segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

OPINIÃO DO DIA:Luiz Werneck Vianna

De uma perspectiva mais larga, nem sempre perceptível a olho nu, essas são transformações que repercutem em cheio no modelo nacional-desenvolvimentista, latente na esquerda brasileira, desentranhado pelo governo do PT do baú da nossa História como resposta à crise financeira mundial de 2008, inclusive com elementos que recebeu da sua versão sob o governo Geisel, que depende visceralmente de um modelo político decisionista.

Luiz Werneck Vianna, 'Este ano não vai ser igual àquele que passou'. O Estado de S. Paulo, 26 de janeiro de 2014.

Temor de radicalização ronda novos protestos

A menos de cinco meses da Copa do Mundo, manifestações contra o torneio da Fifa foram registradas em ao menos oito capitais. Em São Paulo, houve confronto com policiais e atos de vandalismo. Governo federal vai intensificar o monitoramento aos black blocs

Na semana em que todas as atenções das autoridades públicas estavam voltadas para o recente fenômeno dos rolezinhos promovidos por jovens em várias localidades do país, manifestações populares com o mote “Não vai ter Copa” ocorreram em pelo menos em sete capitais brasileiras e no Distrito Federal. Em grande parte das cidades, os protestos não conseguiram mobilizar um grande número de pessoas e ocorreram de maneira pacífica. Em São Paulo, foi diferente. O ato, que reuniu 1,5 mil manifestantes na Avenida Paulista no dia do aniversário dos 460 anos da cidade, acabou com cenas de violência. Um jovem de 22 anos foi baleado por policiais militares. O caso acende o alerta diante da possibilidade de recrudescimento das manifestações que sacudiram o Brasil em junho do ano passado. Os governos federal e de São Paulo já intensificaram o monitoramento de novos protestos, e os centros de inteligência passarão a dedicar mais tempo ao tema, em especial aos black blocs.

Fabrício Fonseca, integrante do grupo black bloc, segundo a Polícia Militar, levou dois tiros após ser abordado por três policiais, na noite de sábado, no bairro de Higienópolis. O estado de saúde de Fabrício é considerado grave. Ele permanece internado na Santa Casa de São Paulo, no bairro Santa Cecília. Até o fechamento desta edição, continuava em observação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). O hospital informou que um dos tiros atingiu o tórax e outro o pênis da vítima. Fabrício foi submetido a cirurgia. Um dos testículos precisou ser removido diante da gravidade dos ferimentos.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), defendeu ontem a conduta da Polícia Militar. “A população de São Paulo não aceita isso (protestos violentos), e a polícia agiu firmemente no sentido de evitar uma tragédia na Praça da República, porque estava tendo uma apresentação, um show com muitas crianças, famílias e idosos”, disse.

Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que a Corregedoria da Polícia Militar e Civil de São Paulo abriu procedimento para investigar a conduta dos três policiais envolvidos no caso. A PM afirma que Fabrício resistiu à abordagem, fugiu e atacou um policial.

“Dois homens foram abordados por policiais militares em patrulhamento na Rua da Consolação. Fabrício Proteus Nunes Fonseca Mendonça Chaves tentou fugir e foi contido. Os policiais pediram que ele abrisse a mochila para revistá-la e encontraram artefato explosivo. Em seguida, ele fugiu, sendo perseguido por dois PMs”, diz o texto. A nota oficial comunica que ele tentou atacar um policial com um estilete. “Próximo a um posto de gasolina, o homem sacou um estilete que estava no bolso da calça e se voltou contra um dos PMs. Nesse momento, os policiais atiraram e o suspeito caiu no chão, porém, levantou-se e tentou fugir novamente, parando logo depois.”

No boletim de ocorrência, há o registro de resistência, lesão corporal e desobediência. Vídeo divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo mostra o jovem agonizando na calçada da Rua Sabará. Só depois de 30 minutos, a vítima foi levada pelos PMs para o hospital. Logo em seguida, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou ao local.

Depredação
Um pequeno grupo de manifestantes mascarados destruiu vidraças de agências bancárias e de concessionárias. Um fusca chegou a ser incendiado e uma viatura da polícia por pouco não foi virada pelos integrantes do grupo black bloc. O dono do veículo destruído, Itamar Santos, vai processar o estado de São Paulo pelo dano sofrido.

A Polícia Militar deteve 127 pessoas. Todas foram levadas ao 78º Distrito Policial e liberadas na manhã de ontem. Policiais do Batalhão de Choque chegaram a entrar num hotel da Rua Augusta para prender manifestantes. Um vídeo mostra o exato momento em que o grupo dispara balas de borracha contra jovens rendidos no chão.

Nas demais capitais, não houve grandes transtornos. Em Fortaleza e Natal, foram registrados pequenos confrontos entre jovens que protestavam e policiais militares. Alguns muros foram pichados e vias interditadas pelos manifestantes. No Rio de Janeiro, pequenos confrontos ocasionaram correria na Avenida Atlântica. No Recife, devido a um ato que reuniu 100 pessoas, o trânsito ficou engarrafado em alguns pontos da cidade.

Nas capitais
Confira como foram os principais protestos ocorridos no sábado

Belo Horizonte
O local escolhido para a manifestação foi a Praça Sete de Setembro, no centro da cidade, palco de manifestações violentas no ano passado. A PM informou que o protesto reuniu apenas 100 pessoas. Parte da Avenida Afonso Pena, uma das principais da capital mineira, foi interditada. Não houve registro de confronto.

Brasília
Pouca pessoas se reuniram em frente ao Brasília Shopping, na Asa Norte. Com cartazes e uma caixa de som, gritaram palavras de ordem contra a realização da Copa do Mundo no Brasil. Não houve confronto com a polícia, que acompanhou a movimentação a distância.

Fortaleza
Um pequeno grupo de black blocs, que se infiltrou no protesto, queimou lixeiras e danificou placas de sinalização de trânsito na Praia de Iracema. Para conter os manifestantes, policiais utilizaram balas de borracha e spray de pimenta. Dois jovens foram detidos para averiguações e liberados em seguida.

Porto Alegre
Nas redes sociais, havia a confirmação de mais de 2 mil pessoas, no entanto, apenas 30 pessoas foram às ruas. O ato foi pacífico.

Recife
A manifestação pacífica reuniu 100 pessoas. O grupo realizou uma passeata pela Avenida Agamenon Magalhães, área central da cidade. Devido ao protesto, o trânsito na capital pernambucana ficou congestionado. Além de protestarem contra a Copa do Mundo, os integrantes do movimento não pouparam o governador, Eduardo Campos, e gritaram palavras de ordem contra o presidenciável do PSB.

Rio de Janeiro
O ato reuniu aproximadamente 300 pessoas na Avenida Atlântica, em frente ao Hotel Copacabana Palace. Foram registrados pequenos tumultos. Policiais militares e mascarados trocaram empurrões. Houve correria, mas ninguém ficou ferido. A polícia contou com um efetivo de 150 homens.

São Paulo
Houve conflito entre um grupo de mascarados e policiais militares. Ao todo, 127 pessoas que participavam do protesto foram detidas. Um jovem de 22 anos levou dois tiros após ser abordado por três policiais. Agências bancárias foram destruídas, um veículo acabou incendiado e uma viatura policial danificada.

Vitória
A mobilização contra o Mundial foi tímida. Apenas 40 manifestantes participaram do ato. Mesmo assim, algumas ruas foram bloqueadas. O trânsito ficou lento e a polícia acompanhou de perto o movimento, que seguiu pacífico até a dispersão.

Fonte: Correio Braziliense

Custo dos estádios da Copa do Mundo já chega a R$ 8,9 bilhões

Valor atual supera em mais de três vezes a estimativa inicial, feita em outubro de 2007

Jami Chade

GENEBRA - O custo dos estádios para a Copa do Mundo já supera em mais de três vezes o valor informado pela CBF à Fifa quando o Brasil apresentou seu projeto para sediar o Mundial. Cópia do primeiro levantamento técnico da Fifa sobre o País, fechado em 30 de outubro de 2007 e obtido pelo Estado, informava que as arenas custariam US$ 1,1 bilhão, cerca de R$ 2,6 bilhões. A última estimativa oficial, porém, dá conta de que o valor chegará a R$ 8,9 bilhões.

O informe foi produzido e assinado por Hugo Salcedo, que coordenou a primeira inspeção no País entre agosto e setembro de 2007. Na época, a Fifa considerou que o orçamento havia sido "bem preparado’’ e que "não havia dúvidas" sobre o compromisso do Brasil de atender às exigências da entidade.

"A CBF atualmente estima que os investimentos relacionados com a construção e reformas de estádios estão em US$ 1,1 bilhão", escreveu a Fifa em seu informe. Curiosamente, a entidade esteve em apenas cinco das 18 cidades que naquele momento brigavam para receber a Copa. Das que acabariam escolhidas, não foram visitadas Fortaleza, Recife, Salvador, Natal, Curitiba, Cuiabá e Manaus.

A Fifa, já na época, não disfarçava que o trabalho de reforma e construção dos estádios seria um desafio. "Os padrões e exigências da Fifa vão superar em muito qualquer outro evento realizado na história do Brasil em termos de magnitude e complexidade. Nenhum dos estádios no Brasil estaria em condições de receber um jogo da Copa nos atuais estados", alertou em 2007. "A Fifa deve prestar uma especial atenção nos projetos."

O time de inspeção ainda fez um alerta sobre o Maracanã. "Não atende às exigências. Um projeto de renovação mais amplo teria de ser avaliado."

