quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Merval Pereira - Mais do mesmo?

O Globo

Bolsonaro mostrou-se incontrolável e pensa que pode repetir 2018. Mas o mundo e o Brasil mudaram

O presidente Bolsonaro achou que repetindo o que deu certo em 2018 estaria reeleito em 2022, esquecendo que, entre as duas eleições, ele governou o país revelando o que realmente sempre foi: uma pessoa irresponsável, sem empatia, misógina, incompetente, que não teve sucesso em suas promessas liberais na economia ou no combate à corrupção porque não eram verdadeiras.

Assim como a adesão de Henrique Meirelles impactou setores que temem a volta do ex-presidente Lula, a permanência de Paulo Guedes à frente da economia ainda é uma âncora para a tentativa de reeleição de Bolsonaro. Mesmo que, durante seu mandato, a atuação do Posto Ipiranga tenha ficado abaixo das expectativas. Bolsonaro enganou a todos.

Uns porque achavam que as barbaridades que disse na campanha seriam contidas quando eleito. Falou-se até que os militares em postos-chave no Palácio do Planalto o conteriam em seus arroubos. Mas, como uma vez me disse o general Villas Bôas, Bolsonaro mostrou-se “incontrolável”, e os militares é que foram ou expelidos, ou domesticados por ele.

Outros estavam certos de que, como ele fazia questão de ressaltar, não entendia nada de economia e deixaria Paulo Guedes livre para comandá-la. Nada disso aconteceu. Guedes teve de engolir muitos sapos, aceitar diversas interferências de Bolsonaro, como a isenção dos militares da reforma da Previdência ou os buracos no teto de gastos com fins eleitorais. Diante de todos os reveses que sofreu, a resiliência de Paulo Guedes na defesa da reeleição de Bolsonaro ainda dá ânimo a parte dos apoiadores originais, na esperança de que seja possível fazer num segundo mandato o que não foi feito no primeiro.

Malu Gaspar - A primeira grande batalha de Lula

O Globo

Futuro do orçamento secreto definirá não apenas os primeiros meses de um possível governo do PT, mas a relação do Executivo com o Legislativo nos próximos anos

Ainda faltam alguns dias para a eleição, mas as placas tectônicas de Brasília já se movem na direção do que seus operadores consideram será o novo eixo do poder: a órbita de Luiz Inácio Lula da Silva. Na capital federal, quem entende do riscado já se comporta como se o cafezinho de Jair Bolsonaro estivesse frio.

Para algumas figuras nada bobas do Centrão, do Judiciário e da elite da burocracia estatal, passada a eleição, teremos um presidente diferente. Se depois a aposta não se confirmar, sempre será possível fingir que nada aconteceu enquanto Bolsonaro lutava pela sobrevivência política.

Não é por outra razão que velhos amigos do petismo no Centrão, como os deputados Mário Negromonte (PP-BA), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) ou Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), voltaram a frequentar gabinetes e restaurantes com emissários de Lula e aos poucos retomam o prestígio dentro de seus partidos.

A questão é que, se não há grandes dúvidas no Planalto sobre os resultados da eleição, há, sim, muita incerteza sobre o dia seguinte, por uma única e bilionária razão: o orçamento secreto. O destino dessa verba definirá não só o rumo dos primeiros meses de um eventual governo Lula, mas toda a relação do Executivo com o Legislativo nos próximos anos.

Míriam Leitão - O sentimento do eleitorado

O Globo

O eleitor julga o candidato à reeleição pelo todo do seu governo, e não por um só momento, seja ruim ou bom. Esse é o maior problema para Bolsonaro

O sentimento do eleitorado está piorando em relação a Bolsonaro. Isso num momento em que os indicadores de inflação, crescimento e emprego melhoram neste trimestre que antecede à eleição. A explicação desse enigma é a de que o eleitor julga o candidato à reeleição pelo todo, e não por um momento, seja ruim ou bom. O reverso dessa situação, que confirma o fenômeno, aconteceu com Fernando Henrique, em 1998. Os meses anteriores à reeleição foram de crise cambial e recessão, mas FHC havia consolidado o Plano Real. O eleitor julgou seu governo como um todo e deu a ele uma segunda chance. Ele venceu no primeiro turno.

