domingo, 29 de maio de 2011

Opinião – José Serra

A intriga é a arma de nosso adversário, a intriga nos enfraquece e fortalece os adversários. A nossa desunião nos enfraquece. Portanto, mantenhamo-nos unidos, por cima das diferenças que existem, que é normal em qualquer partido, mas elas não podem falar mais alto. Temos um encontro marcado com esse futuro, vamos partir para ele todos juntos, com nossas ideias, nossas propostas e nossa coragem.

Em muito pouco tempo de governo, aquilo que esperava de pior está acontecendo. Cada vez mais a ocupante da presidência da República governa cada vez menos, e o que não foi eleito governa cada vez mais. Aquele que deixou para o país a verdadeira herança maldita. A herança maldita do governo Lula, que são a inflação subindo, as estradas esburacadas, a falta de estrutura nos aeroportos, a falta de saneamento. É a herança dos escândalos, que, de novo, leva o PT do noticiário político para a página policial. Veja o caso de Campinas. Temos um governo omisso e incompetente, que começa, de novo, a navegar nas águas da corrupção.

José Serra, ex-prefeito, ex-governador, na Convenção do PSDB, 28/5/2011




Manchetes de alguns dos principais jornais do Brasil

O GLOBO

Beltrame adverte que UPPs estão numa encruzilhada
Amazônia sob ataque

FOLHA DE S. PAULO

Cadastro revela políticos donos de rádio e TV no país
Temer diz que elevou tom de voz com Palocci
FHC defende o plantio caseiro de maconha

O ESTADO DE S. PAULO

Após ação de Lula, Dilma chama PMDB e turbina agenda
Com amigo de Palocci, lucro de firma dispara
Embraer e Bombardier teriam acordo secreto

ESTADO DE MINAS

Velho Chico Novos Rumos

Serra derrotado na convenção do PSDB

CORREIO BRAZILIENSE

Como se aposentar recebendo R$ 10 mil
A nova ordem tucana
Deputados gastam US$ 300 mil em missões turísticas

ZERO HORA (RS)

Descobertas tendem a dobrar petróleo no país
Os profissionais mais procurados

JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Serra perde para Aécio na briga interna do PSDB

Intervenção de Lula deixou Dilma fragilizada

Aliados já começam a duvidar se presidente terá força política para chegar em condições de disputar 2º mandato

Maria Lima

BRASÍLIA. A intensa e inusitada movimentação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aportou em Brasília no auge de uma crise provocada pela completa desarticulação política e pelo agravamento da situação do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, deixou aliados que têm projetos próprios para 2014 preocupados. Parlamentares e cientistas políticos avaliam que a presidente Dilma Rousseff deu os primeiros sinais de que não tem apetite ou fôlego para disputar um segundo mandato. A constatação geral é que, ao pedir socorro ao seu antecessor e criador na primeira crise, Dilma encerrou a semana muito fragilizada.

- Independentemente das motivações de Lula, o fato é que, na primeira crise, Dilma precisou de apoio externo. O presidencialismo tem um aspecto decisório muito forte. O sinal que se tem é que o projeto dela não é de longo fôlego, e 2014 não está em seu horizonte. Esta não era uma crise tão forte e nem motivo para pedir ajuda externa. O recado que ela deu foi: "Olha, bola dividida para mim é complicado, e Lula é craque nisso" - avalia o cientista político Luiz Werneck Viana, da PUC-Rio.

Na oposição, a leitura é que essa fragilidade política revelada pela presidente Dilma em nada ajuda uma volta de Lula em 2014, justamente porque ele é seu avalista, foi para a TV e para as ruas propagandear suas qualidades. A comparação concreta é com o caso do ex-prefeito Celso Pitta, cria do ex-prefeito Paulo Maluf, que fracassou na gestão e levou junto seu criador.

Para ACM Neto, sinais ruins

O líder do DEM na Cãmara, deputado ACM Neto (BA), diz que Dilma demonstrou não ter capacidade para conduzir politicamente o governo e precisou de uma bengala.

- Isso a longo prazo para a oposição é ótimo. Quando Lula volta dando ordens e querendo ocupar espaço, mostra que ele ainda é o cara que manda. Isso esbarra no questionamento da autoridade de Dilma. Não vejo como isso pode dar em coisa boa - diz ACM Neto.

O lider do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), exalta a grande experiência de Lula, adquirida com três derrotas e o enfrentamento de graves problemas em seu governo, em contraponto com a presidente Dilma, que está começando agora seu governo. E minimiza:

- Não se pode cobrar dela a experiência que Lula tem. Dilma ainda não adquiriu em tão pouco tempo a perfeição dessa conduta política. Temos que ter paciência e tolerância - diz Henrique Alves, explicando que não enxerga nessa movimentação de Lula uma tentativa de ocupar espaço para ser opção em 2014. - Lula faz isso para ajudar Dilma, não para diminuí-la. E nosso projeto, do PMDB, daqui a quatro anos, é Dilma e Michel de novo na reeleição. Estamos nesse projeto para valer e vamos torcer para dar certo a longo prazo.

Apesar de elogiarem o "freio de arrumação" que Lula deu na descoordenação política do governo Dilma, alguns aliados não escondem que a repercussão, ao fim, foi muito negativa e arranhou profundamente a autoridade da presidente Dilma. Alguns alertam que, se Lula investir no enfraquecimento de Dilma, pode pagar um preço alto por isso.

Um desses aliados com cargo no governo contou que semana passada, num encontro com empresários, era geral o clima de perplexidade com a agressividade de Lula intervindo no governo.

- Dilma saiu com sua autoridade arranhada, e isso também não é bom para Lula. Se der errado o governo dela, ele também está morto, porque é seu avalista. Se Dilma for mal, quem vai capitalizar é a oposição. Lula foi para a TV dizer que Dilma era o máximo. E agora? Vai morar no Alvorada e ser babá da presidente o tempo todo? - diz um desses aliados.

FONTE: O GLOBO

Socorro de Lula a Palocci pode enfraquecer Dilma

Ação de antecessor ao longo da semana expôs fragilidade do governo na relação com Congresso

A intervenção do ex-presidente Lula para abafar a primeira crise política de sua sucessora pode ter salvo a pele do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, mas fragilizado politicamente o governo de Dilma Rousseff. No jogo de aparências que vale muito na política, a forma ostensiva como Lula articulou a defesa de Palocci, abafando uma possível CPI para investigar a evolução patrimonial do ministro, escancarou uma presidente incapaz de articular com o Congresso, expondo as deficiências do governo, segundo cientistas políticos e líderes partidários ouvidos por Zero Hora.

– Foi uma vergonha, uma humilhação – avalia a cientista política e jornalista Lucia Hippolito.