Aeroportos 
O relatório elaborado antes de o Brasil ganhar o direito de sediar a Copa é, hoje, verdadeira coleção de promessas quebradas e avaliações duvidosas. "A infraestrutura de transporte aéreo e urbano poderia atender de forma confortável as demandas da Copa", indicou. "O time de inspeção pode confirmar com confiança que a infraestrutura de aeroportos poderia atender a um grande número de passageiros indo a jogos em viagens de ida e volta no mesmo dia."

O transporte urbano também seria "suficiente" e a Fifa garantia, em 2007, que um "serviço de trem de alta velocidade vai ligar Rio e São Paulo". Considerava a infraestrutura hoteleira "suficiente’’ e, ao avaliar o sistema de saúde do País, fez elogios aos hospitais, apontados como "referência internacional". A referência, porém, não foram os hospitais públicos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Mercado prevê juro e inflação mais altos e crescimento menor em 2014

Ana Conceição

SÃO PAULO - Analistas de mercado veem juros e inflação mais altos e menor crescimento econômico neste ano, de acordo com o boletim Focus, do Banco Central (BC), que apura semanalmente estimativas junto a cerca de cem instituições.

A mediana das projeções para a taxa básica de juros, a Selic, subiu de 10,75% para 11% ao fim deste ano. Os analistas acreditam que até o fim de 2015 a Selic subirá mais, para 11,50%. A taxa está atualmente em 10,50% ao ano.

No caso da inflação, a previsão é que o IPCA avance 6,02% em 2014, em vez de 6,01%. Para o próximo calendário, a expectativa é de uma alta de 5,70% no índice de preços, em lugar de 5,60% como o estimado anteriormente. A estimativa para o IPCA em 12 meses é de alta de 5,99%, contra 5,98% antes.

Os analistas Top 5 – os que mais acertam as projeções – mantiveram suas estimativas para a Selic neste ano e no próximo, em 11,50%, e elevaram ligeiramente a projeção para o aumento do IPCA de 2014, de 6,19% para 6,20%. A estimativa para a inflação de 2015 seguiu em 6%.

Ao lado de juros e inflação mais altos, há a projeção de uma expansão menor da economia brasileira. A mediana das estimativas para o avanço do Produto Interno Bruto (PIB) saiu de 2% para 1,91% em 2014 e de 2,50% para 2,20% em 2015.

A estimativa para o crescimento da produção industrial seguiu em 2,20% neste ano e passou de 2,89% para 2,95% em 2015.

No caso da taxa de câmbio, os agentes reforçaram suas expectativas de dólar a R$ 2,45 no fechamento de 2014 e a R$ 2,50% no encerramento do próximo calendário.

Fonte: Valor Econômico

Líder do PSDB critica gastos de Dilma com viagem não programada a Lisboa

Diária de suíte no hotel Ritz, onde a presidente ficou hopedada, é de R$ 26,2 mil

BRASÍLIA - O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), em nota a imprensa, criticou a parada da presidente Dilma Rousseff em Lisboa, antes de seguir neste domingo para Cuba, onde ela tem compromissos oficias. Ele classificou como um “disparate a informação revelada pela imprensa de que a presidente Dilma passa o final de semana em sigilo, em Lisboa, sem compromissos oficiais, em uma suíte no hotel Ritz, cuja diária é de R$ 26,2 mil”. Ele disse que “ainda que segundo as reportagens, a comitiva presidencial ocupa mais de 30 quartos de dois dos hotéis mais caros da capital portuguesa”.

Mas segundo informação da assessoria de imprensa do Palácio do Planalto no último sábado, a passagem por Portugal, é uma “escala técnica”.

A nota afirma que “é uma gastança desnecessária, que não condiz com a situação econômica do nosso país e muito menos com as dificuldades com as quais os brasileiros são obrigados a conviver todos os dias”.

Para o líder, a presidente e sua comitiva poderiam se hospedar na embaixada brasileira em Lisboa. Ele disse na nota que não é a primeira vez que Dilma se hospeda em hotéis e em “março do ano passado, a comitiva brasileira fechou 25 quartos de hotéis em Roma e gastou R$ 325 mil em hospedagem”, quando a embaixada brasileira ficou vazia. na ocasião ela foi acompanhar a posse do Papa Francisco.

Fonte: O Globo

RS: Greve deve afetar mais de 1 milhão na Capital

Paralisação dos rodoviários deve atingir mais de 1,1 milhão de usuários do transporte coletivo, que terá só 30% da frota nas ruas

Kamila Almeida

O transporte público de Porto Alegre deve parar a partir de hoje. Somente 30% da frota circulará na cidade, o que representa 436 ônibus. Mais de 1,1 milhão de usuários deverão ser atingidos pela greve dos rodoviários.

Os funcionários querem aumento de 14%. Empresários dizem que, sem a revisão da tarifa, não existe a possibilidade de negociar reajuste superior a 5,56%. Para a prefeitura, se o salário está atrelado ao valor das passagens, a greve é patronal e não de empregado.

Luiz Mário Magalhães Sá, gerente-executivo da Associação dos Transportadores de Passageiros de Porto Alegre (ATP) e do Sindicato das Empresas de Ônibus de Porto Alegre (Seopa), afirma que foram esgotadas as possibilidades para evitar a paralisação. Na sexta-feira, representantes das empresas e dos rodoviários participaram de reunião no Ministério Público do Trabalho para propor o funcionamento de 100% da frota nas primeiras horas da manhã e no final da tarde, o que foi rejeitado.

– Estamos em um impasse, pois as empresas não têm como fazer mais do que a reposição da inflação sem ter sinalização do nosso órgão gestor (prefeitura) de que a tarifa será readequada. A informação que temos até agora é de que ela está congelada até que se resolva o impasse com o TCE (Tribunal de Contas do Estado), o que está longe de acontecer – afirmou Sá.

Secretário municipal de Mobilidade Urbana e diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari reiterou que não haverá reajuste da tarifa antes que o TCE se pronuncie sobre os cálculos do valor da passagem. Segundo ele, o aumento de salário é uma questão que deve ser resolvida entre patrão e empregado.

– A obrigação das empresas é finalizar o processo de dissídio coletivo. Isso independe da decisão da prefeitura em relação às tarifas. Se for dito que não vão negociar com os empregados porque a prefeitura tomou esta decisão é porque é uma greve de patrão. Não vamos aceitar greve de patrão – afirmou Cappellari.

Linhas com mais usuários terão prioridade hoje

Cappellari afirma que há uma série de medidas cabíveis previstas em lei para caso de greve patronal, e que uma delas seria o poder público reassumir a gestão das empresas, já que operam o serviço por meio de concessão.

A EPTC afirma que, em uma típica segunda-feira, seriam necessários 1.453 ônibus. Os 436 veículos escolhidos para circular têm itinerários com maior número de usuários e trafegam pelas principais vias da cidade. Eles devem tentar cumprir os primeiros horários da manhã, mas não há estimativa de consigam respeitar uma tabela de horários.

*Colaborou Taís Seibt

Fonte: Zero Hora (RS)

Eleição vai ao segundo turno, já admite PT

Cenário econômico ruim e retorno dos protestos são razões levantadas por petistas para previsão

João Domingos

O cenário econômico ruim e a expectativa do retorno dos protestos populares durante a Copa do Mundo fazem com que o governo federal, o PT e partidos aliados deem como certo que a eleição presidencial deste ano só será decidida no 2.º turno.

Somam-se a esses fatores o desgaste da máquina do governo, que vai completar 12 anos sob o comando petista, além do surgimento de novas candidaturas nunca antes testadas pelo eleitor em nível federal, como as do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e a do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB).

"A disputa será muito difícil. Não temos expectativa de vencer no primeiro turno. Por isso, o patamar dessa campanha é vencer a eleição", afirmou o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, em recente reunião para tratar da campanha petista.

O presidente nacional do PT, Rui Falcão, por intermédio de sua assessoria, foi na mesma linha de Gilberto Carvalho: disse que não trabalha com a possibilidade de vitória no primeiro turno. O cenário também tem sido traçado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas conversas que vem mantendo com a direção do PT e aliados.

O mesmo declarou o vice-presidente da Câmara, deputado André Vargas (PT-PR). "O PT trabalha com o 2.º turno. Mesmo quando o governo Lula deslanchou, em 2006, houve 2.º turno, o que se repetiu na eleição da presidente Dilma Rousseff. O natural é que haja 2.º turno".

Muito diferente, portanto, do levantado pelo marqueteiro João Santana, em outubro, em entrevista à revista Época. Na ocasião, ele previu uma vitória fácil da presidente porque, segundo ele, "ocorrerá uma antropofagia de anões". Procurado pelo Estado para falar sobre a possibilidade de vitória de Dilma no primeiro turno, por telefone e por e-mail, Santana não respondeu se suas previsões ainda se confirmavam.

É justamente esse cenário indefinido que faz com que Lula tenha orientado Dilma a, desde já, amarrar as alianças políticas, por meio da reforma ministerial e da concessão de espaço nos Estados, para que nenhum dos atuais aliados possa trocar o PT pelas candidaturas adversárias. Nos últimos dias, Rui Falcão pegou a estrada para resolver pendências em Brasília, Recife, Natal, João Pessoa e Vitória.

Os aliados também já preveem a disputa em dois turnos. "Não acredito em vitória no primeiro turno. O exemplo está aí nas três últimas eleições", disse o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ). "Acho que vai ter 2.º turno", declarou o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

Oposição. Principais candidatos da oposição, Aécio e Campos fizeram pacto de não agressão como estratégia para levar a disputa ao 2.º turno. O alvo de ambos será único: Dilma. "Vamos conversar sempre. Não existe entre nós a possibilidade de uma briga. Ninguém vai ousar mais do que recomenda a disputa saudável", disse Campos ao Estado.

