segunda-feira, 15 de maio de 2017

Opinião do dia – Armínio Fraga

"Que esquerda é essa que estava na cama com o empresariado e que patrocina essa estrutura tributária?"


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Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central, em entrevista, Valor Econômico, 15/5/2017.

Procuradores preparam novo inquérito contra Lula

Procuradores agora avaliam abrir inquérito contra Lula por obstrução

Depoimento de Lula reforça indícios de obstrução à Lava Jato
Força-tarefa avalia que confirmação de Lula ao juiz Sérgio Moro sobre reuniões com delator e candidatos a delatores, que narraram episódios de destruição de provas, e negativas sobre 'intimidações' às autoridades devem ser apuradas

Ricardo Brandt, Fausto Macedo, Julia Affonso e Luiz Vassallo | O Estado de S. Paulo

O depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sérgio Moro, nesta quarta-feira, 10, reforçou os indícios reunidos por investigadores da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba, de atuação do ex-presidente em atos de obstrução à justiça no maior escândalo de corrupção do Brasil.

A força-tarefa da Lava Jato avalia existirem elementos de prova de que Lula, ao longo dos três anos de investigações ostensivas, buscou obstruir o trabalho de investigadores e da Justiça, com episódios que envolvem suposta destruição de provas e intimidação de autoridades e testemunhas do processo.

As suspeitas devem resultar em novo inquérito contra Lula, em Curitiba, e, consequentemente, em mais uma denúncia criminal – o petista é réu em cinco ações penais, duas deles abertas por Moro. Na 10ª Vara Federal, no Distrito Federal, o ex-presidente é réu, desde julho de 2016, acusado de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró – crime de obstrução à Justiça.

Destruição. Em quase cinco horas de interrogatório, em Curitiba, Lula confirmou ter se reunido com três alvos da Lava Jato – um deles delator e outros dois em negociação de acordo -, em 2014, quando as investigações já tinham sido deflagradas. O petista, no entanto, negou irregularidades.

Conta do PT ma Odebrecht recebeu R$ 324 mi em 5 anos

Carolina Linhares | Folha de S. Paulo

BELO HORIZONTE - Levantamento feito pela Folha com base em relatos de delatores indica que empresas da Odebrecht abasteceram com R$ 323,5 milhões, entre 2009 e 2013, a espécie de conta-corrente entre o grupo e o PT. O crédito veio após interesses da empresa, como aprovação de medidas provisórias e obtenção de financiamento, serem atendidos.

Os repasses foram registrados em uma planilha chamada "Posição Programa Especial Italiano", uma referência ao ex-ministro Antonio Palocci –segundo as investigações, o principal interlocutor de Marcelo Odebrecht junto aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff até 2011, quando ele deixou a Casa Civil.

A planilha, que perdurou ao menos até 2014, teve início, segundo delatores, quando Palocci pediu dinheiro para a campanha municipal do PT em 2008. O herdeiro da Odebrecht respondeu que descontaria esse valor do total acertado como contribuição da empresa para a eleição presidencial de 2010.

Em 2011, de acordo com Marcelo, a gerência da conta Italiano passa para o então ministro da Fazenda, Guido Mantega. O saldo da época foi reabastecido com R$ 127 milhões para financiar a campanha de Dilma em 2014, e a conta passou a se chamar Pós-Itália.

Tribunal é mais duro que Moro

Por Sergio Ruck Bueno | Valor Econômico

PORTO ALEGRE - A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, responsável pela análise dos recursos contra decisões do juiz Sergio Moro, é considerada detalhista no exame dos casos e bastante dura com os acusados, segundo criminalistas ouvidos pelo Valor.

Márcio Augusto Paixão, que não advoga para nenhum réu da Operação Lava-Jato, entende que o colegiado - formado pelos desembargadores João Pedro Gebran, Leandro Paulsen e Victor Luiz dos Santos Laus - é "de longe" o mais rigoroso entre as "três gerações" que já passaram pela 8ª Turma desde a criação do TRF4 pela Constituição de 1988. Para ele, Moro é até mais "sensível" do que os três na definição das penas.

Dos mais de 400 habeas corpus relacionados à Lava-Jato que passaram pela 8ª Turma, a maioria foi rejeitada. Quanto às apelações, levantamento parcial do próprio Tribunal aponta dez elevações de pena em relação às sentenças de Moro, para réus como Fernando Baiano e Nestor Cerveró. Adarico Negromonte e Waldomiro de Oliveira, absolvidos em 1ª instância, depois foram condenados no TRF4.