Segundo ela, Lula até poderia ter socorrido o governo, mas não da forma explícita que fez, “expondo tão cruamente” as deficiências de uma candidata que ele mesmo fabricou.

– Poderia ter feito reuniões com Dilma, Palocci e senadores do PT. Mas discretamente, na surdina, sem sair de São Paulo. Em vez disso, viajou a Brasília, assumiu a primeira página dos jornais, tomou café com José Sarney, passou pito em todo mundo, estava numa alegria só. Foi constrangedor – afirma Lucia, que atribui a atitude ao ego e ao apego aos holofotes.

Cotado para assumir a liderança do governo no Congresso, Mendes Ribeiro (PMDB) considera que a intervenção “pode ter tornado a crise verdadeiramente crise”:

– Não gostei. Acho que posso até estar errado amanhã. Mas não era o momento. Lula pode até ajudar, mas pode passar a alguns segmentos fragilidade da presidente e do governo.

Para o cientista político Paulo Kramer, a intervenção do ex-presidente “tornou visível o que já era invisível”.

– Todo mundo já sabia da incapacidade de articulação de Dilma. A atuação de Lula no episódio passou a impressão de que temos uma presidente fraca e fez crescer o desconforto que já se sentia em relação à sua saúde – acrescenta.

Menos contundente, o senador Pedro Simon (PMDB) considera Dilma uma presidente competente e responsável, mas que lhe falta traquejo político, sobretudo para lidar com as disputas entre os partidos que apoiam o governo. Simon, no entanto, considera “positiva” a intervenção de Lula.

– Dilma foi uma escolha ultrapessoal de Lula, os dois têm amizade intensa. É natural que ele a aconselhe nessas horas de crise – entende o senador.

Para cientista política, Dilma pôs fora seu capital político

Já o senador Paulo Paim (PT) considera Lula um líder “no Brasil e no mundo”. Assim, o envolvimento dele em assuntos como o que envolve Palocci deve ser visto naturalmente.

– A bancada do PT teve um almoço com o presidente Lula e, dois dias depois, tivemos um almoço com a presidente Dilma. Ela é quem dá a última palavra – garante.

O cientista político Murillo de Aragão minimiza o episódio. Segundo ele, como presidente de honra do PT e líder do grupo que pôs Dilma no Planalto, Lula tinha o “direito legítimo” de agir. Nem a forma escancarada como atuou compromete o governo, avalia:

– Isso é irrelevante. A forma como Lula agiu deve ter sido combinada com Dilma. Pior seria não fazer nada, deixando a oposição explorar ainda mais o caso.

Enquanto Simon lembra que Dilma não costuma fazer concessões, como aconteceu no caso da votação do salário mínimo e do Código Florestal, Paulo Kramer entende que, daqui para frente, ela deveria intensificar as reuniões com deputados e senadores, tentando se aproximar não só da sua base política, mas de todo o Congresso.

– Nosso Congresso não é carimbador, como o da Venezuela, mas também não é proativo, como o dos Estados Unidos. Ele é reativo, reage ao Executivo. Se o Executivo não dá tarefas, fica aquela coisa de “mente vazia, oficina do diabo” – afirma Kramer, propondo que Dilma assuma a bandeira das reformas.

Mas Lucia Hippolito teme que seja tarde demais:

– No primeiro ano de governo, o presidente costuma ter capital político para impor sua vontade. Infelizmente, Dilma jogou esse capital fora antes de completar cinco meses no cargo.

FONTE: ZERO HORA (RS)

Temer diz que elevou tom de voz com Palocci

O vice-presidente Michel Temer reconheceu em entrevista à Folha que teve atritos com o ministro Antonio Palocci(Casa Civil), mas nega ter dito palavrões. O atrito ocorreu por conta das ameaças de Palocci de tirar um ministério do PMDB. A paz será selada em uma foto "sorridente" como o ministro e a presidente Dilma Rousseff.

Temer afirma que elevou o tom de voz com Palocci

A mando de Dilma, chefe da Casa Civil teria ameaçado demitir ministros do PMDB se partido contrariasse governo em votação

Em telefonema para Temer, Dilma reclamou sobre a divulgação do confronto e disse que a "história é muito ruim"

Eliane Cantanhêde e Catia Seabra

BRASÍLIA - Ao confirmar que teve uma áspera discussão com o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) na semana passada, o vice-presidente Michel Temer disse ontem, depois de telefonar à presidente Dilma Rousseff, que "a situação agora é tranquilíssima".

Temer contou que acertou três encontros com Dilma para esta semana: amanhã de manhã, na Base Aérea, "para tirar uma foto sorridente", uma conversa na terça-feira, de preferência a sós, e um almoço no Alvorada na quarta com senadores do PMDB, incluindo os considerados "rebeldes", que costumam votar contra o governo.

O motivo da tensão foi o que Temer chamou de "ameaça velada" feita por Palocci, em nome de Dilma.

Na semana passada, ele teria ligado ao vice-presidente dizendo que demitiria ministros do PMDB em caso de derrota -que de fato ocorreu- do governo na votação do Código Florestal na Câmara.

Temer negou ter falado palavrões, mas contou que na conversa com Palocci o clima esquentou: "A conversa foi tensa, admito que subi o tom, falei alto mesmo, mas quem me conhece sabe que não sou de falar palavrões".

No telefonema de ontem para Temer, Dilma reclamou sobre a divulgação do confronto e disse que "essa história toda é muito ruim e precisa acabar logo com isso".

Temer respondeu que está disposto a "ajustar os ponteiros" e que tem conversado bastante com Palocci. Para ele, o episódio chegou à imprensa superdimensionado: "há muita intriga de ambos os lados [PT e PMDB]".

FRAGILIDADE

O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, reconheceu a gravidade da crise com o PMDB.

A desavença ocorre num momento de fragilidade do governo. Palocci está sob investigação do Ministério Público depois que a Folha revelou que ele multiplicou seu patrimônio por 20 de 2006 a 2010. O ministro, que atuou como consultor de empresas, não detalhou como agia.

A expectativa de Carvalho é que ele se manifeste publicamente nesta semana. "O pior que pode acontecer agora é o governo parar."

O esforço a partir de agora é de pacificação para a votação do Código Florestal e para evitar a instalação de uma CPI no Senado para apurar o crescimento do patrimônio de Palocci. A dissidência do PMDB pode ser decisiva.

Ministro faturou mais às vésperas do novo governo

José Ernesto Credendio, Fernanda Odilla e Matheus Leitão

BRASÍLIA - O período em que a empresa de consultoria Projeto ganhou mais dinheiro, cerca de R$ 10 milhões, foi quando o ministro Antonio Palocci (Casa Civil) tinha poder para acessar dados reservados e planos de investimentos do governo federal.

