quinta-feira, 16 de março de 2017

Opinião do dia – Luiz Werneck Viana

IHU On-Line – Falta análise e sobra opinião?

É uma luta de opinião e elas estão muito partidarizadas. Vamos exemplificar um caso: Por que não se discutem as causas, as origens do impeachment da presidente Dilma? Por que se toma isso de pronto, de imediato como uma conspiração, como um crime de lesa-pátria e como um golpe parlamentar? Por que ninguém analisa as causas verdadeiras desse impeachment, como o processo de tomada de decisões na economia, as políticas públicas, a crise a que se levou a economia do Estado a partir dos critérios através dos quais a coisa foi conduzida? Se isso não é feito, só tem um jeito para essa crítica: derrubar o governo Temer, entendê-lo como adversário e como inimigo; não há nada a ser feito com ele, embora ele esteja implantado na vida institucional brasileira, pelo menos por hora, com um apoio parlamentar como poucas vezes se viu.

Isso vai criando um antagonismo feroz que só vê a saída com a eliminação do outro, em que o outro vira um adversário, um inimigo, e não há autocrítica a ser feita. Uma das poucas críticas que vi na imprensa, e eu registrei isso em um artigo recente no Estado de S. Paulo, foi do senador Humberto Costa (PT), em que ele diz que não gosta do governo Temer, mas que também não gostava do governo Dilma. Eu não estou dizendo que com isso ele joga muita luz sobre os acontecimentos, mas pelo menos faz um registro crítico.

*Luiz Werneck Viana é sociólogo e professor PUC-Rio. Entrevista. IHU On-Line, março, 2017

TSE, governo e Congresso se unem por reforma Sistema eleitoral

Em nota conjunta, Temer, presidentes da Câmara e do Senado e Gilmar Mendes falam em “não apagar passado”

Júnia Gama, Catarina Alen-Castro e Eduardo Barreto - O Globo

-BRASÍLIA- Um dia após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enviar ao Supremo Tribunal Federal a lista com pedidos de abertura de inquéritos contra políticos envolvidos na operação Lava-Jato, ganhou corpo em Brasília ontem o debate sobre a realização de uma Reforma Política. Logo pela manhã, o presidente Michel Temer se reuniu com os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia (DEMRJ) e Eunicio Oliveira (PMDBCE) (ambos com pedido de abertura de inquérito feito pela PGR), e com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, para discutir o assunto.

Ao fim do encontro, os quatro divulgaram uma nota dizendo haver “amplo consenso sobre a necessidade e a urgência de reforma do sistema político-eleitoral brasileiro”.

Ministros do TSE, no entanto, reagiram à tentativa de parlamentares de dar prioridade ao financiamento das campanhas, com a criação de um fundo eleitoral público. As investigações da Lava-Jato mostram que o esquema de corrupção que está sendo desvendado abasteceu políticos e partidos de variados matizes e ideologias, em parte para financiar campanhas eleitorais, mas em diversos casos apenas para enriquecimento ilícito. Para Gilmar Mendes, a discussão sobre financiamento será inócua caso o sistema eleitoral seja mantido.

TSE, governo e Congresso: 'Debate sobre reforma política não busca apagar passado'

Entre os questionamentos do grupo que se reuniu para debater assunto está o da lista aberta em que o eleitor vota direto no candidato

Igor Gadelha e Tânia Monteiro | O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Gilmar Mendes, afirmou nesta desta quarta-feira, 15, que o sistema político eleitoral brasileiro precisa passar por uma reforma "séria" para acabar com as "distorções". Após reunião de mais de uma hora no Palácio do Planalto para tratar sobre o tema, Gilmar, o presidente Michel Temer e os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
emitiram nota em que disseram que o debate para essa reforma não busca "apagar o passado", mas "olhar com resolução para o futuro".

"Estamos na Justiça eleitoral extremamente preocupados com todo esse desenvolvimento e mau desenvolvimento do sistema político eleitoral", afirmou Gilmar na entrevista coletiva. Para ele, uma das questões mais graves a ser enfrentada é a mudança do modelo de financiamento de campanha. Essa discussão, segundo o ministro, não pode ser dissociada de mudança no sistema eleitoral. "Não adianta nada falar-se de criar um sistema público de financiamento, por exemplo, com o sistema que temos hoje de lista aberta. E essa é uma das questões mais graves que temos", afirmou o presidente do TSE.

