segunda-feira, 31 de julho de 2017

Opinião do dia - Vera Magalhães

O esquema do PMDB na Caixa, com Geddel Vieira Lima, Eduardo Cunha e Fábio Cleto à frente, nada mais é que a fatia dos aliados dada pelo PT na cleptocracia lulo-dilmista. O mesmo vigorou na Transpetro, dada como capitania ao outro PMDB, o do Senado, e em todos os demais espaços públicos.

Não é possível, portanto, os petistas apontarem o dedo e berrarem “Fora, Temer”. Foi seu líder supremo quem transformou o aparelho de Estado numa lucrativa organização político-partidária destinada a tornar ricos empresários que aceitassem colaborar com o esquema e burocratas com vocação para mafiosos. Essa é a verdadeira herança de pai Lula e mãe Dilma, uma cleptocracia que resiste.

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Vera Magalhães é jornalista, “Cleptocracia renitente”, O Estado de S. Paulo, 30/7/2017

A agenda possível | Cida Damasco

- O Estado de S. Paulo

Sem dinheiro, governo tapa buracos no setor público e derruba investimentos

Por tudo que se tem visto e ouvido nos últimos dias, cresce a expectativa de que Temer “mude de fase” nesse jogo em que se transformou a busca dos votos para barrar a denúncia de corrupção feita pela Procuradoria Geral da República (PGR), de Rodrigo Janot. Em consequência, cresce também a expectativa do que virá no “pós-Temer com Temer”. O presidente e seus assessores têm feito circular a versão de que estaria em preparação uma agenda positiva, capaz de injetar ânimo aos agentes econômicos e à população, cuja impressionante rejeição ao governo se expressa nas pesquisas de opinião pública. Mas, enquanto não se confirma a vitória no plenário da Câmara – a grande interrogação, no momento, refere-se mais à garantia de quórum do que à conquista dos votos –, a agenda negativa avança. Culpa da crise fiscal.

Temer contra ninguém | Vinicius Mota

Abriu-se o ciclo da última prova de resistência de Michel Temer. Caso ele sobreviva até o final de setembro, é provável que as energias para destituir o presidente se dissipem de vez no cálculo de custos e benefícios da política.

Embora o mecanismo -a denúncia por crime comum- seja novo, o procedimento para depor o chefe do Executivo federal já foi testado duas vezes na Nova República. Seu rubicão é a desconfiança de dois terços dos deputados federais no presidente. Atingido esse placar, os desdobramentos são quase automáticos.

Não se deve dar tanto crédito ao invólucro jurídico desses processos. A arbitragem será, a exemplo dos casos Collor e Rousseff, sobretudo política. Como é usual nas disputas de poder, os deputados vão decidir entre o presidente no cargo e aquele que herdaria o Planalto em caso de queda.

Carta aos que virão | Marcus Pestana

- O Tempo (MG)

A marcha civilizatória atravessa os séculos e é obra de muitas gerações. O desenvolvimento humano é projeto coletivo que amadurece a partir dos sonhos, do trabalho e da luta de todos. A evolução da espécie não é caminho retilíneo, passa por crises, saltos qualitativos, inovações, guerras e conflitos. O nosso tempo pessoal não se confunde com o tempo da História. É preciso humildade e inteligência para não superdimensionarmos o nosso papel na transformação da vida.

E o contínuo avanço pressupõe responsabilidade com o futuro e solidariedade intergeracional.

No Brasil diz-se que a memória é curta. Seria um sintoma de que as novas gerações valorizam pouco a experiência acumulada e transmitida pelas antigas? Mas no sentido inverso, qual é o cuidado que estamos tendo com o horizonte futuro de nossas crianças e jovens? Qual é o legado e a herança que estamos deixando para nossos filhos e netos?