Metade dos R$ 20 milhões de faturamento da empresa em 2010, revelado pela Folha, se deve ao período entre novembro e dezembro.

Nesses meses, Palocci acumulou a atividade empresarial com a coordenação da equipe de transição da presidente Dilma Rousseff.

Um coordenador da transição pode solicitar qualquer documento do governo.

Além disso, já no início de novembro, Palocci teve acesso a informações sobre contratos a cumprir, lista de projetos e programas pendentes do governo Lula.

MORADIA DE R$ 4 MI

Duas leis obrigam os titulares dos órgãos a fornecer as informações solicitadas pelo coordenador da equipe de transição. Basta um ofício.

Ontem, a revista "Veja" revelou que o apartamento em que o ministro vive em São Paulo, que é alugado, tem valor de mercado estimado em R$ 4 milhões. Com quatro suítes e três salas, o imóvel teria 640 m2 e condomínio de R$ 4.600 mensais.

Segundo administradoras de imóveis ouvidas pela revista, o valor médio de locação no prédio é de R$ 15 mil. Com o condomínio e impostos, as despesas do ministro chegam a 83% de seu salário.

OUTRO LADO

O advogado José Roberto Batochio, que defende Palocci, disse não haver problema em seu cliente ter feito parte da equipe de transição e, ao mesmo tempo, ser sócio da Projeto. Segundo Batochio, não há impedimento legal.

Ele disse que, quando Palocci foi para a campanha, alterou o contrato social da empresa, da qual ficou só como sócio. O ministro avaliou que permanecer na administração da firma poderia gerar questionamentos, afirmou.

Sobre o aluguel do apartamento, a Casa Civil informou que o ministro não comentará o assunto e que já havia dito que ele vivia em um imóvel alugado em São Paulo.

FONTE : FOLHA DE S. PAULO

Charge: Investigação

Aroeira / jornal O Dia

Esse Palocci é um gênio:: Clóvis Rossi

Uma noite de abril de 2003 jantei com o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em Washington. Foi aliás a convite dele.

Mas aproveitei para tentar mostrar ao leitor como era a vida de um ex-trotskista, daqueles de gritar "abaixo o FMI", como ele próprio me contou, convertido, então como agora, à ortodoxia do Fundo.

Perguntei se Palocci entendia de economia. Respondeu que sabia apenas o macro. Aprendera, como prefeito de Ribeirão Preto, que "é preciso pagar as contas".

Vê-se agora que Palocci é um aluno excepcional: mesmo sem entender muito de economia, deu consultorias, que lhe permitem pagar todas as contas e ainda sobrar renda, que "chamam a atenção", como diz um raro petista não contaminado pelo total cinismo, caso do governador Jaques Wagner.

Chama mais a atenção porque, apenas três anos antes de dar início à exuberante carreira de consultor, Palocci recebia consultoria, em vez de prestá-la.

Está lá, no texto publicado em 2003, uma lista parcial de economistas nacionais e estrangeiros que o ministro dizia consultar: de Delfim Netto a Maria da Conceição Tavares, de Joseph Stiglitz a Jeffrey Sachs, todos grifes de porte no ramo, embora de etiquetas diferentes, até opostas.

Tudo somado, acho que só cabem duas linhas de investigação para apurar a evolução patrimonial que tanto chamou a atenção de Jaques Wagner (e das torcidas do Corinthians e do Flamengo em peso):

1 - A neurociência ou qualquer outra ciência prova que o cérebro de Palocci é uma esponja extraordinária, capaz de absorver conhecimentos em quantidade, qualidade e velocidade inéditas no planeta.

2 - É tráfico de influência mesmo, tentado pelas empresas contratantes ou efetivamente levado a cabo.

Jaques Wagner, colega que foi de Palocci no Ministério Lula, não parece acreditar na hipótese 1.

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

Política e democracia:: Dora Kramer

Dilma Rousseff seria a última pessoa autorizada a tratar a atividade política com menosprezo, produto que é da dedicação exclusiva de seu antecessor, mentor e agora também tutor, à política no exercício da Presidência da República.

No entanto, a presidente repete neste aspecto Fernando Collor, que assumiu a chefia da Nação, em 1990, com ares imperiais e assim se manteve até que o Congresso lhe mostrasse com quantos paus se faz o equilíbrio entre Poderes.

O distanciamento a que se impõe a atual presidente é o mesmo imposto pelo ex. A motivação objetiva pode até ser diferente, mas há um dado subjetivo que os aproxima: ambos carecem de substância no ramo e chegaram à Presidência por razões alheias a uma trajetória pessoal consistente.

Ele por uma obra de ficção publicitária muito bem engendrada, ela por unção do então presidente Luiz Inácio da Silva e sua inesgotável capacidade de mirar os fins sem se importar com os meios.

Dilma Rousseff está apenas no começo de seus quatro (ou oito) anos de mandato e já precisou da interferência externa para lidar com a evidência de que a fidelidade de uma base parlamentar ampla e diversificada como a que Lula lhe legou requer manutenção.

Não apenas com verbas e cargos. A coisa não é tão fácil assim. A presidente, seus auxiliares e quase a totalidade do País têm todo o direito de considerar que no Congresso só há vendilhões.

Ocorre que essa, além de ser uma visão distorcida da realidade, desconsidera o fato de que mesmo os vendilhões não necessariamente têm de si essa mesma impressão.

Dilma pode achar que aquela maioria está ali para servi-la ao custo da submissão à majestade detentora do poder de lhes distribuir benesses. Mas os parlamentares também acham que seus votos lhe conferem outros direitos.

Querem acesso ao poder, querem prestígio, querem ser levados em conta. Submetem-se, mas exigem em contrapartida não ser tratados como meros carimbadores das vontades do Palácio do Planalto.

Por mais que o comportamento da maioria leve os menos íntimos com o ofício a concluir que o peso da Presidência, ainda mais quando exercida com distanciamento e uma boa dose de atitude de intimidação, seja o suficiente.

Não é. Há sutilezas envolvidas no jogo bruto do poder. E até por ser violento requer alguma sofisticação estratégica. A isso se pode chamar genericamente de fazer política.

O primeiro dado é levar em consideração o outro. No caso, o Parlamento. O governo da presidente Dilma não o faz quando põe na articulação política um deputado de inépcia reconhecida, sinalizando que para ela a área é um pormenor.

Concentra poder nas mãos de um só ministro que, por excesso de atribuições e soberba decorrente da posição, não faz a interlocução com o Congresso como deveria.