Está ocorrendo neste trimestre de julho a agosto uma forte deflação. Ela é resultado, em parte, de manipulação de preços de combustíveis e de energia. Não havia, contudo, afetado os alimentos. Agora, começam a cair os preços também de alimentos e isso será visível no IPCA-15 a ser divulgado na semana que vem. A atividade subiu, puxada por serviços — setor que está mais próximo às pessoas —e o desemprego caiu. Deveria estar melhorando a percepção do governo, pela ligação conhecida entre economia e política. E por que não está?

Luiz Carlos Azedo - Pesquisas refletem disputas na campanha de Bolsonaro

Correio Braziliense

Possibilidade de vitória de Lula no primeiro turno aumenta a tensão na campanha do presidente, onde o marketing político e a gestão da economia batem de frente e o candidato gera fatos negativos

A 11 dias da eleição, a campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) vive o momento de maior tensão até agora, em razão da estagnação — e até mesmo de recuo — nas pesquisas de intenção de votos divulgadas nesta semana. Ontem, a da Genial/Quaest mostrava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente, com 44% das intenções de voto no primeiro turno, seguido por Bolsonaro (PL), com 34%. Depois aparecem Ciro Gomes (PDT), com 6%, e Simone Tebet (MDB), com 5%, e Soraya Thronicke (União Brasil), com 1%. Os demais candidatos não pontuaram. O primeiro turno das eleições está marcado para 2 de outubro.

Dez pontos de vantagem não são suficientes para Lula vencer o pleito no primeiro turno. Mas a campanha deflagrada pelo PT e seus aliados em favor do voto útil, com a mobilização de artistas, intelectuais e personalidades da sociedade civil, começa a tirar votos de Ciro e pode também atingir uma parcela de eleitores de Simone. Essa possibilidade aumenta a tensão na campanha de Bolsonaro, onde as disputas políticas estão ocorrendo em duas frentes — o marketing político e a gestão da economia.

Na área do marketing, há praticamente duas campanhas. Uma é comandada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL), com apoio do ex-secretário especial de Comunicação Social (Secom), Fabio Wajngarten, e do ministro das Comunicações, Fábio Faria, que não esconde o desconforto com as pesquisas. No começo da semana, questionou os resultados da última pesquisa Ipec (Antigo Ibope), que indicavam Lula com 47% das intenções de voto, 16 pontos percentuais à frente de Bolsonaro, 31%.

Maria Cristina Fernandes - O que teme o eleitor

Valor Econômico

Ao suspender parte dos decretos que liberalizaram armas e munições, Supremo ajudou a tirar o eleitor do armário

Nas duas últimas grandes cartadas da campanha bolsonarista, o 7 de Setembro e o funeral da rainha Elizabeth, Silas Malafaia foi o único personagem, além da primeira-dama, a se fazer presente ao lado do presidente, em ambos os eventos. Esta onipresença explica a investida de Bolsonaro sobre o eleitor que, indetectável nas pesquisas, provoca as surpresas de uma campanha marcada pela ausência de adesivos e bandeiras nos carros, nas janelas e nos muros das casas.

Pastor de um ramo da Assembleia de Deus, maior denominação evangélica do país, Malafaia já foi cabo eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva, José Serra, Marina Silva e Aécio Neves. Aproximou-se de Bolsonaro em junho de 2013, na esteira das manifestações, quando o então deputado se engajou contra a lei anti-homofobia.

Malafaia esteve na linha de frente de sua campanha, em 2018, quando Bolsonaro teve 11,6 milhões de votos a mais que Fernando Haddad no eleitorado evangélico (69% x 31%) no segundo turno. Foi um montante superior à diferença total de votos (10,7 milhões) pró-Bolsonaro. Vem daí a centralidade do voto evangélico para a eleição do presidente.

