sexta-feira, 23 de agosto de 2013

OPINIÃO DO DIA – Eduardo Campos: renovação

"É melhor você ter [como candidato] alguém que tenha sinergia, identidade com o que está aí hoje na sociedade brasileira, do que você apostar nas velhas alternativas, que me parece, vão ter grandes dificuldades na eleição de 2014.

Todas as vezes em que o Brasil avançou --consolidação da democracia, estabilidade, olhar para a desigualdade-- fez em função de pactos políticos que representavam renovação."

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, ontem, falando aos empresários paulistas na sede do Secovi.

Ministério Público vai questionar importação de médicos cubanos

Para procurador do Trabalho, contrato proposto pelo governo fere lei trabalhista e Constituição

Coordenador de órgão diz que terá que 'interferir'; acordo do Brasil com Cuba teve aval de braço da OMS

Claudia Rolli

SÃO PAULO - A importação de 4.000 médicos cubanos para atuar no interior do país pelo programa Mais Médicos, do governo Dilma Rousseff (PT), será questionada pelo Ministério Público do Trabalho.

O procurador José de Lima Ramos Pereira, que comanda no órgão a Coordenadoria Nacional de Combate às Fraudes nas Relações de Trabalho, disse que a forma de contratação fere a legislação trabalhista e a Constituição.

"O MPT vai ter que interferir, abrir inquérito e chamar o governo para negociar."

O acerto também foi questionado por auditores fiscais do Ministério do Trabalho em São Paulo e pelo presidente da comissão da OAB-SP que trata de assistência médica.

A vinda dos cubanos foi anunciada após a primeira etapa de seleção ter atendido apenas 10,5% das vagas.

Os profissionais de Cuba terão condições diferentes das dos demais estrangeiros --a bolsa de R$ 10 mil por mês paga pelo Brasil não será repassada aos médicos, mas ao governo de Cuba, que fará a distribuição a seu critério.

O governo diz não saber quanto eles vão ganhar, mas que os pagamentos devem ser como os da ilha comunista ou de missões deles ao exterior.

A gestão Dilma diz que, em parcerias entre Cuba e outros países, costuma haver um repasse de 25% a 40% do total --que, no Brasil, significaria de R$ 2.500 a R$ 4.000.

O ministro Alexandre Padilha (Saúde) disse à TV Globo que eles devem receber mais do que os enfermeiros.
O procurador Ramos Pereira afirmou que a contratação é "totalmente irregular", sob pretexto de resolver uma questão relevante (a falta de médicos), "mas que não está caracterizada com a urgência que exige uma situação de calamidade", como epidemia e terremoto. Ele disse que seria preciso concurso público.

"A relação de emprego tem de ser travada diretamente entre empregador e empregado. O governo será empregador na hora de contratar e dirigir esses médicos, mas, na hora de assalariar, a remuneração é feita por Cuba ou por meio de acordos. Isso fere a legislação trabalhista."

Sobre a questão salarial, ele disse ser necessário respeito ao salário mínimo.

O auditor fiscal do Trabalho Renato Bignami, coordenador do programa de erradicação do trabalho escravo em São Paulo, disse temer a "precariedade". "Essa situação criará uma assimetria no mercado de trabalho se os médicos cubanos receberem salários inferiores aos pagos aqui."

Para Bignami, é prematuro, porém, comparar com escravidão, como criticaram integrantes da classe médica. "Não são só os salários aviltantes que são considerados para essa situação. Há fatores como jornadas exaustivas e condições degradantes."

José Cláudio Ribeiro Oliveira, que preside a comissão sobre assistência médica da OAB-SP, disse que foi criada a figura do "intercambista", mas que isso serviria para estudo ou troca de informações. "Se a moda pegar, vamos ter intercambista na lavoura."

Os cubanos atuarão em 701 cidades (que não tiveram interessados na primeira fase), com população de 11 milhões -- 45% em áreas rurais, a maioria no Norte e Nordeste.

O acordo teve aval da Opas (braço da OMS para as Américas). O governo disse não ter sido notificado pelo MPT, mas que a remuneração é referente a uma bolsa.

Fonte: Folha de S. Paulo

Renda de brasileiros sofre quinta queda

Rendimento de trabalhadores tem queda a 5ª queda

Mas desemprego cai em julho para 5,6%; é o primeiro recuo da taxa apurada pelo IBGE no ano

A pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que acompanhou a evolução do emprego em julho comprovou a corrosão do rendimento dos brasileiros. Os dados mostraram que o poder de compra dos trabalhadores caiu 0,9% na passagem de junho para julho, contabilizando a quinta retração consecutiva. O rendimento médio caiu para R$ 1,848,40.

Com evolução na direção oposta, a taxa de desemprego teve seu primeiro recuo no ano, passando de 6% em junho para 5,6% em julho. O patamar é levemente superior ao de julho do ano passado, com taxa de 5,4%.

Em relatório distribuído a clientes, o sócio-diretor da Schvartsman & Associados, Alexandre Schwartsman, avaliou que o desempenho melhor do que o esperado resultou da criação de empregos e não da redução da taxa de participação. Essa é a definição para o grupo de pessoas em idade ativa engajadas no mercado, seja trabalhando ou procurando emprego.

"Ao contrário dos números divulgados sobre a criação de empregos no mercado formal, os dados do IBGE imprimiram um crescimento de 1,7% no emprego em relação a julho de 2012 e 0,7% em relação a junho de 2013", disse Schwartsman, ao comparar os dados do IBGE com os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) . "È muito cedo pa determinar se este é um ponto de virada em termos de emprego, ou simplesmente uma flutuação aleatória dos dados", disse.

As estatísticas do Caged mostraram que foram criados em julho apenas 41.463 postos de trabalho, o menor nível dos últimos dez anos. Os dados do IBGE, diz Schwartsman, sugerem que o mercado de trabalho "está mais forte do que a maioria dos analistas parecia acreditar. Em outras palavras, segundo ele, apesar do fraco desempenho do emprego formal, há um quadro de estabilidade.

Também estável é a posição ia massa de renda real habitual dos ocupados, que somou R$ 43,1 bilhões em julho, mesmo patamar do mês anterior.

O coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azevedo, explica que a correção salarial não tem conseguido compensar as perdas impostas pelos números de inflação mais salgados este ano.

A pesquisa do IBGE mostra ainda que a maior queda no rendimento foi registrada entre os trabalhadores por conta própria, que amargaram uma retração de i,9% na passagem de junho para julho. Já os trabalhadores com carteira assinada tiveram alta de 0,1% na renda, enquanto os sem carteira assinada contabilizaram elevação de 0,5% no período.

Azevedo chama atenção para a desaceleração da taxa de desemprego em São Paulo, região metropolitana que concentra 40% do total da pesquisa. A taxa passou de 6,6% para 5,8% na passagem de junho para julho. Apesar dessa desaceleração em julho, o técnico destaca que o comportamento da taxa em 2013 está muito parecido com o registrado no ano passado. A taxa média de desemprego no acumulado dos sete primeiros meses é de 5,7%, muito próxima a média de 5,8% do apurado entre janeiro a julho.

Caged e IBGE. A metodologia e a abrangência são os fatores que explicam o descompasso entre o resultado da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE e os dados do Caged, que registrou redução no número de postos de trabalho com carteira assinada em julho. O IBGE trabalha apenas com seis regiões metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), enquanto a base do Caged é nacional e mede apenas o emprego com carteira assinada. O IBGE acompanha inclusive o emprego informal. Além disso, o formato da pesquisa também é diferente. O IBGE faz uma sondagem familiar e o Caged utiliza dados fornecidos pelas empresas.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Médicos cubanos: Governo diverge sobre salários

Secretário do Ministério da Saúde diz que médicos receberão o mesmo que em Cuba, mas ministro garante que remuneração é maior.

Governo não se entende sobre salário de cubanos

Ministro e secretário dão declarações divergentes; verba será repassada ao governo de Cuba, que fará os pagamentos

SÃO PAULO e BRASÍLIA - O governo deu ontem informações divergentes sobre o salário que os médicos cubanos vão receber para trabalhar no Brasil pelo programa Mais Médicos. Pela manhã, o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa, disse que os médicos cubanos deverão ganhar o mesmo valor que recebem em Cuba. Médicos cubanos ouvidos pelo GLOBO disseram receber o equivalente a US$ 27 (R$ 60) na ilha.

Mas à noite, em entrevista ao "Jornal Nacional", o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que os cubanos terão um padrão de remuneração superior ao que têm no próprio país.

- Posso te afirmar, ele (o cubano) terá um padrão de remuneração aqui no Brasil, para além do que pode receber na sua família, que é superior aos enfermeiros, aos técnicos de enfermagem, a agentes comunitários de saúde com quem esses médicos vão trabalhar - disse Padilha.

O salário de um profissional de enfermagem na rede pública do SUS pode chegar a R$ 3 mil. Embora o Mais Médicos vá pagar uma bolsa de R$ 10 mil mensais aos profissionais, no caso dos cubanos o salário é repassado ao governo da ilha, que se encarrega de pagar seus médicos.

Segundo Barbosa, 74% dos cubanos deverão trabalhar nas regiões Norte e Nordeste, em locais que não foram escolhidos nem pelos médicos do Mais Médicos.

- Em relação aos cubanos, é um acordo bilateral que o Brasil está procurando fazer com outros ministérios da Saúde, intermediado pela Organização Pan-Americana de Saúde. O governo brasileiro repassa o recurso para a Organização Pan-Americana, que destina ao Ministério da Saúde (de Cuba), que é quem paga os cubanos. Eles vão receber o mesmo valor que recebem em Cuba - disse o secretário, acrescentando não saber o salário pago.

Barbosa negou que os médicos estrangeiros venham trabalhar em regime de semiescravidão.

- Esses médicos estão vindo voluntariamente e receberão R$ 10 mil livres de qualquer imposto, terão a previdência paga pelo ministério e alimentação e moradia paga pelo município. Dificilmente isso se assemelha à escravidão - disse Barbosa, alegando que há 30 mil cubanos trabalhando em outros países.

O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, teve que rebater críticas da oposição. Na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, o deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) acusou o governo de, a exemplo da Venezuela, promover um escambo de médicos cubanos por investimentos brasileiros no Porto de Mariel, em Cuba.

- Não existe escambo, nem jamais passou pela cabeça de qualquer membro do governo a ideia de escambo por acesso a investimentos. São iniciativas que obedecem a lógicas distintas. A atração de médicos para o Brasil tem a ver com uma carência de médicos para regiões carentes, e alias é uma prática a que muitos países recorrem - disse Patriota, ressaltando que não há viés ideológico na escolha.

Os primeiros 400 médicos podem vir de Cuba em aviões da FAB. A chegada está prevista para este fim de semana.

Fonte: O Globo

Médicos querem barrar contratação de cubanos

Instituições representantes de profissionais brasileiros prometem recorrerá Justiça para evitar que o Brasil submeta colegas do país caribenho a condições de trabalho degradantes. Governo nega intenção de explorar mão de obra escrava

Conselho quer barrar contrato de cubanos

Conselho Federal de Medicina pretende questionar os termos de contratação dos profissionais do exterior selecionados para atuar no Programa Mais Médicos. Governo garante que ninguém será submetido a qualquer tipo de trabalho escravo

Julia Chaib, Étore Medeiros

Após o anúncio oficial da contratação de médicos cubanos para trabalhar no país, as entidades de classe já avisaram que recorrerão à Justiça contra a medida. O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) pretendem questionar o salário pago a esses médicos que, se seguir o exemplo de contratos firmados entre Cuba e outros países, deve ser repassado em parte à Ilha. Além disso, eles reclamam das condições em que esses profissionais possivelmente viverão. Termo de conduta do trabalho dos médicos cubanos na Bolívia, de 2006, divulgado pelo CFM e ao qual o Correio teve acesso, traz regras de comportamento bastante rígidas no país, com restrições sobre horários e relacionamentos. Diante de críticas, ontem, o governo reagiu e defendeu a ação ao negar que os cubanos serão submetidos a qualquer espécie de trabalho escravo.

Embora o governo brasileiro afirme não ter detalhes sobre o contrato de Cuba com os médicos da Ilha, as regras às quais eles serão sujeitos no país podem ser semelhantes ao documento que guiava os médicos na Bolívia, em acordo firmado entre os países. O texto divulgado pelo CFM diz que o cubano deveria pedir permissão ao superior caso fosse sair à rua depois das 18h, além de informar para onde ia e com quem. Em caso de relacionamento amoroso com algum “nativo”, o profissional deveria informar imediatamente o chefe. Os médicos também não poderiam fazer empréstimos de dinheiro ou dar informações sobre Cuba. De acordo com as entidades médicas, os cubanos viviam em situação semelhante quando foram para a Venezuela, que também já teve acordo.

Segundo o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Geraldo Ferreira, os médicos recebiam na Venezuela como salário o valor líquido de US$ 300, sendo que US$ 250 ficava com eles, e US$50 com a família, que deveria permanecer em Cuba. Cerca de 80% do salário deles (US$ 1,5 mil, segundo a Fenam) era repassado ao governo cubano. “Situações desse tipo vão contra tratados internacionais, que preveem respeito aos trabalhadores e condenam a mão de obra escrava”, disse. Por isso, Ferreira adiantou que a Fenam questionará o vínculo empregatício dos médicos no Ministério Público do Trabalho.

Críticas
O mesmo deve ser feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). “Levando em conta que esses médicos estarão inscritos nos conselhos regionais, por força da MP, e que a atribuição deles, entre outras, é de zelar pelo exercício ético da profissão, se isso ocorrer (normas de conduta), vamos notificar a Procuradoria-Geral do Trabalho, além de notificar diretamente o governo brasileiro. Confirmadas as práticas, podemos também entrar diretamente na Justiça, como parte legítima nesse caso”, explica o vice-presidente do CFM, Aloísio Tibiriçá.

O convênio com Cuba foi feito por meio de um termo de cooperação com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), que receberá R$ 10 mil por médico e repassará esse valor ao Ministério da Saúde cubano, que pagará os profissionais. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse não saber quanto será repassado aos profissionais. Ontem, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que “não tem por que se pronunciar sobre esse tipo de detalhe do programa”. O advogado-geral da União, Luís Inácio Adams, ressaltou que não vê possibilidade de questionamento ao programa.

No Congresso, a medida também foi criticada. Lideranças do PSDB ameaçam recorrer ao Ministério Público do Trabalho. Segundo balanço do Ministério da Saúde, 3.511 municípios se inscreveram e pediram 15.460 profissionais. A princípio, no total, 1.618 de médicos haviam se inscrito. Entretanto, por problemas de documentação, 231 profissionais formados do exterior dos 522 que concluíram cadastro foram excluídos do programa. Os médicos cubanos que vêm ao Brasil participarão de módulo de treinamento e avaliação por três semanas. No total, 84% têm mais de 16 anos de experiência e a maior parte fez residência em medicina da família. A maioria dos 701 municípios nos quais os médicos serão alocados (68%) apresenta os piores índices de desenvolvimento humano do país (IDH) e tem boa parte da população em área rural.

Fonte: Correio Braziliense

Um julgamento para a história - Ex-tesoureiro do PT tem pedido negado

Por unanimidade, os ministros do Supremo Tribunal Federal rejeitaram os recursos do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares por redução da pena. Os advogados queriam que fosse aplicada uma lei mais branda. O mesmo pedido, ainda não julgado, foi feito pelo ex-ministro José Dirceu

Má notícia para Dirceu

STF rejeita recursos de Delúbio Soares e elimina mais uma possibilidade de redução de pena de ex-ministro

André de Souza, Carolina Brígido

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou ontem por unanimidade o recurso em que o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares tentava reduzir sua pena. A decisão acabou minando mais uma possibilidade de redução da pena do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Isso porque a defesa de Delúbio reclamou da forma como o tribunal calculara a pena por corrupção ativa. A punição foi definida com base em uma lei de novembro de 2003 que tornou mais severa a pena para esse crime. Os advogados de Delúbio queriam que fosse aplicada a lei anterior, mais branda, alegando que o crime ocorreu na vigência da norma antiga. Dirceu apresentou argumento semelhante para tentar reduzir sua pena.

O STF entendeu, no entanto, que a pena foi agravada porque a Corte decidiu que, no caso do crime de corrupção ativa, houve a chamada continuidade delitiva. Ou seja, o crime de corromper nove parlamentares se estendeu ao longo do tempo, de 2003 a 2005. Nesse caso, uma súmula do STF define que a pena mais grave, vigente em 2005, deve ser aplicada.

- Eu entendo que não há qualquer vício a ser sanado. O acórdão condenatório decidiu expressamente, pelo voto de todos os ministros, aplicar a pena da Lei 10.763, de 12 de novembro de 2003. Considerou-se que o embargante, assim como os demais corréus condenados pela prática dos crimes de corrupção ativa, praticou o delito a ele imputado em continuidade delitiva, não somente antes, como também depois da alteração promovida na lei mencionada, que elevou as penas dos crimes de corrupção ativa e de corrupção passiva do mínimo de um ano para dois anos - afirmou o relator, ministro Joaquim Barbosa.

Em comum, as defesas de Delúbio e Dirceu sustentaram ainda que o STF ora apontava que o ex-presidente do PTB José Carlos Martinez morreu em outubro de 2003, ora afirmava que isso aconteceu em dezembro de 2003. Delúbio e Dirceu foram acusados de corromper o delator do mensalão, ex-deputado Roberto Jefferson, depois que ele assumiu a presidência do PTB devido à morte de Martinez. A data correta do falecimento é outubro, portanto, antes da lei mais rigorosa, mas a pena teria sido calculada levando em conta que Martinez faleceu em dezembro, ou seja, quando a lei já era mais severa.

O ministro Ricardo Lewandowski, que já foi revisor do mensalão e frequentemente discorda de Barbosa, reconheceu o erro nas datas, mas entendeu que isso não é suficiente para mudar a pena de Delúbio.

- O acórdão assentou que ele (Delúbio) cometeu esse delito em continuidade delitiva, e que a prática ilícita se deu inclusive após o ano de 2003, estendendo-se para os anos de 2004 e 2005 - disse Lewandowski.

