sábado, 2 de agosto de 2014

Opinião do dia: Eliane Catanhêde

"Vale o registro de que Lula adora futebol, mas a Copa começou, encantou e acabou, e não se viu nem ouviu falar de Lula em estádios ou em eventos da seleção brasileira. O Lula de hoje é o das entrevistas a blogs camaradas, reuniões a portas fechadas com Dilma, articulações com a cúpula da campanha, assembleias da CUT. E, claro, dos auditórios protegidos e do aconchego dos ambientes do PT. Na campanha para valer, só deve ir ao Nordeste e a palanques pré-selecionados. Vai na boa, nada de bola dividida. Ou está se descolando da rejeição (de Dilma e do PT) e se prevenindo de eventuais derrotas alheias, ou tem pesquisa mostrando que a coisa não anda boa também para o lado dele."

Eliane Catanhêde, Folha de S. Paulo, 1 de agosto de 2014.

O nó do crescimento - Produção da indústria cai em 21 de 26 setores

• O maior impacto veio do ramo de veículos, que recuou 36,3% em um ano

• Desempenho industrial brasileiro teve retração de 6,9% em relação a junho de 2013, informa o IBGE. Na área de bens de capital, importante indicador de investimentos no país, o tombo foi de 21,1%

Indústria em marcha a ré

• No quarto mês de recuo, produção cai 6,9% em junho, a maior queda desde 2009

Lucianne Carneiro – O Globo

-RIO E SÃO PAULO- Os sinais de fraqueza da indústria brasileira se mostram cada vez mais nítidos. A produção registrou em junho o quarto mês seguido de retração e caiu 6,9% frente a junho de 2013, no ritmo mais intenso desde o recuo de 7,4% em setembro de 2009. Dos 26 ramos pesquisados pelo IBGE, 21 reduziram sua produção. Frente a maio, o indicador caiu 1,4%. Quase 70% dos produtos encolheram o nível de produção. Nos primeiros seis meses do ano, a produção despencou 2,6% frente ao primeiro semestre de 2013.

Mais que o perfil disseminado de taxas negativas, no entanto, há preocupação com os investimentos: a produção de bens de capital teve perda de 9,7% frente a maio e 21,1% na comparação com junho de 2013, esta última a mais intensa desde agosto de 2009 (-22,4%). No segundo trimestre, a queda foi de 15%, frente a igual período do ano passado. A produção de bens duráveis também se destacou e registrou o maior tombo da série histórica, de 24,9% frente a maio.

Em relação a junho de 2013, o recuo foi de 34,3%, o mais intenso desde dezembro de 2008, em plena crise mundial.

— O investimento deve ser a principal contribuição negativa no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre pelo lado da demanda. A produção de bens de capital e de insumos para construção civil veio ruim, o que é sinal de investimento muito fraco no segundo trimestre — afirma o economista Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria.

CONFIANÇA EM BAIXA
O Bradesco projeta recuo dos investimentos no segundo trimestre nos dados do PIB, frente a igual período do ano passado, em algo entre 5% e 6%.

— O calcanhar de Aquiles é a categoria de bens de capital, que depois de cair 3,8% em maio, recuou 9,7% em junho. É um resultado ruim para a economia e desanimador em termos de investimento — aponta o economista-chefe do ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal.

O cenário delicado para os investimentos é influenciado pelos baixos níveis de confiança da indústria: a sondagem da Fundação Getulio Vargas (FGV) registrou em julho a décima queda seguida e atingiu o menor nível desde abril de 2009.

A confiança em baixa também influencia a indústria como um todo, somada a fatores como nível de estoques acima do usual, evolução menor da demanda doméstica, cenário adverso no exterior, entrada de produtos importados e maior restrição na concessão de crédito, segundo o gerente da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo. Em junho, a atividade foi atingida ainda por um fator extra: a Copa, que levou a feriados e reduções de jornada de trabalho.

— São quatro meses de resultado negativo, mas é claro que a magnitude da queda (-1,4%) tem relação com a Copa do Mundo. Há influência de todos aqueles fatores que vem pontuando a indústria.

— O desempenho seria ruim de qualquer forma. Mas a intensidade tem um pouco de efeito calendário, sim — diz o economista Aloísio Campelo, coordenador de sondagens conjunturais do Ibre/FGV.

Quando se olha para as atividades, a maior influência para o desempenho negativo da indústria vem do segmento de veículos automotores, que caiu 12,1% frente a maio e 36,3% na comparação com junho de 2013. As quedas foram as mais intensas desde dezembro de 2013 e dezembro de 2008, respectivamente.

O resultado negativo é reflexo de recuos na produção de caminhões (45,4%) e de automóveis (35,1%), mas Macedo destaca que este não é um movimento isolado: cerca de 80% dos produtos deste segmento tiveram taxas negativas.

Analistas esperam alguma reação na produção nos próximos meses, mas isso não deve ser suficiente para evitar um recuo em 2014. Tendências, LCA Consultores e ABC Brasil são algumas das instituições que preveem queda. Pelo Boletim Focus, que reúne cem projeções de analistas de mercado, a estimativa é de retração de 1,15% da indústria este ano.

— Esperamos uma melhora entre agosto e dezembro e estimamos uma queda de 2% em 2014, mas pode ser maior. O quadro geral não é bom, não dá para apostar em melhora contundente da produção — diz Bacciotti.

EMPRESAS CORTAM INVESTIMENTOS
A Associação Brasileira de Máquinas (Abimaq) associa a reversão da queda na curva de produção a “ajustes profundos” que deverão ser feitos pelo próximo governo, para que os investimentos voltem a crescer.

— O ajuste no câmbio, para dar competitividade, e o reajuste nos preços administrados, por exemplo, serão inevitáveis, seja qual for o governo — disse Mário Bernardini, assessor econômico da Abimaq.

A perspectiva é ainda mais pessimista no setor de vestuário (que teve recuo de
10% em junho, de acordo com o IBGE). De acordo com Roberto Chadad, presidente da Associação Brasileira da Indústria do Vestuário (Abravest), a falta de política industrial de longo prazo está acabando com o segmento de confecção no país:

— Está cada vez mais vantajoso fabricar na Ásia. Um dia, não muito longe, não teremos mais produção de vestuários no Brasil. Tudo virá do Oriente.

A Gerdau, maior produtora de aços longos das Américas, anunciou na quarta-feira corte de R$ 500 milhões, de R$ 2,9 bilhões para R$ 2,4 bilhões, em seus investimentos deste ano. Em nota, citou “o cenário de volatilidade de resultados vivenciado pela indústria do aço” para explicar a redução. No primeiro trimestre, a AmBev também revisou sua estimativa de investimentos este ano, que ficarão abaixo
dos R$ 2,8 bilhões de 2013. l

Doleiro preso foi sócio da Petrobras em projeto de usina

• Consórcio formado por estatal e duas empresas de Youssef venceu leilão para construir termelétrica em Pernambuco

• PF aponta que parceria decorreu das relações políticas do doleiro, que deixou sociedade após a concorrência, em 2007

Mario Cesar Carvalho - Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Duas empresas controladas pelo doleiro Alberto Youssef foram sócias da Petrobras Distribuidora num consórcio escolhido para construir uma usina termelétrica em Suape (Pernambuco), segundo relatório da Polícia Federal sobre a Operação Lava Jato.

O doleiro é réu numa ação penal sob acusação de ter lavado dinheiro desviado da obra da refinaria Abreu e Lima, que está sendo construída em Pernambuco. Mas é a primeira vez que ele aparece como sócio da estatal.

Uma das suspeitas investigadas é que Youssef conseguiu entrar no consórcio graças aos contatos políticos que ele tinha na Petrobras.

As empresas de Youssef que se associaram à estatal (Ellobras e Genpower Energy) não tinham atuação no mercado de energia.

A Petrobras não quis se pronunciar.

Com as duas empresas, Youssef detinha a maior fatia do consórcio, de 40%. Petrobras, MPE Montagens e Genpower detinham 20% cada uma, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica, que fez o leilão para a construção da termelétrica.

A usina começou a ser erguida em 2008 e ficou pronta em 2013, após investimentos de R$ 600 milhões.

A PF descobriu que o doleiro estava por trás do consórcio ao apurar que a CSA Project Finance, empresa de Youssef e do ex-deputado José Janene (PP-PR), que morreu em 2010, controlavam as duas associadas da Petrobras. "A CSA é mandatária das empresas Ellobras e Genpower", afirma o relatório da investigação.

Janene foi quem introduziu Youssef no mundo político, de acordo com a polícia. Foi o ex-deputado também quem indicou Paulo Roberto Costa para a diretoria de distribuição da Petrobras em 2003. Costa está preso na PF em Curitiba e é réu em dois processos, sob acusação de ter desviado recursos da refinaria Abreu e Lima.

A CSA é acusada de ter lavado dinheiro do mensalão para Janene. A empresa investiu R$ 1,16 milhão dos R$ 4,1 milhões que Janene e o PP receberam do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza em uma indústria de Londrina (PR).

Youssef não atuou na construção da usina. O consórcio ganhou o leilão em 7/11/2007 e, 40 dias depois, o doleiro vendeu os 40% que detinha para o Grupo Bertin.

