segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Opinião do dia: Luiz Werneck Vianna

No nosso pequeno mundo ainda vicejam em círculos minoritários os ideais autárquicos, nostálgicos do nacional- desenvolvimentismo e de um capitalismo de Estado, que forças políticas, convictas ou não a eles, procuram animar em busca de votos, como se verifica no atual processo eleitoral. Tais círculos que se autodeclaram de esquerda se apresentam como herdeiros do nosso processo de modernização autoritária, que louvam esquecidos de que ele somente foi possível pela repressão exercida sobre os setores subalternos nos centros urbanos, cassando pela lei sua autonomia, e no mundo agrário com a coerção violenta dos movimentos do campesinato e dos seus trabalhadores assalariados. Sobretudo, esquecem que a modernização da economia, na forma por ele realizada, importou no fato de ser o Brasil um dos países mais desiguais do planeta.

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Luiz Werneck Vianna é sociólogo, PUC-Rio. ‘Terra à vista’, O Estado de S. Paulo, 4/8/2018.

Marcus André Melo: Coligações e corrupção

- Folha de S. Paulo

O dinheiro corrompe a política quando as instituições são débeis

"Não conheço melhor sistema para a representação das minorias, nem pior para a constituição de maiorias", escreveu Barbosa Lima Sobrinho em 1952. Seu pessimismo sobre a recém introduzida representação proporcional (RP) era também partilhado por muitos atores influentes.

Em "Lições da Crise" (1955), Hermes Lima, homem forte de Getúlio e ex-ministro do STF, atribuiu à representação proporcional "o espetáculo das maiorias feitas aos pedaços, instáveis, artificiais e onerosas que os presidentes e governadores são compelidos a arranjar nas Câmaras". E apontou para "combinações oportunistas e esdrúxulas que exaurem a vida política num processo contínuo de reajustamentos, compromissos, imposições e cumplicidade. Maiorias débeis vizinhas da corrupção".

Certas características da nossa RP —exemplo o fato que os distritos eleitorais são estados, alguns gigantescos-- exacerbavam os problemas de formação de coalizões e produzia distorções: eleições caras. "Não é por outro motivo que as emendas ao orçamento na Câmara se apresentam aos milhares... Cada deputado necessita de votos no estado inteiro e julga-se no dever de distribuir, por intermédio da lei orçamentária, verbas e auxílios pelo estado inteiro." Mas sabiamente, Lima também anteviu outro problema: o dinheiro corrompia a RP.

Sua conclusão mais contundente contra a RP era que "as condições criadas ou exasperadas pelo proporcionalismo se devem à tremenda influência do dinheiro em nossos derradeiros prélios eleitorais.

Fernando Gabeira: O papel de Sancho Pança

- O Globo

A impressão que tenho é a de que os programas dos candidatos são feitos em compartimentos isolados

Semana dos candidatos à Presidência na TV. Continuo sem resolver alguns pontos sombrios nas minhas previsões sobre o ano que vem.

Por mais que surjam novos nomes, o Congresso deverá ser dominado pelo grupo de sempre. Como realizar algo, superando essa imensa barreira fisiológica?

Os candidatos têm sempre uma visão otimista. O argumento principal é a legitimidade dada pela eleição majoritária. Com ela, acham que podem contornar velhas práticas do toma lá dá cá.

Milhões de votos conferem legitimidade. Mas ela não se apoia apenas em número de votos. Mal conduzidos, os primeiros meses já revelam um declínio na aprovação popular.

Com as regras do jogo definidas pelo próprio Congresso, as eleições parlamentares tendem a confirmar o grande bloco fisiológico.

Isso significa que a própria maioria no Congresso dirá que também tem legitimidade. O encontro de presidente tentando mostrar trabalho e um Congresso sedento de verbas e cargos é a repetição do velho enredo.

*Denis Lerrer Rosenfield: Percepções do novo

- O Estado de S.Paulo

Qual é, então, o sentido das mudanças exigidas pela sociedade?

O novo é percebido de diversas maneiras. Não há um sentido unívoco que seja compreendido pela opinião pública e pelos diferentes atores políticos. Cada um veicula a sua própria noção ao sabor das conveniências e das circunstâncias.

Nos últimos anos e, sobretudo, nos últimos meses fomos tomados pela ideia de que a sociedade brasileira estaria em busca do “novo” na política, sem que haja uma maior precisão a respeito. O que disso mais se aproxima é o desejo generalizado pela moralidade pública. É como se a vida do País se reduzisse à luta contra a corrupção, relegando a segundo plano as questões relativas às reformas de que o Brasil tanto precisa.

Até recentemente, o “novo” foi também identificado à entrada de outsiders na política, como se estivéssemos diante de uma novidade que poderia alterar o rumo das coisas. Alguns saíram, inclusive, com uma boa popularidade inicial em pesquisas de opinião, porém logo abandonaram a seara pública. A política tem agruras, violências e obstáculos que fazem com que mesmo os mais bem-intencionados não resistam ao seu teste inicial.

A questão reside em que medida o anseio social pelo novo se traduz por intenções de voto. Uma coisa é o desejo generalizado por mudanças, outra muito distinta é a sua concretização em escolhas propriamente eleitorais.

Fernando Limongi: Da vida na democracia

- Valor Econômico

A quem interessa maior competição eleitoral?

O PT jogou pesado. O acordo selado com o PSB asfixiou Ciro Gomes. No curto prazo, foi um tento e tanto para a sobrevivência da estratégia traçada por Lula. O PT mexeu as peças e matou no nascedouro quem o poderia suceder. Resta saber se a operação vai render os frutos eleitorais esperados. Tudo depende de Lula transferir votos, algo que não pode se dar como seguro.

O PSB, talvez porque escaldado pelo passo em falso dado em 2014, resolveu não arriscar. Em lugar de usar a associação com Ciro para decolar nacionalmente, preferiu preservar o governo de Pernambuco. Jogou para garantir o certo. Na escolha, sacrificou em praça pública seu candidato ao governo de Minas Gerais, Marcio Lacerda.

O PT, para tirar o espaço em que Ciro poderia crescer, barrou as pretensões de Marilia Arraes, tida e havida como uma liderança emergente, capaz de ameaçar a reeleição de Paulo Câmara ao governo de Pernambuco.