Revisores de Moro são conhecidos pela severidade
A vida não é nada fácil para os réus da Operação Lava-Jato que precisam recorrer ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre. Advogados ouvidos pelo Valor, alguns sob a condição de anonimato, avaliam que a 8ª Turma do tribunal, que julga as apelações contra as decisões do juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, é detalhista no exame dos casos, mas tem a "caneta pesada" e é bastante dura com os acusados.

Governo fará nova ofensiva por apoio à Previdência

Em busca de votos, Temer acena com mudança que beneficia prefeitos e redução de alíquota para ruralistas

Geralda Doca, Martha Beck | O Globo

-BRASÍLIA- O governo começará a semana com mais uma ofensiva em busca de apoio para a aprovação da reforma da Previdência. O presidente Michel Temer fará afagos aos prefeitos e à bancada ruralista, que detém 220 votos na Câmara dos Deputados. O Palácio do Planalto vai dar o sinal verde para a mudança na distribuição do Imposto sobre Serviços (ISS) incidente sobre operações com cartões de crédito, débito e leasing. Além disso, o governo vai permitir o parcelamento de débitos dos municípios com a Previdência.

No caso do ISS, a ideia é mudar a cobrança do tributo da origem para o destino. Isso acaba colocando recursos no caixa de mais municípios, uma vez que hoje o pagamento é concentrado na sede dos administradores de cartões. Técnicos do governo explicaram que, hoje, um operador com sede em São Paulo, por exemplo, recolhe todo o ISS para a prefeitura paulistana. Assim, ao mudar a cobrança do tributo para o destino, o governo permite que o recolhimento seja pulverizado por mais cidades, aumentando o apoio dos prefeitos à reforma.

'Prévia do PIB' cresce 1,12% no primeiro trimestre

O índice apresentou recuo de 0,44% em março ante fevereiro, mas o dado sinaliza o início de uma ainda lenta recuperação econômica

- O Estado de S.Paulo

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB), teve um crescimento de 1,12% no primeiro trimestre sobre os três últimos meses de 2016, divulgou o BC nesta segunda-feira, 15, sinalizando o início de uma ainda lenta recuperação econômica.

O índice apresentou retração de 0,44% em março. Na comparação com o primeiro trimestre de 2016, o IBC-BR teve alta de 0,29%.

O boletim Focus mostrou que as projeções de inflação seguem recuando. A projeção para o IPCA deste ano está em 3,93%, ante projeção anterior de 4,01%. E a expectativa para o PIB subiu de 0,47% para 0,50%. / Com Reuters

Governo estuda dobrar isenção de IRPF e tributar os dividendos

Por Andrea Jubé e Fabio Graner | Valor Econômico

BRASÍLIA - Depois da liberação dos saques das contas inativas do FGTS, o governo prepara um novo "pacote de bondades" para neutralizar o impacto negativo da aprovação das reformas da Previdência Social e trabalhista. A principal medida em estudo é a correção da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), cuja eventual adoção ajudaria o governo e a base aliada no Congresso nas eleições de 2018. Para compensar o impacto fiscal bilionário, a contrapartida seria tributar dividendos, que são isentos de imposto.

A proposta que circula em um grupo restrito no governo dobra a faixa de isenção do IRPF, dos atuais R$ 1.903 para R$ 4 mil. O impacto fiscal efetivo da medida ainda será calculado, mas ela já conta com restrições dentro da área econômica. Por outro lado, é vista com bons olhos pelos aliados, que teriam o que levar ao eleitor para justificar seus votos nas reformas.

"Sucessão em 2018 dificulta retomada"

Por Claudia Safatle | Valor Econômico

BRASÍLIA - Incertezas políticas, sobretudo em relação à sucessão presidencial, ainda criam cenário de baixa visibilidade, o que dificulta a retomada da atividade. "Depois de uma recessão profunda, seria de se esperar uma recuperação mais forte, mas isso não acontece quando se tem tanta incerteza", disse Armínio Fraga em entrevista, antecipada na sexta-feira pelo Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor. "Esse governo está fazendo até bastante, apesar do toma-lá-da-cá de cargos e favores que ainda parecem existir, coisas do Brasil Velho que quebrou", disse o ex-presidente do Banco Central, hoje sócio da Gávea Investimentos. Para ele, a despeito do aumento da confiança e do avanço das reformas, país está "engatinhando".