A Folha apurou que os 40% no consórcio renderam cerca de R$ 700 mil a Youssef. O Bertin acabou fora do projeto por falta de recursos. Para acabar a usina, a Petrobras teve de recorrer ao Fundo de Investimento do FGTS, que aplicou R$ 372,9 milhões na usina de Suape.

Gasto do Planalto com publicidade cresce 30% no primeiro semestre

• Lei provoca concentração ao proibir despesa perto da eleição

Fernando Rodrigues – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto concentrou seus gastos de publicidade institucional no primeiro semestre.

De 1º de janeiro a 30 de junho, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) da Presidência informou uma despesa de R$ 109,3 milhões com propaganda. O valor é 29,7% maior do que o consumido no mesmo período de 2013, que foi de R$ 84,3 milhões.

A concentração de publicidade nos primeiros seis meses do ano ocorre por causa da Lei Eleitoral, que proíbe esse tipo de despesa nos três meses anteriores à eleição --ou seja, a partir de julho.

Em 2010, quando Lula era o presidente, o Planalto consumiu R$ 124 milhões em publicidade de janeiro a junho, o equivalente a 67,3% desse tipo de despesa naquele ano inteiro. O site da Secom não informa se esse valor é o da época ou se foi feita atualização monetária.

Neste ano, a previsão de gastos publicitários da Secom é em torno de R$ 170 milhões. Os R$ 109,3 milhões consumidos até junho equivalem a 64,3% do total. O percentual é semelhante ao verificado nesta época em 2010.

A prática de concentrar os gastos no primeiro semestre de anos eleitorais é comum também em governos estaduais e em prefeituras. Os políticos usam uma brecha da Lei 9.504, que proíbe investimentos acima da média dos três anos anteriores. A norma não veda, entretanto, desovar grande parte das verbas até junho, o que permite aos governantes se autopromoverem com dinheiro público até três meses antes do pleito.

"Seria importante aperfeiçoar a lei, pois de fato como está hoje não é possível impedir a concentração de gastos", diz o ministro Admar Gonzaga, do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
A transparência dos valores investidos em propaganda por parte do governo federal é parcial. Em 2013, o total foi de R$ 2,313 bilhões, incluindo também a administração indireta (estatais).

O orçamento da Secom nessa área representa sempre menos de 10% do total. Os valores completos deste ano só serão conhecidos em 2015.

O ministro-chefe da Secom, Thomas Traumann, disse não haver nenhum valor fora do padrão. "Esta comparação entre investimentos em publicidade federal feita pela reportagem é a prova de que, sob tortura, os números confessam qualquer coisa", disse.

"É uma comparação completamente equivocada. A legislação proíbe investimentos em publicidade institucional nos anos eleitorais nos três meses anteriores à votação. Portanto, é uma fraude estatística comparar os investimentos de publicidade do governo de primeiros semestres de anos com eleição com anos sem eleição", acrescentou.

Há pessimismo decorrente de insegurança, diz Aécio

Luciana Nunes Leal – O Estado de S. Paulo

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou nesta sexta-feira que há pessimismo no País decorrente da insegurança causada pela falta de clareza da presidente Dilma Rousseff em relação ao futuro. "O pessimismo não é algo patológico, como quer fazer crer o governo.

O cenário de pessimismo é consequência de una construção desse governo que gera insegurança em todos os agentes econômicos e na sociedade. O governo mascara números, faz avaliações sempre confrontadas com a realidade e o ministro Mantega talvez seja o melhor exemplo disso", disse o tucano, depois de participar de gravações para o programa de TV.

Candidata à reeleição, Dilma repete com frequência que é preciso combater o discurso "pessimista" propagado por setores que, segundo ela, tentam influenciar os rumos da eleição. A exemplo da presidente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse, em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo na quinta-feira, que há um "pessimismo artificial " e negou que o governo planeje um "tarifaço" em 2015, para compensar reajustes represados este ano.

Aécio cobrou posição clara da presidente Dilma Rousseff sobre o setor elétrico, relações internacionais, política de desonerações e papel do BNDES, entre outros temas. Acompanhado da filha mais velha, Gabriela, o candidato gravou no estúdio montado em um hotel da zona sul do Rio. Aécio disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso estará em seu programa "na hora que quiser".

Segundo Aécio, os primeiros dias na TV serão dedicados a mostrar a biografia, a família, a trajetória política e os principais pontos do programa de governo. Com o tempo, quando se tornar mais conhecido, as propostas ganharão mais espaço. O tucano pretende repetir a fórmula de programas do PSDB em que ele procurava falar mais espontaneamente, sem auxílio da tela com o texto pronto (teleprompter). O formato batizado de "vamos conversar" foi criado pelo antropólogo e publicitário Renato Pereira, que trabalhou com Aécio até dezembro passado, quando o tucano e o marqueteiro romperam, por "diferenças de visões".

O publicitário Paulo Vasconcelos, que já fez várias campanhas para Aécio, assumiu o marketing da campanha presidencial tucana. "As pessoas têm que saber quem eu sou, minha família, minha vida pública. Saber o que fizemos e o que pretendemos fazer. Esse tripé virá já na largada, com pesos diferentes ao longo da campanha. Setenta por cento dos meus textos não têm teleprompter, eu vou falando e eles (equipe de TV) depois vão cortando. O tom será muito coloquial", afirmou Aécio.

Para Eduardo, Dilma fará tarifaço

- Correio Braziliense

O candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, criticou ontem o discurso do ministro da Fazenda, Guido Mantega, descartando um possível "tarifaço" em 2015. "O ministro da Fazenda vai para os jornais dizer que é conversa para boi dormir que não vai ter "tarifaço". Primeiro, o ministro da Fazenda não deveria usar esse tipo de termo. Segundo, se ele está dizendo que não vai ter tarifaço, é porque vai ter. É só examinar o que ele anda dizendo e tudo o que ele diz acontece o contrário", criticou o presidenciável em um evento com militantes do PSB em Pelotas (RS).

Campos comparou os últimos discursos do ministro para qualificar a falta de credibilidade da população com a economia no país. "Ele (Mantega) disse que o juro não ia subir e o juro explodiu. Ele disse que o Brasil ia crescer, e o Brasil está caindo. Ele disse que não ia ter desemprego e está tendo. Se ele está dizendo que não vai ter tarifaço, pode anotar aí que já está na gaveta para depois da eleição", atacou. Em seguida, Campos afirmou que, se eleito, vai "passar confiança" para o mundo, porque o país será "bem governado" na macroeconomia.

Ao falar de Mantega, o presidenciável referiu-se à entrevista concedida pelo ministro ao jornal Estado de S.Paulo que criticou a postura de candidatos da oposição ao afirmarem a necessidade de um ajuste forte na economia do Brasil. "Esta história de que não reajustamos as tarifas é conversa para boi dormir. Como alguns falam aí de dar um tarifaço, não há necessidade. Sei que não faria nenhum tarifaço em 2015. Não procede a ideia, não recomendo", disse Mantega.

O ministro culpou o "pessimismo artificial" com a política econômica pela real situação do país. "Tem um pessimismo artificial, gerado por fatores extraeconômicos. Tivemos isso antes da Copa também. Se tivesse mais otimismo na economia, talvez ela fosse melhor", alfinetou. Mantega também comparou à política monetária do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. "Nosso juro real é baixo, mesmo com a alta recente. Tinha gente no passado que praticava 10% de juro real."

No evento em Pelotas, nem a candidata a vice, Marina Silva, poupou os maiores partidos do país de ataques. Marina disse que o "PMDB pragmático" se uniu a "velhas raposas para dar continuidade à comilança no galinheiro".

Jovens
Além das críticas à economia, Campos chamou a juventude às ruas. De acordo com o presidenciável, para o país mudar de verdade, os jovens precisam estar mobilizados nas ruas, nas universidades e nas redes sociais. "A história nos ensina que nada de novo, de bom, na direção da construção de um Brasil mais democrático e justo, foi feito sem a energia, participação e militância da juventude brasileira", comentou o ex-governador de Pernambuco.

Lula ataca: 'Aécio trata Minas como propriedade'

• Em entrevista a jornal do norte do Estado, ex-presidente faz críticas à gestão do tucano

Leonêncio Nossa - O Estado de S. Paulo

MONTES CLAROS - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que Minas Gerais, sob domínio do tucano Aécio Neves, não acompanhou o crescimento do Brasil nos últimos 12 anos. Lula, em entrevista ao jornal Gazeta Norte Mineira, de Montes Claros, acusou o principal adversário da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro de tratar o Estado como "propriedade para benefício de uma família".

"Não precisa ser mineiro para saber que o governo de Minas faz muita propaganda e pouca ação. O governo federal, sim, investiu fortemente", afirmou.

No período em que presidiu o País, Lula manteve uma relação amistosa com o então governador tucano. O cenário mudou e na entrevista, Lula não economizou ataques ao agora candidato do PSDB à Presidência e disse que o governo federal sob o comando do PT criou dois milhões de empregos, construiu 366 mil moradias e destinou doze vezes mais recursos para a agricultura familiar no Estado.

Ainda ressaltou que o Bolsa Família, principal programa federal na área social, beneficia 1,2 milhão de famílias mineiras. "Eles (os tucanos) não têm programas sociais e por isso se apropriam dos programas do governo federal, mudando somente os nomes", disse. "A maior parte do dinheiro é federal, mas eles nunca reconhecem isso."

Ao defender a candidatura do petista Fernando Pimentel ao governo do Estado, Lula voltou a atacar o tucano. "Ele (Pimentel) sabe que o governo do Estado não pode ser tratado como propriedade para benefício de uma família e que não pode ser centralizado na capital."

Na entrevista, Lula não foi questionado sobre a polêmica envolvendo a construção de um aeroporto, durante a gestão de Aécio, em área desapropriada de um parente do tucano em Cláudio (MG). A pista, não homologada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), custou R$ 13,9 milhões, fica a 6 km de uma propriedade de Aécio e familiares. O senador defende a regularidade da obra, mas reconheceu que errou ao usar o aeroporto não homologado.

Dilma e Lula estiveram ontem em Montes Claros para participar de ato político com Pimentel e Josué Gomes (PMDB), candidato ao Senado e filho do ex-vice-presidente da República, José Alencar. A cidade é o berço da Coteminas, indústria têxtil fundada por Alencar. Em evento com prefeitos da região, Dilma disse que vai evitar a adoção de medidas "impopulares" e "antipopulares" no combate à crise. "Vamos enfrentar aqueles que acham que mudar é voltar atrás, é retroceder naquilo que havia de pior, aumentando o desemprego."

Lula chegou a dizer que os jornais do Estado "são dóceis com o candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves". Dilma mostrou uma revista local para reclamar que o programa de água do governo federal é tratado como se fosse do governo estadual.

Nota. Em nota assinada pelo candidato ao governo do Estado, Pimenta da Veiga, o PSDB afirma que "os mineiros não são bobos, como o PT acredita". e que Aécio tem "história oposta à de muitos dos líderes do PT". "Misturar assuntos pessoais com assuntos de governo não é pratica do PSDB."

Dilma usa polêmica de aeroporto em Minas para atacar Aécio

• Presidente diz que não ficou com a chave dos que reformou para a copa

Ezequiel Fagundes – O Globo

Em discurso para prefeitos aliados de Minas Gerais, a presidente Dilma Rousseff (PT) explorou o caso do aeroporto de Cláudio para atacar o seu adversário tucano, Aécio Neves. Acompanhada do ex-presidente Lula, Dilma criticou Aécio enquanto fazia um balanço da ação do governo na Copa do Mundo. Foi a primeira vez em que ela usou o episódio em público.

- Queria ganhar dentro e fora dos estádios. Infelizmente, não conseguimos ganhar dentro do estádio, mas ganhamos na condução da condução, na realização e no planejamento. Estou falando da Copa por um motivo. Disseminaram mentiras por aí. Disseram, por exemplo, que a Copa seria um fracasso porque os estádios só ficariam prontos em 2038. Depois, disseram que iria haver racionamento de energia. Depois, disseram que não ia ter aeroporto. Aumentamos a capacidade dos aeroportos em 67milhões, e ninguém ficou com a chave desses aeroportos - alfinetou a presidente.

A petista se referiu à denúncia de que as chaves do aeroporto de Cláudio, que recebeu R$ 14 milhões em investimentos do governo mineiro, ficavam guardadas com o ex-prefeito da cidade Múcio Guimarães Tolentino, tio de Aécio. Atualmente, a administração do espaço está sob responsabilidade da prefeitura. Durante o segundo mandato de Aécio, o terreno foi desapropriado.

O Ministério Público abriu inquérito para apurar se obra teve interesse público e se Aécio cometeu improbidade administrativa. Outra frente de investigação foi aberta pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), porque o aeroporto não foi liberado para o uso por falta de documentação. Esta semana, Aécio admitiu ter usado a pista algumas vezes.

Antes do ataque, Dilma voltou a repetir o mote da campanha petista deste ano.

- Quando o presidente Lula foi candidato pela primeira vez, criamos uma frase que é assim: a esperança vai vencer o medo. Agora, a nossa frase é diferente daquela época: a verdade tem de vencer a desinformação, tem que vencer as falsidades e o pessimismo. Nós vimos isso aqui no Brasil na Copa do Mundo - disse ela.

Na sua vez de discursar, Lula pediu para os aliados compararem os 12 anos de governo do PT com os governos anteriores. Sem citar nome de adversários e partidos políticos, o ex-presidente listou avanços na gestão petista, em especial em relação a emprego, educação, moradia e crédito.

- Temos até o dia 5 de outubro uma só tarefa. É dizer claramente o que foi feito neste país e desafiar nossos adversários a dizer o que eles fizeram. Esta eleição é quase um jogo da verdade. A gente vai ter que dizer o que queremos - afirmou.

Em momento de interação com a plateia, o ex-ministro Fernando Pimentel, candidato do PT ao governo de Minas, também explorou a construção do aeroporto de Cláudio:

- Em 12 anos de governo, me mostra, me diga uma grande obra do governo de Minas que tenha resolvido o problema. Digam uma, não precisa de duas. O aeroporto não vale - alfinetou.

Após o encontro com os prefeitos, Dilma e Lula participaram de um comício na praça em frente à catedral de Montes Claros. Cerca de oito mil pessoas eram esperadas no local ontem à noite. Além de intensificar a presença de Dilma em Minas, segundo maior colégio eleitoral do país e reduto político de Aécio, os dois atos petistas serviram para lançar a campanha do empresário Josué Alencar (PMDB) na corrida pelo Senado. Filho do ex-vice-presidente José Alencar, Josué é presidente do grupo Coteminas, fundado em Montes Claros.

Candidato a governador de MG rebate críticas de Lula e Dilma

• Pimenta da Veiga rebateu críticas afirmando que PSDB não mistura ‘assuntos pessoais’ com o governo

Ezequiel Fagundes - O Globo

BRASÍLIA — O candidato ao governo de Minas Gerais, Pimenta da Veiga (PSDB), emitiu uma nota nesta sexta-feira para contestar uma declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em entrevista ao jornal Gazeta Norte Mineira, alfinetou o presidenciável Aécio Neves (PSDB). Lula disse que, se Fernando Pimentel, candidato petista ao governo mineiro, for eleito, “sabe que o governo do estado não pode ser tratado como propriedade para benefício de uma família”, em alusão ao fato de Aécio ter construído um aeroporto na propriedade de um tio-avô.

Na nota, Pimenta também faz acusações indiretas. Ele critica as acusações que o petista teria feito a Aécio – embora Lula não tenha citado o nome do candidato – e diz que os mineiros conhecem a honestidade do presidenciável, “história oposto à de muitos líderes do PT”. Para Veiga, “misturar assuntos pessoais com assuntos de governo não é uma prática do PSDB”.

Num outro trecho do documento, Veiga declara que “Lula perdeu mais uma boa oportunidade para dar explicações que o Brasil aguarda há muito tempo sobre atos que envolvem pessoa de sua intimidade”. A afirmação é uma referência à ex-chefe do escritório da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha. Ela é acusada pelo Ministério Público de tráfico de influência. Depois que o escândalo veio à tona, ela deixou o cargo que ocupava.

“O PT é um no discurso e outro na prática”, concluiu Pimenta da Veiga.

Setor do agronegócio cobra segurança jurídica dos candidatos à Presidência

Roldão Arruda - O Estado de S. Paulo

Representantes do agronegócio vão apresentar nos próximos dias aos candidatos à Presidência da República as principais reivindicações do setor. O que chama a atenção nos documentos que eles organizaram neste ano é o destaque dado à questão da segurança jurídica - expressão que envolve alguns dos temas mais conflituosos e polêmicos da história recente do País na zona rural.

Entre eles aparecem demarcação de terras indígenas, reconhecimento de territórios quilombolas, desapropriações para a reforma agrária, ampliação das áreas de reserva ambiental, vendas de propriedades rurais para estrangeiros e trabalho análogo à escravidão. De forma direta, os ruralistas reivindicam mudanças nas principais leis que regem esses temas.

A segurança jurídica é um dos capítulos de maior destaque em dois documentos preparados até agora para serem entregues aos candidatos. O mais representativo deles está sendo finalizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), após consultas às 27 federações e quase dois mil sindicatos rurais que reúne. Ele também será assinado por associações de quase todos os setores do agronegócio no País.

O texto, que deve ter algo em torno de 60 páginas, segundo assessores da CNA, será oficialmente repassado a Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) na quarta-feira, durante sabatinas a que os três serão submetidos na sede da entidade, em Brasília. Entre outras coisas, ele pede mudanças na legislação sobre demarcação de terras, reduzindo o papel do Executivo, representado pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul e vice-presidente da CNA, Eduardo Riedel, o destaque dado à questão jurídica se deve ao agravamento dos conflitos. De acordo com ele, o debate nas entidades ruralistas ganhou corpo sobretudo a partir de 2010. "Não há nenhum foro do setor produtivo do País que esteja debatendo essas questões, que envolvem direito de propriedade e segurança para investir."

Invasões. O segundo documento, elaborado pelo Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, com a colaboração da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), já foi entregue aos candidatos. Um de seus cinco capítulos, que abrangem questões consideradas fundamentais para o agronegócio, é dedicado à segurança jurídica.