Ignora a política e acredita que mandando seus líderes transmitirem recados sobre o quanto está irritada com esta ou aquela conduta obterá automaticamente obediência.

Mesmo depois da intervenção de Lula, Dilma não dá mostras de boa vontade em aprender. Defendeu Palocci dizendo que a oposição "faz política" como se fosse atividade menor, quando é na política que se movem as democracias. Em toda e qualquer decisão ela está presente.

Por orientação de Lula, a presidente marcou encontros com parlamentares de sua base, mas já foi logo avisando ao PT que não sabe quando e se haveria novas reuniões.

Na votação do Código Florestal na Câmara supôs que bastasse baixar uma ordem para vê-la cumprida. A ameaça de demitir os ministros do PMDB foi ato de quem não entendeu da missa a metade.

Agora, quando o Senado se prepara para examinar alterações no rito das medidas provisórias simplesmente manda dizer que, com ela, "não tem acordo".

Como, se a política é a arte de compor interesses? Algo que se aprende fazendo.

A respeito disso, o compositor Gutemberg Guarabyra faz um pertinente resumo: "Um verdadeiro presidente é formado, educado, aperfeiçoado no exercício da atividade política. Lula foi um verdadeiro presidente. FHC idem. Dilma está mais para interventora, delegada para assumir o governo provisoriamente".

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Resistindo à chantagem :: Suely Caldas

A aparição do ex-presidente Lula em Brasília, tentando impor à sua pupila a volta da chantagem política na relação com o Congresso, foi péssima para Dilma Rousseff. Um lastimável retrocesso que fortaleceu os políticos que só querem cargos, e deles tirar proveito, e enfraqueceu o trabalho de cinco meses da presidente de a eles reagir e tentar dar ao País uma gestão técnica, profissional, séria e qualificada. Ainda há tempo, Dilma. Responda a ele que a caneta é sua, a responsabilidade perante os brasileiros é sua e este momento da história é seu. Portanto, Lula, vá beber água de coco em São Bernardo, vá engordar seu patrimônio com palestras milionárias e deixe o governo em paz.

O governo Lula foi marcado por oito anos de escândalos financeiros, fraudes e muito desvio de dinheiro público praticados em estatais e repartições federais loteadas por políticos aliados incompetentes para administrar e espertos para dali extrair vantagens para seus partidos, amigos e parentes. Na época ministra, Dilma a tudo assistia de longe. Por não ter perfil (nem estômago) para enfrentar o jogo sujo da barganha e da chantagem política, ao ser transferida para a Casa Civil, pediu para tirar das funções da pasta a relação com parlamentares, que seu antecessor José Dirceu abraçou com tal gula e avidez, que acabou demitido e com direitos políticos cassados. É verdade que Dilma não tem o menor traquejo, habilidade nem paciência para lidar com parlamentares que nos anos 80 Lula chamava de "picaretas". Todo o tempo fugiu de encontros com partidos e fez do ministro Antonio Palocci seu interlocutor para negociar cargos no governo. Em cada lista de dez nomes indicados pelos partidos, ela aceitava discutir dois ou três, no máximo - aqueles com algum conhecimento técnico especializado. Mas resistia em dar a palavra final e não os atendia.

Dá para entender, mas o silêncio de Dilma não foi a melhor estratégia para abolir a prática que Lula deixou impregnada e que fez o País pagar muito caro a cada proposta que o governo levava à votação no Congresso. O pior da chantagem é seu poder multiplicador de preço e exigências. Uma vez aceita, o chantagista quer sempre mais. A inflexibilidade de Dilma funcionou em fevereiro, na aprovação do salário mínimo, com adesão unânime dos partidos aliados. Mas cinco meses de silenciosa rejeição a pedidos por cargos levaram os partidos a retaliarem no episódio da crise de confiança do ministro Palocci e na votação do Código Florestal na Câmara.

Há 15 dias o governo está parado, a pneumonia da presidente a enclausurou ainda mais e o principal ministro se escondeu, acusado de enriquecimento ilícito. Empacaram assuntos que exigem ação rápida do governo, como a licitação de aeroportos para a Copa, tocada por Palocci, que, tocaiado, não se reúne com empresas interessadas. Os dois reapareceram na quinta-feira por determinação do interventor Lula.

Transparência, comunicação direta, diálogo sincero e aberto com a população são qualidades e o cacife político de bons governantes. Ao contrário da mentira camuflada, do jogo sujo e da chantagem. E, se os políticos são ou não os "picaretas" de Lula, é bom lembrar que foram eleitos pelo voto popular. Portanto, a presidente e seu primeiro-ministro não lhes podem negar o diálogo.

Nos próximos dias Dilma e Palocci se reunirão com os partidos aliados. É a oportunidade para os dois se explicarem. Ele, se nada tem a temer, se não praticou tráfico de influência, venha a público, identifique as empresas, o trabalho que realizou e quanto ganhou de cada uma. Ela deveria ouvir o que os políticos têm a dizer e reafirmar que seu estilo de governar não aceita o jogo da barganha, da chantagem, do toma lá dá cá de seu antecessor. E que o sistema de representação democrático-partidária já está contemplado na composição do primeiro escalão. O segundo escalão precisa ter perfil técnico para dar eficiência à gestão e frear interferências políticas que resultem em corrupção, favorecimentos e desvios de dinheiro público.

Dilma precisa falar, reagir, provar ao País que não é um poste nem está ali esquentando cadeira para Lula.

Jornalista, é professora da PUC-Rio

FONTE:O ESTADO DE S. PAULO

Chama Lula! :: Alberto Dines

Assim como na medicina há uma gradação vocabular que vai do mal-estar à enfermidade, no universo ético-político a matização é ainda mais diversificada, já que a política é a arte do relativismo. Do impróprio ao irregular, deste ao ilícito e do ilícito ao ilegal percorre-se uma vasta gama de nuances e dégradés que baralham os padrões estabelecidos pelo senso comum.

A súbita entrada em cena do presidente Lula na primeira grande crise perto do fim do primeiro semestre do governo Dilma não configura qualquer infração nas regras do jogo institucional. Mas foi imprópria. Um político não tem prazo de validade, vale para sempre. Ex-presidentes não se aposentam, ao contrário, têm obrigação de transferir a experiência acumulada não apenas aos sucessores diretos, mas principalmente às sociedades que o elegeram. Pijama é uma peça de vestuário inexistente no armário de um chefe de Estado. Só agora, depois da redemocratização, estamos começando a concretar a figura do Elder Statesman, estadista sênior, prova da estabilidade do sistema.