Temer pato manco | Ricardo Noblat

- O Globo

“A palavra propina foi inventada pelos empresários para tentarem culpar os políticos” LULA

Não está em jogo se Michel Temer é culpado por crime de corrupção. Nem se existe prova de que de fato o cometeu. Na sessão da Câmara dos Deputados marcada para esta quarta-feira estará em jogo apenas se o Supremo Tribunal Federal (STF) deve examinar a denúncia contra ele. Se pudesse fazê-lo, talvez concluísse por seu arquivamento. Se a aceitasse, Temer seria processado, absolvido ou condenado.

A MAIORIA DOS DEPUTADOS ESTÁ disposta a impedir que a Justiça livre Temer da suspeita de que prevaricou. A proceder assim, ele carregará para sempre a condição de ter sido o primeiro presidente da República do Brasil denunciado por crime de corrupção passiva. Tal condição deveria ser desconfortável para qualquer pessoa que prezasse sua própria biografia. Até mesmo para um político como Temer.

Delação ameaçada | Leandro Colon

- Folha de S. Paulo

A delação do fim do mundo corre sério risco de se transformar em um problema. Seis meses depois de homologada pelo Supremo Tribunal Federal, a colaboração de executivos da Odebrecht passou a ser alvo de questionamentos por parte de quem tem o dever de investigá-la.

Reportagem publicada pela Folha nesta segunda (31) mostra que a Polícia Federal identificou uma série de falhas que ameaçam a apuração das informações que 77 delatores passaram à Procuradoria-Geral da República no começo do ano.

Parecem verossímeis os relatos dos executivos. Os vídeos de seus depoimentos iniciais à PGR dão sensação de naturalidade e realidade para o funcionamento de um nefasto esquema de caixa dois e propina que envolveu a Odebrecht e políticos de variados calibres e partidos.

Luta pela sobrevivência | Fernando Limongi

- Valor Econômico

Ganho de poder das lideranças nacionais não poderia ser maior

Em artigo publicado na "Folha de S. Paulo" (26/07/2017), Vicente Cândido (PT-SP), relator da Reforma Política, defendeu seu projeto. A conjuntura crítica, "a falência escancarada do modelo atual" em suas palavras, pediria medidas radicais, dentre elas a adoção do financiamento público de campanha.

Vista por muitos como antídoto à influência nefasta do dinheiro sobre a atividade política e à corrupção, a medida resolve alguns problemas, é neutra em relação a outros e, por último, coloca novos desafios.

Recursos públicos devem ser distribuídos e isto pede critérios. Nenhum deles será neutro. Sem justificar estes critérios, sem considerar suas consequências, a medida se reduz à mera reação da classe política para facilitar a própria vida.

As chances de Bolsonaro e Lula | Gaudêncio Torquato

- Blog do Noblat

A fatura que a República tira de seus ismos - grupismo, mandonismo, caciquismo, nepotismo, individualismo, fisiologismo – cresce exponencialmente com o acirramento da crise política, propiciando especulações e versões sobre o campeonato eleitoral de 2018. Erigem-se espaços de protagonistas no pleito e, mais, com indicação de suas possibilidades de vitória, projeções que se fazem a partir do pesquisismo – essa mania desvairada de medir posições de pré-candidatos muito antes dos eventos eleitorais.

A essa altura, já há quem veja Jair Bolsonaro e Luiz Inácio na chegada ao pódio, quando ainda não se sabe se serão candidatos ou se as circunstâncias (jurídicas, políticas, econômicas e sociais) permitirão que o sejam.

Bolsonaro só será candidato em cenário de caos político, com expansão da insegurança coletiva e clamor social por ordem nas ruas, sob slogans do tipo: “bandido na cadeia”, “bandido bom é bandido morto”.

Abandonaria alternativas mais viáveis de uma candidatura majoritária no Rio de Janeiro (governo ou senado) e mesmo a continuidade como representante na Câmara Federal por uma opção cheia de riscos?