Com o governo em mãos e a percepção de que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar, buscou se diversificar as razões do voto. Não bastou. Lula está à frente de Bolsonaro entre aqueles que recebem o Auxílio Brasil e o eleitor atribui as medidas do governo na economia à busca pela reeleição.

Maria Hermínia Tavares* - Bolsonaro, o candidato anormal

Folha de S. Paulo

Nada é normal na sua lida para permanecer no Palácio do Planalto

Da sacada da casa do embaixador brasileiro em Londres, o presidente Bolsonaro berrou, para o pequeno grupo de apoiadores aglomerado na rua, que qualquer resultado diferente de sua vitória no primeiro turno seria indício de que "algo anormal aconteceu dentro do TSE".

Mais tarde, em entrevista a um blogueiro simpatizante, repetiu o mote, antecipando o que deverá ser a sua reação em face da derrota que as pesquisas indicam. Se não há por que esperar anormalidades nem na votação nem na contagem eletrônica dos sufrágios, a campanha que as precede reduz a pó o padrão ao qual o país se habituou já lá se vão três décadas.

Bruno Boghossian - Bolsonaro o cabo eleitoral do voto útil

Folha de S. Paulo

Índices de rejeição ao presidente se tornam fator determinante de possível migração de eleitores para Lula

Os índices de rejeição a Jair Bolsonaro se tornaram o fator determinante daquilo que pode ser um movimento de voto útil em Lula no primeiro turno. A consolidação desses números acima do patamar de 50% elevou para o presidente o risco de o eleitor antecipar uma decisão de interromper seu governo.

Além de conquistar ou recuperar votos, Bolsonaro também precisa administrar essas taxas de rejeição para continuar no jogo. O presidente enfrenta um desafio nessa área porque o eleitorado tem mostrado uma resistência firme a seu nome e emitido sinais de sensibilidade a fatos negativos produzidos por ele.

Vinicius Torres Freire - Sinais de virada precoce para um governo Lula 3

Folha de S. Paulo

Antes mesmo da posse, um novo governo terá de fazer alianças e remendar o Orçamento

O voto útil, o risco de alguma violência, de gracinha dos generais fiscais de urna e um par de disputas estaduais são os assuntos deste fim de campanha. Uma debandada precoce para Lula da Silva (PT) começa a surgir na conversa, embora uma decisão já no 2 de outubro ainda esteja no universo do aleatório.

O assunto não é motivado exatamente por adesões tais como a de Henrique Meirelles ao lulismo e de outras figuras simbólicas. Meirelles foi eleito deputado federal pelo PSDB em 2002, presidente do Banco Central de Lula de 2003 a 2008, ministro da Fazenda da "Ponte para o Futuro" de Michel Temer, do MDB "com Supremo, com tudo", de 2016 a 2018, e secretário da Fazenda do tucanato em estado terminal de João Doria, 2019 a 2022.

Meirelles ora está no União Brasil, união instável entre o DEM, o velho PFL, e parte do partido que Jair Bolsonaro alugou em 2018, o PSL. O outro bando de bolsonaristas originais, por assim dizer, foi parar no PL. A enumeração quase caótica dessas siglas não é por acaso.

O assunto da debandada aparece porque, na surdina ou abertamente, há novas adesões a Lula. Há gente do próprio PL, há gente do PSDB que não vê futuro nas ruínas do partido e outros adesistas no União Brasil. Parte do MDB que não aderiu a Lula na primeira leva já "manda sinais". O racha vai ser meio feio, mas parte do PSD de Gilberto Kassab vai aderir a um Lula 3.

Cristiano Romero - “Frente ampla” antevê um Lula mais liberal

Valor Econômico

Apoios de Meirelles e Reali Jr. fortalecem governo de coalizão

Nos últimos dias, interessados em assegurar a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) já no primeiro turno da eleição, políticos identificados historicamente com a centro-direita decidiram declarar apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). À esquerda de Lula, o candidato Ciro Gomes, por sua vez, está sendo "cristianizado" por correligionários de seu próprio partido, o PDT.