Não se ganham eleições sem sacrifícios e acordos. O crucial para as lideranças é diminuir a incerteza, limitando a competição. Inimizades e conflitos são facilmente esquecidos quando a cooperação facilita a vitória nas urnas.

Sem maiores problemas, os 'golpistas' Eunício Oliveira e Ciro Nogueira foram abrigados nas coligações dos governadores petistas. Todos ganham quando a competição é reduzida e os mandatos são renovados com maior segurança.

Esta foi a essência da estratégia que consagrou Lula: fazer acordos para impedir a entrada de competidores taludos em seu campo. Assim se elegem 'postes'. Ciro, pela segunda vez, foi vítima dessa lógica. Em 2010, o PSB, liderado por Eduardo Campos, fechou-lhe as portas, garantindo que a candidatura Dilma Rousseff não sofresse concorrência. Dessa feita, Ciro bem que tentou cavar seu espaço. Quando o PT sinalizou que ocuparia a esquerda, Ciro moveu-se na direção oposta, buscando aliança com o famigerado 'centrão'. Sem sucesso, foi forçado a dar meia volta e procurar o PSB. Acabou espremido, sem espaço e com pouco tempo de rádio e TV para fincar seu pé na disputa.

Celso Rocha de Barros: Estratégia petista é mais racional do que parece

- Folha de S. Paulo

Pela primeira vez desde 2015 o partido está se movendo intelectualmente

A estratégia do PT de insistir na candidatura de Lula, consagrada na convenção do partido no último sábado (4), é mais racional do que se pensa.

Como Geraldo Alckmin, Lula aposta que essa eleição será decidida do mesmo jeito que as outras: por coalizões partidárias fortes e pelo desempenho da economia.

Geraldo Alckmin apostou na formação de grandes coalizões. Lula aposta que elegerá o próximo presidente pela situação da economia, que, por ser ruim, favorece a oposição.

Ao insistir com Lula, o que o PT promete ao eleitorado é a prosperidade dos anos lulistas, que pretende comparar à desolação dos últimos anos. Nesse ponto, "Lula" virou mesmo uma ideia: a ideia de pobres com mais dinheiro no bolso.

Nesse contexto, a divulgação do programa de governo petista na última sexta-feira adquire especial relevância. Se o que o PT está vendendo é dinheiro no bolso, o que ele propõe para atingir esse resultado?

O programa divulgado é longo, por isso vou me ater a um ponto que me parece particularmente importante no momento atual: a discussão sobre o que fazer para reequilibrar as contas públicas.

Ricardo Noblat: Tchau, Lula, você perdeu!

- Blog do Noblat | Veja

Quem faz aqui, às vezes paga aqui

Deram em nada os esforços do PT para chegar nos trinques às vésperas do início da próxima campanha presidencial. Perdão! Sejamos justos com o PT: deram em nada os esforços de Lula para chegar nos trinques. Porque o PT limitou-se como sempre a obedecer às suas ordens.

Lula entregou-se à polícia convencido de que sua passagem pela prisão seria breve. Quando muito, poderia ser solto antes mesmo das eleições. Se não fosse, preso ficaria em casa, influindo com mais liberdade nos destinos da escolha do sucessor de Temer.

Se nada disso fosse possível, pelo menos no cárcere concederia entrevistas e até gravaria vídeos a irem ao ar nos programas de propaganda eleitoral do candidato a ser abençoado por ele – um boneco que dissesse “Lula sou eu e eu sou Lula. Se eleito, farei o que ele mandar”.

Nada disso deu certo. Do cárcere não sairá tão cedo. “Por que sairia? Só por que é Lula?” – perguntou, ontem, um ministro do Supremo Tribunal Federal numa roda de conversa com amigos. Está proibido de dar entrevistas e de gravar vídeos de campanha.

Foi incapaz de unificar a esquerda em torno do seu nome como desejava. Por suas palavras e obras, deixa uma legião de feridos dentro e fora do PT.

Dentro, por exemplo: Marília Arraes em Pernambuco e José Pimentel no Ceará, o senador impedido de tentar se reeleger.

Fora do PT, por exemplo: Ciro Gomes (PDT), de quem subtraiu o apoio que o Partido Socialista Brasileiro (PSB) lhe daria. O apoio significava mais 44 segundos de tempo de propaganda para Ciro no rádio e na televisão. Se os 44 segundos não pudessem ser do PT que não fossem de ninguém. Não serão de ninguém.

Lula livre e candidato dá lugar a Lula preso e sem volta à Presidência da República.

Ana Maria Machado: Incríveis crédulos

- O Globo

Incrédulos, assistimos a coisas incríveis. Candidatos que se gabam de não entender nada do que é necessário para governar, ou negam a existência de déficit. Ou se vangloriam de crer que é possível gastar sem limite e que o dinheiro público (seu, meu, nosso) não acaba nem falta nunca. Como quem acha que cartão de crédito é só uma forma de adiamento sem fim e sem consequências, mesmo que a dívida cresça qual bola de neve. Para eles, não basta ver para crer. Despreparados, preferem ignorar, na atual crise, o papel desempenhado pela perda de credibilidade e de confiança no país.

Audiências enormes seguem programas na televisão, convencidas de que é verdade o que “testemunhas” contam sobre curas milagrosas. Há ainda os que fecham os olhos aos efeitos trágicos sofridos por quem arrisca avida acreditando em promessas mirabolantes de juventude eterna e bumbum duro, feitas por espertalhões.

E a toda hora vemos que, sem pensar nas consequências que sofrem e sofrerão, há eleitores que continuam a crer em juras mentirosas de políticos que se apregoam salvadores, a acenar com obviedades que parecem bem intencionadas mas não explicam qual o plano, projeto ou programa que será capaz de realizá-las.

Cacá Diegues: Chega de brincar com fogo

- O Globo

Bolsonaro não tem programa de governo; mas tem uma vastíssima coleção de críticas e adesões a comportamentos

O crescimento da candidatura de Jair Bolsonaro, do PSL, à Presidência da República nos assusta. Se queremos evitar uma tragédia política, é preciso tomar uma atitude diante da perversão ideológica a que estamos assistindo envolvera sociedade brasileira. Chega de folclore em torno do capitão-candidato, de considerá-lo uma anedota passageira, e compreender que, por trás do fenômeno, existe uma tendência de comportamento que corresponde ao desejo de uma parte da população.

