Influenciadores digitais denunciam ação coordenada para bancar comentários positivos ao governador do Piauí, Wellington Dias, e a outras lideranças da sigla; resolução do TSE proíbe propaganda paga nas redes
Maria Lima e Bruno Góes | O Globo
BRASÍLIA - Uma série de comentários favoráveis ao governador do Piauí, Wellington Dias (PT), no Twitter revelou operação de compra de elogios de influenciadores digitais. A lei proíbe propaganda eleitoral paga nas redes sociais. Dias negou relação com a ação e afirmou que ela foi promovida pelo PT. A sigla nega. Uma série de comentários nas redes sociais levou o Piauí a ser um dos assuntos mais relevantes ontem no Twitter. O que parecia ser apenas mais uma onda do mundo digital pode deflagrar o primeiro caso de suspeita de propaganda eleitoral ilegal na internet neste ano. O caso foi descoberto a partir de uma sequência de comentários disparados por influenciadores digitais país afora elogiando e até pedindo voto para o governador do Piauí, Wellington Dias, candidato à reeleição pelo PT. Os elogios teriam sido pagos.
Resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) editada no fim do ano passado proibiu propaganda paga nas redes na campanha de 2018. Um ex-ministro do TSE ouvido pelo GLOBO confirmou que pagar por comentários favoráveis a candidatos configura propaganda irregular. A punição é multa de até R$ 30 mil.
Quem primeiro denunciou o caso foi a usuária @pppholanda. Ela participava de um grupo, arregimentado por uma empresa, que recebia dinheiro para postar conteúdos “de esquerda”. Mas não concordou com a defesa de candidatos petistas. A usuária disse que o combinado, inicialmente, seria organizar uma “ação séria de esquerda, não uma ação partidária”. Após receber orientações para escrever mensagens elogiosas à presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ao candidato ao governo de São Paulo, Luiz Marinho, e Wellington Dias, ela resolveu romper com o grupo. O estopim foi o pedido de apoio ao governador do Piauí.
TUCANOS QUESTIONAM
Com base em conversas de influenciadores arrependidos, que postaram o convite para espalhar notícias favoráveis aos petistas, o advogado do PSDB no Piauí, Carlos Yuri, da Coligação “Piauí de Verdade”, protocolou ontem no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PI) representação por propaganda irregular. Segundo Yuri, a ação contraria a Resolução 23.555, do TSE, que veda propaganda paga na internet.
— O que precisa ser apurado é se o PT nacional está usando a estratégia de usar influência digital paga, o que é proibido por lei. Pelo que apuramos, esses valores podem chegar até a R$20 mil — afirmou ontem o advogado do PSDB.
Dias disse que não sabia da contratação de influenciadores. Segundo o governador, a ação partiu de “uma moçada” da direção nacional do PT:
— Fui surpreendido. Não tem nada a ver coma nossa campanha. Perguntei para a minha equipe e me garantiram que nada disso partiu daqui. O que sei é que teve uma estratégia de uma moçada lá da direção nacional — disse Wellington Dias.
Procurada, a campanha do PT Nacional disseque não participou da iniciativa. A assessoria do PT não se manifestou.
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