Presidencialismo de proposição | Marina Silva

- Valor Econômico

Para obter a maioria de votos favoráveis de parlamentares, Temer promove concessões sem limites

Ainda não é possível ter uma visão completa, mas já podemos colocar a operação Lava-Jato como uma das maiores contribuições à evolução política do Brasil. Podemos considerá-la uma continuidade do processo de redemocratização, que quase foi interrompido quando, com o fim do regime militar e as eleições diretas dos governos, estabeleceu-se uma democracia incipiente e de baixa intensidade.

O trabalho da Justiça, do Ministério Público e da Polícia Federal mostrou que o Estado havia sido dominado por um sistema perverso, tanto mais forte quanto menos aparente. Esse esquema, um polvo que estendeu seus tentáculos em toda a vida institucional do país, nasceu nas brechas do regime presidencialista "de coalizão", que emergiu nos anos de reconstrução democrática como uma forma de mediação entre os poderes Executivo e Legislativo e que acabou se degenerando na sua pior expressão: alianças voltadas não para o ato de governar, mas para perpetuar grupos no poder.

O político e o instinto de sobrevivência | Almir Pazzianotto Pinto

- Diário do Poder

Como ser vivo o homem é dotado de profundo instinto de sobrevivência. Diante do perigo recua, protege-se, defende-se e se necessário atacará para afastar ou eliminar a ameaça. Em nenhum homem, porém, tal impulso é tão apurado como no homopoliticus, espécie singular do homo herectus, com bons exemplares entre habitantes de Brasília.

A reflexão ocorre-me ao ler no “Correio de Capivari”, editado em minha cidade natal desde 1932, e do qual tenho sido colaborador, notícia publicada na edição de 22 deste mês de julho, sob o seguinte título: “Macris se antecipa e confirma voto favorável às investigações de Michel Temer”.

Macris é o deputado federal pelo PSBD Vanderlei Macris, da cidade de Americana, próspera comunidade paulista onde mantém o principal reduto eleitoral. Fomos ambos eleitos deputados estaduais pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) no distante ano 1974 Reelegemo-nos em 1978 e 1982, na vitoriosa campanha de Franco Montoro ao governo do Estado. Em 1983 enveredei pelo Poder Executivo como Secretário de Estado do Trabalho e, posteriormente na qualidade de Ministro do Trabalho, até ingressar no Poder Judiciário em 1988 como Ministro do Tribunal Superior do Trabalho.

Votos no Congresso desafiam economia | Angela Bittencourt

- Valor Econômico

Convivência de três CPIs no Congresso gera expectativa

Agosto chegou e o calendário já avançado do ano recomenda bom senso à classe política ou, no mínimo, resistência à tentação de adiar decisões por mais tempo. A economia brasileira emite sinais vitais que foram identificados no primeiro quadrimestre do ano, mas perderam pulso rapidamente quando os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS, delataram o presidente Michel Temer, que foi parar no centro da Lava-Jato. Se preservados, os sinais mais recentemente observados de reação da atividade podem dar uma nova perspectiva ao país, que teve na queda da taxa de desemprego a 13% no segundo trimestre, de acordo com a PNAD Contínua divulgada na sexta, incentivo a algum otimismo. No primeiro trimestre, a taxa foi de 13,7%.

Essa melhora não abortou, porém, críticas ao aumento de preços dos combustíveis, que se tornou um indicador prático da dificuldade do governo em conter gastos, sem despertar a rebelião do funcionalismo público, e em bancar uma taxa de crescimento econômico que patrocine a expansão de receitas. E, no tempo, o reequilíbrio de suas contas. Afinal, o nó dos problemas.

Na escuta da lei – Editorial | O Estado de S. Paulo

Recentemente encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF), o relatório da Polícia Federal sobre as gravações que o ex-senador Sérgio Machado fez de conversas com vários políticos manifesta um bom senso cada vez mais raro na aplicação da lei penal. Com a acuidade que se espera dos agentes da lei, a delegada Graziela Machado da Costa e Silva, autora do relatório, faz notar a distância entre o que de fato consta nas gravações e aquilo que alguns gostariam que estivesse presente.