O presidente Lula avisou em diversos momentos antes de entregar a faixa presidencial que manteria aberto um canal de comunicação com a sua sucessora e, ao longo destes 144 dias, certamente cumpriu a promessa seja em encontros pessoais ou telefônicos. A sua intempestiva entrada na arena reservada aos agentes representativos da sociedade chefiando reuniões com ministros e parlamentares, pode ser facilmente classificada como inadequada e, por extensão, inconveniente.

Inclusive nas suas hostes, a chamada base aliada. O novo surto de onipotência do ex-presidente escancara duas situações que taticamente jamais deveriam ter sido magnificadas: a fragilidade da chefe da Nação (inclusive em matéria de saúde) e a gravidade das denúncias referentes ao aumento do patrimônio do ex-deputado e agora ministro-chefe da Casa Civil.

Os 20 milhões que teriam sido faturados pela "Projeto", a empresa de consultoria de Antonio Palocci ao longo de quatro anos, de repente, ganharam uma dimensão que transcendem à esfera onde se situavam as revelações da Folha de S.Paulo. Na insensata intervenção, Lula chutou-as para o alto, insuflou-as e converteu o que antes se enquadrava como "conflito de interesses" em transgressão quase delituosa.

O que originalmente estava no âmbito pessoal, deslize, foi dramaticamente ampliado como questão de estado. Tanto a presidente Dilma Rousseff como seu principal auxiliar até então os queridinhos da mídia, dos empresários e surpreendentemente respeitados pela oposição, num passe de mágica, foram colocados na corda bamba pela entrada em cena do Superman, o anjo exterminador do golpismo da mídia.

E isto no exato momento em que a derrota do governo nas mãos dos ruralistas ganhava as manchetes dos principais jornais do mundo e o País dava um exemplo de maturidade produzindo a inédita reunião da presidente Dilma com 10 ex-ministros de Meio Ambiente desde os tempos da ditadura.

A informalidade iniciada em 1º de janeiro aparentemente exacerbou o ego e embotou alguns dos atributos do ex-presidente. A pressa em acabar com o "vazio político" levou-o a aposentar o seu celebrado timing. O seu senso de oportunidade funcionou ao revés, como bumerangue: a sucessora saiu mais frágil da inopinada visita e o habilíssimo ministro que coordenou a sua vitoriosa campanha para chegar ao Planalto assemelha-se a um títere inanimado nas mãos do mago.

Doravante, diante de qualquer sobressalto - real ou virtual - será inevitável acionar o alarme e gritar "chama o Lula!".

Alberto Dines é jornalista

FONTE: JORNAL DO COMMERCIO (PE)

Turbulência no vôo:: Míriam Leitão

Na política os últimos dias têm sido desastrosos para o governo da presidente Dilma Rousseff. O enfraquecimento do seu ministro mais forte, a intervenção direta do ex-presidente Lula, a falta de clareza na comunicação de temas delicados que vão do aumento patrimonial do ministro Palocci à saúde da presidente, tudo está diminuindo a musculatura do governo.

Argumentos como o que a presidente Dilma usou, de culpar a oposição por estar querendo um suposto terceiro turno, não têm valor significativo. Convence apenas os convencidos, é um discurso para dentro. A opinião pública ainda aguarda que o ministro Antonio Palocci saia do seu estranho e prolongado mutismo a respeito das dúvidas levantadas. É difícil entender, por mais boa vontade que se tenha com o ministro, a coincidência de datas. Exatamente no momento em que ele teve mais demanda no seu trabalho de coordenação da campanha presidencial e da sua própria campanha, e na preparação do novo governo, Palocci teve mais faturamento na consultoria.

Ele está preparando argumentos para respostas institucionais ao Ministério Público. Isso é relevante, mas não suficiente. Através do Congresso ou da imprensa, Palocci tem de sair do seu casulo e esgotar as dúvidas. Não há outro caminho a não ser esse: explicação clara e convincente.

A entrada excessivamente desenvolta do ex-presidente Lula em cena foi um espanto. Todos se comportaram como se ele fosse ainda o chefe da presidente e o dono da bola e do mandato. Distribuiu ordens, mudou estratégias, deu broncas em ministros e foi ouvido e atendido. Em 24 horas de atuação extravagante - e de sinais de subserviência da chefe de governo - Lula conseguiu trazer de volta o maior temor levantado durante a campanha presidencial: que Dilma fosse ser apenas a segunda pessoa em seu próprio mandato. Tudo virou uma aberração institucional.

Na votação na Câmara do novo Código Florestal, ficou explícita a fraqueza do governo. O mandato começou há cinco meses com cálculos dos analistas políticos de que ela teria uma sólida maioria - até maior do que a do governo anterior - e teve na terça-feira uma derrota desmoralizante. Os grandes perdedores foram os que combateram as mudanças no Código, sejam ambientalistas, cientistas, técnicos, partidos menores de oposição; mas o processo de votação revelou um problema político também. Foi a demonstração de que a base se partiu, a grande maioria dos governistas votou contra a orientação e os sinais enviados pelo governo. Faltou coordenação e sobrou ambiguidade em relação ao tema.

O assassinato dos ambientalistas, as notícias de aumento do desmatamento e os sinais dados pela Câmara montaram um quadro de assustador retrocesso na área ambiental, o pior possível para um país que se prepara para sediar uma reunião de cúpula mundial do clima no ano que vem.

Houve uma sucessão enorme de problemas nas obras do PAC desde que o governo começou, mas no caso da Usina de Belo Monte está em curso um fenômeno estranho: o consórcio que ganhou a concorrência está se desfazendo aos poucos. Primeiro saiu a Bertin que, a propósito, tem um problema por semana com seus credores. "O Estado de S. Paulo" publicou semana passada que estão para sair do consórcio a Galvão Engenharia, Serveng, Cetenco, Contern, Mendes Junior e J.Malucelli. O consórcio montado no Planalto, por interferência direta do governo passado, está se desmontando como um castelo de cartas.

Essa debandada mostra que a entrada da Vale não foi por qualquer avaliação sólida da viabilidade econômico-financeira do empreendimento, mas a primeira demonstração de que a empresa segue ordens do Planalto. Mas a Vale não foi o suficiente. Agora, outros terão de entrar para salvar o consórcio.

O empreendimento tem problemas de engenharia, de viabilidade financeira, de custo fiscal, de conflitos diplomáticos, de segurança de produção de energia, ambiental, social e agora também é um problema empresarial. Só a teimosia explica por que não é postergado ou suspenso. Belo Monte é um mau negócio e um alto risco, qualquer que seja o aspecto pelo qual se analise a obra. E é um dos dois projetos que a presidente Dilma pessoalmente defende. O outro é o trem-bala, também uma incógnita do ponto de vista de custo para os cofres públicos.