Gilmar recebe Temer e aliados para costurar acordo em reforma política

Marina Dias, Bruno Boghossian, Pedro Ladeira e Daniela Lima | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Gilmar Mendes, recebeu em sua casa na noite desta quarta-feira (15) o presidente Michel Temer e alguns dos principais políticos da base aliada do governo para costurar um acordo em torno de uma reforma política.

Um dos pontos centrais é um novo modelo de financiamento de campanhas, na esteira do debate da criminalização de doações eleitorais.

O jantar, em uma residência de Gilmar no setor de mansões isoladas em Brasília, foi organizado em homenagem aos 75 anos do senador José Serra (PSDB-SP), que serão completados no domingo (19).

A chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, vitoriosa nas eleições de 2014, é alvo de processo de cassação no TSE, presidido por Mendes.

Além de Temer, estavam entre os presentes o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Agripino Maia (DEM-RN), o ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Mauro Campbell, além de embaixadores e outros convidados.

Cresce pressão por mudança nas eleições

Por Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro | Valor Econômico

BRASÍLIA - A cúpula do Congresso e do Executivo decidiram acabar com as coligações proporcionais já em 2018 caso a proposta de lista fechada não seja aprovada para a próxima eleição nacional. O assunto foi discutido em reuniões ao longo dos últimos dias que culminaram num encontro entre os presidentes da Câmara, do Senado, da República e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ontem para defender a reforma política.

A ideia é diminuir os custos das campanhas e reforçar o peso dos partidos. Na lista fechada, o eleitor vota no partido, que terá um número de vagas no Legislativo proporcional a essa votação e que serão preenchidas de acordo com essa lista pré-ordenada e decidida pela própria legenda. Como a campanha é do partido, e não individualmente de cada candidato, o custo seria menor.

No atual sistema, o eleitor pode votar no partido ou diretamente no candidato. Os votos das legendas e candidatos da coligação se somam para calcular o número de vagas que aquele agrupamento terá direito e elas são preenchidas pelos mais votados diretamente pela população. Cada candidato, portanto, precisa fazer sua campanha pessoal para ter chances.

Debate:Reforma Política | O Estado de S. Paulo

É o momento para o Congresso levar adiante uma reforma política?

José Álvaro Moisés*: Sim

A reforma política é uma urgência no Brasil. O modelo de financiamento de campanhas eleitorais vigente até há pouco alimentou a corrupção, degradou o sistema político e desequilibrou a competição eleitoral. Agora, sob impacto das revelações da Lava Jato, a urgência se atualiza. O momento é adequado para a reforma? Ela não será feita sob a égide do instinto de autodefesa dos citados nas delações?

O risco é evidente. As articulações apressadas dos presidentes da República, do TSE, do Senado e da Câmara, simultâneas ao envio da segunda Lista de Janot ao STF, abrem margem para dúvidas. O problema, contudo, é que não existe momento ideal para a reforma. Sempre haverá forças a querer influenciá-la em defesa de seus interesses. O que importa, portanto, é saber de que reforma se trata, qual a sua natureza. Nesse caso, manter a proibição da influência do poder econômico nas eleições é fundamental.

*DIRETOR DO NÚCLEO DE PESQUISA DE POLÍTICAS PÚBLICAS DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP)

Aldo Fornazieri*: Não
Apesar de o País necessitar de uma reforma política há quase duas décadas, o atual Congresso não tem legitimidade para aprová-la. A sua omissão tem sido sistemática a ponto de obrigar o Judiciário a preencher as lacunas nessa matéria. Neste momento, vários deputados e senadores estão sob o crivo de suspeições, investigações e indiciamentos. Realizar a reforma agora seria, inevitavelmente, contaminá-la pelas injunções de interesses imorais de muitos deputados e senadores.

Há que se considerar que os próprios partidos e demais instituições carecem de legitimidade social. Congresso, partidos e a Presidência da República têm menos de 10% de aprovação popular. Para não deixar feridas sangrando e sequelas que demorarão anos para serem consertadas, o bom senso indica que somente instituições políticas relegitimadas pela soberania popular deveriam adotar decisões estratégicas que terão grande repercussão para o futuro do Brasil.

* PROFESSOR DA FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO (FESPSP)

Milhares protestam contra reforma

Temer: mudanças na Previdência evitarão colapso

Em 23 estados, milhares de manifestantes protestaram contra a reforma da Previdência, em atos organizados por centrais sindicais. Em Brasília, o Ministério da Fazenda foi invadido. O presidente Temer disse que a reforma vai “evitar colapso” no pagamento de aposentadorias. A Justiça Federal suspendeu a campanha publicitária do governo sobre o tema. No Congresso, prazo para apresentação de emendas ao projeto foi reaberto.