Ele disse ainda ter feito acordo com a ex-ministra Marina Silva para enquadrar todas as alas da Rede, que se abriga no PSB, e que, vez por outra, ameaçam uma crise na coligação. Na quinta-feira. Marina desautorizou a ala mineira da Rede que atacou a aliança com o PSDB.

Para Aécio, o 2.º turno é certo. "Quando não há uma convicção clara a favor da manutenção do governo, a população aposta no segundo turno. É o que vai ocorrer. O índice de aprovação do atual governo e aquele que aponta os que querem mudança indicam isso", afirmou ao Estado.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Indefinição de Hartung lembra Serra e deixa em suspenso sucessão no ES

Cristian Klein

SÃO PAULO - Em um dos poucos Estados onde PT e PSB estão de braços dados - apesar dos ataques mútuos, país afora, que antecipam a batalha a ser travada entre os dois partidos pela Presidência da República - são os movimentos do PMDB que causam suspense na disputa pelo governo do Espírito Santo.

No teatro político da eleição capixaba, estão (quase) todos esperando Paulo Hartung. O mistério do ex-governador - que despista sobre sua entrada ou não em cena - faz lembrar outro personagem da política nacional conhecido pelo vai-não-vai: José Serra. Se o dilema do tucano paulista, para 2014, já se resolveu - com sua retirada da corrida presidencial em prol do senador mineiro Aécio Neves - o papel ganha um novo intérprete.

O desfecho supera até a expectativa sobre o rompimento ou não entre petistas e pessebistas no Estado. O divórcio entre os partidários da presidente Dilma Rousseff e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pode implodir o bem sucedido consórcio que elegeu Renato Casagrande (PSB) governador em 2010, com 82,2% dos votos.

Mas, por enquanto, o PT local se diz satisfeito em permanecer ao lado de Casagrande. A não ser que a direção nacional da legenda proíba a união ou que Paulo Hartung diga finalmente que vai concorrer. O ex-governador, contudo, insiste em ficar em cima do muro. Depois de meia hora de considerações e um passeio pela história do Espírito Santo, Hartung insinua bater o martelo ao Valor: "Em 2014, vou ficar cada vez mais economista, fazendo minhas palestras e tocando a vida".

Já é uma decisão, observa o interlocutor, para ser logo rebatido. "Isso é definitivo? Não sei. Tem que deixar rolar para ver o que vai acontecer", ensaboa a resposta.

Um dos mais interessados na palavra final do pemedebista é o correligionário e senador Ricardo Ferraço, que foi vice-governador em seu segundo mandato, entre 2007 e 2010. Ferraço não quer esperar. É pré-candidato declarado ao Palácio Anchieta e procura de todas as formas um caminho para concorrer. "O meu nome está absolutamente à disposição para ser candidato pelo PMDB", diz.

Ferraço percorre o Estado, faz seminários, mas seus movimentos são limitados com a indefinição do colega de partido. Hartung, com maior densidade eleitoral, tem a primazia. Em pesquisa divulgada em novembro pelo instituto Futura, se Casagrande disputasse com o senador, o pessebista poderia ser reeleito já no primeiro turno (46% a 14% - ficando o senador Magno Malta (PR) em segundo lugar, com 21%); mas caso enfrentasse o ex-governador a peleja seria mais dura (36% a 31%), com grande probabilidade de segundo turno.

Para Ferraço pouca importa. Com um longo mandato de oito anos no Congresso, pode fazer uma tentativa agora, em 2014, e, em caso de derrota, acumular forças e recall para 2018. Em suas articulações, o senador tem se mexido bastante. Em outubro, conseguiu que o PMDB anunciasse - pelo menos oficialmente - a entrega de cargos no governo Casagrande para que pudesse construir, com maior liberdade, sua candidatura. Oficialmente porque há quem diga que está tudo como antes, com a influência de Hartung sobre alguns órgãos como o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) e a Cesan, a companhia estadual de saneamento. O secretário de Transportes e Obras Públicas, Fábio Damasceno, permaneceu no cargo sob a justificativa de que passou a ser da cota pessoal do governador e não mais do PMDB.

Com a inércia de Hartung e do PT local, a cartada de Ferraço agora é se aproximar do PSDB. Em seus planos, conta o pemedebista, está a possibilidade de aliança com os tucanos, para os quais ofereceria seu palanque no Estado ao presidenciável Aécio Neves. Hoje, o pré-candidato do PSDB ao governo é o recém-filiado Guerino Balestrassi, ex-prefeito de Colatina e ex-presidente do Bandes.
Ferraço arma seu próprio jogo e afirma que o PMDB está "solto". "Nada impede que o PMDB faça uma aliança com o PSDB. Temos uma ótima relação no Espírito Santo. Os partidos estiveram juntos na eleição para prefeito de Vitória [em 2012]", destaca.

De fato. Há dois anos, o PMDB participou com o vice na chapa do ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), derrotado por Luciano Rezende (PPS). A boa relação, por outro lado, estaria mais assentada nos laços de Hartung com os tucanos do que propriamente de Ferraço.

Eleito vice-governador em 2006 pelo PSDB, Ferraço saiu da legenda sob ameaça de expulsão, depois de brigar publicamente com Vellozo Lucas, principal liderança tucana no Estado, de quem é concunhado. Vellozo o acusou de traição quando Ferraço - seguindo Hartung - decidiu apoiar a reeleição do prefeito petista João Coser, em 2008. O candidato apoiado pelo PSDB era o atual prefeito Luciano Rezende, que acabou vencido naquela disputa. Com o rompimento, Ferraço filiou-se ao PMDB, em 2009, e aguardou ser o escolhido à sucessão de Hartung, em 2010, o que não aconteceu.

A aproximação do senador com os tucanos é uma forma de evitar o mesmo desfecho e depender menos das decisões do ex-governador.

O risco de contágio entre os planos nacional e estadual, no entanto, faz Ferraço duvidar de que o correligionário esteja fora do páreo. O parlamentar cita a subida de tom nos ataques entre as hostes do PT e do PSB, cujo último capítulo foi o texto no Facebook que chamou Eduardo Campos de "tolo" e "playboy mimado". Um rompimento generalizado - baixado por uma resolução do diretório nacional petista - poderia empurrar o ex-governador para o ringue.

"O Paulo Hartung tem um jeito mineiro de fazer política. O Saci quando apita ele está perto ou está longe? O Paulo Hartung trabalha com dissimulação. Mas o nome dele está colocado. Em momento algum, ele disse: 'Não sou candidato a governador'. A interlocutores privados, em conversas informais, ele admite a possibilidade de candidatura", aponta o senador.

Tanto é que, no início de novembro, Ferraço e o ex-governador foram juntos ao Palácio do Planalto, onde trataram do assunto com a presidente Dilma Rousseff. Antes, em meados de outubro, um mês após a entrega dos cargos no governo federal pelo PSB, Hartung já havia se reunido, em São Paulo, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Para o ex-governador, foi uma conversa de amigos, que quebrou o clima de afastamento. Em 2010, Dilma perdeu para José Serra, no Espírito Santo, no segundo turno, o que gerou muita "fofoca levada daqui para Brasília", qualifica Hartung, sobre sua suposta falta de empenho na eleição da petista.

Para Ferraço, o encontro entre Lula e Hartung foi muito mais do que uma reaproximação. "A informação que tenho é que Lula disse a ele que, se ele for o candidato do PMDB ao governo, o PT vai com ele", conta.

O senador reconhece haver restrições à sua candidatura. "O PT acha que eu tenho um mandato muito autônomo, porque eventualmente sou um crítico de posições do governo", diz Ferraço.

Para o PT, a primeira opção é permanecer com Casagrande. A segunda, caso a direção nacional proíba, é apoiar a candidatura do PMDB encabeçada por Hartung, apontado como "um Neymar". 

Ou seja, o PT arriscaria a entregar os cargos mas teria boa chance de reconquistá-los com o potencial eleitoral do ex-governador. A terceira opção seria lançar um candidato próprio - hipótese já levantada por Lula.

Fonte: Valor Econômico

PT do Rio decide se antecipar e já entrega cargos hoje

Lindbergh diz que partido queria deixar o governo Cabral há muito tempo e agora se sente “livre”

Maiá Menezes

RIO — O PT vai se antecipar ao governador do Rio, Sérgio Cabral, e entregará hoje mesmo os cargos que mantém no governo estadual. Na madrugada de sábado, como antecipou o site do GLOBO, Cabral enviara ao presidente regional do PT, Washington Quaquá, um e-mail comunicando sobre a exoneração dos petistas, que seria feita na próxima sexta-feira. Hoje, Quaquá toma café da manhã com o governador, no Palácio Guanabara. Já vai com a lista dos petistas.

— A gente está querendo sair há muito tempo. Mas houve uma movimentação do governador junto ao Palácio do Planalto e ao PT nacional, para impedir. Sempre colocava em xeque uma ameaça de rompimento da aliança nacional com o PMDB. Mas agora o governador entendeu que é irreversível. Que exonere logo. Não queremos que fique mais ninguém do PT — disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), pré-candidato ao governo.

Quaquá calcula que o número de cargos seja de 200. Saem os secretários Carlos Minc (Meio Ambiente) e Zaqueu Teixeira (Assistência Social). O presidente do PT, que chegou a defender um aliança com o PMDB, com Lindbergh à frente da chapa, agora vê como impossível tal composição. Ele afirma que o rompimento no Rio não afetará a aliança nacional com o PMDB.

— Para nós, a saída deveria ter sido em novembro. Ficamos para atender a um pedido da direção nacional. Esse e-mail do Cabral recebemos com alegria. Até ajuda a gente. Mas seria até deselegante falar em aliança, acho que está descartada. Temos nosso candidato. Eles têm o deles (o vice-governador Luiz Fernando Pezão). — diz Quaquá, afirmando que, desde a eleição de Lula, o PT conquistou o “eleitorado da massa popular”, e que é hora de atrair esse eleitores também no Rio.