Investimento só vem forte após definição eleitoral, diz Arminio
Incertezas políticas, sobretudo em relação à sucessão presidencial, criam um cenário de baixa visibilidade que afeta a retomada da atividade econômica. "Depois de uma recessão profunda seria de se esperar uma recuperação mais forte, mas isso não acontece quando se tem tanta incerteza", diz Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e sócio da Gávea Investimentos. Em entrevista ao Valor, Arminio avalia que "esse governo está fazendo até bastante, apesar do toma lá da cá de cargos e favores que ainda parece existir, coisas do Brasil velho que quebrou".

No momento, a despeito do aumento da confiança e do avanço na aprovação de reformas importantes, o país "está engatinhando". Ou, como ele reforça, a economia está "meio em compasso de espera", aguardando maior clareza sobre o governo que sairá das eleições de 2018.

O cenário político que se desenha é polarizado. "De um lado Lula com o PT e seus satélites mais radicais, e do outro uma direita conservadora, até hiperconservadora. Em tese haveria um bom espaço para uma candidatura de centro, hoje personificada no Doria (João Doria, prefeito de São Paulo)".

O Lula que se candidataria agora não seria o mesmo que venceu as eleições de 2002, com o slogan "Lulinha Paz e Amor". Seria, pelas próprias circunstâncias, um homem raivoso, vingativo. E isso assusta, diz. Para Armínio, um governo reformistas, de centro, competente, seria a melhor alternativa para o Brasil e poderia dar início a um longo ciclo de crescimento.

Abaixo, a íntegra da entrevista:

Macron promete um ‘renascimento’

O novo presidente da França, o centrista Emmanuel Macron, de 39 anos, quebrou o protocolo e desfilou num carro militar pela Avenida Champs-Élysées, após a cerimônia de posse. No discurso, ele prometeu fazer renascer a autoconfiança dos franceses e acenou com mudanças para fortalecer a União Europeia.

Macron em marcha

Ao tomar posse, presidente novato promete renascimento e mudanças para a UE

- O Globo

-PARIS- Numa simbólica cerimônia para a cena política francesa, o centrista Emmanuel Macron assumiu ontem oficialmente a Presidência com uma promessa de renascimento para restaurar a autoconfiança da população e fortalecer os laços com a União Europeia (UE). Tradicionalmente pró-europeu, o mais jovem chefe do Palácio do Eliseu desde Napoleão Bonaparte sobe ao poder após uma ampla vitória contra a extrema-direita, mas ainda deverá responder a uma significativa parcela da população que, frustrada, pressiona por reformas. Em seu discurso, Macron, de 39 anos, prometeu mudanças no bloco e admitiu o desafio que vê pela frente numa nação mergulhada em dúvida, medo e polarização.

A melhor chance | Aécio Neves

- Folha de S. Paulo

A política nunca esteve tão dissociada da vida dos brasileiros. O país só vai mudar, avançar, superar suas dificuldades, quando a atividade política conquistar o reconhecimento da sua legitimidade. E, para isso, precisamos de mudanças concretas e rápidas.

Hoje as decisões tomadas pelos governantes estão distantes dos anseios dos governados. Os eleitores não se sentem representados nas câmaras de vereadores, nas assembleias legislativas, no Congresso, no Executivo. É assim no Brasil, tem sido assim também em muitos lugares do mundo.

Almas honestas | Ricardo Noblat

- O Globo

Saibam que estão julgando uma mulher honesta, uma lutadora de causas justas. Dilma Rousseff, ao se defender do impeachment

De que adiantou a Dilma não roubar? Sabia que dinheiro público era desviado da Petrobras e pouco fez para estancar a sangria. Aceitou que dinheiro sujo pagasse despesas de sua campanha. Sugeriu ao casal João Santana e Mônica Moura que protegesse sua fortuna transferindo-a da Suíça para Cingapura. E criou um e-mail secreto para informá-lo sobre os avanços da Lava-Jato. Se não roubou, foi conivente ou cúmplice.