No ano passado, Sérgio Machado – que também foi presidente da Transpetro, subsidiária da Petrobrás – apresentou gravações que havia feito de conversas suas com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), o então presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP). Na tentativa de obter um abrandamento de suas penas, Machado trouxe material que supostamente provaria a obstrução da Operação Lava Jato por alguns dos caciques do PMDB. Naturalmente, a divulgação das gravações, contendo comentários negativos à Operação Lava Jato, causou imediata repercussão política.

Mais emprego formal – Editorial | O Globo

A reforma reduz o risco jurídico para o empregador e, portanto, também o custo de nova vaga

É grande o avanço conseguido pela reforma trabalhista recém-aprovada no Congresso, apesar da crise política, porque nela se destaca a aceitação, afinal, do conceito de que o “negociado” se sobrepõe ao “legislado”. Significa que, enfim, nem tudo que estabelece a esclerosada Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), da década de 40 do século passado, poderá fazer com que a Justiça trabalhista invalide acordos firmados formalmente entre patrões e empregados, por meio dos respectivos sindicatos.

Ficam, porém, preservados direitos trabalhistas básicos, como o salário mínimo, o FGTS e férias, por exemplo. Mas inúmeras outras questões existentes na relação trabalhista passam a ser reguladas em comum acordo entre patrões e empregados, sem interferência do Estado, característica básica da CLT, herança persistente do varguismo, contaminada pela visão fascista de que a sociedade deve ser tutelada de cima para baixo.

Um dígito – Editorial | Folha de S. Paulo

Com o corte de um ponto percentual decidido pelo Comitê de Política Monetária, a taxa de juros do Banco Central caiu a 9,25% ao ano, o menor nível em quatro anos.

O BC indicou que, mantidas as atuais condições, a perspectiva é de redução similar na próxima reunião, em agosto. Trata-se de mudança bem-vinda na comunicação da política monetária, que apontava até então maior cautela em razão das incertezas decorrentes do agravamento da crise política.

Avaliava-se que atrasos na aprovação das reformas, sobretudo a da Previdência, poderiam dificultar a queda da taxa Selic. Com o impacto negativo para as contas públicas, credores exigiriam juros mais altos para financiar o governo.

Reajustes dos servidores aprofundam a crise fiscal – Editorial | Valor Econômico

Diante das crescentes dificuldades fiscais, o governo federal agora sinaliza a possibilidade de enfrentar um difícil embate com um dos setores mais mobilizados da sociedade: os servidores públicos. A área econômica do governo, como antecipou o Valor PRO na quarta-feira, estuda a adoção de medidas como a suspensão temporária dos aumentos dados ao funcionalismo público federal e até o aumento da contribuição previdenciária de 11% para 14% nesse segmento. Deve apoiar, também, projetos que tramitam no Congresso para incluir, no limite do teto, os benefícios e vantagens recebidos por funcionários.

Em 2018, os reajustes salariais devem gerar impacto de R$ 7,12 bilhões nas contas do governo. Vale lembrar que esse efeito se dá sobre a base de despesa que já subiu R$ 12,39 bilhões, por causa dos reajustes que entraram em vigor neste ano. A despesa com pessoal ativo em 2017 supera os R$ 130 bilhões, segundo dados do ministério do Planejamento.

Note-se que o crescimento desse gasto, apenas por força da elevação dos salários no Executivo federal em 2017, é maior do que os R$ 10,4 bilhões que o governo espera arrecadar com a elevação do PIS/Cofins sobre combustíveis. Também é superior aos R$ 11 bilhões que o governo reduziu nos investimentos no primeiro semestre para viabilizar o cumprimento da meta fiscal, que, mesmo assim, continua na berlinda.

Na economia, Bolsonaro se alinha ao PT

Raphael Di Cunto | Valor Econômico

BRASÍLIA - Conservador nos costumes, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), segundo colocado em pesquisas para a Presidência em 2018, está longe do pensamento liberal da direita na economia. Ele admite entender pouco do assunto e adota posições públicas contraditórias.

Como deputado, tem posições corporativistas, combate o ajuste fiscal e o "Estado mínimo". Ferrenho adversário dos petistas, esteve mais vezes alinhado ao PT em votações do que seu discurso agressivo deixa transparecer.

Contradição marca ideário econômico de Jair Bolsonaro
Conservador nos costumes, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), segundo colocado em pesquisas de intenção de voto para a presidência da República em 2018, está longe do pensamento liberal da direita na economia, área que admite dominar pouco e onde sua atuação e posições públicas são por vezes contraditórias.

Militar de carreira, marcou seus mandatos por uma postura corporativista e de combate a projetos de ajuste fiscal, é contra a liberação da venda de terras para estrangeiros, não concorda com o conceito de "Estado mínimo" e a venda de todas as estatais e critica o uso da taxa de juros para controlar a inflação. Ferrenho crítico dos petistas, esteve mais vezes alinhado ao PT em votações do que o discurso radical deixa transparecer.

Dissidência do PSB quer 'refundar' DEM

Por Murillo Camarotto | Valor Econômico

BRASÍLIA - A migração de dissidentes do PSB para o DEM está bem encaminhada, mas ainda depende de uma "refundação" do partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). O objetivo dos parlamentares interessados na troca não é ingressar exatamente no DEM, mas em uma nova força de centro-direita que seria formada para disputar a Presidência da República em 2018, de preferência com apoio do presidente Michel Temer.

Os dissidentes do PSB enxergam uma oportunidade de ganhar espaço político em um cenário que, segundo eles, está hoje polarizado entre os que pretendem votar no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ou no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A leitura é de que o PMDB, que tradicionalmente ocupa o espaço entre os polos, está ferido pela Lava-Jato e sairá menor das eleições do ano que vem.

Uma liderança do PSB que negocia a transição disse ao Valor que o sucesso do movimento vai depender da disposição da direção do DEM em "abrir as comportas" para receber os novos aliados. Isso passaria, por exemplo, por uma decisão de Executiva Nacional do partido de destituir os diretórios estaduais e municipais para uma nova divisão do poder na sigla.

Avança acordo pela aprovação da cláusula de barreira e fim de coligação proporcional até agosto

Painel | Folha de S. Paulo

Depois da tempestade Com a expectativa de que a primeira denúncia contra Michel Temer tenha um desfecho ainda nesta semana, avançou no Congresso o acordo que prevê a aprovação de PEC que recria a cláusula de barreira e acaba com as coligações proporcionais. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quer votar a proposta até 30 de agosto. O Senado chancelaria o texto sem fazer alterações. A cláusula de desempenho seria fixada em 1,5% dos votos válidos já para a disputa de 2018.

Asfixia financeira Pelo modelo em discussão, partidos que alcançarem resultados inferiores ao índice de 1,5% ficarão sem recursos do fundo partidário e tempo de propaganda na TV. O fim das coligações proporcionais passaria a valer a partir de 2020.

À mesa As tratativas para acelerar a tramitação da PEC aconteceram em jantar na residência de Maia, em Brasília, na sexta (28), do qual participou o senador Aécio Neves (PSDB-MG). Ele é um dos autores da proposta de emenda constitucional, ao lado de Ricardo Ferraço (PSDB-ES).

O possível A PEC já foi aprovada pelo Senado, mas a Câmara vai alterar o texto para reduzir de 2% para 1,5% a linha de corte da cláusula de barreira. Os deputados devem criar um mecanismo que aumente em 0,5 ponto percentual o sarrafo para acesso ao tempo de TV e fundo partidário nos próximos anos.

