Um dia para celebrar a democracia
O Globo
Ao enfrentar seu teste mais duro — a
tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 —, as instituições resistiram
A primeira e mais evidente lição a extrair do
fatídico 8 de Janeiro de 2023 é que a vigília pela democracia precisa ser
permanente. Os riscos estão sempre à espreita, e não deve haver trégua ante a
ameaça do golpismo. A segunda lição, corroborada pelos acontecimentos
posteriores, é a constatação louvável de que, mesmo enfrentando seu teste mais
duro nas quase quatro décadas desde o fim da ditadura militar, a democracia
brasileira resistiu. É essencial entender por quê. Para evitar que o pior venha
a acontecer de novo e celebrar a vitória da democracia, é preciso conhecer em
detalhes o que deu errado — e o que deu certo.
Naquele dia, num dos episódios mais sombrios da História do Brasil, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes em Brasília em atos de vandalismo sem precedentes. Num primeiro momento, poderia parecer apenas uma manifestação fora de controle em razão da negligência da polícia. Não era. Foi uma tentativa de golpe de Estado, planejada e articulada ao longo dos meses que seguiram a derrota de Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.