Cabral tomou a decisão irritado com a decisão do PT de antecipar de 31 de março para 28 de fevereiro a saída do governo. Cabral soube por e-mail, meia hora antes, que aconteceria o encontro formalizando a decisão, no último dia 17, na sede do Sindicato dos Bancários, no Rio. Ali, Lindbergh já intensificara suas críticas ao governador. A decisão abre espaço no governo para novos aliados, como o Solidariedade, do deputado federal Paulinho da Força (que ocupará a Assistência Social).

Segundo Cabral, na última reunião das cúpulas do PT e do PMDB, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria deixado claro que não interferiria mais no Rio, como em outros tempos (em 1998, a direção nacional fez uma intervenção contra a candidatura de Vladimir Palmeira ao governo).

— Lula disse que não violentaria o Rio outra vez. Estamos muito satisfeitos com o desfecho. É como terminar um casamento ao qual a gente quer dar fim a um bocado de tempo. Estamos livres — disse o senador, cuja pré-candidatura ao governo deverá ser lançada no próximo dia 22.

Fonte: O Globo.

Oposição pede dados sobre viagem de Dilma

SÃO PAULO - A oposição vai pedir informações à Presidência da República sobre a parada técnica da presidente Dilma Rousseff em Lisboa (Portugal), onde se hospedou em um hotel de luxo e jantou num dos melhores restaurantes da capital portuguesa. Sem compromissos oficiais na capital portuguesa, a presidente permaneceu por algumas horas na cidade numa pausa da viagem entre Zurique (Suíça) e Havana (Cuba).

Dilma participou do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, e fará visita oficial à capital cubana.

Líderes do PSDB vão pedir que o Congresso solicite as informações ao governo federal e, se receberem a confirmação de que Dilma e sua comitiva tiveram gastos excessivos no País, vão pedir o ressarcimento do dinheiro aos cofres.

"Se a presidente não tem compromissos oficiais em Lisboa, não tem como justificar esse turismo com dinheiro público. Há que se restituir os cofres públicos", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Líder do PSDB na Câmara, o deputado Carlos Sampaio (SP) afirmou que a viagem é um "disparate" no momento em que o Brasil enxuga gastos em meio à instabilidade econômica internacional. "Dilma quer se reeleger para continuar passeando com dinheiro público", atacou o tucano.

Os oposicionistas afirmam que a presidente Dilma Rousseff tinha a Embaixada do Brasil em Portugal para se hospedar, sem desembolsar dinheiro público. O Palácio do Planalto justificou a pausa em Lisboa com o argumento de que o avião presidencial não tinha autonomia para levar diretamente da Suíça à Cuba, e que precisava fazer uma parada técnica.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Apoio de Lula e Campos deve definir disputa em Pernambuco

A concorrência pela vaga no Senado tende a ser polarizada entre os candidatos indicados pelo PT e pelo PSB. Pesquisas recentes de intenções de voto demonstram que ambos têm condição de vencer as eleições deste ano

Patrycia Monteiro Rizzotto

O cenário pré-eleitoral de Pernambuco se tornou um terreno fértil para especulações. Com exceção do senador Armando Monteiro Filho, do PTB, candidato declarado ao governo, em busca do apoio do PT, não há candidatos oficialmente anunciados na disputa pelo Senado. A indefinição se deve a três fatores políticos. O primeiro deles é que o governador Eduardo Campos (PSB-PE) ainda não decidiu quem será o seu candidato à sucessão.

Da mesma forma, o PT não definiu se lançará candidato próprio ao governo. Outro aspecto relevante é que a campanha presidencial terá influência direta na eleição deste ano em Pernambuco. Todo o cenário será redesenhado no caso de uma aliança entre Aécio Neves (PSDB-MG) e Campos para o segundo turno da disputa presidencial, e do desempenho dos presidenciáveis de cada partido, inclusive dos candidatos do PT, ao longo das eleições. “Tudo pode acontecer”, afirma o cientista político Adriano Oliveira, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Ele acredita que o pano de fundo do embate político eleitoral pernambucano neste ano será o confronto entre Campos e o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. “O candidato de Eduardo Campos tem chances, pois 45% dos eleitores afirmam que pretendem votar num nome apoiado por ele. Por outro lado, 42% pretendem escolher alguém apoiado por Lula e Dilma”, prevê Oliveira. Entre os nomes cogitados para o Senado, está o do senador Jarbas Vasconcelos, do PMDB, que pode tentar a renovação do mandato, ao lado do candidato ao governo do PSB indicado por Campos.

No passado, Vasconcelos foi um aliado que se tornou desafeto político de Miguel Arraes, avô do governador, a quem sucedeu no comando do estado em 1999. Depois de cumprir dois mandatos sucessivos e se eleger para o Senado, em 2010 o peemedebista entrou na disputa pelo governo contra Campos, que ganhou a eleição logo no primeiro turno, com 82,84% dos votos e como apoio de Lula e Dilma. Mas, com o racha na aliança entre PSB e PT na eleição municipal de 2012, Vasconcelos, um antipetista, se aproximou de Campos.

Atualmente, seu nome desponta nas pesquisas de intenção de votos para o Senado. “Jarbas Vasconcelos tem carta branca do PMDB para negociar as eleições do estado com Eduardo Campos. O governador, por sua vez, afirmou recentemente que Vasconcelos será uma das primeiras pessoas que ele vai procurar para discutir a sucessão estadual. O vice-governador João Lyra Neto será outro nome convocado nessa fase de conversas”, afirma Dorany Sampaio, presidente do PMDB de Pernambuco. Se a candidatura de Vasconcelos for confirmada, irá tirar do páreo o ex-ministro da Integração Fernando Bezerra Coelho, do PSB.

Na disputa pelo Senado contra Vasconcelos, especula-se que o PT lance o ex-prefeito de Recife João Paulo, ao lado do senador Armando Monteiro. Essa é a composição que vem sendo defendida por Lula e Rui Falcão, presidente nacional do partido. Contudo, parte do PT local defende a candidatura de João Paulo ao governo estadual, por ele ser bem avaliado pela população e pela necessidade de fortalecer o palanque para Dilma. “Aposição do partido sobre tática eleitoral começou a ser sistematizada agora e ainda está em discussão.

Havendo aliança com o PTB, a prioridade na composição da majoritária é pela vaga do Senado. O nome mais lembrado até o momento é o do deputado federal João Paulo, mas outros nomes podem surgir”, afirma Teresa Leitão, presidente do PT local. Por fora, está o PSDB, que aderiu ao governo de Campos em dezembro, após oito anos de ferrenha oposição.

A intenção seria não lançar candidatos próprios ao governo do PSB em Minas Gerais, e do PSDB, em Pernambuco. Contudo, a união não é consenso em nenhum dos dois partidos. Por isso, ainda é possível emergir um candidato tucano na disputa pelo governo ou senado. “Ainda não está nada definido e não estamos fazendo articulações políticas para as eleições estaduais este ano”, afirma o deputado estadual Daniel Coelho, que vinha sendo cogitado para a disputa ao governo estadual. “De fato, o meu nome vinha sendo discutido, mas, por enquanto, estou me preparando para disputar uma das vagas na Câmara dos Deputados”, diz Coelho.

Fonte: Brasil Econômico

Milton Coelho da Graça: Você também pertence a 'essa gente ingrata'?

Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria da Presidência da República (o lugar onde mais se sabe e se controla o que ocorre no Governo) cometeu, neste fim-de-semana, um escorregão verbal que talvez ajude a explicar mistérios de sua extraordinária carreira.

Clérigos ligados a movimentos sociais da Igreja Católica acreditam que Gilberto seja militante da Opus Dei, que reapareceu no Brasil depois de cursar universidade paranaense e cursos no exterior. Enturmou-se no PT em Santo André,exatamente quando o Papa João Paulo II se empenhava em barrar o trabalho social da Conferência Nacional de Bispos do Brasil, inclusive nos sindicatos.

Como explicar que um militante do PT - e supostamente da Igreja dos pobres - considere “ingratos” os participantes de manifestações populares? “Fizemos tanto por essa gente e agora eles se levantam contra nós”, disse Carvalho, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. É assim que ele se refere a nós todos: “Essa gente ingrata”.

É bom recordar que o Papa João Paulo II se elegeu em 1975 com uma determinação totalmente contrária ao trabalho realizado por João XXIII e João Paulo I, morto um mês apenas depois de assumir o Vaticano. João Paulo II logo baixou um decreto colocando a Opus Dei diretamente sob seu comando e sacerdotes ligados a essa nova “prelazia” foram sendo enviados a países do Terceiro Mundo, especialmente Brasil e México.

Fonte: Portal do PPS

Aécio Neves: No palanque, em Davos

Quem acompanhou o discurso do presidente Dilma em Davos achou que não estava entendendo bem. Do ponto de vista político, a presidente tinha dois caminhos corretos para seguir. O primeiro, defender, com coragem, as escolhas que fez e as decisões que tomou nos últimos três anos. Mesmo que não obtivesse a concordância de quem a ouvia, poderia ganhar o respeito pessoal pela coerência e firmeza de suas convicções. O segundo seria o da autocrítica, o de reconhecer, ainda que tardiamente, os inúmeros erros cometidos e assumir o compromisso com a mudança de rumos ainda no pouco tempo que lhe resta de governo.

