O Globo
Jair Bolsonaro curtiu a vida adoidado no
feriado. Esteve em Aparecida, no Vale do Paraíba, já no último dia da intensa
programação, mas seu espírito estava mais para Dia das Crianças que para louvar
a Padroeira.
Hospedado no Forte dos Andradas, no
Guarujá, litoral de São Paulo, andou de motoca pelas outras cidades litorâneas,
lamentou não ter podido curtir a partida entre Santos e Grêmio pelo Campeonato
Brasileiro — só porque, vejam só que absurdo, não quis se vacinar contra a
Covid-19 — e ainda reclamou quando cobrado a respeito das 600 mil mortes pelo
novo coronavírus no país que por acaso governa. “Não vim aqui para me
aborrecer”, disse Jair num de seus animados rolés do feriadão.
Um vídeo que viralizou também no feriado
das crianças, feito por um grupo de ativistas e replicado à exaustão, mostra um
Jair com faixa presidencial e num gabinete-brinquedoteca. Arminhas de
brinquedo, heróis que atacam o Congresso e, claro, uma motoquinha compõem a
cena enquanto ele se irrita com a primeira-dama, Michelle, que insiste em
chamá-lo enquanto ele “trabalha”. O vídeo termina com uma mensagem dura: “Lugar
de criança não é na Presidência; o Brasil não é brinquedo”.
A pouca disposição do presidente ao trabalho pesado, à coordenação da equipe e a uma agenda estrita de deliberações vai ganhando espaço justamente no terreno em que o bolsonarismo pratica a narrativa política: as redes sociais e os aplicativos de mensagens.