Delúbio também reclamou de outro aspecto da pena por continuidade delitiva. A lei diz que a pena pode aumentar em até dois terços. Durante o julgamento no ano passado, foi usado o critério de que esse aumento seria aplicado nos casos em que o crime se repete seis vezes ou mais, caso de Delúbio, que foi condenado por corromper nove deputados. O mesmo aumento de dois terços foi aplicado a alguns réus condenados por lavagem e evasão, em que o mesmo crime foi cometido mais de 40 vezes. Haveria, assim, desproporcionalidade.

- Está mais que esclarecido no acórdão que o critério usado para elevar a pena, em caso de continuidade delitiva, como no caso do embargante, foi a quantidade dos crimes cometidos. Essa foi uma decisão do plenário nítida e transparente. Depois de longo debate, foram consideradas aplicáveis as frações de aumento definidas nas sessões de julgamento desta Corte - rebateu Barbosa.

Multa a ser paga por Marcos Valério pode acabar sendo reduzida

Além dos embargos de declaração de Delúbio, o STF também julgou ontem os recursos de Enivaldo Quadrado, sócio de uma corretora que serviu de fachada para o recebimento de dinheiro por parte do PP, e de Ramon Hollerbach, sócio de Marcos Valério. O recurso de Valério começou a ser julgado, mas a conclusão foi adiada para a próxima quarta-feira.

O STF abriu brecha para que Valério e seus sócios tenham reduzido o valor da pena de multa. Isso porque, na proclamação do julgamento, no ano passado, foi proclamado em plenário que Valério teria de pagar multa total de R$ 2,72 milhões, um somatório de punições por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele também foi condenado por formação de quadrilha, mas não há pena de multa para esse crime. No acórdão, foi publicado R$ 2,78 milhões. Nos embargos, o operador do mensalão apontou a incongruência e pediu que fosse adotado o valor mais baixo.

Ontem, Barbosa defendeu que a pena fosse de R$ 3,8 milhões porque, durante o julgamento no ano passado, Lewandowski sugeriu o aumento dos valores para Valério, para ficar mais equilibrado em relação a outros réus que cometeram os mesmos crimes. A proposta de Lewandowski foi rejeitada pela maioria dos ministros no ano passado. Vários ministros, como Celso de Mello e Dias Toffoli, ponderaram que o valor da multa não poderia ser aumentado para prejudicar o réu em um recurso proposto pelo próprio condenado. Diante do argumento, Barbosa propôs, então, a diminuição da multa de Hollerbach e Cristiano Paz, sócios de Valério condenados pelas mesmas práticas.

Também na sessão de ontem, Lewandowski propôs um valor menor que todos os outros a ser pago por Valério: R$ 2,71 milhões. Isso porque, nas penas de Valério, havia valores calculados com o dia-multa num parâmetro mais alto, e outras baseadas num parâmetro mais baixo. Agora, ele quis nivelar todas as multas no patamar menor. A definição sobre os valores ficou adiada para a próxima sessão do STF.

Pela primeira vez, acolhido parcialmente o recurso de um réu

Ontem, pela primeira vez, o STF acolheu parcialmente os recursos de um réu. Enivaldo Quadrado, dono de uma corretora usada para lavar dinheiro para o PP, foi condenado a três anos e seis meses. Como teve uma pena inferior a quatro anos, tinha direito a pena alternativa. Mas só agora, após o julgamento dos embargos, ele teve sua pena convertida. Ele terá que pagar 300 salários mínimos, em valores da época, em favor de entidade pública ou privada com destinação social, sem fins lucrativos. Também terá que prestar serviços à comunidade no equivalente a uma hora por dia de condenação, totalizando 1.275 horas.

O tribunal rejeitou os embargos de Ramon Hollerbach, condenado a 29 anos, sete meses e 20 dias por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. O ministro Roberto Barroso acompanhou o voto do relator, mas ressaltou que tem "algum desconforto" com a súmula 711 do STF, que permite aplicar a pena mais grave nos crimes continuados.

- Acompanho Vossa Excelência. Só faço o registro: tenho algum desconforto com a súmula 711, mas não considero que esta seja a oportunidade para essa discussão - disse Barroso.

Até agora, dos 25 condenados no processo do mensalão, 14 tiveram os recursos julgados. Se o ritmo do julgamento for mantido, serão necessárias mais três sessões -ou seja, em 4 de setembro o STF concluiria a análise dos embargos de declaração. Será aberta, então, a fase mais polêmica do julgamento: saber se serão julgados os embargos infringentes, um tipo de recurso capaz de reabrir o processo, com novo exame das provas.

Fonte: O Globo

FHC tenta reduzir tensão entre Serra e Aécio

Ex-presidente admite que prévias são 'naturais', mas busca pacto de convivência entre pré-candidatos no PSDB

Antes de cumprir agenda em São Paulo, senador mineiro recomenda 'sangue frio' a seus aliados

Fábio Zambeli, Natuza Nery

SÃO PAULO e BRASÍLIA - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atuará como "bombeiro" na disputa que começa a ganhar corpo pela candidatura do PSDB ao Palácio do Planalto em 2014.

Ele se reunirá hoje com Aécio Neves, em São Paulo, e pretende se encontrar com o ex-governador José Serra na próxima semana.

Embora reconheça que o senador mineiro dispõe de ampla maioria na estrutura partidária, FHC diz que não há clima para escolha "vertical", via direção executiva nacional, se houver mais de um postulante à vaga, o que pressupõe realização de prévias.

"Acho natural que, havendo mais de um candidato, o PSDB encontre uma alternativa para a escolha que não seja apenas a indicação pela Executiva", disse o ex-presidente à Folha ontem.

Após a eleição de 2012, quando Serra foi derrotado por Fernando Haddad (PT) na corrida pela prefeitura paulistana, FHC se aproximou de Aécio. Reservadamente, dizia que "chegara a vez" do mineiro, que já desejava entrar no páreo em 2010.

Instruiu, desde então, o senador a montar agenda de oposição descolada do universo político tradicional, buscando alianças e apoio em outros segmentos da sociedade civil, como a classe artística, os intelectuais refratários ao PT e o empresariado.

Ante a já expressa disposição de Serra em concorrer à Presidência e submeter-se ao escrutínio dos militantes e dirigentes tucanos, FHC agora atua para arrancar dos dois expoentes da sigla em franco combate um compromisso improvável: havendo prévia, quem perder terá de aceitar o resultado e apoiar o vitorioso.

"Não sei o que Serra fará, mas acredito que, dada sua história, ele tem compromissos com o partido, seja o candidato escolhido ou não."

O temor do ex-presidente é que o cisma tucano, tendo como epicentro os dois maiores colégios eleitorais do país, favoreça o governador Eduardo Campos (PSB-PE).

Em São Paulo, Campos busca acordo com o PSDB, de Geraldo Alckmin, a quem interessa palanque duplo na corrida pela reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.

O mesmo ocorre em Minas, onde a coalizão PSDB-PSB pode lançar Márcio Lacerda, prefeito socialista de Belo Horizonte, ao governo estadual, deixando aecistas integrados aos planos de Campos.

Muita calma

Presidente da legenda, Aécio não quer dar a Serra pretexto para que este migre para o PPS e pediu a seus aliados "sangue frio" no embate verbal com o ex-governador paulista. O prazo para filiação partidária com vistas a 2014 expira no início de outubro.

Forte eleitoralmente em Minas, Estado que governou por dois mandatos consecutivos (2003-2010), mas ainda desconhecido em São Paulo, Aécio visita o interior paulista a partir de hoje em agenda típica de campanha eleitoral.

O senador se reunirá à noite com líderes políticos de Ribeirão Preto. Amanhã, participa da Festa do Peão de Barretos, o maior rodeio do Brasil. Em ambas as cidades, estará acompanhado por dirigentes do PSDB de São Paulo.

Fonte: Folha de S. Paulo

PSDB quer adiar debate sobre prévias no partido

Maioria dos tucanos, especialmente os aecistas, prefere voltar a discutir programa e focar em eventos pelo país

Paulo Celso Pereira, Maria Lima

BRASÍLIA - Após o ex-governador de São Paulo José Serra admitir disputar prévias com o senador mineiro Aécio Neves para a escolha do candidato do PSDB à Presidência da República, a palavra de ordem entre a maioria dos tucanos, em especial os aecistas, é tirar o assunto de pauta e só rediscuti-lo, se for o caso, em outubro. O foco do comando do PSDB neste momento são os eventos país afora que deverão servir de base para o desenvolvimento do programa do partido para 2014, além da filiação de nomes que possam disputar as eleições estaduais. A estratégia de Aécio é não alimentar a polêmica sobre as prévias, que interessa mais ao seu adversário interno, José Serra.

- Já me pronunciei sobre esse assunto (prévias). O PSDB tem hoje uma estratégia nacional, inclusive de comunicação, para nos contrapormos ao que está aí. Nosso trabalho é viajar pelo país, ouvindo todas as regiões, para que possamos nos apresentar como principal alternativa ao governo em 2014. Essa é a prioridade do PSDB - disse Aécio ontem ao GLOBO

Hoje, o mineiro dará o pontapé inicial em sua agenda de viagens nacionais, desembarcando à noite em Ribeirão Preto (SP). De lá, seguirá amanhã de manhã para Barretos, onde participará de eventos públicos e de uma reunião com cerca de 70 prefeitos paulistas do PSDB. A visita ao estado de Serra não é gratuita. Aécio sabe que a obtenção de um bom resultado em São Paulo é fundamental para o confronto com a presidente Dilma Rousseff - que também tem dado prioridade aos eventos no estado. Até dezembro, o tucano deverá ir ao estado três vezes por mês.