Semana passada, Bolsonaro esteve no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, e ali, entre outros absurdos, disse que o Brasil não devia nada a ninguém pela escravidão de africanos. Segundo ele, os portugueses nunca puseram os pés em África, eram os próprios africanos que entregavam aos europeus seus inimigos locais como escravos. Mesmo que essa fantasia sombria fosse verdadeira, para onde esses africanos se dirigiam, onde se tornavam escravos e como escravos eram tratados por senhores brancos europeus ou de origem europeia?

Ao longo de nossa história, 4,9 milhões de seres humanos viveram como escravos no Brasil. Foi sua escravidão que forjou o nosso racismo, a hipocrisia social e a insensibilidade de nossa sociedade em relação a seu estado. Da tradição escravocrata, nasceu a desigualdade radical de nossa sociedade.

O que Bolsonaro pensa e afirma está sempre ligado a essa tradição colonial, à concepção da sociedade estruturada em categorias de superioridades que ninguém é capaz de desmontar. Uma organização de classes fruto de decisão divina que, por divina, não há como se opor a ela, muito menos corrigi-la. Suas poucas ideias pertencem a essa tradição, agora modernizada pela ignorância irresponsável e intolerante das redes sociais.

Angela Bittencourt: Incerteza eleitoral cai, mas a econômica não

- Valor Econômico

Alckmin-Ana Amélia pode reeditar racha no mapa eleitoral

A definição das chapas que irão concorrer ao comando da República em outubro diminui o grau de incerteza do processo eleitoral por oficializar quem está com quem, mas nada acrescenta sobre as perspectivas econômicas pós-eleição. Nesse campo impera uma certeza: o próximo presidente brasileiro, independentemente de partido, credo ou sexo terá de "vender" crescimento e emprego ao eleitor na tentativa de tirá-lo de sua apatia. É certo, contudo, que ele terá brutal dificuldade de entregar essa mercadoria em um, dois, três ou quatro anos, se não correr atrás da agenda de reformas e convicto de que a agenda não é ideológica, mas econômica.

Sem esse compromisso, não há eleição que tire a economia brasileira do gelo em que patina há quatro anos. Não há estatística que dê sumiço em 13 milhões de desempregados. E também não haverá dinheiro suficiente - para devolver a quem de direito - e encorajar cidadãos de bom senso a se aventurar no consumo.

Indicadores positivos de atividade recém divulgados sugerem que a economia reage bem. Na prática, porém, os dados tiram um atraso estatístico provocado pela greve dos caminhoneiros entre maio e junho. Há uma reposição de perdas decorrentes da interrupção de processos causados pela paralisação. Projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) seguem achatadas.

Depois de pressionada pelo desabastecimento de produtos, a inflação ensaia retomar seu ciclo sazonal. E deve fechar o ano mais próxima da meta de 4,5% do que de 2,6% cravados no ano passado, como rezou o Banco Central (BC) durante meses.

O sistema financeiro também regulariza procedimentos, desempoçando dinheiro.

Cida Damasco: Ajuste social

- O Estado de S.Paulo

Rombo fiscal põe em risco planos para áreas como educação, saúde e ciência

Mais de 10 candidatos à Presidência da República confirmados pelos partidos, muitas alianças, algumas contestadas pelos próprios integrantes, e programas de governo finalmente vindo à luz. Esse é um rapidíssimo resumo do quadro político, a dois meses das eleições. Mesmo com a arrumação das candidaturas chegando à reta final, permanecem no ar inúmeras incertezas. Uma delas, sem dúvida, é como o vencedor da disputa vai conciliar o mais do que necessário “ajuste social” do País, com o enorme rombo fiscal. Recursos escassos, mas principalmente prioridades desfocadas e gestões ineficientes, deixam às claras a urgência de mudanças na educação, saúde, ciência e tecnologia, entre outras áreas.

A ameaça de “quebra” da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), denunciada na semana passada, é apenas um exemplo da dura realidade que se esconde atrás dos números de contas públicas. Segundo a Capes, caso se concretizasse um corte no orçamento de quase R$ 580 milhões em relação a 2018, cogitado pelo Ministério da Educação, quase 200 mil ficariam sem bolsas, um golpe na pesquisa e inovação do País.

É fato que a situação é de aperto mesmo. Para cumprir a meta de déficit primário de R$ 139 bilhões no ano que vem, R$ 20 bilhões abaixo do alvo deste ano, e especialmente o teto de gastos, será imperioso fazer cortes. Algo próximo de R$ 30 bilhões nos chamados gastos discricionários, aqueles não obrigatórios. A questão central, porém, é o que cortar e o que manter. Especialmente porque, na partilha das verbas, o poder dos lobbies acaba prevalecendo. Ou seja, nem sempre a definição de despesas a serem preservadas obedece a critérios ditos “técnicos”. Para agravar a situação, há a própria inexperiência e/ou inadequação de muitos gestores. Só para lembrar, têm sido exatamente os ministérios da área social os mais atingidos pelo loteamento de cargos nas reformas ministeriais, o que, convenhamos, não costuma resultar nas melhores escolhas.

Lula indica Haddad, e Bolsonaro vai com general Mourão

Executiva Nacional do PT recebe carta com instrução do ex-presidente; Ciro opta pela ruralista Kátia Abreu

O ex-presidente Lula indicou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como seu candidato a vice, por meio de carta lida em reunião da Executiva Nacional do PT. A cúpula petista negociou com o PCdoB a retirada da candidatura de Manuela D’Ávila, que poderá integrar a chapa no futuro, se a candidatura de Lula for impugnada pela Justiça. Outros dois candidatos definiram suas escolhas. Com a opção pelo general da reserva Hamilton Mourão (PRTB), defensor da ditadura militar, Jair Bolsonaro (PSL) dobrou a aposta na linha dura. O candidato do PDT, Ciro Gomes, que cortejava Manuela, acabou convidando a senadora Kátia Abreu, líder dos ruralistas.

Chapa militar: Bolsonaro escolhe general Mourão como vice

Jussara Soares | O Globo

SÃO PAULO / Em decisão classificada como “pessoal”, o candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) escolheu ontem o general da reserva Hamilton Mourão (do PRTB) como vice em sua chapa. O comunicado foi feito durante a convenção do PSL em São Paulo, em um clube na Zona Norte da capital paulista. O anúncio do militar frustrou uma plateia que, antes do início do evento, aclamava o administrador e membro da família imperial brasileira, Luiz Philippe de Orleans e Bragança, como vice.

