Folha de S. Paulo
Sepúlveda Pertence jamais se omitiu face às
ameaças à democracia e ao Estado de Direito
José
Paulo Sepúlveda Pertence foi um dos mais importantes juristas públicos
de sua geração. Ao longo de uma intensa vida dedicada à República, jamais se
omitiu face às ameaças à democracia e
ao Estado de Direito.
Sepúlveda Pertence chegou a Brasília em
1961, acompanhado de outros colegas de faculdade, com o objetivo de construir
uma carreira jurídica na nova capital. Embora alegue que tenha se dedicado mais
à política que aos estudos durante os anos de formação — tendo sido eleito
vice-presidente da UNE —, recebeu o prêmio de melhor aluno de sua turma na
UFMG.
O ministro Victor Nunes Leal rapidamente percebeu o talento do jovem advogado que sustentava na tribuna do Supremo, convidando-o para compor o quadro de professores auxiliares da recém-criada Universidade de Brasília, da qual Pertence seria afastado em 1965, em decorrência do AI-2. Sepúlveda Pertence também foi nesse período "secretário jurídico" do ministro Evandro Lins e Silva. Como seus tutores Evandro Lins e Victor Nunes, teve sua carreira pública interrompida por força do AI-5, em 1969. Ao lado deste último e de diversos amigos de geração, como Pedro Gordilho, Sepúlveda Pertence assumiu então uma corajosa advocacia, nos anos de chumbo, que incluiu a defesa de inúmeros dissidentes e perseguidos políticos.