As duas boas notícias foram suficientes
para que um clima de vitória antecipada tomasse conta, pelo menos daquelas
franjas da campanha de Lula que se percebe nas redes sociais, nos humores da
militância em geral e até mesmo em declarações e postagens dos seus quadros
políticos mais afoitos. O próprio candidato - no pleno e atento exercício do
seu ofício de injetar otimismo para elevar ainda mais o moral da tropa – não
escondeu o bom humor, dizendo que Bolsonaro não dormiu após a divulgação.
A recepção à citada pesquisa assume ares de uma onda reforçadora do argumento em favor de um “voto útil” à esquerda, que consume a eleição no primeiro turno, não só para assegurar a vitória de Lula, como para ajudar a desativar manobras e atos golpistas de Bolsonaro que intentem inibir, constranger e/ou desacreditar as eleições. Manobras e atos que, com razão, se supõe mais difíceis de terem êxito no primeiro turno, dada a grande quantidade de candidatos aos diversos cargos eletivos em disputa nos pleitos simultâneos, todos eles, a princípio, interessados diretos no respeito ao resultado das urnas. Penso que essa onda tem tido o poder de influenciar de modo importante as dimensões subjetivas do noticiário da imprensa e até o colunismo especializado, seja de jornalistas ou de estudiosos da área, a ponto de outros aspectos serem ofuscados pela virtual ordem de grandeza do movimento mencionado.