Mourão não foi a primeira opção de vice para Bolsonaro. No início da pré-campanha o deputado queria o senador Magno Malta (PR) para o posto. No mês passado, o partido, controlado por Valdemar da Costa Neto, preferiu se aliar ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) na disputa ao Planalto. Depois, as opções ventiladas foram a advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o general da reserva Augusto Heleno (PR P) e o astronauta Marcos Pontes (depois descartado pelo próprio Bolsonaro).

No sábado, Paschoal alegou razões “familiares” para não aceitar o convite. No caso de Heleno, o próprio PRP vetou a aliança — o partido fechou apoio a Alvaro Dias ( Podemos).

Presidente do Clube Militar, o general Mourão chegou a sair do páreo na disputa pelo cargo de vice em função de declarações que fez sobre parte dos eleitores do candidato. Em uma das ocasiões, disse considerar “meio boçal” o radicalismo de alguns dos apoiadores de Bolsonaro. Ele também causou polêmica nos últimos anosa o defendera intervenção militar no país como resposta para a crise econômica e política.

A postura levou à perda do cargo de secretário de Economia e Finanças do Exército, em dezembro do ano passado. Ontem, pela primeira vez como candidato a vice, ele baixou o tome minimizou as próprias declarações:

— Não estamos atentando contra as instituições, buscando quebrar o sistema democrático. Que radicalismo que existe aí? — afirmou.

O general também admitiu que “não foi feliz” quando defendeu a intervenção militar no país.

Lula escolhe Haddad, e Manuela desiste de candidatura

Mudança deflagra construção de plano B do PT para ex-presidente, que deve ter nome impugnado pela Justiça Eleitoral

Sérgio Roxo e Thiago Herdy | O Globo

SÃO PAULO - O PT anunciou ontem que o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad foi escolhido paras ero vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, que será registrada no Tribunal Superior Eleitoral. Avisados sobre a decisão petista, dirigentes do PCdoB decidiram retirar a candidatura de Manuela D’ Ávila à Presidência, após receber do PT a promessa de que, no futuro, será ela a indicada para o lugar de vice. O ex-presidente deverá ter a candidatura impugnada por cumprir os requisitos da Lei da Ficha Limpa. Lula foi condenado em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá

Pelo acordo definido ontem, se Lula for impugnado, Haddad assumiria a cabeça da chapa e Manuela entraria como sua vice. De acordo com a Legislação eleitoral, nomes para a disputa presidencial podem ser alterados até 20 dias antes do pleito.

O assunto foi debatido ontem à noite por mais de quatro horas entre integrantes da Executiva Nacional do PT que, em sua maioria, concordou com a indicação.

De dentro da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, o ex-presidente Lula indicou ao PT, por carta, a preferência pelo nome de Haddad. Pela noite, uma mensagem no Twitter oficial do partido confirmou a escolha: “Vamos com Lula e Fernando Haddad para fazer o Brasil feliz de novo”.

Haddad enfrentava resistências por parte de representantes de correntes de esquerda minoritárias do PT. Também cotado para vice, o ex-ministro Jaques Wagner descartou a missão. O nome da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, era outra opção defendida por alguns integrantes do partido.

Caso o ex-prefeito seja realmente o substituto de Lula, a ideia do PT é explorar bastante a sua ligação com o ex-presidente. Haddad foi ministro da Educação nomeado pelo ex-presidente. Em 2012, se elegeu prefeito de São Paulo por indicação do líder petista. Na ocasião, Lula intercedeu para que a ex-prefeita Marta Suplicy, ainda no PT, e o então senador Eduardo Suplicy deixassem a disputa interna pelo posto. Haddad acabou se elegendo ao derrotar José Serra (PSDB) no segundo turno

Na disputa interna do PT, o ex-prefeito ganhou pontos ao ser escolhido, primeiro, coordenador do programa de governo da candidatura presidencial. Depois que Lula foi preso, Haddad reativou o seu registro de advogado para ser incluído no time de defensores do ex-presidente e poder visitá-lo livremente. A entrada de Haddad no grupo se deu há cerca de um mês.

Senadora ruralista, Kátia Abreu, do PDT, será vice de Ciro Gomes

Presidenciável pedetista tentou até o último minuto fechar aliança com o PCdoB e ter Manuela D ´ Ávila no posto

Catarina Alencastro | O Globo

BRASÍLIA / A senadora Kátia Abreu (PDT-TO) foi escolhida para ser vice na chapa do candidato à Presidência pelo PDT, Ciro Gomes. Ela tinha recebido o convite oficial do partido na última quinta-feira, quando foi chamada para uma reunião de emergência da campanha no Rio de Janeiro. O partido ainda tentava até o último minuto conquistar alianças para o projeto presidencial de Ciro, e nutria esperanças de que o PCdoB pudesse aderir à candidatura do PDT e indicar Manuela D'Ávila para o posto.

— Fui convidada na quinta-feira, mas ainda estávamos lutando até o último minuto por alianças. Quando me chamaram eu disse que seria uma honra, e que tudo o que puder fazer para somar, estou dentro— disse Kátia ao GLOBO.

A senadora, que já foi presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e ministra da Agricultura disse que foi chamada às pressas pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, na noite de anteontem para vira Brasília. Ela estava em Palmas coma família e teve que se ausentar da convenção que ocorreu ontem, em Tocantins, para oficializara candidatura do seu filho, Irajá Abreu, para o Senado. O anúncio oficial da chapa com Ciro será feita hoje, em Brasília.

Ao lado dela, o presidenciável pretende atenuara pecha de machista que ganhou nos últimos anos, principalmente depois de ter dito que o papel de sua então mulher Patrícia Pillar na campanha de 2002 era dormir com ele. Dados da Justiça Eleitoral mostram que 52% do eleitorado brasileiro é formado por mulheres.

Outro ativo de Kátia é sua entrada no mundo rural, setor responsável por grande parte do PIB nacional. Com esse movimento, Ciro espera conquistar um eleitor mais de centro, ligado à atividade econômica que abrange sobretudo as regiões Centro-Oeste e Sul. O ponto negativo é que a senadora é alvo de um inquérito no âmbito da Lava- Jato por ter supostamente recebido, via caixa dois, repasses de R$ 500 mil da Odebrecht para sua campanha ao Senado. Em seus discursos, Ciro tem propagado que em 38 anos de vida pública nunca cometeu desvios éticos.

O pedetista terá agora o desafio de fazer campanha com apenas 40 segundos no horário eleitoral. A interferência do PT foi decisiva para impedir que Ciro fechasse aliança com o PSB. No último sábado, o presidenciável ainda teve que reagira um ataque especulativo petista, que levantou a possibilidade dele servi cena chapa encabeçada até agora pelo ex-presidente Lula.

Alckmin garante o maior tempo de televisão

Candidato do PSDB terá 5 minutos e 32 segundos na propaganda eleitoral gratuita, após fechar a mais ampla aliança entre os 14 presidenciáveis; PT vem na sequência, com 2 minutos e 8 segundos, seguido de MDB e PDT

Karla Gamba | O Globo

BRASÍLIA / Encerrado o prazo para os partidos fecharem coligações e apresentarem seus candidatos a presidente da República e vice, já é possível desenhar qual deve ser o tempo total de propaganda na televisão, no horário eleitoral gratuito, que cada aspirante ao Palácio do Planalto terá.

Editoria de Arte
Em cada bloco fixo de 12 minutos e 30 segundos — tempo do horário eleitoral destinado para a propaganda das candidaturas presidenciais — o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, é o que mais aparecerá na telinha entre os 14 presidenciáveis.

O ex-governador de São Paulo garantiu o maior tempo de TV, de 5 minutos e 32 segundos, após fechar a mais ampla aliança da eleição, contando com o apoio de PP, PR, PTB, PPS, DEM, PRB, Solidariedade e PSD.

NEGOCIAÇÕES EM CURSO
Com 2 minutos e 8 segundos, o PT terá o segundo maior tempo. Até o momento o partido mantém a pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apesar da expectativa de impugnação por estar enquadrado na Lei da Ficha Limpa após ter sido condenado em segunda instância. A estratégia petista é esticar a corda e indicar um substituto no limite do prazo.

O MDB terá 1 minuto e 55 segundos para fazer propaganda de seu candidato, o ex- ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Sem apoios fortes e com uma chapa pura, tendo o ex-governador do Rio Grande do Sul Germano Rigotto, também do MDB, como vice, a legenda garantiu um bom tempo graças à bancada expressiva de deputados federais.

PT define Haddad como vice de Lula e fecha com PCdoB

Com o ex-presidente potencialmente inelegível, partido põe em prática ‘plano B’ e Manuela D’Ávila sai da disputa

- O Estado de S. Paulo.

Um dia após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso e condenado na Lava Jato, ser oficializado candidato à Presidência, a Executiva Nacional do PT aprovou ontem o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como vice na chapa e fechou uma aliança com o PCdoB, que passa a integrar a coligação formada também por PROS e PCO. Pelo acordo anunciado já na madrugada de hoje, Manuela D’Ávila deixa de ser candidata ao Palácio do Planalto pelo PCdoB, que assumiria a vaga de vice caso a Justiça confirme a inelegibilidade de Lula. O petista foi condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro e cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão. Na condição de candidato a vice, Haddad, que também é o coordenador do programa de governo do PT, passa a ser o principal porta-voz de Lula e representante da candidatura petista em debates e sabatinas.

A Executiva Nacional do PT aprovou na noite ontem o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad como candidato a vice na chapa presidencial do partido e fechou uma aliança com o PCdoB, que passa a integrar a coligação formada também por PROS e PCO. O acordo foi orientado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Lava Jato. Com isso, Manuela d’Ávila deixa de ser candidata ao Palácio do Planalto pelo PCdoB, que terá o direito de assumir a vice na chapa após a Justiça Eleitoral definir a validade da candidatura de Lula. Mesmo cumprindo pena de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, o ex-presidente foi oficializado no sábado candidato do PT. Ele, porém, está potencialmente inelegível com base na Lei da Ficha Limpa após a condenação em 2.ª instância. Na prática, a indicação de Haddad deflagra o “plano B” da sigla na disputa presidencial.

O entendimento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de que as chapas precisam estar oficializadas até 24 horas após o fim das convenções acelerou a decisão do PT e de outros presidenciáveis.

Ontem, o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, escolheu o general da reserva e presidente do Clube Militar, Hamilton Mourão (PRTB), como vice em sua chapa. Líder nas pesquisas de intenção de voto nos cenários sem a presença de Lula, Bolsonaro ressalta sua origem militar ao escolher um general da reserva como companheiro de chapa. Outro concorrente ao Palácio do Planalto, o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, terá como vice a senadora e correligionária Kátia Abreu (TO), ex-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Eleição terá 13 candidatos a presidente

Por Raymundo Costa | Valor Econômico

No fim da noite de domingo, o PCdoB fez um acordo com o PT, retirando a candidatura de Manuela D'Ávila.

BRASÍLIA - Findas as convenções partidárias, um registro é inevitável: a eleição na qual mais se falou de renovação, na pré-campanha, chega à reta final como uma reedição das últimas disputas presidenciais. A novidade ficou por conta dos candidatos a vice: as mulheres ganharam destaque no topo das chapas, a ligação com o agronegócio foi condição para a maioria das escolhas e caiu - de uma vez por todas -o dogma da política segundo o qual candidatos ao Palácio do Planalto do Sul ou Sudeste deveriam ter como candidato a vice-presidente um nome da região Nordeste.

A pré-campanha chegou a contar com 25 postulantes ao cargo. Os partidos encerraram a fase das convenções com 13 candidatos ao Palácio do Planalto - o maior número desde 1989, que teve 21 válidos. A conta considera que o PT terá um candidato, mesmo quando a inelegibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva for oficializada. O balanço final das convenções indica que o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, é quem dá a largada mais forte em termos de recursos financeiros, alianças partidárias e tempo de rádio e televisão. O candidato mais bem posicionado nas pesquisas, Jair Bolsonaro (PSL), teve dificuldade para fazer alianças e entra na corrida com muita intenção de voto e poucos recursos e tempo de TV.