De volta ao comando

Senador tucano se encontrou com Temer e procura reverter votos a favor de denúncia

Igor Gadelha Renan Truffi | O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (MG) deve retomar a presidência do PSDB em agosto para coordenar a eleição e transição de seu substituto definitivo no comando da legenda e, ao mesmo tempo, tentar evitar o rompimento dos tucanos com o presidente Michel Temer. Licenciado da direção partidária desde 18 de maio, após ser atingido pela delação da JBS, ele trabalha ativamente nos bastidores para manter a sigla na base do governo.

No esforço para reverter votos de tucanos, Temer convidou Aécio para um jantar na noite de sábado. O encontro aconteceu no Palácio do Jaburu, onde o presidente mora com a família, e contou com os ministros tucanos Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Bruno Araújo (Cidades) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência), do PMDB, e das respectivas esposas. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), foi convidado, mas não compareceu.

Frentes usam denúncia para pressionar Temer

Valmar Hupsel Filho, Gilberto Amendola, Marianna Holanda, Pedro Venceslau, O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - As principais frentes parlamentares da Câmara dos Deputados reforçaram nos dois últimos meses as demandas por pautas de seus interesses no governo federal. A investida coincidiu com a delação do Grupo J&F e o início da tramitação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva.

As chamadas bancadas “BBB” (Boi, Bala e Bíblia), que se organizam para defender temas ligados ao agronegócio, à segurança pública e à religião, abrigam 80% dos 213 deputados que não declararam publicamente como vão votar a respeito da admissibilidade ou não da acusação formal, segundo o Placar do Estado.

Além de distribuir emendas parlamentares e de receber mais de uma centena de deputados, Temer já atendeu algumas reivindicações das frentes e indica que poderá apoiar outras demandas históricas dos grupos. A sinalização mais clara foi dada à bancada ruralista, a mais organizada e combativa da Câmara, formada por 205 deputados.

Planalto nega ceder à pressão das bancadas temáticas

Governo diz que sempre recebeu parlamentares para tratar interesses do povo; para Diap, pauta conservadora avança

Valmar Hupsel Filho, Gilberto Amendola, Marianna Holanda e Pedro Venceslau, O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Questionada sobre a pressão das chamadas bancadas “BBB” (Boi, Bala e Bíblia) e a vontade do governo em atendê-las, a assessoria do Palácio do Planalto informou, por meio de nota, que o presidente Michel Temer sempre recebe parlamentares em audiência para tratar de temas de interesse da população e suas decisões não têm relação com as bancadas a que eles pertencem. “Não existe relação entre as ações do Governo Federal na área de Meio Ambiente e votos de parlamentares em qualquer tipo de matéria.”

No caso de Jamanxim, o Planalto diz que buscou o “equilíbrio para atender aos moradores assentados há décadas no Jamanxim e para manter a proteção ambiental”. A decisão garantiria “a preservação de parte da aérea de reserva sem punir os brasileiros que vivem e têm atividades produtivas na região.”

Sobre o recolhimento do livro Enquanto o Sono não Vem, o Ministério da Educação confirma que ele ocorreu a pedido da bancada evangélica, mas afirma que a decisão obedeceu a critérios técnicos. “Com base em parecer técnico da Secretaria de Educação Básica (SEB), o ministro da Educação, Mendonça Filho, decidiu recolher os 93 mil exemplares do livro Enquanto o Sono Não Vem, distribuídos pelo Programa de Alfabetização na Idade Certa (Pnaic).” O parecer consideraria a obra “não adequada para as crianças de 7 a 8 anos do ensino fundamental, pela abordagem do tema incesto”.

Temer se reúne com aliados para contagem 'realista' de votos

Marina Dias, Talita Fernandes | Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A três dias da votação que pode selar seu destino político, o presidente Michel Temer se reuniu com aliados na noite deste domingo (30) para fazer uma contagem "mais realista" dos votos e definir uma estratégia para a sessão na Câmara que vai analisar a denúncia contra ele.