A segunda etapa das viagens, que será marcada por cinco grandes encontros regionais, será inaugurada dia 13 de setembro em Curitiba para reunir tucanos do Sul do país. O encontro acontecerá uma semana antes da veiculação do programa gratuito de dez minutos a que o partido terá direito na TV e no rádio. Mais uma vez, Aécio deve ser a principal estrela da propaganda.

A expectativa é que esses encontros tirem o tema das prévias do centro do debate dos tucanos. Flertando com a possibilidade de sair do PSDB, Serra passou na quarta-feira a pedir que fossem estabelecidos critérios para a disputa. Para que o formato dela fosse debatido formalmente até outubro, seria necessário que o próprio Aécio convocasse a Executiva, ou que algum dos integrantes pedisse a reunião.

- Não tem sentido você defender a tese das prévias e, ato contínuo, quando o presidente nacional diz que sempre as defendeu, você começar a adjetivá-las - critica o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), um dos vice-presidentes do PSDB.

Fonte: O Globo

Sem Serra, PPS deve se aliar ao PSB, afirma Freire

Para o partido, porém, prioridade é atrair tucano

Fernando Rodrigues

BRASÍLIA - O presidente nacional do PPS, deputado Roberto Freire, acredita que hoje está em "meio a meio" a chance de receber a filiação de José Serra.

No caso de o ex-governador paulista preferir ficar no PSDB, a saída para o PPS deve ser dar apoio à possível candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB).

À Folha e ao UOL Freire disse que a opção pelo governador de Pernambuco terá de ser submetida à legenda. O dirigente partidário coloca o pernambucano no mesmo nível de Marina Silva (Rede) e Aécio Neves (PSDB).

A prioridade de Freire, entretanto, é contar com Serra na legenda. Se houver a adesão, o PPS torce para o quanto antes, para atrair mais políticos para o projeto.

Mas Serra ainda não teria chance de ser o candidato tucano? "Pelo PSDB ele não será", diz o presidente do PPS, que ironiza a proposta de Aécio sobre uma eleição prévia interna entre os tucanos para decidir quem será o candidato a presidente pela sigla.

"Aécio colocou algo que fica como enganador: prévia depois de esgotado o prazo de filiação. É quase dizendo: Olha, vamos criar aí um mecanismo de impedir você de ter a liberdade de sair do partido'. Depois, passado o prazo, vai sair para quê?".

Fonte: Folha de S. Paulo

Cúpula do PSB reage e acusa Cardoso de olhar apenas para 'o próprio umbigo'

Líderes dizem que o presidente do partido no Rio não ouve a voz das ruas. Ao GLOBO, ele afirmou que Dilma é melhor candidata à Presidência

Para Glauber Braga, Cardoso só está preocupado com seus interesses como prefeito de Duque de Caxias

Maria Lima, Juliana Castro e Silvia Amorim

BRASÍLIA - A cúpula do PSB está furiosa com o presidente do partido do Rio e prefeito de Duque de Caxias, Alexandre Cardoso, que em declarações ao GLOBO reagiu à alternativa da direção nacional de lançar a candidatura do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão ao governo do estado e formar uma frente anti-Cabral. O líder da sigla na Câmara, Beto Albuquerque (RS) — um dos porta-vozes do governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos —, desautorizou Cardoso e disse que sua posição não combina com a do PSB nacional. Já Campos, pré-candidato à Presidência da República, preferiu colocar panos quentes, minimizando as divergências internas, e considerou “natural” a discussão sobre o futuro da legenda nas eleições do próximo ano.

No momento em que o presidente do PSB articula palanques estaduais para fortalecer sua pré-candidatura à Presidência, Cardoso disse que apoia a candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão à sucessão de Sérgio Cabral no Rio e a reeleição da presidente Dilma Rousseff, do PT. No início da semana Eduardo Campos reuniu em Recife os presidentes dos diretórios dos seis maiores colégios eleitorais para pedir agilização na formação das chapas e palanques. Como presidente do diretório do Rio, Alexandre Cardoso não compareceu. Enviou como representante o secretário-geral do partido no Rio, Marcos Vilaça.

— O presidente do PSB do Rio de Janeiro, Alexandre Cardoso, está com os olhos e ouvidos fechados para as ruas, o que é lamentável. Sua posição não combina com o PSB, um partido que sempre se pautou pelo diálogo e pela defesa dos interesses e reivindicações do nosso povo. O PSB carioca não é uma ilha para que se acredite que é possível fazer o que quer, sem sintonia com o povo — respondeu Beto Albuquerque.

Ao tomar conhecimento das declarações de Albuquerque, Cardoso ironizou.

— Então, como PSB está apoiando o (Geraldo) Alckmin em São Paulo? A rua está contra o Alckmin. Acho que o deputado tem que viver mais no Rio — disse. — A liderança política tem que analisar o conjunto, o momento, a perspectiva. É muito difícil uma pessoa de fora do Rio se sentir em condições de analisar o Rio.

Em São Paulo, onde participou de uma palestra para empresários, Campos evitou entrar na polêmica:

— Num partido como o nosso, que tem tradição democrática, estamos acostumados a fazer esse tipo de debate, e a resolver nos fóruns partidários na hora certa (...). Isso vai ter que ter curso lá (Rio) até chegar ao diretório nacional do partido. É natural e salutar que o partido discuta.

O deputado federal Glauber Braga (PSB-RJ) acusou Alexandre Cardoso de só olhar para o próprio umbigo, numa posição “mesquinha” de pensar só nos interesses pontuais, enfraquecendo o projeto nacional do PSB.

— A posição do Alexandre não é ideológica de direita nem de esquerda. É de centro do próprio umbigo. Enquanto o PSB está procurando olhar o movimento das ruas, ele continua com os olhos pregados no seu umbigo. Só está pensando nos seus interesses mesquinhos, de liberação de recursos para a prefeitura de Duque de Caxias — criticou Glauber Braga.

Cardoso afirmou que Braga está com sentimento de quem perdeu a eleição. A mãe do deputado, Saudade Braga, foi derrotada no pleito em Nova Friburgo por Rogério Cabral (PSD), apoiado pelo candidato do governador Sérgio Cabral.

— A gente tem que entender que as pessoas perdem a eleição ficam muito magoadas, e os vencedores têm que entender a mágoa dos perdedores — declarou Cardoso, que venceu a disputa pela Prefeitura de Duque de Caxias no ano passado.

O prefeito de Petrópolis, Rubens Bomtempo, discordou de Cardoso e defendeu o nome de Temporão para a disputa ao governo do Rio:

— Eu acho que nosso partido é o que mais cresce no Brasil e precisa afirmar sua identidade perante o povo brasileiro. Tenho certeza de que o Eduardo (Campos) é a cara do nosso partido. Acho que tem que ter palanque em todos os estados, e o Temporão é um nome qualificado.
Na reunião com Eduardo Campos, em Recife, foi criada uma comissão, formada pelos líderes no Congresso e dirigentes estaduais, para fazer um périplo pelos estados para tentar atrair o máximo de aliados até outubro. A reunião da comissão, no Rio, está marcada para a próxima terça-feira.

Fonte: O Globo

Eduardo Campos vê dificuldades para 'velhas alternativas' em 2014

SÃO PAULO - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), afirmou nesta quinta-feira (22), que as "velhas alternativas vão ter grandes dificuldades" nas eleições de 2014.

O pernambucano é cotado para concorrer ao Planalto contra a atual presidente da República, Dilma Rousseff (PT).

O governador deu a declaração quando falava sobre nomes para concorrer ao governo do Rio de Janeiro. "É melhor você ter [como candidato] alguém que tenha sinergia, identidade com o que está aí hoje na sociedade brasileira, do que você apostar nas velhas alternativas, que me parece, vão ter grandes dificuldades na eleição de 2014."

Depois, questionado se sua condição na disputa nacional se aplicada à reflexão, disse que a ideia valia "para todos os casos de quem representa renovação na política".

Sobre sua candidatura, Campos disse que o PSB "não tem posição tomada nesse tema hoje" e que tem conversado com o ex-presidente Lula sobre o assunto. "Lula saber o que o PSB pensa e sabe o tempo que o PSDB tem para tomar sua decisão. [...] Sobre 14, vamos decidir em 14."

Afirmou ainda que sua preocupação em relação à disputa do ano que vem "vai além dos nomes e dos partidos". "Antes de fazer o debate dos nomes há um debate de conteúdo."

Sobre isso, voltou a falar em renovação. "Todas as vezes em que o Brasil avançou --consolidação da democracia, estabilidade, olhar para a desigualdade-- fez em função de pactos políticos que representavam renovação."

Campos participou de um almoço com executivos e empresários na sede do Secovi, sindicato das empresas da área de habitação, em São Paulo.