Aos que se surpreendem com a adesão de seções regionais do PSDB à candidatura do petista, não custa lembrar que, quando Geraldo Alckmin se transferiu para o PSB e aceitou ser candidato a vice na chapa de Lula, o significado da aliança foi justamente o de unir, pela primeira vez no mesmo campo político, petistas e tucanos (ainda que, formalmente, o ex-governador tenha se filiado a uma legenda de esquerda, historicamente aliada ao PT).

A 11 dias da eleição, emergiu um senso de urgência na classe política. Marina Silva (Rede) deixou o PT no segundo mandato de Lula na Presidência (2007-2010), inconformada com o "pragmatismo" de Dilma Rousseff no trato das questões ambientais, bandeira histórica cara aos petistas. Na segunda-feira, anunciou apoio entusiasmado a Lula.

A declaração de apoio a Lula do ex-prefeito César Maia (PSDB-RJ), político que ao longo de sua trajetória transitou do brizolismo à centro-direita do DEM (hoje, União Brasil), mostra que vai se tentando formar, na véspera da votação, uma "frente ampla", como talvez nunca se tenha visto na história do país _ pode-se dizer que Fernando Collor foi afastado da Presidência pela maioria absoluta dos partidos com representação no Congresso e que seu sucessor, Itamar Franco, fez raro governo de coalizão.

Pedro Ferreira, Renato Fragelli* - Trabalho precário e promessas eleitorais

Valor Econômico

Problemas sérios são ignorados e políticas sólidas substituídas por expansões irresponsáveis de gastos

Faltando apenas dez dias para o primeiro turno das eleições, o eleitorado brasileiro assiste a uma competição entre os candidatos à Presidência para identificar qual deles é mais criativo em suas promessas irrealizáveis. Em particular, a geração de empregos é tema dominante.

Segundo a Pnad Contínua, no segundo trimestre deste ano a população economicamente ativa (PEA) atingiu 108,4 milhões de pessoas, e a taxa de desocupação, 9,3%. Dos 98,3 milhões de trabalhadores ocupados, a parcela constituída por trabalhadores formais (do setor privado e público) é de 57,4 milhões. Retirando-se os servidores estatutários civis, militares e empregados formais do setor público, chega-se a uma população com ocupação formal no setor privado de 48,3 milhões. Mas como a propaganda eleitoral promete especificamente “empregos”, e não apenas “ocupações”, é preciso retirar também desse último grupo os empregadores formais e os trabalhadores formais por conta própria. Feito isso, conclui-se que existem 37,3 milhões de empregados formais no setor privado, ou seja, apenas 34,4% da PEA.

Conrado Hübner Mendes* - Famintos, mas livres para buscar comida

Folha de S. Paulo

Criança com fome e sem escola resume futuro que Bolsonaro oferece

Muita coisa subiu e caiu no governo Bolsonaro. Muita coisa subiu e caiu por escolha governamental independente das contingências, do STF, das jornalistas, do vírus e do PT. Por opção consciente.

Subiu o superpatrimônio da família adquirido em dinheiro vivo, método de crime organizado; explodiram os supersalários militares, os desvios orçamentários para destinos secretos; subiram os ataques racistas, homofóbicos e neonazistas; subiu a violência contra a mulher. Inventou-se na oficina de criatividade bolsonarista o uso de crianças para incentivar violência armada, e o assédio a criança grávida por estupro, sob ordem de ministra.

Subiram a pobreza, a fome, a população em situação de rua; explodiu o número de armados e o escoamento de armas legais para o crime organizado. Explodiram o desmatamento e o ataque a indígenas. Contrataram o subdesenvolvimento e o colapso climático: dilapidar o maior tesouro da economia do século 21 para investir em economia extrativista e neocolonial.