Com projetos de infraestrutura duvidosos, uma base parlamentar rebelada, o ministro mais forte acuado, com dúvidas sobre sua saúde e com o ex-presidente dando demonstração de que quer tutelar sua sucessora, a presidente Dilma precisa urgentemente salvar seu próprio governo.

Primeiro, ex-presidente é como o nome diz, um ex. Ela é a dona do mandato, da cadeira, da caneta. De alguma forma isso tem de ficar mais explícito. Uma semana mais dessa exibição de "quem manda aqui sou eu" do presidente e nada mais sobrará do governo Dilma. Segundo, o ministro Palocci tem de sair do esconderijo onde se escondeu e dar as explicações devidas. Terceiro, respostas sobre a saúde da presidente têm de ser dadas com clareza, porque um dos ônus de ter o cargo mais importante da República é o de perder a privacidade em alguns temas, como por exemplo, a saúde.

Em relação ao Código Florestal no Senado, o melhor a fazer é encontrar um relator que consiga trabalhar pela conciliação; não pode ser um senador que já comece dizendo que concorda inteiramente com o texto aprovado na Câmara. Isso deixará à presidente o ônus político do veto.

FONTE: O GLOBO

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PT tenta blindar mais um escândalo

Denúncias de corrupção em Campinas envolveram nomes ligados a Dirceu

Maurício Simionato, Silvia Amorim e Tatiana Farah

CAMPINAS e SÃO PAULO. As denúncias de corrupção e propina em licitações de obras públicas na Prefeitura de Campinas (SP), que culminaram com a prisão do vice-prefeito petista Demétrio Vilagra, chegaram semana passada ao empresário Ítalo Barioni, nome ligado ao ex-ministro José Dirceu em outro escândalo, o da aquisição da empresa Eletronet.

Barioni, que representa empresas estrangeiras de tecnologia, entre elas a Contem, do Canadá, aparece em interceptações telefônicas judiciais tratando de uma suposta tentativa de obter delação premiada por parte de outro empresário, desta vez amigo do ex-presidente Lula, José Carlos Bumlai. Bumlai, ex-conselheiro da empreiteira Constram, é suspeito de intermediar facilidades nos negócios em Campinas.

O suposto esquema de corrupção teria lesado os cofres de Campinas em R$240 milhões, segundo os promotores do Gaeco (Grupo Especializado de Combate ao Crime Organizado). Uma das denúncias aponta para superfaturamento da Estação de Tratamento de Esgoto Anhumas, financiada com dinheiro do governo federal (R$40 milhões) e inaugurada em 2007.

Parlamentares reclamam das investigações

Preocupado com o desfecho do escândalo, Dirceu recebeu petistas de Campinas no fim de semana passado, um dia depois de deflagrada a operação que determinou a prisão de onze empresários e funcionários públicos. O PT deflagrou um movimento para tentar blindar Vilagra. Parlamentares foram ao Ministério Público fazer queixa da condução da investigação ao procurador-geral do MP, Fernando Grella. Vilagra foi preso ao chegar de férias da Espanha, na quinta-feira à noite, mas não passou 24 horas na cadeia e foi libertado, com todos os demais, sexta à noite.

O nome de Dirceu aparece ligado a Barioni no caso Eletronet. Dirceu foi acusado de fazer lobby em prol da empresa Contem, de Barioni, e da offshore Star Overseas, de Nelson dos Santos, que acabou se tornando sócio da Contem. Santos teria contratado a consultoria de Dirceu no negócio por R$620 mil. A Eletronet, que já fechou, teria sido beneficiada pelo PNBL (Plano Nacional de Banda Larga), quando estava nas mãos de Barioni e Nelson dos Santos.

Dirceu negou ter feito tráfico de influência na ocasião e, na sexta-feira, procurado pelo GLOBO, afirmou, por meio de sua assessoria, que não se encontra com Barioni "há anos". Ele informou que não presta consultoria a nenhuma das empresas envolvidas no escândalo de Campinas e disse que o encontro em sua casa de campo reuniu políticos do PT regional.

- O assunto hoje é outro. Isso foi há quatro anos - disse Barioni, por telefone, sobre sua ligação com José Dirceu.

O empresário, que prestou depoimento na quinta-feira, negou que esteja sendo investigado e disse que falou com os promotores como "uma testemunha". Ele negou ter participado do suposto esquema de corrupção de desvio de verbas públicas.

Bumlai foi ouvido pelo Gaeco, por cerca de três horas, na sexta-feira. Seu advogado, Mário Sérgio Duarte Garcia, negou envolvimento do empresário no caso e que não pediu o benefício da delação premiada. Pelas investigações, Bumlai teria agido em nome da empreiteira Constran, da qual foi conselheiro, supostamente intermediando pagamento de propina aos petistas de Campinas. Sua prisão foi pedida pelos promotores, mas negada pela Justiça.

O escândalo em Campinas, que tem como foco a companhia de abastecimento Sanasa, atinge o núcleo de poder do prefeito Helio de Oliveira Santos, o dr. Hélio, do PDT. Cogitado para disputar a chapa de vice-governador em 2010, com o ministro Aloizio Mercadante.

FONTE: O GLOBO

Desgastada com ação de Lula, Dilma chama base e põe à prova poder político

Incomodada com a repercussão do socorro que recebeu do antecessor, presidente decide comandar reuniões a partir desta semana, reunir Conselho Político e lançar plano de erradicação da miséria

Vera Rosa

BRASÍLIA - Sem conseguir resolver o apagão na articulação política do Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff comandará uma série de reuniões, a partir desta semana, na tentativa de provar que o governo não está paralisado pela crise envolvendo o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Dilma não gostou da repercussão do "socorro" do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e quer mostrar que não é teleguiada.

Apesar de acatar os conselhos de Lula, que assumiu as rédeas políticas do governo após o desastrado telefonema no qual Palocci ameaçou o vice-presidente Michel Temer com a demissão dos ministros do PMDB, Dilma avalia que a entrada de seu padrinho em cena foi usada pela oposição para desqualificá-la. Ficou contrariada com comentários sobre a anemia de sua equipe e está disposta a sair da defensiva.

Na terça-feira, depois de voltar de uma viagem ao Uruguai, onde vai tratar de obras de infraestrutura, Dilma comandará uma reunião com governadores e prefeitos de capitais que serão sede da Copa de 2014. Na quarta, terá almoço com senadores do PMDB, em mais uma tentativa de evitar nova rebelião de sua base no Congresso. No mesmo dia está previsto um encontro com o Conselho Político, que abriga presidentes de partidos aliados e só se reuniu uma única vez até agora. O lançamento do programa Brasil sem Miséria, vendido como vitrine social, deve ocorrer na quinta-feira.