Fonte: Folha de S. Paulo

Marina proíbe apoiadores de discutir 'plano B' para 2014

Ex-senadora teme que debate em torno de sua candidatura enfraqueça mobilização pela criação do futuro partido, que busca viabilização na Justiça

Daiene Cardoso

Brasília - Apesar da dificuldade em viabilizar seu novo partido, a Rede Sustentabilidade, a ex-senadora Marina Silva "proibiu" a discussão de um plano B para a sucessão presidencial de 2014 caso não consiga o registro para disputar a eleição. Diante dos problemas para certificar as assinaturas junto à Justiça Eleitoral, Marina quer que os aliados mantenham o foco na nova legenda e não alimentem qualquer discussão que não seja a criação da sigla. Para ela, falar em plano "B" quando o "A" ainda está em curso enfraquece a mobilização da militância. "Quem tem plano B não tem plano A", justificou o deputado Walter Feldman (SP), hoje no PSDB.

De acordo com os apoiadores de Marina, como a proposta do novo partido não é focada no processo eleitoral em si, falar desde já em alternativas para disputar 2014 seria "trair" a orientação da Rede. "A Marina nunca quis discutir um plano B", revelou o deputado Alfredo Sirkis (RJ), ainda filiado ao PV.

Até a última semana, o partido havia conseguido certificar 250 mil assinaturas nos cartórios eleitorais, mas precisa do dobro para formalizar o partido. Desta forma, os aliados vão discutir nesta semana se antecipam o pedido junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) enquanto concluem o processo de certificação dos apoiamentos. Ainda que a situação seja preocupante, os "marineiros" se dizem otimistas e acham que será possível criar o partido até outubro, prazo máximo para que a Rede seja habilitada para disputar as eleições do próximo ano. "Há motivo de preocupação, mas não de desespero", afirmou Sirkis.

Os aliados de Marina alegam que a Rede cumpriu todas os requisitos exigidos pela Justiça Eleitoral, mas reclamam da morosidade e da burocracia de alguns cartórios, como os de São Paulo e do Distrito Federal, que estariam impondo, segundo eles, um "rigor desproporcional' no processo. "Não nos dão os motivos para a rejeição das assinaturas", criticou Feldman.

Segundo o deputado paulista, embora tenha ocorrido uma mobilização no Parlamento para criar uma lei para dificultar a criação da Rede, não há como dizer que os cartórios estariam atuando de forma política para boicotar a nova sigla. "Não há nenhum indício (de boicote)", garantiu Feldman.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Marina quer levar assinaturas ao TSE

Advogado da presidenciável entrará com o pedido de registro da Rede na segunda-feira. Protocolo caminhará paralelo à validação das 192 mil rubricas que ainda faltam

Paulo de Tarso Lyra

O advogado Torquato Jardim, escolhido pela ex-senadora Marina Silva para conduzir a regularização da Rede junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou ontem que entrará na segunda-feira com o pedido de registro do partido no Tribunal. Os articuladores políticos da Rede pretendiam ingressar com a documentação hoje, para adiantar o processo, enquanto os cartórios seguiriam com a validação das assinaturas. Torquato, entretanto, preferiu transferir a ação para a semana que vem, contando que terá até lá as 492 mil rubricas necessárias para garantir o registro.

De acordo com o advogado, até o momento foram validadas aproximadamente 300 mil assinaturas — ainda faltam a conferência de 192 mil. Torquato afirmou que os quase 12 mil voluntários que ajudaram na coleta das rubricas farão vigília na porta dos cartórios na expectativa de que o trabalho seja concluído. “Existem cartórios que estão com as validações paradas há 60 dias”, reclamou. “A partir deste protocolo, haverá tempo de sobra para a regularização da Rede. Processos desse tipo normalmente transcorrem no prazo de um mês”, lembrou Torquato, ex-ministro do TSE.

Ele não se preocupa com as denúncias de irregularidades surgidas nos últimos dias, especialmente em São Paulo — Ourinhos e Mogi Morim. O Ministério Público Eleitoral levantou a suspeita de fraude na coleta das assinaturas e, em alguns municípios paulistanos, a polícia foi chamada para auxiliar nas investigações. “Em todo o processo de coleta de assinaturas, existem algumas que são descartadas por não cumprir determinados parâmetros. Mas a equipe da Rede fez um trabalho criterioso para evitar problemas”, defendeu o advogado.

Um dos políticos que auxiliam o processo de criação da nova legenda, Walter Feldman (PSDB-SP) afirmou que a rejeição de ficha continua alta em São Paulo. “Em todo o estado foram recusadas, até o momento, 10 mil fichas. É um índice de 35%, bem acima dos 20% da média nacional”, protestou. Ele defende que, mesmo que as 492 mil não sejam confirmadas até hoje — em um universo de 650 mil entregues pela Rede nos cartórios —, o partido entre com o pedido de registro no TSE. “O prazo está acabando. Os dois processos caminhariam em paralelo”, explicou.

Feldman nega que haja qualquer ilegalidade na estratégia, caso ela venha, de fato, a ser implementada. “O PSD agiu da mesma maneira e não houve questionamentos jurídicos”. Segundo o ainda deputado tucano, à medida que as assinaturas fossem confirmadas, elas seriam anexadas ao protocolo. “Enquanto isso, o TSE poderia escolher um relator para analisar o nosso pedido e os prazos regimentais começariam a ser contados”, acrescentou.

Alianças
O prazo de 5 de outubro — data máxima para a criação de uma legenda a tempo de disputar as eleições de 2014 — impõe duas pressas aos articuladores da Rede. Além de criar o partido, os aliados da ex-senadora Marina Silva ainda precisam negociar as filiações e discutir possíveis alianças estaduais. Até o momento, apenas três deputados federais manifestaram o interesse de ingressar no novo partido: Walter Feldman (PSDB-SP), Alfredo Sirkis (PV-RJ) e Domingos Dutra (PT-MA).

Fonte: Correio Braziliense

Campos em tom de campanha

Líder do PSB fala com empresários sobre eleição de 2014 e critica de forma cautelosa o governo Dilma Rousseff

André Pires

Eduardo Campos, governador de Pernambuco e possível candidato à presidência em 2014, falou a uma platéia de empresários em São Paulo e recebeu deles adjetivos bastante favoráveis. “Calmo”. “Sereno”, afirmaram . Após quase três horas debate-papo, o líder do PSB garantiu que a presença no evento não era uma ação eleitoral, mas reconheceu que é inevitável o questionamento sobre sua candidatura. “Respondo para os empresários da mesma forma que para vocês (jornalistas).

Sobre 2014, vamos decidir só em 2014 como debate democrático dentro do partido e comas forças políticas que temos afinidade”, afirmou Campos, que apesar de não oficializar seu nome na disputa, já adota o tom de candidato, em suas falas. Sem grande destaque nas pesquisas eleitorais feitas até o momento, o governador garante não estar preocupado com a possibilidade de perder força política caso saia fracassado das urnas. “Mais importante do que minha pessoa é saber qual o país que vai estar em disputa”, destaca. E, com as manifestações populares pautando a discussão política e pedindo renovação política, Campos aponta a necessidade de mudanças

No Executivo. “É melhor ousar e colocar alguém que tenha identidade como que está aí na sociedade brasileira do que apostar nas velhas alternativas que me parecem ter grande dificuldade em 2014”, alfineta. O discurso de Campos pode ser classificado como uma oposição sutil ao governo Dilma Rousseff. Por fazer parte da base governista, que teve participação mais intensa na gestão de Lula, ele faz críticas veladas à antecipação do debate político e aos rumos econômicos do país. “O Brasil precisa pensar além da próxima eleição, tem que pensar na próxima geração. Pensar em uma reforma que nos garanta espaço para crescimento com distribuição de renda e melhoria do padrão de produtividade”, critica.

Na opinião de Campos, o Brasil precisa repensar sua agenda para fazer frente à crise mundial. Faltando apenas quatro meses para o fim de 2013, ele considera que os resultados econômicos não serão positivos no fechamento do ano, mas que é preciso unir forças para evitar que o próximo presidente encontre um país ainda com estrutura para crescer. “Não deveríamos pautar eleição neste ano porque era preciso garantir um ambiente de convergência para fazer o ano ser positivo. Não será um ano de êxitos no ponto de vista econômico e de conquistas. Todos temos que ser responsáveis e ajudar para não perder o ano”, diz. Aliado e amigo do ex-presidente Lula, Campos confirma que tem conversado com o petista. “Quando ele vê a necessidade de falar comigo, falamos.

Quando eu também vejo, eu o procuro. Falei com ele esses dias”, revelou. Estas conversas como líder petista e a posição de alguns aliados dentro do PSB, de declararem apoio à reeleição de Dilma podem ser um sinal de recuo de Campos, prevendo um embate mais tranquilo em 2018. Surpreendido coma falado governador de Pernambuco, o empresário Romeu Chap Chap, coordenador do Núcleo de Altos Temas (NAT) do Secovi-SP, destacou a boa visão de gestão pública de Campos. “Ele fez vestibular. Foi ministro, governador, chefe de gabinete”, analisou. No entanto, temendo uma falta de maturidade de jovens candidatos, Chap lembrou de Fernando Collor e Jânio Quadros.