A batalha da Previdência

Reforma é alvo de protestos em 23 estados. Justiça proíbe campanha do governo

Marcello Corrêa, Sergio Roxo, Eduardo Barreto e Geralda Doca |O Globo

-RIO, SÃO PAULO E BRASÍLIA- A reforma da Previdência se transformou em batalha. Além das dificuldades no Congresso — com as 146 emendas apresentadas, inclusive por partidos da base aliada —, o texto proposto pelo governo sofre agora resistência nas ruas e nos tribunais. Ontem, milhares de brasileiros se manifestaram contra a proposta em pelo menos 23 estados do país, em atos organizados por centrais sindicais. Enquanto isso, uma decisão da Justiça Federal de Porto Alegre determinou a suspensão da propaganda oficial sobre a necessidade de aprovar as mudanças nas regras da aposentadoria.

Protestos contra a reforma da Previdência tem confrontos no Rio e em SP

- Folha de S. Paulo

Manifestantes se concentram na avenida Paulista nesta quarta (15) para protestar contra o governo Temer e as reformas da Previdência, trabalhista e do ensino médio. O ato faz parte do Dia Nacional de Paralisações e Greves.

Entre os que discursaram no palanque, está o ex-presidente Lula, que fez críticas a Temer e a Henrique Meirelles.

O Metrô de São Paulo opera parcialmente nesta quarta (15) em apoio aos protestos de diversas entidades e sindicatos.

Em Brasília, manifestantes ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores) se reúnem em frente à Catedral Metropolitana, a cerca de um quilômetro do Congresso Nacional em protesto contra a reforma da Previdência.

Até agora, as principais categorias de trabalhadores não aderiu à greve na cidade. Também não são registrados bloqueios. Manifestantes também fizeram uma roda em frente ao Museu Nacional em Brasília.

Por volta das 9h, os manifestantes iniciaram uma marcha a partir da Catedral até a Esplanada dos Ministérios, onde a sede do Ministério da Fazenda foi ocupada mais cedo. A pista do eixo monumental no sentido do Palácio do Planalto foi fechada pela Polícia Militar.

A reforma da Previdência é a principal bandeira do presidente Michel Temer. O governo argumenta que o atual sistema é insustentável no longo prazo, diante do aumento a proporção de idosos na população e diminuição da de jovens, e por isso precisaria de mudanças.

Críticos afirmam que o governo divulga um cenário das contas da Previdência pior do que ele de fato seria, e que as mudanças nas regras propostas na reforma são excessivamente duras.

Golpe foi para acabar com conquistas da classe trabalhadora, diz Lula em SP

Angela Boldrini, Cátia Seabra, Fernanda Perrin | Folha de S. Paulo

SÃO PAULO -Movimentos de esquerda que participaram do ato contra a reforma da Previdência na avenida Paulista nesta quarta (15) aproveitaram o protesto para defender diversas outras bandeiras, desde a saída do presidente Michel Temer à volta de Dilma Rousseff.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou ao final da manifestação, convocada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Sob gritos de "olê, olê, olá, Lula, Lula", ele disse que "está ficando cada vez mais claro que o golpe dado nesse país não foi apenas contra a Dilma, contra os partidos de esquerda", mas também para "acabar com as conquistas da classe trabalhadora ao longo de anos, com a reforma trabalhista e da Previdência".

Do ponto de vista político, Lula partiu para oposição frontal ao Temer. Disse que ele deveria ser diretor de associação comercial. Chamou seu governo ilegítimo duas vezes, disse que lhe falta reconhecimento internacional, que ele não tem coragem de ir à Bolívia. Ele apresentou um "programa de governo" com propostas para crescimento econômico. Encerrou seu discurso de pouco mais de 8 minutos com um "até a vitória".

Temer planeja rebater na TV e nas redes sociais discurso contra reformas

Gustavo Uribe – Folha de S. Paulo

Com protestos e greves pelo país nesta quarta-feira (15), o presidente Michel Temer iniciou estratégia para tentar neutralizar o discurso contrário à reforma Previdenciária e blindar os partidos da base aliada de pressões populares contra a proposta.

Além de endurecer o discurso favorável ao texto original enviado pelo Palácio do Planalto, o governo federal pretende veicular ainda nesta semana campanhas televisivas e nas redes sociais para rebater os discursos de movimentos de esquerda e prepara uma cartilha para municiar deputados e senadores na defesa da iniciativa.

Para manter o presidente informado sobre o quadro geral, o governo peemedebista tem monitorado as movimentações desde a manhã desta quarta-feira (15).