Entre as suas propostas aparece a retomada da medida provisória que impede a demarcação de terra que tenha sido invadida. Adotada no governo Fernando Henrique Cardoso, para conter invasões de imóveis rurais por sem-terra, ela foi esquecida após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003. Os ruralistas querem que volte a ser aplicada e não apenas em relação aos sem-terra: areas reivindicadas e invadidas por indígenas e quilombolas também ficariam indisponíveis.

O documento, cuja elaboração foi coordenada por Roberto Rodrigues, ministro da Agricultura no primeiro mandato de Lula (2003-2006), também manifesta apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/200, que tramita no Congresso. Se aprovada, ela retirará do Executivo a competência para aprovar demarcações de terras indígenas. A tarefa ficará para o Legislativo.

Segundo representantes de comunidades indígenas, isso poderá significar o fim das demarcações. Afirmam que a bancada ruralista tem força para bloquear qualquer projeto.

Representantes dos três candidatos melhor posicionados nas pesquisas eleitorais vão debater o documento nesta segunda-feira, durante o 13.º Congresso da Abag, em São Paulo. Aécio Neves e Michel Temer, que concorre ao cargo de vice-presidente na chapa de Dilma, também vão participar do encontro.

Reservas. Segundo o produtor rural Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Abag, a questão da segurança jurídica ganhou mais espaço após a constatação de que 34% do território está ocupado por áreas de preservação ou destinado a índios e quilombolas. "Nos países que disputam o mercado com o Brasil, na área de produção agrícola, o território preservado não chega a 9%", afirma.

Carvalho também chama a atenção para a necessidade de se redefinir as leis que regulam a venda de terras para estrangeiros. "Existem dificuldades enormes nessa área. Tratam a questão tomando como exemplo o caso da África em relação à China, mas são situações muito diferentes", diz. "Não se pode esquecer que, apesar dos avanços, o Brasil ainda é pobre em capital para investimento."

Os dois documentos também vão tratar da questão do trabalho análogo à escravidão. Segundo Carvalho, a principal preocupação dos ruralistas envolve a definição desse tipo de trabalho. "O que temos até agora é muito subjetivo", afirma.

Além das questões jurídicas, os dois documentos destacam sobretudo os problemas de infraestrutura e logística que ainda estariam travando o crescimento do agronegócio no País. "O pior de tudo é que os investimentos públicos no setor caíram nos últimos anos, em vez de subir", observa o presidente da associação.

Programas são mais voltados a resultados econômicos

Roldão Arruda – O Estado de S. Paulo

Os programas dos três candidatos à Presidência da República melhor posicionados nas pesquisas sobre intenção de voto não abordam de forma direta as questões levantadas pelos representantes do agronegócio em relação à chamada insegurança jurídica. Eles se dedicam sobretudo a descrever ações na área econômica - como melhorias na infraestrutura, pesquisa e crédito rural. Ontem, o Estado entrou em contato com as assessorias dos três para saber como se posicionam em relação a alguns dos temas mais polêmicos levantados no documento preparado pela FGV, já entregue a eles, e também no texto que deverão receber na quarta-feira. Nenhum deles quis responder. Disseram que devem tratar dessas questões na sabatina de quarta-feira, na sede da CNA.

O debate é sempre tratado com extremo cuidado pelos candidatos, sobretudo pelos aspectos sociais que envolvem. Em 2010, dos três presidenciáveis que despontavam no topo da pesquisas eleitorais, só o tucano José Serra aceitou o convite da CNA para a sabatina. Dilma Rousseff e Marina Silva não compareceram.

No caso de Marina havia sobretudo a preocupação com a questão ambiental. Suas opções nessa área quase sempre colidiam com as dos ruralistas. Essas divergências ficaram claras, por exemplo, no debate do Código Florestal, que acabou aprovado no ano passado.

Em relação a Dilma, o debate se torna sempre um pouco mais tenso por causa do histórico comprometimento de seu partido, o PT, com os movimentos sociais que defendem interesses dos sem-terra, indígenas e quilombolas, grupos que estão no centro dos conflitos com os ruralistas. Em seu governo, porém, Dilma não fez muito por esses companheiros históricos.

Depois de Fernando Collor de Mello, que ficou menos de dois anos no poder, ela foi quem menos desapropriou imóveis para a reforma agrária entre todos os presidentes eleitos após a redemocratização, em 1985. No terreno das demarcações de terras indígenas a marca de seu governo também não agradou aos movimentos sociais. Segundo o mais recente relatório do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), em 2013 nenhum processo demarcatório de terras indígenas foi concluído no País.

Na quarta-feira, o primeiro candidato a ser ouvido na CNA será Eduardo Campos. Em seguida será a vez de Aécio Neves e Dilma Rousseff, nessa ordem. Eles farão uma breve exposição de suas propostas e responderão a perguntas dos ruralistas.

Com carros em baixa, indústria vê 4ª queda

• Crise no país vizinho afeta Brasil e produção industrial em junho tem o pior resultado desde a crise de 2009

• Muito sensível a juros e crédito, setor de bens duráveis caiu 24,5% em relação a maio e 34,3 % sobre junho de 2013

Samantha Lima - Folha de S. Paulo

RIO - A piora do cenário econômico na Argentina, em desaceleração desde o fim do ano passado, e seu impacto sobre o setor automotivo tem contribuído para derrubar a produção industrial brasileira, que encolhe há quatro meses seguidos, segundo o IBGE.

Em junho, a produção industrial brasileira caiu 6,9% em comparação com junho do ano passado, no pior resultado desde setembro de 2009, quando fechou em -7,4%. Em relação a maio, o setor encolheu 1,4%, o pior resultado desde março.

Dos 2,6% de queda acumulada na indústria em 2014, 1,9 ponto percentual, ou quase 75% desse mau resultado, vem da produção de veículos, que sofre pesadamente o encolhimento do país vizinho.

A exportação de veículos brasileiros para a Argentina caiu 36% entre janeiro e julho, de acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Muito sensível aos juros e ao crédito, o setor de bens duráveis (que inclui automóveis e eletrodomésticos) recuou 24,5% em relação a maio e 34,3 % sobre junho de 2013. Com o impasse da dívida argentina, a tendência é que a indústria continue sofrendo.

O setor foi particularmente pressionado pela menor fabricação de automóveis, que recuou 35,1%, influenciado por férias coletivas em várias unidades produtivas.

"O imbróglio da dívida é difícil de resolver, o que pode trazer mais problema para a indústria", diz Guilherme Mercês, gerente de economia e estatística da Firjan (Federação das Indústrias do Rio).

Além da crise argentina, dos juros e inflação em alta, da desaceleração da economia e desconfiança do empresário e do consumidor, as paradas devido à Copa, ajudaram a afundar o setor.

LONGA QUEDA
"A Copa contribuiu mas não é determinante. A piora dos indicadores já vem sendo verificada desde outubro do ano passado, e é disseminada por vários segmentos", disse André Macedo, gerente de pesquisa do IBGE.

Desde outubro, a indústria perdeu 6,5% da produção, segundo o IBGE. E dos 24 setores pesquisados pelo instituto, 18 tiveram desempenho pior em relação a maio.

A desconfiança do empresário com o cenário macroeconômico é medida pela forte queda na produção da indústria de máquinas, equipamentos e caminhões, de 9,7% em relação a maio e de 21,1% em relação a junho de 2013.

"A confiança dos empresários está muito baixa, e assim eles investem menos", diz Rafael Bacciotti, economista da Tendências Consultoria.

Preocupados com o ritmo do mercado de trabalho --junho foi o pior em criação de empregos, segundo o Ministério do Trabalho--, consumidores tendem a evitar dívidas.

Sofreram também os produtores de televisões (queda de quase 30% no mês), depois de um início de ano de vendas fortes.

Os estoques estão acima do normal na maior parte da indústria, diz Macedo, do IBGE, e contribuem para piorar o humor do empresário.

"A possibilidade de recuperação do setor existe, mas sua ocorrência vem se tornando cada dia mais incerta", diz Bacciotti. A Firjan prevê queda de 2% no setor em 2014.

A indústria só não foi pior em junho porque a Petrobras contribuiu com suas refinarias que operam em 96% da capacidade, ante 92% em 2011. O segmento que inclui o refino cresceu 6,6%, frente a maio, e 2,1% em relação a junho de 2013.

A Petrobras está levando as refinarias ao limite para importar menos combustíveis e reduzir as perdas com a venda abaixo do custo internacional. Os combustíveis não têm reajuste há oito meses.

Base de Dilma se esfarela: O Estado de S. Paulo – Editorial

Um levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e divulgado pelo jornal Valor mostra que, no primeiro semestre deste ano, os deputados seguiram os interesses do Planalto em apenas 54,5% das votações na Câmara. Trata-se de um apoio menor até do que o dispensado ao presidente Fernando Collor de Mello (1990-92), que passou à história como um dos que mais atritos tiveram no Congresso e acabou sofrendo um processo de impeachment. Isso significa que nem todo o notável esforço que Dilma faz para acomodar em seu imenso Ministério os indicados pelos partidos governistas tem sido suficiente para lhe garantir a fidelidade necessária na Câmara.

Os números são eloquentes. O apoio parlamentar ao governo em plenário chegou a 75,4% no primeiro ano do mandato de Dilma, caindo para 64% nos dois anos seguintes, até despencar neste ano para 54,5%. Como comparação, Collor, que nem de longe tinha uma base de sustentação tão numerosa como a de Dilma, conseguiu apoio em 58% das votações em 1991, ano anterior ao do processo de impeachment.

