O Globo
É necessário que a preocupação de promover
as mulheres atinja a camada da política nua e crua, a que define ministras do
STF
A troca de turno político em Brasília
representa uma possibilidade de revisão de retrocessos e interdições em muitas
áreas, mas em poucas ela é tão flagrante quanto na construção de uma urgente e
ainda distante equidade de gênero nos espaços da política, das instituições e
do mercado de trabalho.
Quatro anos de Jair Bolsonaro representaram
para as mulheres, tanto em termos de possibilidade de ver implementadas
políticas públicas quanto de violação de direitos, o pior período desde a
redemocratização, e agora há muito a recuperar, mas ainda poucas sinalizações
de avanços palpáveis.
Uma frente bastante emblemática da distância entre o discurso progressista da igualdade de gêneros e a prática política está na disputa frenética que se trava nos bastidores pelas duas vagas no Supremo Tribunal Federal que serão abertas neste ano com as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber — uma das duas únicas mulheres entre os 11 integrantes da mais alta Corte de Justiça brasileira.