Greves marcam protestos contra reforma

Por Cristiane Agostine, Marcos de Moura e Souza, Marina Falcão, Alessandra Saraiva, Robson Sales, Edna Simão e Cristiane Bonfanti | Valor Econômico

SÃO PAULO, BELO HORIZONTE, RECIFE, RIO E BRASÍLIA - Movimentos organizados comandaram ontem o primeiro grande protesto nacional contra a reforma da Previdência, com paralisações no transporte público, em escolas e agências bancárias e que levou às ruas milhares de manifestantes. Houve atos em 23 capitais, no DF e em grandes cidades de São Paulo e Minas Gerais, com críticas também à reforma trabalhista, à proposta de terceirização e com o pedido de saída do presidente Michel Temer. Na capital paulista, a manifestação contou com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas para a eleição presidencial de 2018.

Em ataques diretos a Temer, Lula afirmou que o pemedebista que acabar com as conquistas da classe trabalhadora, não sabe governar e que poderia ser diretor de uma associação comercial, porque só sabe "vender" o patrimônio público. Em discurso de pouco mais de oito minutos, o petista disse que "está ficando claro que o golpe" contra a ex-presidente Dilma Rousseff foi para "acabar com os direitos" dos trabalhadores. "Embora o governo seja fraco, sem nenhuma representatividade, conseguiu montar uma força política no Congresso que quase nenhum presidente eleito conseguiu e essa força está predestinada a tentar impor goela abaixo uma reforma da aposentadoria que vai praticamente proibir que milhões de brasileiros consigam se aposentar", afirmou, no carro de som. Lula incentivou a população a pressionar Temer e disse que os protestos só vão parar quando o país tiver um presidente eleito democraticamente. Segundo os organizadores, 200 mil pessoas foram ao ato. A Polícia Militar não divulgará estimativas.

Cinco governadores estão na lista de Janot

Outros 22 nomes de políticos incluídos na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foram revelados ontem pelo “Jornal Nacional”, entre eles os de cinco governadores: Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Rio; Fernando Pimentel (PT), de Minas; Beto Richa (PSDB), do Paraná; Renan Filho (PMDB), de Alagoas; e Tião Viana (PT), do Acre. Além deles, estão na lista Marcos Pereira (PRB), ministro da Indústria e Comércio; os senadores Lindberg Farias (PT), Jorge Viana (PT), Marta Suplicy (PMDB) e Lídice da Mata (PSB) e deputados federais. 

À noite, o presidente Temer disse ter determinado à Advocacia-Geral da União que peça ao ministro Edson Fachin, do Supremo, para pôr fim ao sigilo e liberar os nomes de todos os citados. Procuradores identificaram quatro tipos de doações criminosas a políticos: o caixa 2 tradicional, o caixa 1 com dinheiro de propina, o caixa 2 com recursos da corrupção e o caixa 2 para enriquecimento pessoal. Dois delatores da Andrade Gutierrez disseram que Sérgio Cabral recebeu propina pelo caixa 1.

Governadores na mira

Delação atinge Pezão, Pimentel, Renan Filho, Tião Viana, Richa e o ministro Marcos Pereira

- O Globo

-BRASÍLIA- O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu abertura de inquérito contra os governadores do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB); de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT); do Paraná, Beto Richa (PSDB); de Alagoas, Renan Filho (PMDB); e do Acre, Tião Viana (PT). Eles são suspeitos de movimentar recursos recebidos da Odebrecht e não devidamente declarados à Justiça Eleitoral. As informações foram divulgadas ontem pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

Janot solicita inquéritos para dez governadores

Por André Guilherme Vieira, Ricardo Mendonça, Fernando Taquari e Marta Watanabe | Valor Econômico

SÃO PAULO - O procurador-geral da República Rodrigo Janot pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito para investigar supostos fatos ilícitos relacionados a 10 governadores no exercício do mandato, entre os quais Geraldo Alckmin (PSDB-SP), Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ), Fernando Pimentel (PT-MG), Beto Richa (PSDB-PR), Renan Filho (PMDB-AL) e Tião Viana (PT-AC). A informação foi adiantada ontem, pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. Segundo delatores da Odebrecht, esses 10 políticos teriam algum tipo de envolvimento em fatos relacionados a pagamentos em caixa dois para fins de financiamento eleitoral. A reportagem, no entanto, conseguiu confirmar os nomes de seis do total de 10 governadores que estão na nova "Lista do Janot".