Diante disso, disse que o sentimento do empresariado do ramo imobiliário sobre a possível candidatura de Campos é que talvez ainda seja cedo para tentar a presidência. “É um cara preparado, masque estará preparado mesmo daqui a seis anos. É um candidato para 2018.” Além das análises nacionais, Campos destacou a importância do PSB fincar sua força na discussão política de 2014. “Vamos contribuir com ideias”, enfatizou,deixando claro que o partido quer ser protagonista, mesmo se desistir de uma candidatura própria.

Essa posição vale também para os embates eleitorais nos estados. No Rio de Janeiro, onde há uma divisão plural sobre os rumos que o PSB deve tomar na eleição de 2014, o debate promete ser acalourado. Há várias correntes dentro do partido. Uma que defende uma aliança com o PMDB para apoiar a candidatura de Luiz Pezão (PMDB), outra que prefere um acordo com Lindbergh Farias (PT), que teria uma proximidade com prefeitos do partido.

Há ainda aqueles que pensam em uma aproximação com o PDT e outros que sonham com uma candidatura própria, coma liderança de José Gomes Temporão. “Existem várias posições no debate. Não vamos interferir. Tem que ter o tempo de discussão. É natural e salutar. O partido vem crescendo muito. Quando você não tem um bom candidato, pode apoiar um bom candidato de uma legenda com identidade programática parecida”, disse Campos, posicionando-se no centro do debate da eleição de 2014.

Fonte: Brasil Econômico

Campos já avalia que 2013 'não será um ano exitoso'

Passada mais da metade do ano,governador diz que em prego "perde fôlego" e vê quadro político "em mutação"

Beatriz Bulla

O governador de Pernambuco) Eduardo Campos (PSB), disse ontem, após almoçar com empresários em São Paulo, que "2013 não será um ano exitoso" do ponto de vista econômico e que, para a definição política de 2014, "o quadro ainda está em mutação". O governador visitou o Secovi, sindicato da construção civil, no mesmo dia em que a Dilma Rousseff também estava na cidade. Dilma nada falou sobre a disparada do dólar, nem sobre eventuais efeitos dessa alta na economia.

"Com certeza não será um ano exitosodo ponto de vista da economia, das conquistas. Um crescimento de 2%, o emprego está perdendo fôlego", afirmou o governador. Ele afirmou que em 2012 já havia dito que este ano seria desafiador. "Agora que passamos da metade do ano estamos vendo o quanto tem sido duro", acrescentou.

Campos voltou a dizer que não há definição do PSB sobre sua candidatura à Presidência em 2014. Segundo ele, isso é um assunto para o ano que vem. "Sobre 2014 vamos decidir em 2014, com debate democrático no partido e com outras forças políticas. E tomar a decisão na hora certa", disse. O governador disse ter sido perguntado sobre esse mesmo assunto por empresários durante o almoço.

Para ele, o quadro para a disputa presidencial do ano que vem ainda não está dado. Seu entendimento é que, antes de discutir nomes que estarão nas umas, é preciso fazer um debate sobre o que vai ser discutido no ano que vem. "Minha preocupação vai além dos nomes e partidos e como eles vão se posicionar. Qual o País que vai estar em disputa em 2014?", questionou. "O quadro ainda está em mutação. Pode acontecer muita coisa."

Na última pesquisa Datafolha, divulgada na segunda semana de agosto, Campos ainda patinava nos 8% das intenções de voto, faixa na qual já estava antes, durante e depois da onda de protestos de junho em todo o País. No mesmo levantamento, Dilma apareceu com 35%, seguida da ex-senadora Marina Silva, com 26%, e do senador Aécio Neves (PSDB), com 13%.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Os 4 mil médicos cubanos estão flanando por lá? – Alberto Goldman

O governo anuncia a vinda de 4 mil médicos cubanos para trabalhar no Norte e Nordeste do país, sendo que 400 deles devem chegar na próxima semana, cumprir um período de adaptação de três semanas em nossas Universidades e começar a trabalhar no dia 15 de setembro. Irão para as pequenas comunidades nas quais os recém recrutados ( apenas 10% da demanda de cerca de 15 mil ) não se dispuseram a trabalhar. Por cada um deles o governo federal pagará 10 mil reais por mês, hoje um pouco mais de 4 mil dólares, não diretamente, mas através de convênio com a OPAS ( Organização Panamericana de Saúde ) que repassará o dinheiro para o governo cubano que remunerará o medico, ninguém sabe como. As prefeituras dessas pequenas cidades devem bancar a moradia e talvez outros gastos obrigatórios dos médicos.

Não lhes parece uma fantasia, algo fora da realidade? Serão 4 mil médicos de um país cuja população é de cerca de 11 milhões de habitantes, pouco mais de 5 % da nossa população. Cuba pode dispor desses profissionais? O que fazem para que sua falta não seja sentida? Estão flanando pelo território cubano?

Muitas perguntas mais temos a fazer. Vamos a algumas delas:

- Em três semanas esses médicos terão o mínimo conhecimento da língua portuguesa falada nos nossos rincões para se comunicar com o cidadão?

- A remuneração é atrativa para mantê-los no local por alguns anos?

- O que acontecerá com as suas famílias, inclusive filhos, terão condições materiais adequadas para viver?

- Quais os meios humanos e materiais de que disporão para cumprir seu papel? Refiro-me a auxiliares, equipamentos, locais para consulta e internamento, medicamentos.

- Como será acompanhado e avaliado o seu trabalho? Estarão aptos para enfrentar, ao menos, as moléstias mais comuns que afligem aquelas comunidades?

Tudo parece uma aventura, o desespero de um governo que perdeu o pé, perdeu a credibilidade, perdeu a capacidade de enfrentar as situações difíceis que se apresentam.

Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB

Por menos ‘padrão Fifa’ e mais povo nos estádios - Roberto Freire

Quando o Brasil foi anunciado como sede da Copa do Mundo de 2014, o então presidente Lula, que não teve qualquer recato ao se apropriar politicamente da escolha feita pela Fifa, garantiu o estrondoso sucesso do evento que mudaria a história do país. A menos de um ano do início da competição, entretanto, o maior legado deixado ao povo brasileiro é o famigerado “padrão Fifa” nos estádios reformados ou construídos para o campeonato, além dos preços abusivos dos ingressos que transformaram uma paixão nacional em privilégio de parcelas abastadas da sociedade.

Se o torcedor comum quiser comprar um bilhete para a Copa, terá de desembolsar uma quantia que varia entre R$ 30 (preço da meia-entrada mais barata) e R$ 1.980 para tíquetes individuais, e de R$ 594 a R$ 6.700 para pacotes com até sete entradas válidas para jogos de diferentes rodadas do torneio. O jogo de abertura custa o dobro das outras partidas da primeira fase, ou R$ 990 no melhor setor do estádio. O ingresso mais barato para a final sai por R$ 330. A elitização do futebol brasileiro atingiu especialmente o Maracanã, violentado como fim da “geral”, cenário perfeito para o lazer dominical dos brasileiros e uma autêntica expressão cultural de nosso povo.

Além disso, a proporção entre o preço do bilhete mais barato e o salário mínimo vigente registrou uma vertiginosa aceleração nos últimos anos, segundo estudo de Erick Omena, doutorando da Oxford Brookes University, realizado no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR/UFRJ). Em 2003, o torcedor pagava 0,5% da mínima remuneração oficial do país para assistir a um jogo no Maracanã. No tradicional clássico Fla- Flu disputado há algumas semanas, o ingresso mais acessível saiu por R$ 80, o que equivale a 11,79% do atual salário mínimo. No Flamengo x Botafogo, em julho, a entrada “popular” a R$ 100 correspondia a 14,74% do mínimo.

Ao contrário do que pregava Lula, a Copa do Mundo não fez o país avançar. As recentes manifestações populares, nas quais milhões de pessoas exigiram “padrão Fifa” para os serviços públicos, e não para estádios de futebol, tiveram como um dos motes principais a indignação pelos gastos excessivos nas obras para o torneio de 2014.

Em junho, durante a Copa das Confederações, as ruas gritaram contra o dinheiro torrado em arenas que segregam os mais pobres, enquanto não há verba suficiente para hospitais, escolas ou transporte público. O legado de Lula é o “padrão Fifa” em estádios assépticos e sem povo, e não em saúde e educação. O ex-presidente e os dirigentes da CBF haviam prometido que não seria gasto um centavo sequer de dinheiro público para a Copa, mas a competição deve ser a mais cara da história, chegando a R$ 33 bilhões só em despesas governamentais.

Apenas em estádios construídos ou reformados para o torneio, o montante alcança R$ 7 bilhões (ante o valor de R$ 1,1 bilhão projetado em 2007). Ao invés dedar conforto nos estádios também aos mais pobres e por um preço justo, o governo e a Fifa optaram pela elitização. Com os valores abusivos dos ingressos, a população está afastada de sua maior paixão, e os estádios ficaram sem alma, sem vida, sem graça. É preciso devolver o futebol brasileiro ao povo antes que seja tarde demais.

Deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Fonte: Brasil Econômico

Dever ser - Marina Silva

Aconcheguei-me aos meus filhos e chamei os amigos Jane, Treici, Marcelo e Natalia para ver outra vez o filme em que a atriz Barbara Sukowa vive um dos períodos mais significativos na vida da filósofa Hannah Arendt. Numa pequena pausa da agenda intensa, alimento para a mente e o coração.