Mesmo enfrentando problemas de governabilidade em determinados momentos de seus mandatos, Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso jamais tiveram apoio tão fraco no Congresso quanto Dilma. No auge do mensalão, em 2006, o apoio aos projetos de interesse de Lula na Câmara ficou em 61%. Já FHC amargou apoio de apenas 67,5% em 2001, ano em que enfrentou a possibilidade de uma CPI para investigar denúncias de corrupção.

A explicação óbvia para o caso de Dilma está no estilo centralizador e na inabilidade da presidente para lidar com o Congresso, ao contrário de Lula e de FHC, conhecidos por seu bom trânsito entre os parlamentares. Dilma tem demonstrado em diversas ocasiões sua falta de disposição para tratar bem os parlamentares, até mesmo quando o que está em jogo é sua candidatura à reeleição. Em abril, quando já estava claro que ela teria problemas para manter coesa sua base de apoio e para afastar o fantasma do "volta, Lula", a presidente declarou: "Gostaria que, quando eu for candidata, eu tenha o apoio da minha própria base. Mas, não havendo esse apoio, vamos tocar em frente". Não angariou simpatias com tal declaração.

Para garantir apoio, Dilma parece considerar suficiente presentear seus aliados com cargos. Graças a essa estratégia, a presidente, que herdou fantásticos 37 Ministérios do governo de Lula, elevou o número de pastas para 39, um recorde absoluto. Nelas, estão acomodados representantes de dez partidos. Um deles, o PR, recentemente chegou a chantagear Dilma para que trocasse o ministro dos Transportes, o que ela fez sem discutir - como se a pasta pertencesse ao partido, e não ao governo.
Mas o chamado "presidencialismo de coalizão" não se sustenta somente com distribuição de cargos no primeiro escalão. É preciso saciar o apetite da base aliada por verbas de emendas parlamentares e também mostrar disposição para negociar e fazer concessões.

Os parlamentares se queixam de que as decisões sobre seus Estados, muitas vezes envolvendo bilhões de reais, são tomadas pelo Planalto sem consulta ao Congresso. Os ministros mais poderosos e a própria Dilma raramente recebem os deputados em audiência para ouvir suas reivindicações, e a articulação do governo na Câmara passou dois anos nas mãos da ministra Ideli Salvatti, que dispunha de pouca autonomia e era considerada inábil.

Como resultado dessa sucessão de erros, o governo teve de enfrentar até mesmo a formação de um "blocão" de parlamentares de partidos aliados que ameaçaram infernizar a vida do governo no plenário. O objetivo era pressionar Dilma a liberar verbas e a incluí-los nas decisões de governo - das quais, segundo eles, só petistas participam.

Em vez de mudar o estilo, porém, Dilma preferiu o caminho do confronto - ao decretar a criação de "conselhos populares", desafiando o atual regime de representação democrática, e ao defender um plebiscito para a reforma política, passando ao largo do Congresso.

Campos promete reforma tributária com regras de transição para garantir receita corrente

Eduardo Simões - Reuters

O candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, prometeu uma reforma tributária que inclua regras de transição para garantir que os entes federativos não perderão recursos de uma hora para outra e criticou o combate à inflação no governo da presidente Dilma Rousseff.

Em entrevista à GloboNews transmitida no fim da noite de sexta-feira, o socialista disse que os governos de Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma não conseguiram fazer a reforma tributária porque, segundo ele, queriam "fazer para amanhã”.

“O que é possível fazer? É fazer uma reforma com regras de transição, dar segurança de que ninguém vai perder receita corrente”, disse Campos.

“Se a gente fizer com a ideia de médio prazo com algumas medidas sendo implantadas logo, como por exemplo a cumulatividade do PIS/Cofins... tem como modular e implantar uma reforma tributária e melhorar a vida do povo brasileiro.”

O candidato também reiterou críticas à condução da política econômica no governo Dilma, especialmente no tocante ao combate à inflação e alfinetou a presidente ao dizer que o “teto da meta (da inflação) virou o centro”.

A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento no ano, com um limite de tolerância de 2 pontos percentuais. Mas há tempos a alta de preços acumulada em 12 meses tem ficado mais próxima dos 6,5 por cento do que dos 4,5 por cento.

Ele criticou o controle de preços dos combustíveis e afirmou que “nós estamos administrando a inflação como se fazia antes do Real”. O ex-governador de Pernambuco, no entanto, não respondeu se, caso eleito, liberaria imediatamente esses preços.

Em vez disso, Campos repetiu que, após as eleições, o governo Dilma irá liberar os preços dos combustíveis e da energia, controlados artificialmente, segundo ele, para dar mais votos à presidente em outubro.

“A inflação era uma pauta vencida e ela voltou para a ordem do dia no Brasil. Quem faz compra sabe o que eu estou falando”, afirmou.

Num distante terceiro lugar nas pesquisas eleitorais, Campos voltou a bater na tecla da falta de credibilidade do atual governo.

“Nós precisamos ter uma política macroeconômica que passe segurança. A crise no Brasil, mais que de fundamentos, é uma crise de confiança na governança”, disse.

Questionado sobre promessas de campanha, o candidato citou dados de seu período à frente do governo pernambucano e disse ser possível universalizar em quatro anos a educação em tempo integral para o ensino médio, ao mesmo tempo em que avança no tempo integral para a creche e o ensino fundamental.

Ele prometeu ainda o passe livre para os estudantes das escolas públicas e beneficiários de programas educacionais do governo federal, como o ProUni e o Pronatec. A reivindicação pelo passe livre nos transportes públicos foi o estopim das grandes manifestações populares de junho de 2013.
“Ou a gente cuida da educação no sentido integral dela, ou então é só discurso”, disse.

“Velhas Raposas” e TCU
Campos, que governou Pernambuco por oito anos, repetiu que se eleito jogará para a oposição o que chamou de “velhas raposas” da política brasileira, nomeando entre elas os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL), José Sarney (PMDB-AP) e Fernando Collor (PTB-AL).

O candidato disse que para governar e cumprir promessas feitas na campanha sem o apoio desses políticos usará a “energia da sociedade”, que, segundo ele, já está farta do protagonismo desses parlamentares.

“Ou você tem coragem de mudar a sustentação política, ou não vai ter mudança”, argumentou, repisando o tema central de sua campanha ao lado da ex-senadora Marina Silva, sua candidata a vice, de mudar da “velha política” para uma “nova política”.

Campos foi ministro do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu partido apoiou tanto o governo Lula como o governo Dilma em seus primeiros anos. Durante esse período, os mencionados políticos também eram aliados do governo federal.

Ao ser perguntado sobre se sua mãe, a ministra do Tribunal de Contas da União Ana Arraes, deixará o posto caso ele vença a eleição presidencial, o ex-governador de Pernambuco pareceu desconfortável.

Segundo ele, caberá à sua mãe decidir sobre o assunto, afirmando que não haveria impedimento legal para ela se manter no cargo com ele na Presidência.

Indagado se considerava adequado tal manutenção e esse questionamento inapropriado, Campos negou desconforto com a pergunta, disse que como homem público está acostumado a dar explicações, mas não foi categórico ao responder se considerava inadequado um presidente da República ter a mãe como ministra do TCU, órgão responsável, entre outras tarefas, por fiscalizar as obras do governo federal.

Miguel Reale Júnior: Tentáculos

- O Estado de S. Paulo

A participação popular junto à administração pública não é nada de novo. Constituía, desde 1980, uma das ideias-força de Franco Montoro, a se realizar por meio da descentralização. Para Montoro, "descentralizar é colocar o governo mais perto do povo e, por isso, torná-lo mais participativo, mais eficiente, mais democrático".

Montoro ponderava que não se mora na União nem no Estado, mas no município, razão por que a população local deve, por melhor conhecer seus problemas e soluções, participar dos órgãos comunitários a serem ouvidos pela administração no diagnóstico da situação e na sugestão de caminhos a serem trilhados. A seu ver, tudo o que puder ser decidido e realizado pelo bairro, pelo município, pela região não deve ser absorvido pela administração superior, vindo a facilitar a participação popular, motivo pelo qual descentralização e participação se imbricam: uma acompanha a outra, permitindo que Estado e sociedade se aproximem.

Montoro não ficou apenas no plano do discurso, pois deu efetividade às suas ideias, desconcentrando competências e fiscalização, como ocorreu, dentre tantos exemplos, na municipalização da merenda escolar, com repasse de recursos para tanto e a criação de Conselhos Municipais da Merenda Escolar, compostos por representantes da prefeitura, da Câmara Municipal, da Secretaria de Educação, da Associação e Pais e Mestres e de produtores e fornecedores locais. No governo paulista, criou, por exemplo, o Conselho da Condição Feminina, o Conselho Estadual da Comunidade Negra, os Conselhos Comunitários de Segurança Pública.

Com a participação de especialistas, já na década de 1930 se instituíra o Conselho Nacional da Saúde, depois paulatinamente democratizado com maior número de representantes da sociedade, antes mesmo da Constituição de 1988. No plano nacional, em 1985 surgiu o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher e o Conselho Nacional do Consumidor.