Em termos de nomes novos na política ainda pode ocorrer alguma surpresa vinda do PT, visto que o nome indicado, Lula, tem 99% de chances de ser impugnado por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e instâncias superiores a que recorrer. Um nome como Fernando Haddad interromperia o ciclo Lula e poderia ser considerado "novo", apesar dele já ter governado a cidade de São Paulo. Seria algo como se João Doria fosse o candidato do PSDB no lugar de Geraldo Alckmin, como chegou a ser cogitado pelos tucanos.

A rejeição do eleitorado feminino ao candidato do PSL, Jair Bolsonaro, é um dos denominadores comuns na corrida em busca de parte das mulheres, preferencialmente do Sul do país: o eleitorado feminino é amplamente majoritário no país, representa 53% do total de votos, e não tem sido nada compreensivo com o discurso machista de Bolsonaro, segundo as pesquisas eleitorais. As mulheres também devem ficar com 30% dos recursos do fundo eleitoral para a campanha, mas há resistência interna na maioria dos partidos. O PT rachou, por exemplo. Até agora só Alckmin determinou a distribuição prevista em lei no PSDB.

84% dos eleitores usam imprensa para se informar em eleições

Pesquisa do Ibope e da CNI mostra que 38% dos entrevistados acessam apenas plataformas sem uso da internet, como jornais

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pesquisa realizada pelo Ibope e pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) indica que 84% dos eleitores brasileiros buscam obter informações sobre candidatos por meio de pelo menos um veículo de imprensa.
Esse percentual inclui a televisão, o rádio, os jornais, as revistas e os veículos de notícias da internet.

Segundo o levantamento, 38% dos eleitores acessam apenas plataformas de mídia sem uso da internet, como os jornais, para esse fim.

Os entrevistados tiveram a oportunidade de apontar mais de um meio para a obtenção de dados sobre concorrentes nos pleitos.

A pesquisa mostrou que 26% dos eleitores buscam blogs da internet e redes sociais para conseguir informações de candidatos.

Nesse grupo de usuários digitais, 46% dos entrevistados disseram que sempre verificam se a informação obtida é verdadeira, 29% afirmaram que às vezes conferem e 25% relataram que raramente ou nunca verificam a veracidade dos conteúdos.

O percentual de entrevistados que usa apenas esses veículos é de 5%.

Na lista das fontes de informação, os veículos mais citados foram televisão (62%), veículos de notícia na internet (33%), blogs e redes sociais (26%), jornais e revistas impressos (17%) e rádio (17%).

Ainda foram mencionadas pelos eleitores conversas com parentes, amigos e colegas de trabalho (10%), propaganda de partidos políticos ou eleitoral (6%), reuniões em igrejas (3%), reuniões de associações de moradores (3%) e reuniões de sindicatos (2%).

No levantamento, foram entrevistados 2 mil eleitores no período de 21 a 24 de junho de 2018.

A pesquisa tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e nível de confiança de 95%.

Debates cristalizam preferências e ajudam na escolha de indecisos

No primeiro turno, os eleitores que assistem aos debates tendem a mudar menos de voto do que os demais

Lucio Rennó, André Bello, Ryan Lloyd | Folha de S. Paulo

Debates entre candidatos são momentos especiais nas campanhas eleitorais. São oportunidades para exibir as habilidades e capacidades individuais dos concorrentes em ambientes pouco controlados.

Diferentemente da propaganda eleitoral, apresentam uma situação de risco e de exposição ao confronto, importante para fortalecer a narrativa da campanha em momentos de tensão e em face do imprevisto.

Por isso, não há dúvida de que, para candidatos e suas equipes, os debates são eventos centrais, que exigem significativo investimento de planejamento e recursos.

Contudo, qual é o impacto desses programas nas intenções de voto em eleições presidenciais? Debates mudam opinião, convertem eleitores ou solidificam e ativam a base de apoio? É uma pregação para os convertidos ou uma forma de persuadir novos apoiadores?

Essas perguntas são centrais teoricamente para o estudo da política, mas também de interesse prático. Suas respostas ajudam candidaturas a modularem suas expectativas.

Para mensurar seu efeito, precisamos saber o perfil do eleitor que assiste aos debates, se as pessoas repercutem-nos posteriormente e eles interferem na probabilidade de o eleitor mudar sua intenção de voto. Sabemos pouco sobre tema, e captar seu impacto é um desafio metodológico.

O Estudo de Painel Eleitoral Brasileiro (EPEB) de 2014, pesquisa de opinião pública que entrevista amostra probabilística nacional de eleitores em sete ondas subsequentes, foi desenhado, em parte, para captar o efeito de curto prazo dos debates.

Esse é um dos únicos bancos de dados no Brasil que permite avaliar a mudança de preferências e intenções de voto em nível individual, entrevistando os mesmos eleitores em momentos distintos da campanha.

Deputado estadual de Niterói será vice de Paes na disputa pelo governo do Rio

Comte Bittencourt exerce seu quarto mandato de deputado estadual e é presidente do PPS carioca

Fábio Grellet | O Estado de S.Paulo

RIO - O ex-prefeito do Rio e candidato a governador Eduardo Paes (DEM) apresentou neste domingo, 5, o deputado estadual Comte Bittencourt, do PPS, como candidato a vice em sua chapa.

O anúncio ocorreu dois dias depois de Paes ser provocado por Romário, que vai concorrer ao governo do Rio pelo Podemos e terá como vice em sua chapa o deputado federal Marcelo Delaroli (PR). Delaroli é de Maricá, município da Região Metropolitana do Rio que foi alvo de gozação de Paes em uma conversa telefônica com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2016, divulgada durante a Operação Lava Jato. Na ocasião, Paes classificou Maricá como “merda de lugar”.

Paes tentou obter o apoio do PR, Delaroli foi cogitado a vice. Mas o partido decidiu apoiar Romário e o deputado foi formalizado como na chapa do ex-jogador. Na sexta-feira (3), Romário divulgou foto em que aparece ao lado de seu candidato a vice vestindo uma camiseta com a inscrição “Eu (o desenho de um coração) Maricá”.

Ao apresentar seu candidato a vice, neste domingo, Paes minimizou a polêmica. Questionado sobre o efeito da declaração que fez sobre Maricá em sua campanha, o candidato brincou: “Não sei, qualquer coisa eu canto o samba, não tem problema”, referindo-se a uma música que compôs com Marquinhos de Oswaldo Cruz com elogios a Maricá.

