. Nunca quis entrar no Partido Comunista Brasileiro de seu irmão Frei Chico. Cresceu sob as asas de Paulo Vidal, então presidente do sindicato, que o fez seu sucessor, sendo formado dentro da cultura do “sindicalismo de resultados” treinado pela escola americana. Liderou as grandes greves no ABC em 1978, 1979 e 1980 e se tornou um líder nacional. Seu carisma e liderança amadureceram nas grandes e históricas assembleias no Estádio Vila Euclides. Lembro que no movimento estudantil fazíamos coleta de doações para o fundo de greve do ABC.

Adriana Fernandes – A batalha do Refis

- O Estado de S. Paulo

Se no auxílio pesava o lado dos pobres na balança, agora no Refis, é o peso empresarial que vai mostrar a sua força

A negociação do novo parcelamento de débitos tributários é a mais nova batalha no campo econômico em Brasília após a votação da PEC do auxílio emergencial em conjunto a um grupo de medidas fiscais.

A aprovação de um projeto de parcelamento de dívidas tributárias já estava devidamente contratada no Congresso desde 2020, mas o Ministério da Economia vinha segurando o seu avanço para não perder o controle e abrir uma brecha para uma renegociação ampla.

O problema para Guedes é que a pandemia piorou e a pressão ganhou um reforço de peso do presidente do SenadoRodrigo Pacheco.

Vilma Pinto - A pandemia e a recuperação

- O Globo

É preciso maior engajamento na implementação de medidas assistenciais e sanitárias para passar por este momento

O Brasil registrou a infeliz marca dos 288 mil óbitos em decorrência da Covid-19, desde o início da pandemia. O triste e assustador número de vidas perdidas para o vírus vem acompanhado de mais 13,9 milhões de pessoas desempregadas, agravamento da fome, sobrecarga na saúde pública e privada, além de tantos outros efeitos econômicos.

É neste momento que as ações governamentais são colocadas em teste. É importante que as políticas públicas sejam bem pensadas, calibradas e implementadas de forma ágil, para possibilitar assistência adequada aos mais vulneráveis, recursos suficientes e bom planejamento para a saúde, além de medidas sólidas para possibilitar a saída desta situação com retomada econômica o mais rápido possível.

Rogério Werneck* - Quatro ministro

- O Estado de S. Paulo / O Globo, 19/3/2021

Como o presidente continua incorrigível, o novo ministro deverá penar. Terá ele condições de reverter o aparelhamento feito por Pazuello?

Pandemia fora de controle, indignação com o caos da vacinação e popularidade em queda já vinham sendo razões de sobra para dar ao Planalto o que pensar. Não bastasse tudo isso, ainda havia aceleração da inflação, sobretudo de alimentos, atraso na retomada da economia e perspectiva de persistência de desemprego em massa até o fim do mandato. Por mais fixado que já estivesse em sua reeleição, Bolsonaro já dera sinais de ter percebido que desse jeito, aos trancos e barrancos, não teria como chegar lá.

Pois, na semana passada, a insegurança do Planalto com a precariedade da sua situação foi subitamente redobrada, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) – sempre ele – se permitiu remexer o caldeirão em que vem sendo preparado o complexo jogo eleitoral de 2022, fazendo com que viesse à tona quem parecia ter ficado definitivamente no fundo. O repentino ressurgimento de Lula como candidato a presidente, num momento tão difícil para o governo, deixou Bolsonaro visivelmente desconcertado.

Música | Roberta Sá - Gostoso veneno

 

Poesia | Pablo Neruda - Saudade