Os casos dos governadores nos quais Rodrigo Janot considerou haver indícios suficientes para formalizar investigações constam dos declínios de atribuição de competências (são 211 indícios de irregularidades relacionados a pessoas sem foro no STF), encaminhados na terça-feira ao relator da Operação Lava-Jato na corte, ministro Edson Fachin. Governadores também têm privilégio de foro garantido por lei e só podem ser investigados ou processados no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Analistas defendem fim da contribuição sindical obrigatória

Medida, porém, pode não ser viável por projeto de lei e exige adaptação

Bárbara Nacimento | O Globo

BRASÍLIA - Sindicalistas e especialistas aprovam proposta do relator da reforma trabalhista, deputado Rogério Marinho, pelo fim da contribuição sindical obrigatória. -BRASÍLIA- A decisão do relator da reforma trabalhista, deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), de incluir em seu relatório o fim da obrigatoriedade da contribuição sindical, é vista com bons olhos por sindicalistas e especialistas em relações trabalhistas, embora, para alguns a medida não seja viável por projeto de lei ou da maneira como está sendo conduzida.

Os defensores da medida argumentam que, sem a contribuição obrigatória, deixariam de existir sindicatos que fazem pouco pelos trabalhadores e estão focados apenas em embolsar esses recursos. Este foi o argumento usado por Marinho para justificar a decisão de incluir o item no relatório da reforma. Para o relator, “existem sindicatos pelegos, que não representam a categoria” e que deveriam deixar de existir. Ele afirmou que falta democracia sindical no país e citou que as contribuições somaram, nos últimos cinco anos, R$ 15 bilhões.

União Europeia ganha fôlego com derrota da extrema direita na Holanda

Partido do nacionalista Geert Wilders, considerado favorito, termina disputa com crescimento modesto; atual premiê, Mark Rutte, deve ser reconduzido ao cargo

Andrei Netto | O Estado de S.Paulo

AMSTERDÃ - Na eleição com a maior participação desde 1986 na Holanda, a onda neopopulista foi barrada ontem na Europa. Considerado favorito pelas pesquisas há duas semanas, o líder nacionalista e xenofóbico Geert Wilders, do Partido pela Liberdade (PVV), foi derrotado nas eleições parlamentares, que definirão o chefe de governo.

Mark Rutte, atual primeiro-ministro e líder do Partido Popular Liberal e Democrata (VVD), obteve a maioria dos assentos na Câmara e no Senado e deve ser reconduzido ao poder em uma ampla coalizão. “A Holanda parou o populismo”, disse.

No inicio da madrugada, com 93% dos votos apurados, o partido de Rutte vinha obtendo 33 assentos de 150 disponíveis no Parlamento. A grande disputa era pelo segundo lugar entre três partidos: o PVV de Wilders projetava obter 20 deputados, enquanto o Democrata-Cristão (CDA, de direita) e o Democratas 66 (social-liberal) elegeriam 19 parlamentares cada um.

Paradoxos nacionais - Merval Pereira

- O Globo

Os paradoxos continuam dominando a política brasileira, liderada desde o impeachment da ex-presidente Dilma por uma figura paradoxal como Michel Temer, que detectou na impopularidade a alavanca para agir como estadista no que toca às reformas estruturais do país. Mas, ao mesmo tempo, protege, como bom comandante à moda antiga, um grupo acusado por todos os lados de fisiologismo político.

E, mais paradoxal ainda, é esse grupo político, mais desmoralizado depois da lista de Janot ser divulgada, que dá a base parlamentar para uma possível aprovação da reforma da Previdência, por exemplo. Uma reforma que político algum gostaria de aprovar em tempos normais, em qualquer país do mundo, mas que no Brasil de hoje encontra espaço justamente pela impopularidade do presidente da República e de sua base política no Congresso.

Tarjaram a suruba - José Roberto de Toledo

- O Estado de S. Paulo

Todas as estratégias tucanas e petistas ignoram o desalento do eleitor com a política

Expungir referência a um político em um processo no meio da avalanche de pedidos de investigação da nova lista do Janot é como tarjar mamilos numa suruba. Está todo mundo vendo tudo, com direito a closes proctológicos, mas há quem ache que se salvará apagando as menções a seu nome em um pedaço de papel. Faltou apagar a memória de todos que já haviam conhecido seu conteúdo.

Cobrir palavras de preto não encobre a história que elas contam. Pior: reforça na opinião pública a ideia de que estão a lhe ocultar a verdade. A atitude não é só do expungido. A tentativa de anistiar o caixa 2 e chamar isso de reforma política revela como capos de todos os partidos encaram a Lava Jato. Como se fosse da conta só de quem frequenta a praça dos Três Poderes.

“É nós” de novo - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

Depois da narrativa do golpe, o PT quer consolidar o discurso da perda dos direitos sociais. É uma estratégia para não fazer autocrítica do próprio fracasso

O PT voltou às ruas ontem contra as reformas da Previdência e trabalhista, em manifestações organizadas pelas centrais sindicais e outros movimentos sociais. O ponto alto foi a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no palanque armado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) na Avenida Paulista, no centro de São Paulo, para onde confluíram professores em greve, bancários, metalúrgicos e integrantes do movimento dos sem-teto. No Rio de Janeiro, servidores públicos estaduais com salários em atraso e servidores federais encorparam os protestos na Avenida Presidente Vargas, próximo à Estação Central do Brasil.

As duas reformas estão sendo exploradas pela cúpula do PT como plataformas de lançamento da candidatura do ex-presidente da República às eleições de 2018, num momento em que a Operação Lava-Jato, com as delações premiadas da Odebrecht, jogam na vala comum do escândalo da Petrobras toda a elite política do país. O discurso de que todo mundo usava “caixa dois” ganha foro de verdade absoluta e Lula nada de braçada, fazendo-se de vítima. A impopularidade de Temer e a fraqueza do governo, com cinco ministros já identificados como arrolados nos pedidos de inquérito, fragilizam o Palácio do Planalto na opinião pública.

O principal artífice da reforma da Previdência é o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, que voltou ao governo, apesar de enroladíssimo na Lava-Jato. Seu “estoicismo” ao reassumir o cargo como quem vai para o sacrifício (convalescia de uma cirurgia na próstata) pode estar sendo levado em alta conta no Palácio do Planalto, mas sinaliza para a opinião pública aquilo que é verbalizado pelos sindicalistas que organizam os protestos: os trabalhadores pagarão o pato pelos desmantelos dos políticos.

O terceiro elemento - Míriam Leitão

- O Globo

Os políticos terão que votar a reforma da Previdência no meio de um clima tóxico em que inúmeros parlamentares estão mais preocupados com a própria sobrevivência ameaçada pela lista do Janot. Ontem, outro elemento juntou-se ao cenário: manifestações e greve em vários pontos do país. Tudo isso torna mais difícil a votação de uma reforma que jamais será popular.

Mudar a Previdência no Brasil, e em qualquer país do mundo, é difícil. Fazer isso no meio de uma crise política desta dimensão é ainda pior. Aos políticos brasileiros se pede que votem em um tema indigesto e enquanto estão passando pelo maior teste já imposto ao sistema brasileiro. Muitos desses parlamentares jamais voltarão ao Congresso, outros terão muita dificuldade de se eleger.

No pique da aniversariante – Roberto Dias

- Folha de S. Paulo

"Só tem um jeito de a pessoa não se envolver com a Polícia Federal: se a PF não souber [da ilegalidade] e se a pessoa não se envolver nas denúncias." Era Lula, em 2008, defendendo as investigações.

Os que reclamavam da polícia são os que agora veem abusos na Lava Jato. Fora isso tudo é diferente, a começar por Lula, desta vez ele próprio alvo de investigação. O que mais mudou nos últimos anos foi o peso que a suspeita descarrega nos envolvidos.

Juridicamente, os pedidos de inquérito do procurador-geral são apenas o início do jogo. Cada um deles, se acatado, dará início a uma investigação, que eventualmente se transformará em denúncia, que terá de ser aceita pela Justiça, para só depois, quem sabe, resultar em condenação.

Guia de sobrevivência tem prefácio de Lula - Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico

Lista de Janot reativa importância do 'Posto Ipiranga'

A entrada de Luiz Inácio Lula da Silva nos cenários eleitorais de 2018 enrosca a trama da anistia que se costura em Brasília. No depoimento que prestou à Justiça Federal esta semana em Brasília, o ex-presidente não deixou dúvida de que entrou no jogo com o uniforme de perseguido pelo Judiciário. Some-se a isso a ecumênica lista de Rodrigo Janot, Lula arredonda a tese de que se todos são iguais, foi ele quem fez alguma coisa pelo eleitor.

Antes de colher os destroços da lista, a estratégia do ex-presidente, já delineada nos enfrentamentos entre seus advogados e o juiz Sergio Moro, passa pelo carimbo, na toga, da pecha discriminatória. O ex-presidente deixou o abatimento de lado e colocou uma gravata em tons da bandeira do Brasil para responder "curso primário e técnico" à indagação sobre sua formação escolar. Em seu primeiro depoimento como réu, quando chamou de doutores aqueles que o interrogaram, contou que um juiz soltou gargalhada quando um advogado assim o denominou numa audiência.