Depois, disse que Maricá é um dos municípios mais bem sucedidos do Estado e recebe uma importante parcela de royalties do petróleo. Enquanto Paes concedia entrevista, em frente ao Museu de Arte Contemporânea de Niterói (Região Metropolitana do Rio), duas pessoas passaram de carro gritando “vai pra Maricá” e provocaram risos no candidato.

Comte Bittencourt tem sua base eleitoral em Niterói, onde chegou a ser eleito vice-prefeito em 2016 na chapa de Rodrigo Neves (PDT), mas não tomou posse e decidiu permanecer como deputado. Devido a essa manobra, Niterói não tem vice-prefeito. O deputado exerce seu quarto mandato na Assembleia Legislativa do Rio, onde preside a Comissão de Educação. Ele preside o PPS no Rio e foi o articulador do apoio do partido a Paes. Para entrar na coligação liderada pelo DEM, o PPS abriu mão da candidatura do sociólogo e fundador da ONG Viva Rio Rubem César Fernandes.

Paes descarta ‘ centrão’ e dá a vice para parlamentar do PPS

Deputado estadual Comte Bittencourt é escolhido por ex-prefeito para sua chapa ao governo. Vaga era desejada por partidos como Solidariedade e PP

Marco Grillo e Igor Mello | O Globo

O ex-prefeito do Rio Eduardo Paes (DEM) anunciou ontem que seu vice na chapa que disputará o governo do estado em outubro será o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS). Paes e Bittencourt apareceram ontem no Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói, ao lado de suas mulheres para anunciar a decisão. Na ocasião, estavam acompanhados do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e do deputado Sérgio Zveiter (DEM), suplente de Cesar Maia na disputa pelo Senado.

O convite a Comte foi feito por Paes na tarde de sábado. Outros partidos, como o PP e o Solidariedade, também pretendiam indicar o vice, mas o ex-prefeito deixou claro ao longo das negociações que a escolha do companheiro de chapa seria de sua cota pessoal.

— O Comte é uma escolha do meu coração. Consultei todos os partidos da aliança, conversei com prefeitos, deputados e todos foram unânimes em apoiar — disse Paes.

O PPS oficializou o apoio a Paes na última quarta-feira. Comte, que é presidente estadual do partido, havia colocado dois nomes à disposição para o posto: o antropólogo Rubem César Fernandes, que desistiu da candidatura, e o babalaô Ivan ir dos Santos.

— Pelo trabalho realizado na prefeitura, por suas obras, pela gestão e transparência, o PPS sabia que se não optasse pela candidatura própria, o Eduardo seria o melhor nome para o governo do Estado — disse Comte.

Recuperar a confiança dos eleitores: Editorial | O Globo

Políticos com baixa popularidade e uma população desinteressada ameaçam com baixos índices de votos válidos

Encerrado o ritual de definições partidárias, agora os candidatos estão diante do desafio de despertar o interesse de 147,3 milhões de eleitores nas eleições gerais de outubro. O tempo é curto, somente oito semanas. Não vai ser fácil mobilizara atenção e induzir o debate sobre o futuro do país num ambiente permeado pela desconfiança nos políticos.

Mesmo reconhecendo que eleições têm o potencial de mudar os rumos do país, seis em cada dez eleitores ainda relutam: demonstram pouco ou nenhum interesse, repetem nas pesquisas como a recém- divulgada pelo Ibope/ CNI.

Prévia desse comportamento pode ser observada nas recentes eleições do Amazonas e do Tocantins, quando mais da metade do eleitorado escolheu o chamado não voto, abstendo- se de comparecer, anulando ou votando em branco.

É um fenômeno global e não uma peculiaridade doméstica. No Brasil, porém, a ausência de confiança do eleitorado foi potencializada por razões objetivas, como o desencanto com os governos do PT e do MDB, realçado pelas sequelas deixadas pela gerência irresponsável da economia nos seis anos de Dilma Rousseff. Basta lembrar que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita caiu 10% entre 2015 e 2016.

As eleições gerais representam uma oportunidade para o resgate da confiança. São 77,3 milhões de mulheres (52,5% do total) e 69,9 milhões de homens (47,5%) à espera de respostas realistas sobre a recuperação do país. Dados da Justiça Eleitoral mostram novidades: nas urnas haverá uma ampla maioria (63,2%) de brasileiros com mais de 35 anos de idade, e um contingente (36,8%) mais jovem. Para todos é essencial o debate franco sobre as perspectivas de progresso social, o futuro da Previdência, da saúde, educação, segurança e do mercado de trabalho.

Partidos que são feudos: Editorial | O Estado de S. Paulo

Recente estudo acadêmico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indicou que a militância partidária é mais ativa e frequente do que às vezes se pensa. Por exemplo, mesmo em ano não eleitoral, os filiados participam das atividades das legendas. Em tese, esse dinamismo da militância é extremamente positivo, já que indicaria que os partidos não são meras siglas, mas vibrantes entidades, conectadas de fato com seus integrantes. No entanto, sabe-se bem que, na prática, uma conclusão assim não é cabal.

Por maiores que sejam a militância e a participação, os partidos políticos no País continuam sendo feudos, controlados por alguns poucos caciques, que atuam como se fossem seus proprietários. As recentes negociações com vistas às próximas eleições mostraram uma vez mais que eventuais coligações entre as legendas não são definidas nas convenções partidárias, com o voto dos respectivos filiados. Tudo é acertado antes pelos mandachuvas, de acordo exclusivamente com seus interesses.

A crise dos partidos políticos é profunda. Não basta que a militância seja participativa para que os partidos sejam, de fato, entidades representativas de seus filiados e não meras siglas. Exemplo disso é o baixíssimo índice de renovação das lideranças partidárias. Segundo o Movimento Transparência Partidária, o porcentual de mudança da composição das Executivas Nacionais dos partidos foi, nos últimos dez anos, de apenas 24%. Há partidos que, nesse período, não realizaram nenhuma eleição interna, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Saída pela direita: Editorial | Folha de S. Paulo

Alckmin faz movimentos para disputar o eleitorado conservador de Bolsonaro

Formalizado como postulante do PSDB à Presidência, Geraldo Alckminmovimentou suas peças no tabuleiro eleitoral. Obteve acordo com o viveiro de partidos apelidado de centrão, ou blocão, e definiu, uma semana após a recusa do empresário Josué Alencar (PR), um nome para vice em sua chapa —a senadora Ana Amélia, do PP gaúcho.

