‘Já passou da hora de voltarmos ao
diálogo’, afirma presidente do Senado, apontado como presidenciável em 2022
Marcelo de Moraes, O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA – Em clima de lançamento de
candidatura ao Palácio do Planalto, o presidente do Senado, Rodrigo
Pacheco (MG), assinou nesta quarta, 27, sua ficha de filiação
do PSD. Pacheco afirmou que a definição de um projeto de
candidatura somente será feito em 2022, mas já fez um discurso em tom de
campanha, defendendo a união nacional e o fim da intolerância para que o País
possa retomar seu desenvolvimento.
“Nós hoje vivemos um momento de enorme
preocupação quanto ao futuro da nossa nação e da nossa gente”, afirmou. “Não há
dúvida que estamos atravessando um dos momentos mais difíceis da nossa
história. Esse último biênio nacional foi marcante. Foi tristemente marcante.
Nós temos desafios enormes pela frente que
precisam ser enfrentados e solucionados. O desafio da pandemia e sua cura, o
desafio social e do mercado de trabalho, os desafios na área ambiental, os
desafios da saúde e de uma educação de qualidade, o desafio na produção de
energia e agora também o desafio da fome, um flagelo inaceitável que tem
castigado tantos e tantos brasileiros”, defendeu o senador.
“Hoje, estamos todos cansados e descrentes.
Estamos cansados de viver em meio a tanta incerteza, a tanta incompreensão e
intolerância. Uma sociedade dividida, em que cada um não admite o contrário e
não aceita a existência do outro, nunca irá chegar a lugar algum”, ponderou.
“Já passou da hora de voltarmos ao diálogo,
de retomarmos o diálogo, o desenvolvimento e a paz”, acrescentou.
Se Pacheco preferiu não assumir sua
candidatura, o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, foi direto a
respeito do projeto e ironizou o “segredo” em torno do projeto político.
“Evidentemente, por causa da cautela dos
mineiros, ele não vai aqui reconhecer, até porque vai fazer uma reflexão, mas
em off, reservadamente, o Rodrigo Pacheco vai ser o nosso candidato e será
presidente da República”, afirmou Kassab diante da plateia que compareceu ao
ato em Brasília.
A solenidade foi cercada de simbolismos
políticos ligados ao provável projeto presidencial envolvendo Pacheco. A
cerimônia foi feita no Memorial JK, uma espécie de museu sobre o ex-presidente
Juscelino Kubitscheck e contou com a presença de sua neta Ana Cristina e de seu
marido, o ex-senador Paulo Octávio, que preside o PSD no Distrito Federal. Além
disso, um conjunto de chorinho foi trazido de Diamantina para tocar durante a
solenidade.
Pacheco usou fartamente a associação com
JK, especialmente na defesa da busca de conciliação e de desenvolvimento para o
País. Também buscou citar Tancredo Neves como referência para sua política.
Além de muitos prefeitos mineiros, a
solenidade de filiação de Pacheco teve presença maciça da bancada de senadores,
não se restringindo aos 11 companheiros de bancada de PSD do presidente da
Casa. Representantes de outros partidos prestigiaram sua filiação, como foi o
caso dos senadores Davi Alcolumbre (DEM-AP), Marcos Rogério (DEM-RO), Katia
Abreu (PP-TO), entre outros.