Lista da salvação – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

O clube dos delatados teve uma ideia para tentar sobreviver às urnas em 2018. A proposta é adotar o modelo de lista fechada a partir das próximas eleições.

A estratégia foi abraçada pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Eunício Oliveira. Os dois foram acusados por executivos da Odebrecht e deverão responder a inquéritos no Supremo.

No sistema de lista, o eleitor deixa de ter direito a escolher seu deputado ou vereador. Ele passa a votar apenas no partido, e não no candidato. Cabe à direção de cada sigla indicar quem assumirá as cadeiras.

Pena que não é tão fácil - Zeina Latif

- O Estado de S. Paulo

A Selic se reduziu ao longo dos anos conforme o País melhorou seus fundamentos

É justa a preocupação com a taxa de juros básica elevada no Brasil. Ela impacta os cofres públicos em benefício dos mais ricos e desincentiva o investimento produtivo.

Para muitos analistas a taxa de juros estaria no lugar errado e, antes de qualquer reforma fiscal, o governo deveria se livrar deste problema. Se não o faz é porque estaria cedendo a grupos de interesse, notadamente o mercado financeiro.
Ainda que o argumento seduza pela sua simplicidade, ele não condiz com a complexidade do tema.

Milagre ou estagnação - Carlos Alberto Sardenberg

- O Globo

Ninguém se surpreendeu quando Emílio Odebrecht disse que sua empresa fazia caixa 2 desde os tempos de seu pai

De tempos em tempos, o Brasil arranja um encontro com uma incrível combinação de crise política e econômica. Como esta de hoje. Não que o país seja surpreendido. Os problemas a enfrentar exigem urgência, mas, um paradoxo, são velhos de décadas. Simplesmente ficaram por aí, sempre adiados porque, enfim, são difíceis ou incômodos para muita gente.

Caixa 2 eleitoral, por exemplo. Ninguém se surpreendeu quando Emílio Odebrecht disse que sua empresa fazia isso desde os tempos de seu pai.

Mais, ninguém se surpreende quando os políticos de amplo espectro dizem que caixa 2 é uma coisinha de nada, um crimezinho comum. Por que toda essa gritaria? — como, aliás, repetiam os políticos de antigamente.

O alívio do FED - Celso Ming

- O Estado de S. Paulo

No século 13, a ameaça da invasão dos mongóis liderados por Gengis Khan manteve toda a Europa eriçada, à espera do inevitável, que ninguém sabia como seria, um não saber que parecia piorar tudo. Mas eis que, de repente, para alívio geral, os mongóis se retiraram para sua terra de origem, a ameaça sobre os Bálcãs se desvaneceu e não se falou mais em invasão.

Já há pelo menos três anos, o mercado financeiro se eriça diante da expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) intensifique a retirada de circulação da moeda mais importante do mundo e, com isso, puxe os juros em dólares para o alto. Às vésperas de cada reunião do Fed para revisão dos juros, a tensão se redobra para além do justificável. Foi assim também desta vez.

'Lista de Janot' não abala mercado – Vinicius Torres Freire

- Folha de S. Paulo

O dólar caiu, os juros baixaram e a Bovespa subiu no dia seguinte ao da "lista de Janot".

No dia em que a esquerda fez protestos notáveis contra as mudanças na Previdência, na CLT e contra Michel Temer em geral.

Foi coincidência: o motivo maior da alegria veio lá de fora, dos EUA. Mas o povo do mercado e empresários graúdos mantêm o sangue-frio quando analisam os efeitos da Lava Jato na tramitação das "reformas".

Além de frio, otimista. Muitos acham que o governo vai se desmantelar mais um pouco, mas que Temer fica e que os parlamentares não têm alternativa a não ser tocar as "reformas", fugindo ou não da polícia.

Começam os problemas com o teto de gasto - Ribamar Oliveira

- Valor Econômico

Emenda de bancada ficou obrigatória e dificulta corte

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou sua intenção de criar 200 novas funções de confiança (FC). Há informações também de que alguns tribunais da Justiça federal contratarão novos servidores concursados. Atos administrativos como esses seriam corriqueiros se todos os órgãos da União não estivessem submetidos, a partir deste ano, a limites individualizados de gasto, instituídos pela emenda constitucional 95/2016. Seriam normais também se os órgãos não estivessem acima de seus limites.