A reunião no Palácio da Alvorada foi dividida em três etapas e ficou definido que a base do governo apresentará, na sessão de quarta-feira (2), um requerimento para encerrar o debate e iniciar logo a votação.

A estratégia tem o objetivo de evitar mais desgaste do presidente, visto que a oposição deve usar o plenário de palco para fazer ataques ao governo e a Temer, denunciado por corrupção passiva.

Às 17 horas, os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo) se reuniram com os líderes do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), e no Congresso, André Moura (PSC-SE). Pouco antes das 20 horas, o presidente chegou ao Alvorada com o ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral) e os dois pediram um relato sobre o que havia sido tratado até aquele momento, além do mapa de votos que foi fechado pelo Planalto na sexta (28).

Ofensiva de imagem

Temer investe nas redes sociais e em ações de impacto, como visita ao Rio, para barrar denúncia

Júnia Gama, Eduardo Barretto, Maria Lima | O Globo

-BRASÍLIA- Na reta final para a votação da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), por corrupção passiva, que pode afastá-lo do mandato, o presidente Michel Temer intensificou a ofensiva política e de imagem na tentativa de se manter no cargo. Depois de divulgar três vídeos nas redes sociais exaltando medidas do governo nos últimos dias, o presidente esteve ontem no Rio para capitalizar politicamente a ação das Forças Armadas no combate à violência na cidade e na Região Metropolitana. De volta a Brasília, a maratona prosseguiu com sua participação em reunião com ministros e líderes aliados para afinar a estratégia para a votação marcada para quarta-feira no plenário da Câmara. Na noite anterior, Temer recebeu em jantar o presidente afastado do PSDB, senador Aécio Neves (MG), seu maior aliado na legenda que está dividida sobre o apoio ao governo.

Aliados do presidente dizem reservadamente que a contabilidade indica que ele terá mais de 250 votos contra a denúncia, mas, publicamente, o tom é de cautela na divulgação de placar, para que não haja frustração se o resultado for abaixo do esperado. Na reunião de ontem, ministros e líderes de partidos na Câmara continuaram contando votos e ligando para deputados indecisos. Além de Temer, participaram da reunião os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário).

Oposição tenta definir estratégia comum para votação

Objetivo é retardar quorum para a sessão e expor governistas ao desgaste de defender presidente

Júnia Gama | O Globo

-BRASÍLIA- A oposição se reúne amanhã, um dia antes da votação na Câmara da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer, para tentar alinhavar uma estratégia comum. O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) defende que os oposicionistas estejam na Câmara na quarta-feira, data marcada para análise da peça apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mas sem registrar presença em plenário até que a base governista tenha quorum suficiente para iniciar a sessão. Desta forma, acredita Molon, a oposição evitaria fazer o jogo político do governo, que prefere a instalação da sessão com um quorum baixo.

Apenas um grupo de 10 a 20 parlamentares da oposição seria escalado para discursar na tribuna a favor do prosseguimento da denúncia, marcando posição. Para que a acusação da PGR siga adiante, são necessários 342 votos a favor do processo. Para o deputado da Rede, a oposição deveria comparecer à sessão quando o governo conseguir colocar pelo menos 300 aliados em plenário.

Negra | Carlos Drummond de Andrade

A negra para tudo
a negra para todos
a negra para capinar plantar
regar
colher carregar empilhar no paiol
ensacar
lavar passar remendar costurar cozinhar
rachar lenha
limpar a bunda dos nhozinhos
trepar.

A negra para tudo
nada que não seja tudo tudo tudo
até o minuto de
(único trabalho para seu proveito exclusivo)
morrer.

Bach - Prelude no.2 in C Minor - Zimbo Trio - Orquestra Arte Viva