POR QUE, NO PRIMEIRO MANDATO, devolveu aos mesmos partidos os ministérios dos cinco ministros que demitira por suspeita de roubo? Porque foi convencida por Lula de que precisaria do apoio deles para se reeleger. A “faxineira ética” teve vida curta... Por que, logo no início do segundo mandato, aceitou o pedido de demissão de Graça Foster depois de tê-la nomeado três anos antes para presidir e higienizar a Petrobras?

E se Dilma tivesse vencido a batalha do impeachment? | Alberto Bombig

- O Estado de S. Paulo

Dilma Rousseff está reunida com seus auxiliares de confiança, vários deles citados na lista do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo. O tema é o pronunciamento que a presidente fará para marcar o aniversário de um ano da vitória no processo de impeachment, ocorrida em 12 maio de 2016, quando o Senado barrou o afastamento dela.

O titular da Fazenda, Nelson Barbosa, tenta falar, mas é contido por Dilma. “Vou retomar a promessa de reformar a Previdência, vou culpar a Lava Jato e o cenário internacional pela crise econômica. Quem sabe o pessoal se acalma e a gente escapa de outro panelaço”, diz ela.

A história o condenará | Dora Kramer

- Revista Veja

Diante de Moro, Lula foi mais Lula do que nunca, um fingidor

O réu clama por provas, se diz vitima de uma “caçada jurídica”, mas não dá mostras de que seja capaz fornecer ao juiz elementos suficientes para que firme sobre sua inocência. Cobra dos investigadores assertividade, mas na condição de investigado oferece apenas evasivas. Acusa os meios de comunicação de produzir contra ele noticias negativas baseadas em “ilações”, embora tenha tido sempre todo o espaço disponível e nunca se disposto a ocupá-lo com entrevistas de perguntas livres e participação de profissionais não alinhados, independestes.

Luiz Inácio da Silva, o réu em tela, acha que a história o absolverá e por isso busca escrever uma versão que lhe seja favorável nesse presumido julgamento futuro. O problema, contudo, são os fatos, e neles se baseiam os historiadores. Noticia disso dá a trajetória do inspirador dessa pretendida absolvição histórica, Fidel Castro. As próximas gerações conhecerão o herói de Sierra Maestra, mas saberão também de seu legado ditatorial e opressor de um povo sem liberdade nem condições minimamente confortáveis de sobrevivência.

O sonho de uma geração | Marcus Pestana

- O Tempo (MG)

Certa vez, John Lennon sentenciou: “the dream is over”. Mas, a esperança é a matéria-prima que move a vida. Talvez seja melhor ficar com Victor Hugo para quem “não há nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã”.

Sou parte de uma geração que sonhou um outro Brasil, na segunda metade dos anos 70. Diante da liberdade escassa e da injustiça máxima, encaramos o futuro com coragem, ousadia e desprendimento. Queríamos achar o fio da meada que nos unia às tradições de 68. Luta política, prática cultural, revolução comportamental, contestação ao consumismo, tudo misturado no caldeirão das utopias acalentadas. No movimento estudantil, nas comunidades de base, na trincheira do velho MDB, no teatro e na música o mergulho profundo no desafio de mudar o mundo e o país.

Política e crime | Denis Lerrer Rosenfield

- O Globo

Durante o longo reinado lulopetista, o país sofreu um processo de intervenção estatal progressiva na seara econômica, sobretudo a partir do segundo mandato do presidente Lula, este processo aprofundando-se no período da ex-presidente Dilma.

Foi o Estado apresentado enquanto poder demiurgo capaz de qualquer realização, como se os seus recursos fossem ilimitados. A coisa pública poderia ser vilipendiada, pois sempre haveria uma reparação estatal de tipo financeira.

A Constituição e a lei seriam meros detalhes a serem considerados ou não conforme as conveniências políticas e os interesses particulares. Na perspectiva da encenação, as aparências democráticas seriam mantidas.

Novela policial | Fernando Limongi

- Valor Econômico

Como livrar os amigos, de Moro, sem preservar Lula?

A crise política não para de surpreender. Como em um bom livro policial, cada capítulo traz surpresas e se fecha com uma reviravolta. Confrontos se multiplicam, alianças se refazem. Novos acontecimentos vêm à baila a todo instante.

A troca de guarda no governo, aposta de muitos como a forma de recuperar a tranquilidade e a previsibilidade na política e na economia, não alterou o ritmo intenso da narrativa. A novela segue em capítulos curtos, com alta emoção e final imprevisível.