Mas ela não fez uma coisa nem outra. Diante de uma plateia de especialistas ela descreveu uma realidade que não é a nossa e um governo que não é o dela, fazendo de Davos uma extensão dos palanques eleitorais em que vem transformando suas viagens pelo país. Fez de Davos mais uma escala em sua turnê pela ilha da fantasia em que o governo parece estar instalado, deixando muita gente intrigada.

O que seria mais grave: a presidente ter apresentado em importante fórum internacional um retrato do país que sabe não ser verdadeiro ou, após, repeti-lo à exaustão, ter convencido a si mesma de que se trata da realidade?

Afirmou que a inflação está controlada, quando sabemos --Davos também-- que nos últimos três anos a taxa esteve sempre prestes a romper o teto da meta --e defendeu sua política fiscal, hoje conhecida pela "criatividade" de sua contabilidade. Chegou ao cúmulo de dizer que diminuiu a dívida pública bruta de 60,9% do PIB para 58,4%. Inspirada na criatividade que tão mal tem feito à nossa política fiscal, a presidente buscou o ponto mais alto da dívida no auge da crise de 2009 esquecendo-se sutilmente que, quando assumiu, ela era de 53,35%. Portanto houve, na verdade, crescimento da dívida em seu governo.

Mas, como a realidade costuma se impor, pesquisa realizada pela Bloomberg com 500 participantes do fórum apontou o Brasil como a região que oferece menos oportunidades de negócios entre as pesquisadas. Isso depois de o FMI ter divulgado estudo reduzindo as previsões de crescimento do Brasil para 2014. E da Price Waterhouse ter mostrado que o país perde espaço como opção para investimentos de grupos internacionais, e do Banco Central ter reafirmado a necessidade de continuar aumentando os juros para frear a inflação.

A presidente foi a Davos para enviar uma mensagem de segurança a investidores. Mas a ausência de sincronia entre o discurso e a realidade que todos conhecem termina por alimentar a crescente desconfiança nas relações entre agentes econômicos e governo. O Brasil continua perdendo o mais precioso de todos os ativos: o tempo.

Aécio Neves, senador (MG) e presidente nacional do PSDB

Fonte: Folha Online & Portal do PSDB

Alberto Goldman: Entenderam porque Dilma foi a Davos?

Deve ter sido interessante e, no mínimo, curioso para os maiores líderes políticos e de negócios do mundo reunidos no Forum Econômico Mundial na cidade de Davos, na Suíça, verem e ouvirem uma presidente ( de um grande país sul americano” até pouco tempo atrás visto como uma área excepcionalmente atrativa para a realização de negócios ) tida por sua origem política como “trotskysta” por alguns e por outros como uma revolucionária marxista que deixou a luta armada para se inserir na vida democrática e na consolidação do capitalismo no Brasil.

Poucos deles certamente sabem quem foi Trotsky, ou tiveram qualquer contato com um trotskysta, nem tem ideia de que ele e Lenin lideraram a revolução comunista na Rússia, muito menos que o seu grande conflito na luta pelo poder, após a morte de Lenin, se deu contra Stalin, com o qual divergia sobre o caráter da construção do socialismo naquele país e em todo o mundo. Trotsky defendia a necessidade de uma revolução permanente difundida internacionalmente, enquanto Stalin defendia que antes era preciso consolidar o socialismo na Rússia. Trotslysta ou não, Dilma era vista como uma figura enigmática, construída pelo ex presidente Lula – este sim um “esquerdista” pragmático que nunca se apaixonou pelas teorias revolucionárias.

O fato é que a forma de governar de Dilma e os resultados na economia brasileira colocaram na cabeça desses homens de negócios e líderes dos países capitalistas a questão da sinceridade das novas convicções da presidente do Brasil e a capacidade dela governar. Afinal, além do seu estilo centralizador e arrogante, ela construiu uma imagem – e uma prática – intervencionista através de suas ações iniciais contra o sistema financeiro ( no embate contra a cobrança de altos “spreads” ), contra o papel das agências reguladoras e na mudança de regras essenciais para a segurança dos investidores. Além disso a sua credibilidade quanto à capacidade de governar era posta em questão em face da aceleração da inflação, do baixo crescimento do Produto Interno Bruto ( PIB), do expansionismo ( descontrole ) fiscal, dos desacertos cambiais e da permanente redução dos superavits na balança comercial e na balança de pagamentos.

As tentativas da presidente usando uma enormidade de recursos através do BNDES, obtidos através do aumento do endividamento público, as isenções tributárias para alguns setores, o controle de tarifas nos serviços públicos e os insucessos na atração de investimentos para a infraestrutura, não produziram os resultados desejados mas fortaleceram os receios dos homens de negócios.

Ainda mais, os protestos que tem explodido em vários momentos e em várias áreas do país, que mostraram um nível de insatisfação popular até então desconhecido, acenderam a luz amarela, muito sensíveis que são a qualquer sinal de perigo para os seus investimentos.

Dilma, em Davos, fez um discurso que procura, da mesma forma que fez Lula em 2002 na “carta aos brasileiros”, mostrar que ela não é nada do que se pensa que é. Ela afirma que é a favor do capital privado, sejam os investimentos nacionais ou estrangeiros, que serão recebidos de braços abertos, com a segurança necessária, com o respeito aos contratos e ainda que o seu principal tema é o combate contra a inflação, que vai manter em ordem as contas públicas, que vai ampliar ainda mais a capacidade de consumo da população. E exemplificou, o que teria sido uma mudança de conduta, o sucesso dos últimos leilões de rodovias e aeroportos e o leilão de exploração do petróleo no pré sal. Dos insucessos, nenhuma palavra.

Todo esse esforço da presidente, todo o seu discurso, de fato não é suficiente para mudar a percepção dos líderes de negócios mundiais. Tudo o que foi dito, as verdades e as mentiras, são sobejamente conhecidas por eles. Eles não estão fora dos negócios no Brasil, não são ETs, estão dentro, fazem parte e têm, além de informações atualizadas, bilhões de dólares aplicados no país.

Mas se todo esse bafafá que mexeu com a mídia crioula não vai resultar em nada de novo, nem nada especial em relação aos investimentos, para que Dilma foi a Davos? Além de safisfazer a curiosidade dos presentes, o que sobra?

Para o país nada, para Dilma, muito. Ela obteve horas e mais horas em toda mídia nacional. Enquanto isso, seus adversários eleitorais estão à míngua. Aécio tem alguns segundos quando faz algum pronunciamento crítico, Eduardo Campos obtém alguns minutos na sua queda de braço com a recém aderente Marina Silva. Dilma, pelo contrário, ganhou o equivalente a diversos programas eleitorais gratuitos, melhor ainda, fora do horário eleitoral gratuito que se inicia só em agosto. E nos horários e espaços mais cobiçados da grande mídia nacional. O que comprova que estão com paúra.

Agora entenderam porque ela foi a Davos?

Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB

Marcus Pestana: A invenção do Brasil e seus intérpretes

Daqui a nove meses escolheremos o presidente da República e a estratégia nacional que guiarão o país nos próximos quatro anos. Só têm direito a reivindicar o futuro aqueles que compreendem criticamente e valorizam a herança da história. Nada é mais raso e equivocado do que as visões do tipo “nunca antes na história deste país”. Pecam por falta de humildade e rigor analítico. A história não começa nem termina com nenhum ator individual isoladamente, por mais importante que tenha sido. Não se quer com isso negar o papel, positivo ou negativo, do indivíduo na história. É evidente que sujeitos singulares como Mandela, Napoleão, Lenin, Hitler, Gandhi, Lincoln, Churchill, Vargas, JK, entre tantos outros, para o bem ou para o mal, catalisaram e sintetizaram as energias e as tendências de determinada época através de sua liderança pessoal. Mas o avanço civilizatório é um processo, o desenvolvimento da sociedade é obra coletiva, geração após geração.

Num momento em que o jogo político se dá cada vez mais com a marca de um pragmatismo vazio, órfão de referências ideológicas e valores sólidos e consistentes, no qual o conteúdo e as ideias se perdem num oceano de marquetagem e oportunismo, talvez uma revisita aos clássicos seja uma boa conduta.

O recesso parlamentar possibilita colocar a leitura em dia. E dos livros que me fizeram companhia neste janeiro, sugiro a todos que desejarem partir para as eleições com uma visão mais clara sobre a formação da sociedade e da economia brasileiras a leitura da coletânea de ensaios, resenhas e conferências escritas, de 1978 até hoje, por Fernando Henrique Cardoso, em “Pensadores que Inventaram o Brasil”. É uma leitura oportuna também para os jovens que começam a se interessar pela vida nacional, suas raízes e seu futuro.

Ali, o líder político e ex-presidente da República dá lugar ao maior interprete do Brasil contemporâneo e a um dos mais importantes intelectuais de nossas ciências sociais.

Ao passar seu olhar crítico e recuperar de forma refinada e criativa as principais obras de Nabuco, Euclides da Cunha, Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Jr., Antônio Cândido, Florestan, Celso Furtado e Faoro, o autor nos leva a uma viagem plural e ampla pelo que há de melhor na literatura brasileira, para que compreendamos como o capitalismo contemporâneo e a sociedade moderna surgiram no Brasil, de forma absolutamente original, das entranhas do escravismo colonial, num território continental, sob a língua portuguesa e a partir de uma combinação única, sincrética, contraditória, às vezes, misteriosa, de traços culturais e históricos de europeus, negros e índios.

Vale a leitura. Como diz FHC: “A lupa que permite ver quem somos e como somos precisa do complemento de telescópios que nos situem no universo mais amplo, sem cujo desvendar a visão de nossa identidade fica pouco nítida”. E complemento eu: e o futuro, mais nebuloso.

Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB de Minas Gerais

Fonte: O Tempo (MG)

Renato Janine Ribeiro: A inclusão social pelo consumo

Rolês mostram que a ideologia do shopping venceu

A sociedade brasileira projetou a realização social no conforto, no luxo, em bens de consumo prestigiosos. Há melhor símbolo disso do que a profusão de iPhones? Eles não se limitam a dar prazer. Eles nos realizam. Melhor dizendo: é o prazer que nos realiza. Mas esta visão do mundo, tão frequente no Brasil, não é nada óbvia. Um francês imbuído do valor da educação, um alemão formado na convicção do dever, um inglês convencido do valor ético do trabalho dificilmente enxergariam as coisas assim. Mas, aqui, é muito forte a ideia de que pelo prazer se vence. Basta ligar a rede Globo, qualquer dia deste mês, em torno das 23 horas, para ver isso, parte ao vivo, tudo em cores.

Volto a comentar os rolezinhos. Eles foram uma surpresa pelo timing e pela dimensão, mas prolongam algumas tendências de nossa sociedade que não deveriam nos surpreender. As manifestações de 2013 foram uma exceção, como as Diretas-Já em 1984 e o impeachment de Collor, em 1992, espaçados momentos em que a cidadania toma o espaço público para defender a coisa pública. O rolezinho é político, mas porque tem um significado político, não porque se expresse em termos políticos. Ele responde a uma nossa tendência, para o mal - e para o bem -, que é carnavalizar.

Na sua melhor versão, é Oswald de Andrade, no "Manifesto Antropófago", de 1929: "A alegria é a prova dos nove". Naquela época, dizia-se que o Brasil era fruto de "três raças tristes", o português, o negro e o indígena. Oswald rompia com esse mito de uma tristeza originária. Contestava a herança jesuítica e religiosa da colônia. Abria lugar para o carnaval, a festa, as paixões alegres.

Mas o fato é que carnavalizamos. Não é só o Big Brother que propõe o sucesso pela exibição do corpo. É quase toda a mídia popular que, sempre que vai contrastar esforço e lazer, estudo e diversão, mente e corpo, opta decididamente pelo segundo termo. Nossa cultura é sobrecarregada de hedonismo.

Já observei aqui que prazer não é felicidade, ao contrário do que se ouve todos os dias. O prazer é breve, instantâneo, intenso; a felicidade é um estado simples e permanente, modesto. Só é feliz quem reduz sua demanda de prazeres. Mas nossa sociedade construiu um sistema em que o prazer é requerido o tempo todo, com sua consequência, apontada pelos filósofos desde a Antiguidade: os prazeres não levam à satisfação. Eles formam uma adição. Uma sociedade que valoriza a este ponto o consumo, seja na Miami de classe média, seja no rolezinho de periferia, tem dificuldades de ir além do prazer. Porque ser feliz é viver ao máximo o que se tem, não é buscar o máximo fora de si. Ser feliz não é depender do consumo. Mais que isso: ser feliz é não depender do consumo.

Mas é o consumo que tem marcado a inclusão social, no Brasil. A inclusão dos últimos anos foi em boa medida um aumento do poder de compra a crédito. Os pobres compram mais - o que é ótimo, porque eles tinham e ainda têm acesso limitado a vários dentre os bens que asseguram o conforto. Mas esse foi o eixo mais marcante da inclusão. Embora a educação esteja melhorando, a dupla do bem - que seriam o mix de educação e cultura, e o de saúde e atividade física - não desperta igual atenção nem gera resultados rápidos. Aliás, se fosse outra a prioridade dos governos petistas, eles se teriam defrontado com uma oposição ainda maior. Aumentar o poder aquisitivo injeta dinheiro na veia da economia. Já melhorar o que chamei dupla do bem exigiria mais investimentos públicos, isto é, mais impostos. Não seria fácil nem, talvez, politicamente possível.

Estamos no limite do que pode ser a inclusão social pelo consumo. Beira o ridículo negar a inclusão social promovida pelo PT. Foi substancial. Mas se deu pelo que nossa sociedade consumista mais valoriza. Melhorar radicalmente as escolas teria exigido mais verbas e protagonismo do poder público. O mesmo vale para a saúde, o transporte e a segurança públicos. O choque com as classes mais ricas teria sido forte, porque a exigência tributária teria aumentado. Basta ver como é difícil a Prefeitura de São Paulo arrecadar o necessário a fim de melhorar um pouco os ônibus, para se ter o tamanho do problema.

Com o consumo, o PT escolheu a via do possível. Dificilmente seus adversários teriam feito melhor. Mas a trilha do consumo significa: a ideologia que ganhou foi a do shopping center. Dizia-se há alguns anos que a ideologia dominante numa sociedade é a ideologia de sua classe dominante. Se for verdade, os rolês mostram que a ideologia da classe média, seu "way of life", seduziram os mais pobres. O que muitos deles querem é estar no mundo da classe média. Não querem romper com ela nem eliminá-la. Querem fazer parte dela, claro que com os ajustes necessários.

Se a classe média não gosta disso, é outra coisa (essa batalha, a "velha classe média" vai perder, e as chances do PSDB estão - como bem entendeu Aécio, mas não os jornalistas favoráveis ao partido - em conseguir ser o partido de todas as classes médias, não só da antiga). Mas a classe média, ou sua maioria consumista, poderia ficar contente. Porque isso significa que os movimentos dos jovens chamados rolezinhos não acreditam que um outro mundo seja possível. O problema é que a inclusão pelo consumo tem um alcance limitado, chega uma hora em que você tem de produzir e não só consumir, e a produção requer hoje competências cada vez maiores, que se chamam educação, cultura, ciência. O engraçado é que também elas podem dar (algum) prazer, mas nossa sociedade, independentemente da classe social, não sabe disso. Prefere o shopping.

Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo.

Fonte: Valor Econômico

Ricardo Noblat: O que o PT fala do PT

“Temos o melhor Congresso que o dinheiro poderia comprar” – Eduardo Homem, no Twitter

É a primeira vez que um dirigente do PT, ocupando cargo no governo, compartilha com o distinto público suas críticas ao partido e também ao governo. A arrogância tem sido a marca forte do PT desde que chegou com Lula ao poder federal em 2002.O escândalo do mensalão abalou, sim, a blindagem do partido. A proximidade de eleições gerais e as incertezas da economia aconselham que ele banque o humilde.

Na última sexta-feira, em Porto Alegre, durante palestra no Fórum Social Temático, o secretário-geral da presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, disse que o modelo responsável por levar o PT ao poder exibe sinais preocupantes de desgaste. É necessário, segundo ele, debater as características de um novo projeto de governo capaz de ir além de temas “como inclusão social e distribuição de renda”.

Nada muito diferente do que pensam nomes de peso do PSDB, o partido que governou o país nos oito anos que antecederam à ascensão do PT. No primeiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, desembrulhou-se o Plano Real, a inflação de mais de 80% ao mês do governo Sarney acabou manietada e a renda distribuída como em ralas ocasiões. A inclusão social começou verdadeiramente ali. Ou ali deu um salto.

“Neste momento, nos damos conta que as conquistas importantes que tivemos estão dadas. Foram importantes, mas absolutamente insuficientes. Tivemos um processo de inclusão social inegável e devemos nos orgulhar disso. Mas temos que reconhecer que foi absolutamente insuficiente”, desabafou Gilberto para uma plateia de esquerda, a maior parte dela do PT, que não gostou nem um pouco do que ouviu.

“A corrida veloz para o consumo não foi acompanhada de um grande debate em torno de outros valores”, observou a propósito das manifestações de rua de junho último. “Satisfeita a demanda, a exigência passou a ser por serviços de qualidade”. O governo foi pego de surpresa. Seu sentimento, “de certa dor e incompreensão. (...) Fizemos tanto por essa gente e ela agora se levanta contra nós”? A oposição concorda.

Gilberto é devoto de Lula desde que se aproximou dele nos anos 80. Lula, então, era um líder sindical. Fundaria o PT em seguida. Em 2002, Gilberto foi seu chefe de gabinete na campanha para presidente. Uma vez no governo na condição de assessor direto e conselheiro, suportou seus palavrões e maus modos. Continua suportando. Viu Lula deixar companheiros pelo meio do caminho. Sobreviveu.

O que faz ou diz nunca está em desacordo com o que Lula pensa e não diz. Porque não é conveniente que diga. Como outros dirigentes do PT, torce em silêncio pela volta de Lula, este ano ou em 2018. E para que tal ocorra, serve à Dilma sem traí-la. Ela subiria nas tamancas se fosse diferente. Dilma tem fama de dizer palavrões e de destratar com frequência quem trabalha com ela. Merecida fama.

Ao criticar o PT e o governo, Gilberto antecipa parte do discurso da oposição na campanha deste ano com a esperança de esvaziá-lo. Discursos parecidos favorece um governo bem avaliado por mais de 40% da população. Se a oposição pouco ou nada tiver para oferecer de olho no futuro, a eleição será liquidada no primeiro turno. Que vá para o segundo turno como as eleições de 2002, 2006 e 2010. O governo vencerá.

Mais de 60% dos brasileiros querem mudanças, apontou o Datafolha. Fica a pergunta que vale milhões de dólares: Mudanças com Dilma e o PT ou sem eles? Com Lula ou sem ele?

Fonte: O Globo

Luiz Carlos Azedo: Dilma entre dois mundos

Nossa política externa está descolada da conjuntura mundial. Perdeu o consenso interno até mesmo no Itamaraty e, também, o protagonismo político que já foi exercido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva

A agenda de viagem da presidente Dilma Rousseff parece ter sido montada para dar uma no cravo e outra na ferradura. Depois do encontro com a nata do business em Davos, na Suíça, onde discursou para investidores estrangeiros, fez uma escala gastronômica em Lisboa e rumou a Havana, em Cuba. Na volta ao Brasil, ainda fará outra escala política em Caracas, na Venezuela. Reflete uma certa esquizofrenia da nossa política externa, diante do novo rumo da economia mundial, no qual os Estados Unidos lideram a recuperação dos países desenvolvidos, inclusive Europa e Japão; e as economias emergentes estão em desaceleração, como a Rússia e a Índia, com a China.

