Valor Econômico /Eu & Fim de Semana
• A projeção é do cientista político Antonio Lavareda
Por Monica Gugliano
SÃO PAULO - A menos de um mês das eleições municipais, é difícil responder com o mínimo de segurança quais candidatos e partidos serão mais atingidos pelos sobressaltos da política e da economia. No entanto, a desconfiança e o cansaço dos eleitores com as promessas de campanha que não foram cumpridas devem afetar todas as siglas, sem distinção. E devem bater em cheio nos prefeitos que disputam mais um mandato. A previsão do cientista político Antonio Lavareda, de 65 anos, é que 2016 tenha o menor percentual de reeleição, na comparação com as duas últimas eleições municipais.
"Se 2008 foi o ano celestial da reeleição, 2016 poderá ser um ano infernal", diz Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe (Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas), no livro "A Lógica das Eleições Municipais" (FGV Editora).
Organizado em parceria com a cientista política Helcimara Telles, o livro, que acaba de ser lançado, traz 13 artigos escritos por pesquisadores acadêmicos. "Acreditamos que apenas 30% dos prefeitos devem ser reeleitos. Em 2008 foram 95% e, em 2012, 50%", afirma Lavareda nesta entrevista ao Valor.
Nas capitais e nos grandes centros, a taxa de reeleição deverá atingir o menor patamar. Nas pequenas e médias cidades, os prefeitos têm mais chance de permanecer por outros quatro anos no cargo, observa Lavareda. Nesse cálculo, aponta o cientista político, entra o uso da máquina, mais fácil nos municípios menores.
"Com poucos recursos financeiros, menos tempo para as campanhas, a crise econômica e política, os prefeitos nas capitais e nas cidades maiores terão muita dificuldade para convencer o eleitor de que merecem mais um mandato. A reeleição será varrida dos grandes centros", afirma o cientista político.
Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista concedida ao Valor: