Sinais ambíguos de Lula trazem prejuízo à economia
O Globo
Para resgatar credibilidade, presidente deve
apoiar o plano de controle de gastos da equipe econômica
São ambíguos os sinais relativos à política
econômica que emanam do Planalto. De um lado, o presidente Luiz Inácio Lula da
Silva voltou a falar, em entrevista à rádio O Povo/CBN, de Fortaleza, na
proposta demagógica de elevar o patamar de isenção de Imposto de Renda até R$ 5
mil mensais — nível que alcançaria a classe média e deixaria quase 70% dos
possíveis contribuintes livres de imposto. De outro, o ministro da
Fazenda, Fernando
Haddad, afirmou que apresentará uma proposta para controle de gastos
logo depois da eleição municipal e deu a entender que Lula está disposto a
apoiá-la se levar à reconquista do grau de investimento para papéis da dívida
brasileira.
A elevação da nota de crédito do Brasil pela agência Moody’s teve efeito aparentemente positivo sobre Lula, que vislumbrou um caminho para reeditar uma das maiores conquistas de seus primeiros governos. Por isso, num momento em que o governo vem perdendo credibilidade diante do mercado financeiro e dos agentes econômicos em razão da percepção de descompromisso com o equilíbrio fiscal, é fundamental que ele desfaça qualquer sombra de ambiguidade nos sinais que transmite: deve apoiar de modo enfático os planos de controle de gastos apresentados por Haddad e esquecer o populismo sem base na realidade que cerca a revisão do Imposto de Renda.