Lei Orgânica da PM cria mais problemas do que resolve
O Globo
Ela tenta reduzir politização de forças policiais, mas esvazia
secretarias de Segurança e enfraquece controle civil
O Senado aprovou na terça-feira uma lei orgânica para reger as
polícias militares e corpos de bombeiros, tema enviado ao
Congresso pela primeira vez ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. Apoiada
pelo Palácio do Planalto e pela oposição — com destaque para a bancada da bala
—, ela busca padronizar o funcionamento das duas categorias em todo o país,
ainda que as normas tenham de ser regulamentadas pelos governos estaduais.
Embora a iniciativa tenha méritos, o texto final deixou a desejar.
O principal problema será o esvaziamento previsível das secretarias de Segurança Pública nos estados. Pela nova lei, os comandantes da Polícia Militar responderão ao governador. Não é difícil prever situações em que secretários serão escanteados. O texto peca por aprofundar um dos principais problemas na gestão da segurança no Brasil, a separação entre as polícias Civil e Militar. Quando essas forças trabalham juntas, os resultados são sempre mais satisfatórios. Quando cada uma age por conta própria, sem a coordenação de um secretário com poder de decisão, a situação tende a piorar.