Os lances do ex-governador de São Paulo vão na direção de setores mais à direita do espectro político, faixa na qual se mostra à vontade.

Ao fazê-lo, Alckmin dá um passo importante na busca da imagem de oponente mais sólido da esquerda e do PT, ao mesmo tempo em que procura retirar de Jair Bolsonaro (PSL), com quem terá de disputar apoiadores, a primazia no terreno do conservadorismo.

Como se sabe, o deputado e militar reformado, que se notabiliza por declarações extremadas, não raro de teor autoritário, tem aparecido até aqui nas pesquisas de intenção de voto como o representante mais forte do antipetismo.

O acordo com Ana Amélia, que em princípio dará rosto à aliança durante a campanha, robustece essa estratégia. A senadora, que atrai apoio entusiasmado de grupos conservadores, como o MBL (Movimento Brasil Livre), não deixa dúvidas sobre suas inclinações ideológicas, sua aversão às teses da esquerda e seus laços com setores da elite do meio rural.

É inegável que o tucano, com tais entendimentos (que lhe permitem, ademais, ampliar o tempo de exposição na TV), demonstra capacidade de articulação e coerência política. Registre-se que o PT governou com o apoio fisiológico de boa parte do centrão —com o qual o pedetista Ciro Gomes também chegou a negociar.

O aspecto problemático das alianças entabuladas diz respeito ao estridente passivo ético e moral dos envolvidos. O PP da senadora Ana Amélia, por exemplo, é a agremiação mais atingida pela Lava Jato, situação que pode transformar em quimera, aos olhos do eleitor, o discurso anticorrupção da chapa.

Chegou a hora de definir as prioridades orçamentárias: Editorial | Valor Econômico

Muitas pessoas ficaram impressionadas e outras até mesmo duvidaram da informação de que o déficit primário nas contas do governo federal atingirá R$ 124,3 bilhões neste segundo semestre, de acordo com projeção do Tesouro Nacional, divulgada pelo Valor.

O resultado negativo ocorrerá mesmo com uma elevação de R$ 15,4 bilhões na receita líquida do Tesouro. O valor do déficit, sem dúvida assustador, dá uma dimensão da realidade fiscal da União para os eleitores que escolherão o próximo presidente da República, em outubro. Os desafios são gigantescos e o eleitor precisa ter consciência da situação.

A deterioração das contas públicas decorre do crescimento continuado das despesas obrigatórias. Elas aumentarão R$ 56,1 bilhões no segundo semestre deste ano, na comparação com igual período do ano passado - uma elevação nominal de 10,5%, muito acima da inflação. As despesas obrigatórias estão crescendo mais do que a economia, há muito tempo.

Há um quadro na apresentação do resultado do Tesouro de junho, divulgada na semana passada, que deveria ser conhecido por todos. Neste ano, as despesas obrigatórias consumirão 98% da receita líquida do Tesouro. Isso significa que não há dinheiro para mais nada, para os investimentos e para o custeio da máquina pública. O governo é obrigado a se endividar para pagar essas despesas. Em outras palavras, mesmo que o governo corte todos os investimentos e paralise a administração, ainda assim não conseguirá registrar superávit em suas contas.

Por una Cabeza | Carlos Gardel

Pablo Neruda: A canção desesperada

Aparece tua recordação da noite em que estou.
O rio reúne-se ao mar seu lamento obstinado.

Abandonado como o impulso das auroras.
É a hora de partir, oh abandonado!

Sobre meu coração chovem frias corolas.
Oh sentina de escombros, feroz cova de náufragos!

Em ti se ajuntaram as guerras e os vôos.
De ti alcançaram as asas dos pássaros do canto.

Tudo que o bebeste, como a distância.
Como o mar, como o tempo. Tudo em ti foi naufrágio!

Era a alegre hora do assalto e o beijo.
A hora do estupor que ardia como um faro.

Ansiedade de piloto, fúria de um búzio cego
túrgida embriaguez de amor, Tudo em ti foi naufrágio!

Na infância de nevoa minha alma alada e ferida.
Descobridor perdido, Tudo em ti foi naufrágio!

Tu senti-se a dor e te agarraste ao desejo.
Caiu-te uma tristeza, Tudo em ti foi naufrágio!

Fiz retroceder a muralha de sombra.
andei mais adiante do desejo e do ato.

Oh carne, carne minha, mulher que amei e perdi,
e em ti nesta hora úmida, evoco e faço o canto.

Como um vaso guardando a infinita ternura,
e o infinito olvido te quebrou como a um vaso.

Era a negra, negra solidão das ilhas,
e ali, mulher do amor, me acolheram os seus braços.

Era a sede e a fome, e tu foste à fruta.
Era o duelo e as ruínas, e tu foste o milagre.

Ah mulher, não sei como pode me conter
na terra de tua alma, e na cruz de teus braços!

Meu desejo por ti foi o mais terrível e curto,
o mais revolto e ébrio, o mais tirante e ávido.

Cemitério de beijos,existe fogo em tuas tumbas,
e os racimos ainda ardem picotados pelos pássaros.

Oh a boca mordida, oh os beijados membros,
oh os famintos dentes, oh os corpos traçados.

Oh a cópula louca da esperança e esforço
em que nos ajuntamos e nos desesperamos.

E a ternura, leve como a água e a farinha.
E a palavra apenas começada nos lábios.

Esse foi meu destino e nele navegou o meu anseio,
y nele caiu meu anseio, Tudo em ti foi naufrágio!

Oh imundice dos escombros, que em ti tudo caía,
que a dor não exprimia, que ondas não te afogaram.

De tombo em tombo inda chamas-te e cantas-te
de pé como um marinheiro na proa de um barco.

Ainda floris-te em cantos, ainda rompes-te nas
correntes.
Oh sentina dos escombros, poço aberto e amargo.

Pálido búzio cego, desventurado desgraçado,
descobridor perdido, Tudo em ti foi naufrágio!

É a hora de partir, a dura e fria hora
que a noite sujeita a todos seus horários.

O cinturão ruidoso do mar da cidade da costa.
Surgem frias estrelas, emigram negros pássaros.

Abandonado como o impulso das auroras.
Somente a sombra tremula se retorce em minhas mãos.

Ah mais além de tudo. Ah mais além de tudo.
É a hora de partir. Oh abandonado.