Para conter as dissidências no PMDB, Dilma receberá muito mais senadores do partido, nos próximos dias, do que aqueles que recebeu em cinco meses de governo. Antes, porém, Temer promoverá reunião de emergência com peemedebistas amanhã, no Palácio do Jaburu, para tratar das fraturas na coalizão.

O auge da crise com o PMDB ocorreu quando Palocci - alvejado por denúncias de enriquecimento vertiginoso quando era deputado federal - passou a mão no telefone e ligou para Temer, a mando de Dilma, na madrugada de segunda-feira.

‘Amadorismo’. O clima era tenso. Acuado, Palocci foi direto ao assunto. Sem cerimônia, avisou que os ministros do PMDB seriam demitidos se o partido aprovasse emenda ao Código Florestal concedendo anistia a desmatadores até 2008. Não foi só: no bate-boca, o chefe da Casa Civil disse que a degola começaria pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, indicado por Temer. "Se é assim, é melhor o PMDB entregar todos os cargos", reagiu, irritado, o vice-presidente.

O PMDB contrariou Dilma na votação da Câmara e, a partir daí, a relação com o partido azedou e se instalou um clima de guerra. "Lula ajudou a acalmar os ânimos", admitiu o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (PMDB-RR). "Casamento é assim mesmo: às vezes enfrenta crises, mas já houve uma operação panos quentes", amenizou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho.

Lula já administrou uma crise com Palocci em 2006, quando o então ministro da Fazenda acabou abatido, no rastro do escândalo da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa, revelado pelo Estado. Disse estar "escaldado" com turbulências, mas saiu de Brasília preocupado.

O telefonema a Temer foi visto até por dirigentes do PT como mais um sinal de amadorismo do Planalto. Com Palocci nas cordas e o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, cada vez mais enfraquecido, Carvalho ocupou o vazio político.

Orientado por Lula, de quem foi chefe de gabinete, ele reforçou a ofensiva para barrar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a investigar a evolução do patrimônio de Palocci. Conversou com a bancada evangélica e percebeu que havia clima propício para a instalação da CPI no Senado, caso o governo não suspendesse a distribuição do kit contra a homofobia em escolas públicas.

Foi Carvalho, também, o porta-voz da decisão palaciana de apontar o dedo para o PSDB. Em estratégia acertada com Dilma e Lula, ele acusou a Secretaria de Finanças de São Paulo - dirigida por Mauro Ricardo Costa, aliado do ex-governador José Serra (PSDB) - de quebrar o sigilo fiscal da empresa de consultoria Projeto, pertencente a Palocci.

‘Não vou, não vou’. Deputados e senadores da base aliada, porém, avaliam que nenhum contra-ataque reverterá o encrencado jogo do governo se Dilma não escolher um interlocutor com autonomia para negociar com o Congresso. E, pior, se ela prosseguir com a tática do confronto com o PMDB.

"Eu não vou misturar votação de Código Florestal, que ainda passará pelo Senado, com distribuição de cargos. Não vou, não vou e não vou", esbravejou Dilma, em almoço com a bancada do PT no Senado, na quinta-feira, quando questionada sobre a montagem do segundo escalão.

Além de Dilma não ter dado brecha para os petistas reclamarem sobre a falta de diálogo, todos ficaram perplexos com o que ouviram. Quando o líder do PT, Humberto Costa (PE), disse que o PMDB apoiava relatório de Aécio Neves (PSDB) para mudar a tramitação das Medidas Provisórias, Dilma não se conteve.

"Querem mudar isso justamente agora?", protestou ela, desautorizando acordo firmado por Jucá, líder do governo, com a oposição. "Não vou aceitar. Não se governa o Brasil sem Medida Provisória." Em seguida, virou-se para Palocci e perguntou, na lata: "Você sabia disso?"

A resposta do ministro foi sintomática. "Esse assunto eu desconheço. A Casa Civil trata de questões plurais", respondeu Palocci. Dilma dirigiu a mesma interrogação a Luiz Sérgio, chamado nos bastidores de "garçom" do Planalto por carregar a bandeja de pedidos de deputados e senadores, sem nunca decidir nada. Consta que ele não disse nem sim nem não.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

Voo solo do PMDB assusta petistas

PT teme articulação de peemedebistas com PTB, PR e PP que, juntos, somam 179 votos

Eugênia Lopes e Denise Madueño

BRASÍLIA - Apesar de ter a maior bancada na Câmara, com 88 deputados, o PT escancarou na votação do Código Florestal, semana passada, as divisões internas e o isolamento em relação ao resto da base aliada do governo Dilma Rousseff. Enquanto isso, o PMDB fortalece a estratégia de se transformar na principal força na Câmara.

Paralelamente à disputa por espaço com o PMDB, o PT deixou de contar com o alinhamento automático de legendas historicamente afinadas - PC do B, PDT e PSB dão sinais de que querem funcionar cada vez menos como satélites do PT.

O PMDB, com 79 deputados, tem trabalhado para ficar próximo de siglas governistas como o PTB, o PR e o PP que, juntas, somam 179 votos - o problema é que em certas votações, como no caso do Código Florestal, ruralistas do DEM e do PSDB juntam-se a esse bloco e fazem quase 300 votos entre 513 deputados.

A força do PMDB e aliados que não são íntimos do PT permitiu que o líder peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN), reunisse a base em torno de um acordo que permitiu a votação do Código Florestal, agradando à maioria e excluindo o PT. Neste cenário, Dilma poderá vir a se tornar refém do partido do vice-presidente Michel Temer (PMDB-SP).

A estratégia já preocupa o PT. Dirigentes petistas estão assustados com o fato de o partido estar perdendo espaço para o PMDB. O presidente da Câmara, Marco Maia (PT), que estava no exterior, não foi sequer consultado sobre a data de votação do Código Florestal, definida pelo PMDB, na semana anterior, em uma costura com os aliados e a oposição. Cabe ao presidente colocar os projetos na pauta.

Enquanto Henrique Alves conversa com os líderes da base, o líder petista, Paulo Teixeira (SP), tem pouco trânsito junto aos aliados. Ele não consegue unir sua própria bancada. Isso se revelou na votação do Código, quando o PT rachou e 45 deputados votaram a favor do texto projeto do relator Aldo Rebelo (PC do B-SP) e 35, contra. Em contrapartida, o PMDB mostrou coesão e unidade com o partido todo votando a favor.

Um interlocutor de Dilma admitiu as divisões petistas e fez ao Estado uma analogia para explicar o que está ocorrendo: "É como se estivessem levando para um almoço de família uma briga que só diz respeito a dois irmãos. Eles deveriam resolver o problema antes de ir para o almoço. O PT está criando dificuldades para a base, para a família da coalizão partidária do governo, porque Vaccarezza, Marco Maia, Paulo Teixeira e Palocci falam línguas políticas diferentes".