A Constituição de 1988 consagrou, em diversos artigos, a participação da sociedade no auxílio à formulação de políticas públicas e na fiscalização da gestão, como se pode verificar: 1) no artigo 10.º se assegura a participação de trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que haja discussão e deliberação de seus interesses profissionais ou previdenciários; 2) no artigo 187 se prevê que a política agrícola seja planejada e executada com a participação efetiva do setor da produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, além dos setores de comercialização, armazenamento e transporte; 3) no artigo 198, III, se estabelece a participação da comunidade no âmbito dos serviços públicos de saúde.

Depois da atual Constituição federal muitos conselhos se formaram, tal como o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), ou tiveram ampliada a participação da sociedade, conforme se deu no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Assim, a participação da sociedade em diversos organismos para apresentar à administração a realidade a ser enfrentada, com sugestão de soluções, acompanhamento e controle de sua efetividade, é fato consagrado na realidade política brasileira.

O que espanta, então, no recente Decreto n.º 8.243, da presidente Dilma Rousseff, ao instituir a Política Nacional de Participação Social, não é o reconhecimento da participação da comunidade como auxiliar da administração, mas a tentativa de engessar essa participação à Presidência da República, mais especificamente, à sua Secretaria-Geral. Pelo decreto, verifica-se que a absolutamente necessária descentralização e a independência de organismos integrados e formados pela comunidade se esboroam, com o aparelhamento da sociedade civil, pois ficam sujeitos a um processo de centralização e de dominação da Secretaria-Geral da Presidência da República.

Malgrado se estatua ser diretriz a autonomia das organizações da sociedade civil, na verdade, submete-se sua participação à Secretaria-Geral da Presidência, à qual incumbirá orientar todos os órgãos da administração sobre a forma de implementar a contribuição da sociedade civil, bem como avaliar tal contribuição, consoante preceitua o artigo 5, parágrafos 1.º e 2.º. Para tanto se cria-se, por decreto, de forma inconstitucional, um órgão, o Comitê Governamental de Participação Social, coordenado pela Secretaria-Geral da Presidência, incumbido de a assessorar no monitoramento e implementação da Política de Participação Social.

No mais, o decreto disciplina totalmente como devem funcionar as diversas instâncias da participação social - conselhos de políticas públicas, comissões de políticas públicas, conferências nacionais, mesa de diálogo, fórum interconselhos, audiência pública, consulta pública, ambiente virtual de participação - que ficarão subordinadas à Presidência da República, retirando desses órgãos da sociedade civil sua vitalidade e sua espontaneidade ao burocratizá-los e submetê-los à orientação e avaliação de sua atuação por parte do comitê centralizador ligado à Secretaria-Geral da Presidência.

Tal centralização e o controle das instâncias de participação defluem claramente do disposto no artigo 8.º do decreto, segundo o qual compete à Secretaria-Geral da Presidência "realizar estudos técnicos e promover avaliações e sistematizações das instâncias e dos mecanismos de participação social definidos neste Decreto". Dessa maneira, as instâncias de participação ficam sugadas de sua liberdade ao serem sempre avaliadas pela Secretaria-Geral da Presidência e ao deverem obedecer à sistematização por ela imposta.

Em suma, a propalada Política de Participação Social não passa de um instrumento que, em vez de arejar a administração em contato com a sociedade, sujeita os organismos vitais da sociedade ao crivo constante do poder central, atraindo a sociedade para aprisioná-la nos tentáculos de uma insaciável sede de domínio.

*Advogado, professor titular aposentado da faculdade de Direito da USP, membro da Academia Paulista de Letras, foi ministro da Justiça

Merval Pereira: Mentir é pecado

- O Globo

Recebi telefonemas do cardeal Dom Orani Tempesta e da ministra da Cultura, Marta Suplicy, ambos negando a notícia que dei aqui ontem de que o governo havia ameaçado retirar da Igreja Católica a guarda da imagem do Cristo Redentor devido à polêmica proibição do uso da imagem no filme de José Padilha sobre o Rio, que afinal foi revogada.

Pelo relato dos dois, como a Batalha de Itararé, a guerra que não aconteceu, também não houve o embate que noticiei. Como confirmei a informação, antes de publicar, com duas pessoas, disse a eles que manteria minha versão.

A única explicação que tenho, já que mentir é pecado, é que houve um tremendo mal-entendido nos momentos mais tensos da negociação para a liberação do filme.

O fato de o diretor José Padilha ter escrito um artigo em que questionava a autorização para que a Igreja Católica controle a imagem do Cristo — “Será que faz sentido a lei permitir que uma organização religiosa controle a imagem de um monumento que se situa em um local proeminente na paisagem do Rio de Janeiro e que é considerado um símbolo da cidade?” — acendeu o sinal de alerta na Cúria Metropolitana.

Assim como a intervenção do prefeito Eduardo Paes, defendendo a importância do uso da imagem para a propaganda da cidade do Rio de Janeiro. Nas muitas reuniões que aconteceram sobre o assunto, o artigo de Padilha e declarações de outros artistas foram citados como sinais de uma campanha contra a Igreja, a tal ponto que alguém chegou a sugerir que fosse comprada uma montanha e para lá se transferisse o monumento do Corcovado, que fica no Parque da Tijuca, sob jurisdição federal.

Citei esse fato a Dom Orani como prova de que o tema fora abordado nas reuniões, e ele, rindo muito, admitiu que “nessas reuniões, às vezes tensas, dizem-se coisas que não valem a pena levar a sério”. É claro que a sugestão era inviável, mas retrata bem como a ameaça de retaliação governamental estava no ar. Dom Orani acha que não há razão para uma retaliação do governo, e lembra que é a Igreja que cuida do monumento, e já o restaurou por duas vezes nos últimos anos, tendo conseguido patrocínio privado para tanto. “Nenhum dinheiro do bondinho e de outras atividades vai para a Igreja, fica tudo com o Parque (da Tijuca)”.

A ministra Marta Suplicy propôs que ela e Dom Orani dessem uma nota conjunta, mas o cardeal do Rio preferiu conversar comigo. O relato dos dois coincide, tanto no tom de amabilidade com que ocorreu a conversa, quanto nos detalhes, pois ambos se recordam de que a ministra se disse preocupada com a repercussão internacional da crise.

Como responsável também pelo turismo, havia trabalhado para que a imagem do Cristo fosse eleita uma das modernas Sete Maravilhas do Mundo, e essa crise com o filme poderia gerar noticiário negativo.

Perguntei então a Dom Orani se ele ou algum assessor havia recebido, mesmo de maneira indireta, ameaça de perder o controle da imagem do Cristo, e ele negou, embora admitisse que “com tantas críticas, tantas pressões, sempre há um receio de que alguma coisa possa acontecer”. E acrescentou: “Se em Brasília há algum movimento nesse sentido, nós não sabemos”.

Por sua vez, a ministra da Cultura se disse preocupada com a situação, pois surgira na notícia no papel de adversária da Igreja Católica, quando nada havia acontecido. Ela negou peremptoriamente que exista um decreto presidencial retirando da Igreja o controle da imagem.

Com outra pessoa do jornal, Marta foi mais longe, afirmando que “estamos numa disputa política”, que “deveriam existir limites”, e que “isso foi feito para pôr toda a Igreja Católica contra o governo”. Que seu nome fora usado sob medida por conta das suas posições.

Não tenho a menor ideia se as posições da ministra deram ares de verdade a uma suposta ameaça nem se seu papel de representante oficial da Cultura serviu para reforçar a imagem de que estaria apoiando o movimento dos artistas em protesto contra o que foi considerado por muitos, inclusive eu, uma censura artística.

O fato é que a possibilidade de o governo tomar uma atitude no sentido de retirar ou mesmo reduzir os poderes da Igreja Católica sobre a imagem do Cristo foi discutida diversas vezes na Cúria Metropolitana nos dias do impasse sobre o filme de José Padilha.

Fernando Rodrigues: Quem ganha com o voto nulo

- Folha de S. Paulo

Votar nulo é uma opção defendida por vários grupos de protesto que emergiram desde junho de 2013. Cartazes com a inscrição "não me representa" sintetizam esse desejo difuso de muitos brasileiros.

Durante a ditadura militar, algumas tendências trotskistas recomendavam votar nulo. Rejeitavam as duas únicas legendas legalizadas à época --a Arena (governista) e o MDB (oposição emasculada e consentida).

Quem opta pelo voto nulo certamente dá um recado aos políticos. Mas suspeito que alguns não conheçam o impacto completo desse ato.

Para começar, nem protestar de verdade é mais possível. Na era do papel, muita gente votou no rinoceronte Cacareco, no macaco Tião ou simplesmente escreveu um palavrão.

Agora, com a urna eletrônica, a única saída é digitar um número que não esteja atribuído a nenhum candidato e confirmar o voto --que resulta nulo. Uma ação mais rápida e com efeito idêntico é o voto em branco, para o qual há uma tecla específica.

Mas quem se beneficia, de fato, dos votos brancos ou nulos? Simples: os candidatos que estão à frente nas preferências do eleitor e próximos de vencer no primeiro turno.