Tudo isso tem a ver com o discurso de Dilma Rousseff em Davos, na reunião que havia esnobado nos anos anteriores de seu governo. Foi uma espécie de “carta aos estrangeiros” às vésperas da campanha de reeleição, num esforço para ser mais confiável aos investidores internacionais. As trapalhadas do governo na política de concessões do setor de infraestrutura, que patinou três anos; as maquiagens nas contas públicas, que perderam credibilidade; e os números da economia quanto à balança comercial, à inflação e à alta carga tributária, fatores endógenos, afugentaram os investidores estrangeiros.

Isso ocorre no momento em que Estados Unidos, Europa e Japão voltam a oferecer boas oportunidades de negócio. A recepção ao discurso de Dilma em Davos foi positiva, mas o que vai garantir melhor desempenho da economia brasileira não são palavras ao vento. São mais produtividade e mais investimentos, inclusive do governo, que também precisa reduzir a carga tributária, trazer a inflação de volta para a meta de 4,5% e controlar melhor os gastos públicos.

É aí que a viagem de Dilma Rousseff a Cuba e à Venezuela parece esquizofrênica. Os dois países enfrentam grandes dificuldades econômicas por conta dos respectivos modelos políticos. Cuba não consegue se livrar do envelhecido “socialismo real” adotado à imagem e semelhança dos soviéticos, com reformas econômicas que são apenas cosméticas; a Venezuela é prisioneira de um nacional-desenvolvimentismo anacrônico e plutocrático, autodenominado de socialismo bolivariano. É pouco provável que a presidente do Brasil vá aos dois países para reafirmar o que andou falando em Davos. Os encontros com Raúl Castro, quiçá seu irmão Fidel, e Nicolas Maduro terão outro significado: sinalizar à esquerda latino-americana que o rumo do Brasil na política mundial não sofrerá mudança de curso.

Ocorre, porém, que nossa política externa está descolada da conjuntura mundial. Perdeu o consenso interno até mesmo no Itamaraty e, também, o protagonismo político que já foi exercido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo considerando-se a eleição do embaixador Roberto Azevedo para a Secretaria-Geral da Organização Mundial do Comércio, que contou com o empenho pessoal de Dilma, e a recente aprovação pela ONU de medidas para conter a espionagem eletrônica norte-americana, bem-sucedida articulação de Dilma e da chanceler alemã, Angela Merkel.

O Brasil rema contra a maré. É uma opção política e ideológica do Palácio do Planalto, que precisa, porém, de lastro na economia para ser sustentável. A China comunista hoje é a nossa principal parceira comercial, no lugar dos Estados Unidos, mas à custa do sacrifício do nosso parque industrial. Vale a pena? Os chineses são mais pragmáticos. O principal parceiro comercial deles continua sendo os norte-americanos.

Copa e rolezinho
A manifestação de sábado na capital paulista, contra a realização da Copa do Mundo no Brasil, que reuniu cerca de mil pessoas, foi uma espécie de amostra grátis do que pode ocorrer durante o torneio da Fifa, que começa em junho. Houve muita depredação na região central de São Paulo. Após a dispersão do protesto, um pequeno grupo depredou um carro da Guarda Civil. Um fusca pegou fogo ao passar por cima de um colchão incendiado, e a família que estava dentro do veículo foi socorrida por fotógrafos. Um manifestante que resistiu à prisão foi baleado por um policial militar e 127 pessoas foram presas.

O que isso teve a ver com os rolezinhos dos jovens da periferia? Nada, é outra coisa. O protesto foi convocado pelas redes sociais e reuniu black blocs, movimentos sociais e partidos políticos de esquerda radical. Ocorreu em São Paulo e, em menor escala, em mais 11 capitais. Nada impede que adotem o rolezinho como forma de luta e comecem uma espécie de preparação para a Copa do Mundo.

Fonte: Correio Braziliense

José de Souza Martins*: Pobre cidade rica

O antigo eixo das funções civilizatórias da capital se perdeu sem que um novo fosse definido, o que a vem enriquecendo especulativamente e empobrecendo socialmente

O caos que São Paulo aparenta nos dias de hoje não é tão caos assim. Apesar de ser hoje a cidade do desencontro, a própria negação do urbano, nos crescentes e amargos problemas sociais dos moradores de rua, das cracolândias, da violência, dos roubos e assaltos, das manifestações populares destrutivas e ineficazes. Nem a cidade foi sempre desse jeito. A cidade que hoje conhecemos substituiu outra, que começou a nascer aí por 1873, no começo do esplendor do café, uma nova e monumental cidade, coisa de gente grande e sábia. Eurípedes Simões de Paula, professor de História na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, chamou aquele momento de "segunda fundação de São Paulo". E o foi.

Por essa época, a velha cidade colonial de taipa começou a ser demolida. No chamado Triângulo, formado pelas atuais Ruas São Bento, Direita e Quinze de Novembro, no lugar de velhas casas de pau a pique foram edificados altos edifícios de pedra e concreto, ecléticos no estilo, no geral reproduzindo formas arquitetônicas europeias, mas nem por isso alheias a inspirações americanas. Como é o caso do Edifício Sampaio Moreira, de 1924, o primeiro arranha-céu de São Paulo, projeto do arquiteto Cristiano Stockler das Neves. Belo e refinado, ainda orna a Rua Líbero Badaró, sufocado pelas linhas retas de edifícios sem graça da pós-modernidade da terceira fundação de São Paulo, a dos anos 1960. Stockler das Neves projetou e construiu também a terceira, última e monumental Estação Sorocabana, na Praça Júlio Prestes, que hoje abriga a Sala São Paulo.

Esse período de pouco menos de um século foi o da São Paulo concebida como uma Paris tropical. É o período da criação de instituições públicas que revolucionariam nossa mentalidade caipira, as escolas superiores, os institutos de pesquisa, o Instituto de Educação, o Theatro Municipal, em 1911. Não só a cultura erudita nos vinha da Europa, mas uma cultura erudita nativa, nascendo em contraponto com os acordes da viola e as histórias de Pedro Malasartes no marco da Semana de Arte Moderna.

Esse período civilizador foi o único momento civilizado da história urbana de São Paulo, quando a cidade foi de fato cidade. Pouco tempo depois dos fulgurantes festejos comemorativos do quarto centenário de sua fundação, em 25 de janeiro de 1954, explodiu a especulação imobiliária que derrotaria a capital paulista. A pós-modernidade de São Paulo nascia presidida pela lógica do caos, do rentismo especulativo sobrepondo-se ao bem-estar de todos.

Até então, a cidade se desenvolvera. Desde então, a cidade apenas incha, derrotada nas insuficiências. Tudo aqui é insuficiente. Quanto mais metrô se faz, mais insuficiente o metrô fica. Quanto mais hospitais se constroem e se instalam, mais hospitais são necessários. Quanto mais escolas se tem, mais escolas se precisa e menos ensino se consegue. Estamos no reinado de Alice do outro lado do espelho: quanto mais andava, mais distante ficava. Chegamos, finalmente, à lógica dos avessos. Nem o povo é inocente nessa história. Uma cidade que reclama da falta de transporte e queima ônibus todos os dias é uma cidade louca. É melhor chamar o Alienista, de Machado de Assis.

Mas não é só São Paulo. Outras cidades brasileiras tiveram seu momento de esplendor e vivem hoje sua agonia. O caos do Rio de Janeiro, a cidade que já foi maravilhosa e que é hoje a cidade de maravilhas escassas. Até raio cai no Cristo Redentor. Há décadas que o transporte ferroviário em ruínas desafia a paciência dos cariocas, de gente sacrificada no vai e vem cotidiano para o ganho do mal contado pão nosso de cada dia. Os trens ruins e perigosos põem em risco a vida de seus passageiros todo o tempo, com episódios frequentes de terror nos desastres, nas panes, nos bloqueios.

Com muita facilidade e sem muito critério, se fala hoje em cidade e metrópole no Brasil para lamentar o que não temos e o que não somos. Amontoamento de prédios não faz uma cidade. Cidade é um modo de vida em que o redesenho e a racionalização do espaço deve tornar a vida mais fácil, mais simples. Deve agregar qualidade à existência, rapidez, conforto, bem-estar, alegria.

As populações de cidades como São Paulo ainda têm memória de quando chamavam a cidade de cidade e sabiam o que isso queria dizer. Ainda no início dos anos 1960, quando alguém ia da Mooca, do Brás, de Osasco, de Pinheiros, de Santo Amaro para o centro, ia à cidade. Ninguém se atrevia a ir à cidade em mangas de camisa, como se fosse para o trabalho. Homens, de terno e gravata, como se vê em numerosas fotografias da época, feitas na rua. Até os anos 1940, iam também de chapéu. As mulheres punham sua melhor roupa. Até as crianças eram vestidas com os trajes de domingo, trajes de ir à missa.