Em artigo publicado na grande imprensa para marcar o primeiro aniversário de seu governo, o presidente procurou frisar, logo na abertura, a ruptura que a sua chegada ao poder teria representado: "Há um ano o Brasil estava mergulhado no déficit e na mais profunda recessão de sua História. As mudanças eram inadiáveis. Não só na economia, mas também no modo de fazer política e de governar".

Ecos de 2005 | Ranier Bragon

- Folha de S. Paulo

Em 11 de agosto de 2005, o marqueteiro Duda Mendonça jogava uma bomba sobre a cabeça do PT ao admitir em uma CPI que havia recebido caixa dois do partido relativo à disputa que elegeu Lula.

Um total de quase R$ 12 milhões teria vindo diretamente de Marcos Valério, o vilão número 1 do escândalo do mensalão, que levou para a cadeia cabeças coroadas da legenda.

Presidente da República havia quase três anos, Lula chegou a ver seu governo especialmente ameaçado naquele dia e ouviu vaticínios como o do adversário Jorge Bornhausen (DEM-SC), para quem o Brasil estaria livre "dessa raça" por 30 anos.

Como todos viemos a saber depois, inclusive Bornhausen, Lula se reelegeu no ano seguinte e fez a sucessora, deixando o Palácio do Planalto com 83% de aprovação.

Remédio único | Cida Damasco

- O Estado de S.Paulo

Juro baixo é crucial para retomada, mas é insuficiente para destravar investimento

Ainda faltam duas semanas para a próxima reunião do Copom, mas os juros certamente ocupam posição de destaque nos “trending topics” da economia. Não porque haja grandes dúvidas sobre a trajetória da taxa Selic, como acontecia em passado não muito distante, mas porque a redução dos juros virou a grande esperança de fortalecimento da retomada, a curto prazo. Mais ou menos como o remédio único da homeopatia, que é específico para cada paciente, independentemente das doenças que o ataquem no momento. Varejo fraco? Juro baixo nele. Desemprego forte? Juro baixo nele.

Risco Palocci é prova de fogo para mercado | Angela Bittencourt

- Valor Econômico

Brasil é o único país emergente em reforma e retomada

Uma prova de fogo está armada no mercado financeiro nesta segunda-feira. Após fortíssima correção nas últimas sessões, juros, câmbio e ações poderão ter seus preços recompostos se progredirem acordos para novas delações no processo da Operação Lava-Jato. Essas negociações não surpreendem, mas preocupam. Na sexta, grandes investidores e gestores de investimentos elevaram apostas, em dinheiro, na certeza de que a retomada do crescimento ganhará escala com a aprovação da Reforma da Previdência no Congresso.

A aceleração da tendência dos principais ativos, sobretudo na última sessão da B3, mostrou-se arriscada após o fechamento dos negócios no mesmo dia. A informação de que o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antônio Palocci, trocou de vez sua defesa por especialistas em delação premiada elevou a temperatura de profissionais do mercado.

Quando a esquerda não fez... | Vinicius Mota

- Folha de S. Paulo

A recém-configurada hegemonia da centro-direita no timão da política tem suas virtudes. A mudança aos poucos tira o Brasil da rota do impasse orçamentário e abre margem para a aceleração da produtividade, único motor de elevação do bem-estar coletivo.

O ponto cego dessa virada são algumas reformas necessárias para reduzir a desigualdade social. Aumentar imposto é um anátema oportuno para quem quer evitar o debate sobre a taxação dos mais ricos.

Falta representatividade – Editorial | O Globo

Legendas de aluguel têm de ser banidas do Legislativo. E partidos ‘ideológicos’ podem criar federações

O esgotamento da ditadura militar no Brasil, em 1985, formalizado de maneira institucional na Constituição de 1988, levou a normas e regras num ambiente com ojeriza a tudo que pudesse lembrar autoritarismo, por óbvio. Mesmo que fosse a criação de limites sensatos.

Este viés contaminou a Carta e leis em geral, com destaque para a regulação da vida política em si — criação de partidos, o seu regimento, e assim por diante. Saiu-se da camisa de força ditatorial do bipartidarismo para um liberou geral, impulsionado pelo desejo do exercício de direitos: de reunião, de organização, de livre expressão e de tudo mais.