Para facilitar, considere um eleitorado de 100 milhões. Ganha a Presidência quem tiver, pelo menos, 50 milhões mais um dos votos. Só que, se 20 milhões forem brancos ou nulos, a soma dos votos válidos cai para 80 milhões ""e vencerá no primeiro turno o político que receber, pelo menos, 40 milhões mais um dos apoios.

Ou seja, quanto mais votos nulos, menos apoios são necessários para alguém vencer no primeiro turno.

Hoje, quem se beneficia do voto nulo é Dilma Rousseff (PT) na corrida presidencial. Em São Paulo, na disputa de governador, ganha Geraldo Alckmin (PSDB). A petista e o tucano lideram as pesquisas eleitorais.

Tudo considerado, ao votar nulo o eleitor pode, de maneira inadvertida, sem querer, eleger um político contra o qual talvez desejasse protestar.

Cláudio Couto: Partido de nicho

- O Estado de S. Paulo

Mesmo figurando com minguados 3% das intenções de voto nas últimas pesquisas do Datafolha e do Ibope, não tendo ido além de 4% em edições anteriores, o Pastor Everaldo (PSC) vem chamando atenção de parte da imprensa. Alguns fatores contam para isto.

Primeiramente, o pastor se destaca entre os candidatos ditos nanicos, que via de regra não vão além do traço ou de 1% nesta fase da disputa. A propósito, vale lembrar que o recentemente falecido Plínio de Arruda Sampaio, político de larga, relevante e respeitável trajetória política, nem sequer atingiu 1% dos votos na eleição presidencial de 2010, quando concorreu pelo PSOL - partido que atingira 6% em 2006, com Heloísa Helena. Assim, os atuais 3% de Everaldo são significativos, embora valha lembrar que ele conta também com a segunda maior rejeição.

Mas até onde pode ir um candidato com seu perfil? Os protestantes brasileiros são 22% da população, segundo o último Censo. Os pentecostais ou neopentecostais são 13,3%. A Assembleia de Deus, grupo pentecostal composto por diversas denominações (inclusive a de Everaldo), detém 6,5%. Se transpusermos esses porcentuais da população em geral ao eleitorado, veremos que se trata de grupo grande - embora muito dividido.

Isso ficou claro em reportagem publicada pelo Estado em 20 de julho, indicando a pulverização dos apoios das várias igrejas evangélicas normalmente envolvidas na política. Assim, embora o candidato do PSC conte com o sustento de muitas, há também as que apoiam Aécio Neves, Eduardo Campos ou Dilma Rousseff. No caso da presidente, a adesão mais destacada provém da Igreja Universal do Reino de Deus, inclusive de forma direta, por meio do PRB, braço político do empreendimento religioso-midiático-partidário capitaneado por Edir Macedo.

Tendo em vista tais divisões, o alcance eleitoral de Everaldo e seu partido é, ao menos por ora, mais limitado do que os 22% do total de protestantes brasileiros, bem como do que os 13% de pentecostais e neopentecostais, ou, talvez, mesmo do que os 6,5% de fiéis da Assembleia de Deus. Isso não significa que o partido não possa crescer em eleições futuras, tanto na disputa presidencial como nas parlamentares. Aliás, as candidaturas de evangélicos que se apresentam como tais, utilizando denominações como Pastor, Bispo ou Missionário, cresceram 45% de 2010 para este ano, como mostrou levantamento feito pelo Broadcast Político. A questão é verificar se há aumento da demanda correspondente ao crescimento da oferta.

O PSC pretende atingir 35 deputados na disputa deste ano, o que lhe daria uma bancada de 7% da Câmara - aproximadamente metade da atual bancada evangélica. O impulso para isso viria não só do magnetismo produzido pela candidatura presidencial própria, mas também do sucesso de eventuais puxadores de votos, como o pastor Marco Feliciano, convertido em celebridade política ao conduzir a Comissão de Direitos Humanos da Câmara no contrapelo de suas tendências usuais e ganhando mais notoriedade quanto mais se lhe atacava.

O PSC pode fazer uma aposta politicamente interessante, de se tornar um partido de nicho. Com candidaturas focadas num discurso fortemente marcado por valores religiosos, de perfil moralmente conservador, um partido pode se inviabilizar como alternativa majoritária, capaz de vencer eleições presidenciais ou de governador. Contudo, pode assegurar uma parcela fiel de eleitores, que lhe permitam não só barganhar apoios em segundos turnos (estratégia que já foi anunciada por Silas Malafaia), como construir uma bancada coesa e de dimensões consideráveis nos Legislativos - onde também deteria poder de barganha nada desprezível. Os partidos religiosos de Israel, país que também conta com grande fragmentação partidária, operam basicamente dessa forma.

Rolf Kuntz: A economia dos poderes mágicos da mente

- O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff é uma batalhadora. Essa virtude ninguém pode negar. Ela briga com as palavras, a lógica, os fatos, os números, a teoria econômica e os princípios mais simples da administração. Não é uma vida fácil, até porque os números têm o hábito lamentável de atacar traiçoeiramente. Enquanto ela pregava otimismo aos empresários, na quarta-feira à tarde, o Tesouro Nacional divulgava as contas do governo central, com mais um déficit primário - de R$ 1,95 bilhão em junho - e mais uma coleção de cifras assustadoras. No dia seguinte o Banco Central (BC) mostrou um quadro ainda mais feio, ao publicar as contas consolidadas do setor público. Segundo seu critério, o mês de junho havia terminado com um buraco de R$ 2,7 bilhões na administração central e de R$ 2,1 bilhões no conjunto, com desempenho pouco melhor dos governos regionais e das empresas controladas. Na sexta-feira, novo ataque dos números mostrou mais um tombo da produção industrial: o volume foi 1,4% inferior ao de maio e 6,9% menor que o de junho do ano passado.

No mesmo dia, à tarde, as cifras do comércio exterior pareceram trazer alguma ajuda: as contas de julho foram fechadas com superávit de US$ 1,57 bilhão. Mas pouco mais de metade desse valor, US$ 866 milhões, foi garantido pela exportação fictícia de uma plataforma de exploração de petróleo. Além disso, no acumulado do ano restou um déficit de US$ 916 milhões. Sem aquela operação - legal, mas fictícia, porque a plataforma continua no País - o déficit de janeiro a julho ainda seria US$ 1,78 bilhão.

Mas a presidente, auxiliada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, continua cobrando otimismo de todos, como se isso garantisse um desempenho melhor da economia brasileira. Os dois atribuem os problemas - pequenos, naturalmente - ao pessimismo espalhado pelos mercados e às condições da economia internacional. Na Confederação Nacional da Indústria (CNI), na quarta-feira, a presidente chegou a falar em protecionismo no mundo rico para explicar o enfraquecimento das exportações. Em relação ao comércio exterior e à competitividade, os números e dados conhecidos também têm sido adversos às teses presidenciais.

A presidente Dilma Rousseff e seu ministro da Fazenda têm aplicado à economia uma criativa mistura de ideias. As teses de Norman Vincent Peale, autor do best-seller O Poder do Pensamento Positivo, aparecem mescladas com crenças primitivas em faculdades mágicas da mente. Além de injusta em relação ao pastor Peale, essa mistura passa longe de qualquer ideia econômica sobre a importância das expectativas. Decisões sobre consumo, produção e investimento são realmente afetadas por expectativas, e isso os economistas sabem há muito tempo. Mas os fatos são muito mais complexos e, quando se trata de explicar o desempenho de uma economia, é sempre bom levar em conta a qualidade da política. Expectativas podem ser importantes, mas a competência de quem conduz a política também pesa.

De janeiro a junho deste ano a produção industrial foi 2,6% menor que a do primeiro semestre do ano passado. Em 2013 o produto industrial aumentou 2%, mas havia diminuído 2,3% em 2012. Nem retornou, portanto, ao nível de 2011, quando o pífio crescimento havia ficado em 0,4%. Desde o primeiro ano do governo Rousseff, qualquer iniciativa rotulada como política industrial fracassou, portanto, de forma indisfarçável.

Atribuir esse resultado ao pessimismo generalizado seria um exagero, até porque os consumidores demonstraram boa disposição e considerável otimismo durante boa parte desse período. Talvez seja o caso, diante desses dados, de abandonar a conversa sobre expectativas pessimistas e explicar o fiasco da política pelo mau-olhado. Por que não, se o poder mágico da mente é tão relevante? A culpa deve ser de oposicionistas, de neoliberais invejosos e, de modo geral, de pessoas sem patriotismo. Afinal, o crítico do governo, segundo o discurso oficial, sempre torce pelo pior e é inimigo da Pátria.

Mas as falas da presidente e do ministro revelam algo mais que a crença nos poderes mágicos do pensamento, positivo ou negativo Denunciam também uma concepção muito especial da expectativa.

Uma estranha noção está implícita nessa conversa: as pessoas podem ser pessimistas ou otimistas em relação aos fatos ou dados conhecidos. Se são conhecidos, no entanto, como falar de pessimismo ou otimismo? Um fato é claro: o mau humor de empresários e analistas está associado em primeiro lugar a informações amplamente difundidas, como a persistência de pressões inflacionárias, o emperramento da indústria, a piora das contas públicas e as más condições do comércio exterior.