Para mim, o filme de Margarethe von Trotta é "de ação". Não pelo frenesi típico desse gênero, mas pelo que tem de instigante, pelo alvoroço do pensar que interrompe o automatismo a que somos empurrados cotidianamente. A repetição apenas atende ao querer alheio de si mesmo, do que dizer, fazer e ouvir. É impotente para criar, infalível para estagnar.

O filme impressiona pela fidelidade ao pensamento em ação de Hannah Arendt, que, ao relatar o julgamento do nazista Adolf Eichmann, recusa a comodidade da condenação fácil e escolhe a imprevisível singularidade de um mergulho mais profundo. Denuncia, assim, que a banalização do mal pode esconder-se por trás do que poderíamos chamar de banalização do bem: a repetição sem reflexão do que um sistema autoritário consagra como normal, desejável e bom.

Nas escolhas de Hannah afirmam-se a autenticidade e o irredutível desejo de autoria com os quais uma pessoa consegue situar-se no mundo por sua singularidade, sem limitar-se a atender o que dela se espera em previsíveis demandas.

Ao contrário do individualismo, que atomiza a força integradora das relações, essas pessoas se dispõem à troca na diferença. Não fazem o que querem nem o que os outros querem, mas o que devem fazer. Conhecem o direito, mas conhecem mais ainda o irrenunciável dever contido no direito: de ser o que é, de afirmar o que sua singularidade lhes possibilita que sejam, como o psicanalista francês Alain Didier poeticamente insiste em caracterizar o dever-ser.

É contra essa irreflexão, de atender sem atender-se, essa "descapacidade" de agir sem pensar, que Hannah Arendt se insurge e denuncia como a causa profunda das bestialidades e da banalização do mal. Não por acaso, pagou muito caro por recusar-se a depositar a oferta de seu pensamento sofisticado e generoso no mercado das demandas alheias, sempre ávidas por inquirir, condenar e matar a tudo o que possa rotular de heresia. Tornou-se o que deveria ter sido. Foi capaz de dizer, em seu tempo, o que os ouvidos e mentes deste outro tempo, longínquo futuro, não poderiam ser privados de ouvir.

Hannah nos sussurra a coragem de seguir a nossa consciência sem nos deixar ensurdecer pelos que profetizam a ausência de futuro e nos querem fazer acreditar que a história termina neles. Em "A Condição Humana", expressa sua esperança, nosso legado: "Os homens, ainda que devam morrer, não nasceram para morrer, mas para recomeçar."

Marina Silva, ex-senadora, foi ministra do meio ambiente

Fonte: Folha de S. Paulo

As duas mortes de Martinez - Merval Pereira

Ontem caiu por terra mais um dos factoides que vêm sendo criados desde o início do julgamento do mensalão na tentativa de formar um clima de suspeição sobre as decisões tomadas pelo plenário do STF. Há meses circula pela internet um vídeo, de sessão do ano passado, em que está registrado um erro de fato, ontem levantado pelo ministro Ricardo Lewandowski: a data da morte do então presidente do PTB José Carlos Martinez.

Ocorrida de fato em outubro de 2003, no acórdão a data registrada é dezembro de 2003, de acordo com a informação dada na ocasião pelo relator do processo, Joaquim Barbosa. Durante meses afirmou-se na internet, nos blogs oficiais e oficialistas que lutam desesperadamente para evitar que o ex-ministro José Dirceu e seus companheiros vão para a prisão fechada, que Barbosa cometera o erro propositalmente, para assim poder agravar as penas de corrupção ativa e passiva dos réus.

Com base nesse pressuposto, a defesa de Bispo Rodrigues, do PL, pediu a revisão de sua pena, e as defesas de José Dirceu e Delúbio Soares uniram-se a ele para fazer o mesmo, apoiadas na tese que o ministro Lewandowski defendia de que o deputado do PL cometera o crime antes da edição do novo Código Penal, que agravou as penas para crimes de corrupção ativa e passiva.

O assunto já fora resolvido na véspera, quando o plenário do Supremo confirmara a condenação de Rodrigues pelo recebimento da propina, ocorrido em dezembro de 2003, já, portanto, na vigência da lei mais dura. Ontem, o pleito de Delúbio Soares foi a julgamento, e coube a ninguém menos que Lewandowski admitir o óbvio: o erro material em nada interferiria na pena dos condenados como Delúbio, pois tanto ele quanto Dirceu foram condenados por uma série de crimes que, iniciados antes da morte de Martinez, continuaram sendo praticados, até 2005, quando o então deputado federal Roberto Jefferson denunciou o esquema.

Assim, condenados por continuidade delitiva, receberam a pena mais dura segundo a jurisprudência do STF registrada na súmula 711. No mesmo vídeo em que está registrado o erro de fato do ministro Joaquim Barbosa, definindo a data da morte como dezembro de 2003, aparece o ministro Marco Aurélio Mello querendo se certificar da data, dizendo que ela é importante para definir quando começou o esquema.

Ele queria certamente definir que os crimes de corrupção começaram quando combinado o acordo entre PTB, PL e PT. No decorrer do julgamento, porém, essa data perdeu a importância, pois a maioria dos condenados continuou cometendo os crimes depois dos acordos partidários, caracterizando uma "continuidade delitiva", cuja pena é determinada pela última ocasião em que o crime foi cometido, e não pela primeira.

Casos como o de Bispo Rodrigues, condenado por apenas um crime de corrupção passiva, são definidos pela data em que receberam o dinheiro. O ministro Marco Aurélio, com seu humor característico, ainda encontrou uma brecha para brincar, dizendo que, "como ninguém morre duas vezes", seria importante corrigir o acórdão.

Mesmo que a data não tenha a menor importância, é evidente que o acórdão tem de ser corrigido para que não registre uma informação errada. Como se vê, o que foi considerado "um erro crasso" que poderia provocar uma reviravolta no julgamento do mensalão, livrando da cadeia em regime fechado os petistas mais ilustres, acabou sendo apenas um fato curioso, sem a menor importância para a definição do que quer que seja.

Mesmo que os embargos infringentes venham a ser aceitos pelo Supremo, o que parece improvável a esta altura do julgamento, a data da morte de José Carlos Martinez não terá qualquer serventia para os que querem livrar os petistas da cadeia, pois somente seriam revistos os crimes de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

O julgamento dos embargos de declaração tem sido marcado pela rapidez da revisão e pela manutenção do acórdão. Tudo indica que essa será a tendência do Supremo Tribunal Federal até o final, previsto para a primeira semana de setembro.

Fonte: O Globo

Bons de bico - Dora Kramer

Quando o PSDB elegeu o senador Aécio Neves presidente do partido, em maio último, automaticamente consolidou seu nome para concorrer à Presidência da República em 2014. Os tucanos não queriam dar mais espaço às tergiversações e aos vaivéns que marcam suas decisões sobre candidaturas presidenciais há mais de dez anos.

O próprio Aécio já havia dado ao assunto atestado de questão vencida, ao declarar que sua eleição significava a virada da página das divisões e disputas internas no partido. Portanto, não há que se falar em prévias para escolha da candidatura presidencial sem se atentar para a evidência de que se trata de uma fabulação em tomo de um fato consumado.

O partido abre um debate a respeito de algo decidido; de onde, não há remota possibilidade de ocorrer uma disputa na acepção do termo. Então, qual a utilidade de tudo isso? Pelo jeito, só para ganhar tempo e espaço no noticiário, conquanto tal atitude não preste as devidas homenagens ao discernimento do respeitável público de um filme visto e revisto.

Essa história de prévias surgiu a partir da disposição cada vez mais clara do ex-governador José Serra de se candidatar em 2014 - preferencialmente à Presidência. Seus aliados resistem a deixar o PSDB e ele, por sua vez, mede o efeito da saída sobre esse grupo.

Diante do falatório, o senador Aécio resolveu rebater dizendo que aceita as prévias e Serra devolveu a bola afirmando que tudo bem, mas quer conhecer as regras sobre a abrangência de participação, prazos, condições de igualdade na competição e saber qual a "taxa democrática" da disputa.

O jogo de cena agride a lógica. Primeiro, não existe a hipótese de resultado que não a vitória de Aécio. E depois Serra fala de exigências que sabe muito bem que não vão e não podem ser cumpridas. Exemplo: como se mede a "taxa democrática"?

Falam por falar. Os tucanos não querem que Serra saia. Por menos chance que ele tenha devido à alta rejeição nas pesquisas e às dificuldades de alianças e financiamento numa campanha pelo PPS que negocia a filiação com ele, dividiria o eleitorado no mesmo campo e reduziria as chances do PSDB de estar no segundo turno.

A preliminar é: Serra quer mesmo ser candidato a presidente? Na interpretação de tucanos, a declaração dada por ele em Brasília na última quarta-feira admitindo a possibilidade é um sinal de que está iniciando os preparativos para sair do partido. Justamente porque tem perfeita noção da impossibilidade de ser candidato pelo PSDB.

Poderia ficar e disputar o Senado? Poderia, mas não há garantia de nada. Aliás, nada está garantido, saindo ou ficando. Trata-se agora de avaliar qual a decisão menos prejudicial.

De um lado, seus (ainda) companheiros de partido tentam convencê-lo de que é melhor ficar. A dúvida é: melhor para quem, para ele ou para eles?