Muito natural — e necessário. Mas, no caso dos partidos, a necessidade de algumas regras não significa cercear direitos. Ao contrário, trata-se de ordenar a representação política das forças que convivem democraticamente na sociedade, para que a vontade de todos seja expressa nos espaços institucionais na mesma medida do peso que têm na população, sempre em obediência à vontade do voto. E que se formem maiorias da maneira mais transparente e séria.

A dilapidação do mandato – Editorial | O Estado de S. Paulo

Numa democracia representativa, cabe aos cidadãos a escolha de seus representantes no Parlamento. Trata-se de um direito fundamental, sem o qual não há democracia. O voto é o caminho legítimo para determinar quem deve ser investido do mandato de representar os outros no debate e na aprovação das leis.

Não basta, porém, haver direito a voto para o bom funcionamento de uma democracia. É fundamental o respeito, em todas as fases do processo eleitoral, da natureza específica do mandato parlamentar, que é sempre de representação. Os parlamentares não estão lá por direito próprio nem por tempo indeterminado. Exercem tão somente uma representação que eleitor, pelo voto e a prazo certo, lhes outorgou.

Delações contam uma história coerente e factível – Editorial | Valor Econômico

Se havia alguma dúvida sobre a engrenagem comandada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a fim de perpetuar o PT no poder, ela pode ter se desfeito com as delações do publicitário João Santana e de sua mulher, Mônica Moura. Os dois não só integraram o esquema, como por quase duas décadas mantiveram com Lula e com a ex-presidente Dilma Rousseff um "convívio íntimo".

À primeira vista, parecia exagerado o famoso power point do procurador Deltan Dallagnol que situava Lula no centro de uma organização que desviava recursos da Petrobras para abastecer campanhas políticas. Se as delações de João e Mônica correspondem aos fatos, Dallagnol foi até conservador. Segundo Mônica, Dilma também operou o esquema e atuou contra os interesses da Justiça, quando a Lava-Jato bateu às portas do Palácio do Planalto.

Sombra sobre Dilma – Editorial | Folha de S. Paulo

Deposta da Presidência sob acusações de fraudes na gestão do Orçamento, a petista Dilma Rousseff tinha à sua disposição o expediente retórico de apontar que, ao contrário de boa parte de seus algozes no Congresso, não era suspeita de envolvimento com o esquema investigado pela Lava Jato.

Tal recurso de defesa política foi demolido, no entanto, com os depoimentos do marqueteiro João Santana e de sua mulher, a empresária Mônica Moura —em especial, com o espantoso relato desta sobre mensagens eletrônicas que recebia da ex-presidente.

"O seu grande amigo está muito doente. Os médicos consideram que o risco é máximo. E o pior é que a esposa, que sempre tratou dele, agora também está doente, com o mesmo risco. Os médicos acompanham dia e noite."

Essas as palavras com que Dilma, então no Planalto, teria transmitido informação de que o casal estava prestes a ser preso.

As patranhas de Lula – Editorial | O Estado de S. Paulo

A reforma da Previdência, sozinha, não resolve o problema do grave desequilíbrio fiscal que compromete a retomada do desenvolvimento, mas será responsável por parte substancial da solução, razão pela qual tem grande importância prática e simbólica. É por essa razão que a reforma é considerada prioritária pelo governo e, por outro lado, se tornou alvo preferencial das mentiras da oposição. Para o lulopetismo e aliados, mais do que “impedir que um governo ilegítimo acabe com a aposentadoria dos trabalhadores”, é importante impor-lhe, a qualquer custo, uma derrota política, com o duplo objetivo de se vingar do impeachment de Dilma Rousseff e abrir espaço para o discurso “progressista” voltar ao poder. Em outras palavras, para Lula, o PT e a esquerda sem votos, só importa que a crise política, econômica, social e moral se agrave porque, para eles, quanto pior, melhor.

Poema do medo | Graziela Melo

Dobrei
os becos
da vida,

busquei
a infância
perdida

no fundo
do poço,
na escuridão!

Lavei
a alma
na chuva,

sequei
o pranto
no vento,

na branca
areia
da praia
aqueci
o coração!

Caminhei
de encontro
ao sol
espantando
a solidão,

pois entre o céu
e a terra
existe
um mar
de paixão!!!

Edu Lobo e Mônica Salmaso - Valsa brasileira