Por causa dos aumentos salariais que concederam aos seus servidores no ano passado, que superaram 40% em alguns casos, Legislativo, Judiciário e Ministério Público estão acima do teto de gasto para este ano definidos na emenda 95. Isto significa que, em 2017, eles irão gastar mais do que o valor da despesa realizada em 2016, corrigida por 7,2%.

A lista da vergonha – Editorial | O Estado de S. Paulo

É uma notável coleção de figurões do primeiro escalão da República de hoje e de ontem a lista de suspeitos de envolvimento com o esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Não se pode dizer, no entanto, que aquilo que ficou conhecido como a segunda Lista de Janot seja uma surpresa, pelo menos para quem dispõe de um mínimo de informação sobre os recém-completados três anos de trabalho da Operação Lava Jato. Os nomes divulgados já eram conhecidos. Frequentam essa espécie de noticiário policial em que se transformaram as editorias políticas dos meios de comunicação desde que o Partido dos Trabalhadores do impoluto Lula da Silva fez da corrupção na gestão da coisa pública um método para a perpetuação de um projeto de poder. Essa é a verdadeira herança maldita, o grande legado do lulopetismo.

O que significa o núcleo do poder político ser denunciado – Editorial | O Globo

Não se podem esperar definições jurídicas a curto prazo nesses processos, mas os danos em carreiras e biografias são imediatos

Ainda falta muito tempo, devido à extensão do processo como um todo, para algum desfecho nas denúncias encaminhadas na terça-feira ao Supremo pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, com base nas delações dos 78 da cúpula da Odebrecht.

Chegaram ao ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato na Corte, 83 pedidos de abertura de inquérito, envolvendo deputados, senadores e ministros, além de 211 outros casos a serem remetidos a instâncias inferiores, por tratarem de pessoas sem foro especial no STF.

Pelo tamanho da empreiteira, líder do cartel de empresas de engenharia que atuaram de forma criminosa na Petrobras e outras empresas públicas, sem falar nos esquemas de corrupção em 12 países, a segunda lista de Janot tem presenças ilustres, segundo vazamentos.

Além do impacto – Editorial | Folha de S. Paulo

Ostentando, pelo que já se apurou, os nomes dos presidentes do Senado e da Câmara, além de ao menos cinco ministros, dez governadores, dois ex-presidentes e vários senadores, a lista de 83 pedidos de inquérito elaborada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, produz compreensível alarido em Brasília.

Figuras centrais na sustentação do governo Temer, como os ministros peemedebistas Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), são apontados como beneficiários do esquema de propinas da construtora Odebrecht revelado pela Lava Jato.

Ao lado deles aparecem políticos de primeiro plano no cenário pós-impeachment, como os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), José Serra (PSDB-SP), Romero Jucá (PMDB-RR) e Edison Lobão (PMDB-MA).

Fed aumenta juro e desfaz expectativa de aperto rápido – Editorial | Valor Econômico

Após nutrir expectativas de que iria acelerar o ritmo da normalização monetária nos Estados Unidos, o Federal Reserve aumentou ontem a taxa de juros em, 0,25 ponto percentual (para a faixa de 0,75 a 1%) sem indicar qualquer mudança no rumo que já havia traçado em dezembro. Nele, estão previstas três altas para 2017, aposta que Janet Yellen, presidente do banco, reforçou ontem, com um argumento pouco convincente que não houve alterações no cenário com o qual o banco trabalha.

Após orquestrada indicação de Yellen, do vice-presidente Stanley Fisher e mais três membros do Fed, ficou clara a sinalização de que a situação econômica já permitia ao Fed deixar de lado a extrema parcimônia com que atuou até então - uma alta em 2015 e outra em 2016 - e cumprir a promessa dos três aumentos, a começar em março. Por que março, não ficou claro. As projeções dos membros do Fed para o comportamento das principais variáveis (núcleo da inflação, PIB, emprego e taxa de juros) foram praticamente idênticas à anterior, elaborada em dezembro.

Vereis que o poema cresce independente - Jorge de Lima

Vereis que o poema cresce independente
e tirânico. Ó irmãos, banhistas, brisas,
algas e peixes lívidos sem dentes,
veleiros mortos, coisas imprecisas,

coisas neutras de aspecto suficiente
a evocar afogados, Lúcias, Isas,
Celidônias... Parai sombras e gentes!
Que este poema é poema sem balizas.

Mas que venham de vós perplexidades
entre as noites e os dias, entre as vagas
e as pedras, entre o sonho e a verdade, entre...

Qualquer poema é talvez essas metades:
essas indecisões das coisas vagas
que isso tudo lhe nutre sangue e ventre.

De Livro de Sonetos (1949)

Elizeth Cardoso: Naquela mesa