De outro lado, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire, repete nas conversas com Serra que a insegurança é geral. "Não se dizia que a reeleição de Dilma Rousseff estaria assegurada? Hoje esta é uma possibilidade, mas não é uma certeza como já foi", argumenta.

Embora admita que existam muitas críticas em relação ao (ainda) tucano, Freire percebe reconhecimento aos atributos dele como gestor. "Num quadro de crise econômica, o eleitor vai levar em conta a capacidade dos candidatos de enfrentar situações difíceis e este é um ativo inegável de Serra."

As tratativas com o PPS estão avançadas, embora não concluídas. O limite para a decisão, em tese, é o dia 5 de outubro. Na prática, porém, o prazo legal não é o mesmo que o prazo político.

Se resolver mesmo trocar de partido, mas deixar para anunciar a decisão na última hora, José Serra não terá tempo para articular adesões reduzindo a densidade política de sua filiação ao PPS para ser candidato a presidente.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Jabuticaba no banco dos réus - Eliane Cantanhêde

Se já há um grande condenado na segunda fase do julgamento do mensalão é o festival de recursos no Brasil. Atenção: a condenação não é ao princípio, que é questão de justiça, mas ao abuso.

Ao se manifestar contra os embargos infringentes, que podem recomeçar partes importantes do julgamento praticamente do zero, o ministro Gilmar Mendes lembrou que não há precedentes desse tipo de embargo nem no próprio STF, nem no STJ nem nos outros tribunais, o que tornaria esse recurso "mais uma jabuticaba" --ou seja, algo tipicamente brasileiro.

Na avaliação dos contrários a esses embargos, eles são cabíveis como recurso a instâncias superiores, não à mesma instância, com os mesmos ministros, o mesmo número de votos. Só estão sendo aventados por uma brecha burocrática: o regimento do Supremo prevê, mas a lei que rege julgamentos de ações penais em tribunais superiores, não.

Na véspera, o novato Luís Roberto Barroso já tinha dado uma aula ao vivo para milhões de telespectadores, condenando, em tese, "o uso de recursos de maneira manifestamente protelatória" e chamando a atenção para o descompasso do sistema brasileiro de recursos "com as demandas da sociedade".

Sua descrição é estonteante: há o recurso extraordinário, o tribunal nega; vem o agravo de instrumento, o relator desprovê; saca-se o agravo contra o desprovimento, depois entra-se com o embargo de declaração e, não raro, com um segundo embargo de declaração, que é, mais ou menos, o embargo do embargo.

"Essa praxe recorrente não é boa para a advocacia, não é boa para a sociedade nem para as partes", disse o novo ministro, defendendo dar um basta: "Verificado o caráter protelatório, declara-se o trâmite em julgado". E ponto final.

É assim, ou mudando a lei, que se pode tentar evitar a já rotineira eternização dos processos. Bem... quando o réu é rico e famoso.

Fonte: Folha de S. Paulo

O voto vencido - Maria Cristina Fernandes

O acórdão do mensalão tem 1.336 trechos suprimidos de manifestações de ministros do Supremo Tribunal Federal ao longo de 53 sessões. Dessas, 65% são de autoria do ministro Celso de Mello.

Foi na condição de decano, a quem se reconhece autoridade para serenar conflitos, que Celso de Mello, desde a véspera, dedicou-se a obter uma retratação do presidente da Casa, Joaquim Barbosa. Mas foi também na condição de quem mais zelou para que impropriedades proferidas durante o julgamento fossem excluídas do registro oficial da história, que Celso de Mello, tentou chamar Barbosa à razão.

Ao dizer que jamais deveria ter sido necessário aquele lapidar sermão, o ministro decano deixava claro, de partida, que aquele pronunciamento seria desnecessário se Barbosa tivesse se retratado da acusação contra Ricardo Lewandowski.

Celso de Mello remeteu-se a outro discurso, feito há 12 anos, quando saudou a posse de Marco Aurélio Mello na presidência da Casa. Naquele dia, evocou dois magistrados, um do STF e outro da Corte Suprema dos Estados Unidos, para homenagear os votos vencidos.

O primeiro foi Joaquim de Toledo Piza e Almeida, ministro da turma inaugural do Supremo, de 1890. Integrou o julgamento do habeas corpus apresentado por Rui Barbosa em defesa de 46 parlamentares, generais e intelectuais, entre os quais Olavo Bilac, presos e desterrados para a Amazônia. No habeas corpus, o primeiro da história brasileira, aquele Barbosa atacava o estado de sítio decretado por Floriano Peixoto, seu colega no gabinete Deodoro da Fonseca: "Nenhuma virtude pode pôr acima da lei o chefe de uma nação republicana".

Piza e Almeida, paulista de Capivari e abolicionista como Rui Barbosa, foi o único dos 11 a votar pelo habeas corpus. Enquanto a maioria do tribunal escudara-se na necessidade de um pronunciamento prévio do Congresso, Piza e Almeida sustentou a tese de que abusos do Executivo estão na jurisdição imediata do Supremo tenha ou não o Congresso se pronunciado sobre as medidas de exceção.

Antes de sair do tribunal, Rui Barbosa beijou-lhe a mão. Dias depois publicaria um artigo em que lhe prestaria homenagem: "Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de Estado, interesse supremo, como quer que te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz covarde".

O outro juiz citado por Celso de Mello foi contemporâneo de Piza e Almeida. Nos 30 anos em que foi ministro da suprema corte americana, Oliver Wendell Holmes Jr, se rebelaria contra a condição de prisioneiro da jurisprudência e passaria à história como um dos juristas mais citados daquela Casa.

Combatente da Guerra Civil americana ao lado dos confederados, Holmes criticava ativistas judiciais à direita e à esquerda. Dizia que tão importante para um juiz quanto conhecer as leis é estudar as motivações de seu tempo e evitar a grandiloquência: "Grandes questões e questões complicadas fazem um péssimo direito. Os grandes julgamentos são chamados de grandes não tanto pela importância que têm em delinear a jurisprudência a ser seguida, mas prioritariamente porque um acidente qualquer provocou um demasiado interesse no caso, apelando para sentimentos que distorcem o julgamento".

O julgamento em que exerceu seu mais famoso voto vencido aconteceu em 1895 quando o dono de uma padaria em Nova York recorreu de uma lei local que proibia mais de 60 horas por semana de trabalho.

Enquanto seus pares advogavam a proteção da 14ª Emenda ao liberalismo econômico, Holmes se contrapôs à maioria dizendo que a Constituição não era guardiã de teorias econômicas sejam quais fossem suas cores ideológicas. Defendia o direito de juízes novaiorquinos impor limites à atividade econômica com base na experiência vivida pela sociedade local.

A Joaquim Toledo Piza e Almeida e Oliver Wendell Holmes Jr. o decano do Supremo ainda acrescentaria Raimundo Faoro no rol dos juristas que louvam o voto vencido como legitimador das decisões judiciais: "É o voto da coragem, de quem não teme ficar só...".

Sobre o vencido da vez, Ricardo Lewandowski, registre-se a ordem que Victor Gabriel Rodriguez, antigo assessor, hoje professor da USP, relata, em livro, ter recebido ("AP 470", de Gustavo Pedrina, org.): "Leia sempre com atenção esses manuscritos, que terão sempre muitas deficiências quanto a requisitos de um habeas corpus ao Supremo Tribunal, mas que foram escritos por alguém em absoluto desespero que não tem quem fale por ele".

Lewandowski deu o caso por encerrado mas o incidente continuou a contrariar Barbosa, especialmente depois que Marco Aurélio Mello, na condição de segundo decano, descalçou as luvas para complementar Celso de Mello: "Censurar posturas diversas daquela que se tem e, a um só tempo, alardear modernidade e pluralidade soa, no mínimo, como hipocrisia. Uma sociedade aberta, tolerante e consciente pressupõe escolhas pautadas nas várias concepções sobre os mesmos fatos".

"Ao trabalho, ministro Toffoli", disse Barbosa, impaciente, em meio a intermináveis desagravos. A disposição de ministros em se alinhar ao lado de Lewandowski não se traduziu, como se previa, em voto de adesão.

Na sessão que originou o imbróglio da chicana, o revisor do mensalão se dissera arrependido de ter votado contra a demanda de Bispo Rodrigues de ter sua condenação por corrupção passiva regida pela lei anterior à atual. A mudança da lei se deu no decorrer do crime pelo qual foi condenado. Vencido por oito de seus colegas, Lewandowski talvez tenha sido um dos derrotados mais desagravados do Supremo.

"A história tem registrado que, nos votos vencidos, reside, algumas vezes, a semente das grandes transformações", disse o decano ao concluir sua fala. O ministro mais zeloso com os anais deixava registrado ali sua intenção de não passar a história como a voz que ignorou tão eloquente voto vencido.

O mais novo magistrado da Casa, Luís Roberto Barroso, que já afirmara ser o mensalão não o maior escândalo de corrupção e, sim, o mais investigado, voltou à carga dizendo que teria se posicionado de forma distinta da maioria em muitas das condenações se estivesse no julgamento desde o início.

Definidos vencedores e vencidos, a disputa dos que julgaram o mensalão é pelo registro que deles fará a história.

Fonte: Valor Econômico