Exibição de fidelidade. No início do ano, o PMDB já havia dado demonstração de fidelidade ao Planalto na votação unânime da bancada pelo salário mínimo de R$ 545. Na época, o líder alertou que essa unidade poderia ser usada de forma contrária ao governo, se o partido julgasse conveniente. E foi o que ocorreu com a emenda do PMDB ao Código, que dá anistia aos desmatadores.

Essa estratégia resulta numa constante ameaça velada - a qualquer momento, o PMDB poderá dar outra demonstração de "independência". No dia seguinte à votação do Código, o partido fez questão, no entanto, de marcar sua posição governista. A bancada atuou em peso para derrubar todos os requerimentos de convocação do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, apresentados pela oposição.

Sem poder. Para se tornar um dos principais interlocutores junto à base, Henrique Alves conta com a ajuda involuntária do desgaste do líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), no processo que levou à aprovação do Código. Na lista de quem ganhou e quem perdeu, Vaccarezza aparece como um dos principais derrotados.

O PMDB deverá se fortalecer ainda mais na votação do Código no Senado. A estratégia é dar respaldo ao texto já aprovado e defendido pela sigla na Câmara.

Os peemedebistas planejam indicar o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) como o principal relator do projeto. Ex-governador de Santa Catarina, ele tem uma posição claramente favorável à proposta da Câmara, articulada pelo PMDB da Casa.

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

PSDB elege executiva nacional e novo conselho político

Eleição no PSDB expõe eterna disputa Aécio-Serra

Desafio é superar divisão entre grupos de Minas e SP e fortalecer partido nos estados para tentar bons resultados em 2012

Adriana Vasconcelos

BRASÍLIA.A desgastante e arrastada negociação para a composição da nova executiva nacional do PSDB, que deixou exposta a queda de braço travada entre o senador Aécio Neves (MG) e o ex-governador José Serra (SP), foi apenas o primeiro de uma série de desafios que o partido terá de enfrentar para se manter efetivamente como alternativa de poder em 2014.

Cansada com os eternos rachas internos da legenda, sempre com os mesmos grupos de São Paulo e de Minas, uma parcela dos tucanos adverte que, antes da próxima disputa presidencial, o partido terá de mostrar um bom desempenho nas eleições municipais de 2012. E que o cenário para isso não está fácil. De imediato, o PSDB precisa remontar e fortalecer a estrutura do partido em pelo menos seis estados, onde os tucanos não elegeram um único deputado federal.

- O PSDB não é só São Paulo e Minas. O foco do partido deveria ser se fortalecer para as eleições municipais de 2012, até para chegar competitivo em 2014 - afirmou o deputado Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), que reuniu na semana passada, em jantar na sua casa, um grupo de mais de 30 deputados que compartilham desta mesma angústia.

Ao ouvir as queixas dos colegas, em meio a sua campanha pela reeleição, o presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), reconheceu a necessidade de o partido deixar as disputas entre grupos de lado e promover a refundação da legenda em vários estados do país, especialmente no Nordeste, se quiser ser efetivamente um partido nacional e continuar sendo o contraponto ao PT.

Cúpula tem que administrar briga

Basta uma análise rápida da composição da bancada tucana na Câmara para se comprovar hoje que o partido praticamente não existe em algumas unidades de federação. Em seis estados não conseguiu eleger um único parlamentar na eleição passada: Amazonas, Distrito Federal, Mato Grosso, Piauí, Rondônia e Sergipe. Em outros dez estados, o PSDB elegeu apenas um deputado federal em cada. Entre eles estão estados considerados estratégicos para o partido do ponto de vista nacional, como o Rio Grande do Sul.

No Rio, Bahia, Pernambuco, Ceará e Paraíba, os tucanos conseguiram eleger apenas dois deputados em cada estado. No Pará e Paraná, estados onde o partido venceu a eleição para o governo estadual, o desempenho do PSDB para a Câmara também foi considerado pífio, pois elegeu apenas três deputados em cada estado.

A avaliação é que o monopólio exercido hoje pelos governos estaduais e pelas bancadas de São Paulo e Minas Gerais na Câmara - são as mais numerosas do partido: a primeira com 12 e a segunda com oito deputados - estaria impedindo o crescimento do PSDB em outros estados.

Isso porque a cúpula do partido tem se dedicado quase que exclusivamente, desde o fim da eleição presidencial do ano passado, a administrar a briga entre Aécio e Serra pelo comando da legenda - ambos de olho na construção de suas respectivas candidaturas à sucessão da petista Dilma Rousseff em 2014.

- Nas eleições nacionais, São Paulo e Minas são muito importantes. Mas nossa força nestes dois estados só será nacionalmente válida quando o eleitorado desses dois estados votarem na mesma direção. Se construirmos a unidade efetiva dos tucanos paulistas e mineiros em torno de um candidato à Presidência, já seremos favoritos de largada. Esse é um grande desafio - reconhece Sérgio Guerra.

Na opinião de Guerra, para tornar o PSDB um partido de fato nacional será necessário que a legenda não só tenha diretórios em todos os municípios, mas estabeleça um padrão de atuação comum para seus governadores e militantes, de forma que possam ser identificados em qualquer área do Brasil.

- Em quase 30% do eleitorado brasileiro, a oposição, no geral, e o PSDB, em particular, estão debilitados. Por isso tem de haver um grande esforço para conseguirmos refundar o partido - acrescenta o presidente do PSDB.

Uma das prioridades da legenda a partir de agora, para a eleição municipal do ano que vem, será articular candidaturas próprias nos principais centros urbanos do Brasil. Uma tarefa difícil, tendo em vista que nas três maiores capitais do país, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, o partido não tem nenhum candidato natural.

O nome mais forte para a disputa na capital paulista é o ex-governador José Serra, que, por enquanto, não quer nem ouvir falar desta ideia, o que poderá abrir espaço para a candidatura de Bruno Covas, neto de outro ex-governador, Mário Covas. No Rio, não há um nome próprio.

Em Belo Horizonte, a melhor alternativa para os tucanos seria não ter candidato próprio e apoiar a reeleição de Márcio Lacerda, do PSB, ainda mais se os petistas não fizerem parte da chapa, como em 2008.

FONTE: O GLOBO

Paulinho da Viola - Sinal fechado

Dialética:: Vinicius de Moraes

É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção
É claro que te acho linda
Em ti bendigo o amor das coisas simples
É claro que te amo
E tenho tudo para ser feliz
Mas acontece que eu sou triste...