Informações mais detalhadas podem tornar pior esse humor. Exemplo: de janeiro a junho deste ano, a produção de bens de capital, isto é, de máquinas e equipamentos, foi 8,3% menor que a do primeiro semestre do ano passado. Em 2012 e 2013 essa produção ficou estagnada. Além disso, entre janeiro e julho o valor gasto com a importação de bens de capital foi 6% menor que o dos mesmos meses de 2013. Conclusão inescapável: os brasileiros estão investindo menos na ampliação e na modernização da capacidade produtiva. Como o crescimento da economia depende do investimento, exceto quando há grande capacidade ociosa, o potencial de expansão do Brasil continua comprometido. É uma relação elementar. Não é questão de pessimismo. Embora seja difícil calcular aquele potencial, respeitáveis economistas concordam pelo menos quanto a um ponto: sem investir muito mais o Brasil pouco poderá crescer nos próximos anos.

As autoridades às vezes parecem admitir esse raciocínio. Mas continuam falando como se os fatos conhecidos fossem positivos e as más expectativas, infundadas, George Orwell chamou de "duplipensar" a sustentação de ideias incompatíveis. Em alguns casos, talvez fosse mais adequada outra palavra: "semipensar".

*Jornalista

Brasília-DF :: Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

A realidade bate à porta
Passados os primeiros dias da publicação de pesquisas eleitorais nos maiores estados e também no Distrito Federal, o PT nacional fez as contas e descobriu que os sonhos de conquistar pelo menos um dos três grandes celeiros de votos estão nesse momento a anos-luz de distância. E pior: não há, até aqui, perspectiva de melhora. Em São Paulo, Alexandre Padilha não encontrou o tom. Em Minas Gerais, onde o ex-ministro Fernando Pimentel estava na frente, o ex-presidente do PSDB Pimenta da Veiga encostou. No Rio, Lindbergh Farias continua na quarta colocação.
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A situação em outros estados, e também no DF, não agrada ao comando nacional. Diante dessa realidade difícil, há quem diga, dentro do próprio PT, que é grande a perspectiva de não eleger muitos governadores. Talvez Tião Viana, no Acre, e olhe lá. Nesse quadro, a maior aposta do partido é mesmo a presidente Dilma Rousseff. É com ela que o PT conta hoje. Já tem gente se arrependendo de ter costurado mais apoios a ela nos estados, ainda que não lançasse candidato a governador com a bandeira petista. O problema é que agora é tarde.

Chama o sub!
A história de chamar "o sub" para responder a ataques de candidatos tomou conta do país. Primeiro, o PT escalou a presidente regional do partido em Pernambuco para a discussão com o candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos. Agora, foi a vez de o PMDB do Ceará colocar o vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena, para o duelo verbal com Ciro Gomes (Pros). Enquanto Ciro pergunta pelo patrimônio de Eunício Oliveira, é Lucena que defende o senador e pergunta quem paga as contas do ex-ministro. Ali, a campanha promete.

Apelos eleitorais
Os deputados e senadores estão na maior dúvida se vale a pena vir ao esforço concentrado na semana que vem. O motivo é bem simples: sem dinheiro para as campanhas, não há outro meio de conquistar voto que não seja no corpo a corpo direto com o eleitor.

Emendas &sonetos
Dentro do PMDB, já havia sido constrangedor para Michel Temer o fato de o candidato a governador do partido em São Paulo, Paulo Skaf, não fazer campanha para a presidente Dilma Rousseff. Pior ainda foi Temer dar uma bronca em Skaf ao estilo "não tem Dilma: tem Dilma e Michel", e o candidato continuar fazendo apenas o que quer.

#vaiterolimpíada
O governo aproveitou a maciça presença de jornalistas na Copa do Mundo da Fifa para fazer uma pesquisa sobre o Brasil. Os dados coletados pelo Ministério do Turismo indicaram que, de 478 jornalistas ouvidos, 96,5% demonstraram interesse em voltar ao país e ainda recomendariam como destino turístico.

Aposta peemedebista/ No Rio de Janeiro, as apostas são de que, em 15 dias, o governador candidato Luiz Fernando Pezão (PMDB) ultrapassará os índices de todos os adversários na corrida estadual. A ver.

Plenarinho/ Com o plenário da Câmara em reformas, os deputados farão as sessões da Casa no Auditório Nereu Ramos, que não tem 513 lugares. Bem... Mas quem disse que 513 vão comparecer? Quem conhece a Casa já avisou que não se espere quórum muito alto para votações. Proposta de emenda constitucional, que requer pelo menos 308 votos necessários, nem pensar.

E no Senado.../ Renan Calheiros convocou uma sessão do Congresso para apreciação de vetos e votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Palpite dos técnicos: esquece.

O consultor/ Com a reforma tributária na ordem do dia das campanhas políticas, o ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel tem sido procurado por assessores de candidatos, para dirimir dúvidas sobre essa área. Apenas isso. "Quero distância da política", diz o antigo xerife da Receita dos tempos de Fernando Henrique Cardoso. Nas campanhas, entretanto, há quem diga que, na hipótese de Dilma Rousseff não se reeleger, o pernambucano poderá voltar.

Painel :: Bernardo Mello Franco (interino)

- Folha de S. Paulo

Desfalque nas ruas
Apesar da liderança folgada nas pesquisas, a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) teme que o enfraquecimento da chapa de candidatos a deputado da sigla prejudique o tucano. O partido prevê dificuldades por não ter conseguido substitutos com o mesmo potencial de oito deputados federais que tiveram votações expressivas em 2010, mas desistiram de disputar a reeleição. Em municípios como Guarulhos, o segundo maior do Estado, o PSDB ficou sem concorrente.

Pedra dura Carlos Roberto de Campos, o deputado tucano da cidade, diz que desistiu de disputar a reeleição porque não tem "vocação para o Legislativo". Mas promete pedir votos para o partido.

Show do milhão Para a cúpula da campanha tucana, Celso Russomanno (PRB) será o deputado mais votado, com um milhão de votos. Como seu partido não se coligou na disputa à Câmara, nenhuma outra sigla se beneficiará da votação expressiva.

Cacareco Dirigentes do PR avaliam que Tiririca não deve repetir a votação de 2010, quanto teve 1,3 milhão de votos e ajudou a eleger outros três deputados da chapa encabeçada pelo PT. A aposta é de cerca de 400 mil votos.

Trair e coçar A campanha de Alckmin pediu aos 44 coordenadores regionais que mapeiem possíveis dissidentes de siglas rivais no interior do Estado. Quer atraí-los para o time do governador.

Mais uma chance O ministro Gilmar Medes, do Tribunal Superior Eleitoral, devolveu provisoriamente o mandato do prefeito de Americana, Diego de Nadai, após o presidente da corte, José Antonio Dias Toffoli, ter negado o pedido do tucano.

Vai que dá A defesa aproveitou que Mendes assumiu a presidência do tribunal interinamente para reapresentar o pedido. O advogado do prefeito tucano, Anderson Pomini, diz que, caso o plenário mantenha a cassação, pretende recorrer ao Supremo.

Quebra-cabeça A Transparência Brasil vai abrir suas bases de dados para interessados em desenvolver aplicativos sobre as candidaturas destas eleições e o funcionamento do Congresso. Fará um concurso no fim do mês.

Falha nossa Caciques do PT preveem que Dilma Rousseff terá mais dificuldades do que esperava em Estados estratégicos, devido à pulverização de sua base nas coligações regionais. A sigla vê erros na formação de alianças, que permitiram a "fuga" de aliados para o campo tucano.

Anabolizado Um dos pontos de preocupação é Minas, onde Pimenta da Veiga (PSDB) já empatou com Fernando Pimentel (PT). O tucano ainda terá vantagem no tempo de TV, pois conseguiu atrair partidos governistas como PP, PSD, PDT e PR.

Sem urna Enquanto Aécio Neves (PSDB) prepara adesão a uma campanha de incentivo ao voto, o PT publicou ontem em sua página no Facebook orientações para os eleitores que precisarem justificar sua ausência.

Intensivo 1 Marina Silva vai reforçar nos próximos 20 dias seus discursos e mensagens em redes sociais para justificar a aliança com Eduardo Campos (PSB).

Intensivo 2 Decepcionados com o desconhecimento da união da dupla, aliados querem que o assunto esteja superado quando a propaganda eleitoral começar.

Aqui não pode O cerimonial do Planalto ficou em pânico ao ver candidatos à Câmara circulando em evento no palácio com adesivos de campanha. Um militar usava um colete a prova de balas com seu número de urna.
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Tiroteio
"Ninguém cobra de Haddad uma revolução. O que os paulistanos querem é trabalho e competência, o que ele já demonstrou não ter."
DO DEPUTADO ROBERTO FREIRE (PPS-SP), presidente da sigla, sobre entrevista em que o prefeito diz que São Paulo quer uma revolução sem mudar nada'.
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Contraponto
Fugindo do holofote
Ao se preparar para uma entrevista coletiva que concederia ontem, Arthur Chioro, o ministro da Saúde, reclamou aos jornalistas da iluminação que acompanhava as câmeras de TV.

--Essa luz aqui me mata, tenho fotofobia - justificou.

--Então tem que usar óculos escuros o tempo todo, né? - sugeriu uma repórter.

Chioro acenou positivamente, mas fez uma ressalva:

--Político, se botar óculos escuros, fica com cara de bandido, né? É um problema... -- disse bem humorado, provocando gargalhadas.