A cidade estava espacialmente distribuída e dividida em funções, de modo equilibrado. Esse equilíbrio se perdeu. Como dizia o caipira daqui, "cada quá com seu piquá". Tratava-se de separações culturais e de origem. Cidade de imigrantes estrangeiros, sobretudo europeus, os de cada origem acabavam indo viver com os seus e mesmo os seus estavam divididos. Os italianos da Calábria, no Bexiga e em parte na Mooca; os napolitanos, na Mooca; os vênetos, em São Caetano e São Bernardo; os bareses, no Brás. No interior desses nichos de nacionalidade e de cultura havia uma estrutura de classes sociais. Cada um tinha sua burguesia, seu proletariado, sua classe média e seus próprios canais de ascensão social. É claro que havia, também, bairros pobres e bairros ricos, os bairros pobres junto às fábricas, uma anomalia no desenho urbano de São Paulo, o operário praticamente vivendo ao lado de fábricas poluentes e insalubres.

Ir à cidade era a recompensa do propriamente urbano. O centro da cidade é que desempenhava propriamente as funções urbanas, como centro da cultura, da administração pública e dos negócios. De modo que o urbano se realizava diferencialmente no espaço dividido. O centro tinha as funções propriamente monumentais da sociedade, as do poder e do espírito, as funções de superação do cotidiano e de sua rotina de repetições, de reprodução social. Não é estranho, pois, que os habitantes da cidade se referissem ao centro de modo solene.

A crise urbana paulistana começa com o populismo político que se seguiu à queda de Getúlio e ao fim da 2ª Guerra Mundial e se agrava a partir de 1988 com a transferência da periferia para ao centro, a pretexto de popularizá-lo. Daí resultou a periferização do centro, sem que tivesse havido propriamente melhoras na vida da população e melhoras na situação social dos bairros. O eixo das funções civilizatórias da cidade se perdeu, sem que um novo eixo se definisse. Sem que a cidade se reorganizasse em torno do que deveria ser, propriamente, a revolução urbana, a alteração das mediações espaciais para instituir e difundir um novo modo de vida, libertador e emancipador. A cidade vem se tornando especulativamente mais rica e socialmente mais pobre.

*José de Souza Martins é sociólogo, professor emérito da Faculdade de Filosofia da USP e autor, entre outros, de 'A sociologia como aventura' (Contexto).

Fonte: Aliás / O Estado de S. Paulo, 26/1/2014

Paulo Brossard: Amigos do rei

Em dias da semana finda, esta folha estampou notícia que não era ignorada, mas chamou a atenção por seu conteúdo. Tratava-se da taxa dos juros cobrados pela generalidade dos bancos, que chega ao inacreditável, o cartão de crédito e o cheque especial, em regra, envolvendo pessoas de patrimônio modesto. Em se tratando do cartão de crédito, o juro chega a 280% ao ano. Duzentos e oitenta por cento ao ano, por incrível que possa parecer. O cheque especial se aproxima da hipótese anterior, o juro anual chega a 256%.

Alega-se que ambas as modalidades são destinadas a emergências graves e urgentes e ainda pela acentuada inadimplência; sob essa inspiração evangélica, os bancos esquartejam as pessoas que, por esta ou aquela razão, caem em suas malhas, das quais só conseguem escapar, quando conseguem, mediante esforços gigantescos.

(Fora desses dois casos extraordinários, existe outro que merece ser registrado, embora de outro tipo. Se uma pessoa tiver R$ 500 mil em depósito, o banco lhe concede a remuneração anual de 0,9% de juro ou que outro nome tenha. Se ela vier a necessitar de R$ 100 mil e não quiser dispor da soma depositada, preferindo captá-la junto ao mesmo banco, pagará 10% ao mês, um pouco mais. Uma pequena diferença, como se vê...)

Fecho o parêntese e volto ao cartão de crédito e ao cheque especial, ambos de largo curso entre nós. Pois bem, o juro cobrado pelos bancos em geral, uns mais do que outros, vê-se que à luz do sol isto vem ocorrendo e não é de hoje. Ora, juros como esses são insuportáveis porque são impagáveis e são impagáveis porque não há atividade econômica lícita que os suportem; se houver, onde se processam suas milagrosas atividades? Qual o seu CGC ou CPF?

O Banco Central nada faz ou o que faz, em relação aos juros espantosos cobrados e confessados, pois noticiados nos próprios extratos das contas bancárias extraídos pelos bancos aos seus clientes e a ele compete regular os juros? A Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor terá tomado alguma providência? Não faltará quem diga que não é significativa a faixa humana que se serve do veneno da usura bancária, no entanto, não sei se é grande ou não, a meu juízo, basta que exista.

Dir-se-á que ambas as modalidades são facilidades que os bancos oferecem a seus clientes, a partir desse ponto os caminhos se bipartem; se as regras dos contratos forem cumpridas nos prazos e condições estabelecidas, torna-se uma real facilidade, caso contrário, se o cliente cair na malha sinistra da "Medusa bancária", é transformado em presa a vida inteira à mercê de seu insaciável credor, uma vez que esses juros, ou metade que fossem, seriam impagáveis a um pobre mortal.

Não me parece impróprio relembrar que entre as atribuições do Banco Central está a de regular a taxa de juros, como se lê na lei que o criou. A notícia que se tem é que os bancos devem informar ao Banco Central os juros cobrados, que nada fez até hoje da informação privilegiada que possui regularmente. Esse dado torna mais estranha a sua posição, que sabe do que ocorre, mas permanece dormente. Afinal, sabe para quê?

O Ministério Público, que tantas atribuições possui, não estará qualificado para quebrar essa inação granítica?

Nunca antes na história deste país (como gosta de dizer o presidente Luiz Inácio), os bancos ganharam tanto; parece até que eles são amigos do rei.

*Jurista, ministro aposentado do STF

Fonte: Zero Hora (RS)

Diário do Poder – Cláudio Humberto

• Sem acordo, Cabral substitui PT por Solidariedade
Um poço de mágoas em relação ao ex-presidente Lula, a quem acusa de fazer jogo duplo e articular a candidatura de Lindbergh Farias ao governo do Rio, o governador Sérgio Cabral (PMDB) vai se aliar ao Solidariedade, ligado ao presidenciável Aécio Neves (PSDB). Cabral convidou o deputado estadual Pedro Fernandes para a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, hoje comandada pelo PT.

• Mundos e fundos
Em troca de apoio a Fernando Pezão na sua sucessão, Cabral também prometeu ajudar o Solidariedade a eleger dois deputados federais.

• Eis a questão
O Solidariedade está dividido entre apoiar Pezão ou Lindbergh, que oferece a vice à vereadora Rosa Fernandes, mãe de Pedro Fernandes.

• Tô fora
O PT se antecipou e anunciou que deixará nesta terça (28) os 700 cargos e duas secretarias que ocupa no governo de Sérgio Cabral.

• Muito doido
Piada no Twitter com o território “livre de polícia” na Cracolândia: Quando teremos em São Paulo um território livre do prefeito Haddad?

• DF mantém 33 imóveis funcionais para servidor
Com dificuldades para acomodar todos os alunos matriculados na rede pública por falta de escolas, o governo do Distrito Federal mantém há anos 33 imóveis funcionais para abrigar um seleto grupo de servidores, inclusive militares. Só no Setor de Mansões Dom Bosco, área valorizada de Brasília, são oito casas. No bairro vizinho, o Lago Sul, outras duas belas casas. Há também 18 apartamentos na Asa Sul.

• Taxa-gorjeta
Ocupante do imóvel funcional paga mensalmente um milésimo do valor da casa, segundo decreto de 2002, do ex-governador Joaquim Roriz.

• Sortudo
Um dos servidores que conquistou o direito de morar no Setor de Mansões Dom Bosco é assessor técnico de mudas do Jardim Botânico.

• Patrimônio
Casa funcional na QI 11 no Lago Sul está avaliada em R$8,5 milhões. O aluguel de cada uma das 8 casas na SMDB pode chegar a R$18 mil.

• Pagando dívida
A indicação de Arthur Chioro para o Ministério da Saúde é vista no PT como uma compensação de Lula ao prefeito de São Bernardo (SP), Luiz Marinho, a quem o ex-presidente havia prometido apoiar para disputar o governo paulista, e o preteriu em favor de Alexandre Padilha.

• Jericolândia
A cinco meses da Copa, o prefeito Fernando Haddad (PT-SP) criou um problema onde havia outro: bairro da “luz vermelha” do crack no centro da cidade, aberto à curiosidade, ao tráfico e ao horror dos turistas.

• Chama o ladrão
A Secretaria de Segurança de São Paulo proibiu empresas de monitoramento de alarme de ligar para a polícia em caso de invasão. Só o dono ou gerente pode avisar que seu estabelecimento foi roubado. Informando seu nome e CPF.

• Piadistas
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) e o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PMDB), trataram um ao outro por “governador”, para depois caírem na risada. Parecem não acreditar nas próprias piadas.

• Dono do Brasil
Duas das vinte empresas “donas do Brasil”, segundo a revista Forbes, são controladas em parte pelo BNDES, banco de fomento do governo federal. O valor das duas empresas soma R$ 143,3 bilhões.

• Aliança na Bahia
Os senadores José Agripino (RN) e Aécio Neves (PSDB-MG) se reunirão nesta terça (28) para discutir a aliança em torno da candidatura de Paulo Souto (DEM) ao governo da Bahia.

• Que DF?
Eleitos no Distrito Federal, Cristovam Buarque (PDT) e Rodrigo Rollemberg (PSB) posam de “senadores do Brasil”: preferiram não aplicar suas emendas parlamentares no DF, mas em nível nacional.

• Protesto autorizado
Adoradores de mensaleiros emporcalham há meses o estacionamento do Supremo Tribunal Federal, xingando diariamente o ministro Joaquim Barbosa. Ao contrário dos alunos da Gama Filho, que protestavam contra o governo e foram retirados, estes a polícia não são incomoda.

• Pensando bem…
…com a economia derretendo na Argentina e na Venezuela, vem aí a moeda virtual do Mercosul: o “zerocoin”.

Fonte: Diário do Poder