William Waack – O fosso é mais profundo

O Estado de S. Paulo

Eleições têm poucas chances de resolver ou pacificar profundas divergências políticas

O quadro geral da eleição presidencial mudou apenas em centímetros desde que o STF tirou Lula da cadeia e o tornou elegível. Não houve qualquer abalo sísmico, e cabe se perguntar qual teria de ser o tamanho de um terremoto político para alterar um confronto que, a rigor, é bastante profundo e já escancarado na corrida para a eleição de 2018.

Lamentava-se então (e desde sempre) que o fenômeno da “vassourada bolsonarista” sobre o lulopetismo significava o esfacelamento de qualquer “centrismo” entendido como posturas antagônicas a populismos de “esquerda” ou “direita”.

Como assinala o sociólogo Bolívar Lamounier, não estamos diante de polarização de período eleitoral. Mas, sim, diante de uma “terceira onda de desavenças” só comparável a eventos históricos como o getulismo/antigetulismo ou o período 1961-1964, que levou ao golpe militar.

Eugênio Bucci* - Pop-lulismo

O Estado de S. Paulo

O favoritismo de Lula sobe com o perfil de um movimento cultural, sem adquirir exatamente os contornos formais de uma frente ampla

Mais uma vez, as leis da política perdem a corrida para as leis do entretenimento. Na falta de uma frente ampla articulada por líderes de partidos diversos, com base em acordos programáticos, a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva vai crescendo por meio de adesões descosturadas umas das outras, animadas por charges de WhatsApp e dancinhas de TikTok. Não há um pacto organizado, negociado; não há um programa mínimo. O que existe é um “clima” de adesão em cima da hora.

A coisa vem em ondas como o mar, numa empolgação meio carnavalesca. Um dia, Caetano Veloso faz uma declaração de apoio sorridente e cativante. No outro, o ex-ministro Henrique Meirelles, até então fã de João Doria, embarca na campanha do petista. Nesse ínterim, dirigentes do PDT deixam Ciro Gomes falando sozinho e conclamam os eleitores a votar em Lula para liquidar a disputa já no primeiro turno. Um grupo de cantores e cantoras grava mais um clipe que rapidamente viraliza. A conjuntura ganha o embalo de uma corrente festiva, sem plataforma suprapartidária. O favoritismo de Lula sobe com o perfil de um movimento cultural, sem adquirir exatamente os contornos formais de uma frente ampla.

O que a mídia pensa - Editoriais / Opiniões

Editoriais / Opiniões

Estadista de fancaria

O Estado de S. Paulo

Em sua viagem à Grã-Bretanha e aos EUA, Bolsonaro confirma sua incapacidade de agir como chefe de Estado e sua dificuldade de respeitar os limites, seja o do decoro do cargo, seja o da lei

Em seu recém-encerrado tour pelo exterior, o presidente da República, Jair Bolsonaro, tinha dois compromissos como chefe de Estado: participar do funeral da rainha Elizabeth em Londres e da abertura da Assembleia-Geral da ONU em Nova York. Esteve nas duas solenidades, mas em nenhuma delas participou efetivamente como chefe de Estado. Usando dinheiro público e a estrutura da Presidência, Jair Bolsonaro não se comportou como representante do Brasil, mas como um líder de facção política, fazendo comícios eleitorais onde se exigia uma conduta de estadista.

Diante de um histórico que inclui a imitação jocosa de um doente de covid com falta de ar, sabotagem do esforço para vacinar os brasileiros, propaganda de remédios ineficazes contra a covid, ofensas a jornalistas (principalmente mulheres), manobra para indicar um filho à Embaixada nos EUA, suspeitas de rachadinha e de lavagem de dinheiro na família, incentivo ao descumprimento da lei ambiental, desgoverno nas áreas da saúde e da educação e ameaça golpista de não reconhecer o resultado da eleição, talvez alguém possa pensar que se trata de um pecadilho a confusão feita por Jair Bolsonaro entre candidato à reeleição e chefe de Estado. Não é.

Poesia | Carlos Drummond de Andrade - E agora José? (Interpretação de Silvio Matos.

 

Música | Zizi Possi e João Bosco - Vida noturna (Aldir Blanc e João Bosco.