Deficiência nos dados prejudica combate ao crime
O Globo
Fica difícil traçar políticas eficazes quando
os números oficiais registram apenas um quinto dos furtos de celular
Pelas estatísticas do Fórum Brasileiro de
Segurança Pública, no ano passado foram roubados ou furtados no Brasil
precisamente 999.223 celulares, ou quase dois por minuto. Se o número
impressiona por si só, causa ainda mais espanto constatar que nem de longe
reflete a dimensão da violência nas
ruas do país. Os brasileiros que declararam ter sido vítimas de roubo ou morar
com alguém que sofreu esse tipo de crime somam em média o quíntuplo do que
sugerem os dados oficiais, revela um
estudo da
A discrepância é atribuída à subnotificação,
que varia de estado para estado. No Rio de Janeiro, que enfrenta grave crise de
segurança, as vítimas declaradas chegam a quase quatro vezes os registros de
roubo. Na Bahia, que também sofre com o flagelo da violência, são mais que o
quádruplo. Em Sergipe, os dados oficiais representam menos de um décimo das
vítimas.
A subnotificação varia de acordo com o tipo de crime, afirma a coordenadora do estudo, a economista Joana Monteiro, que comandou o Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio entre 2015 e 2018. No caso de roubo de veículos, costuma ser baixa, porque as vítimas precisam do registro para dar entrada no pedido de ressarcimento às seguradoras. Em relação a roubos em geral, os fatores que mais pesam são o tempo gasto para fazer a comunicação e a falta de confiança no resultado, uma vez que os índices de elucidação dos crimes costumam ser baixíssimos.