Presença de candidato nos debates é imprescindível para escrutínio do eleitor
Nome emergente na corrida pela Presidência da República, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) começa a se defrontar com o contraditório neste início de campanha.
Não se sabe ainda como a candidatura do capitão reformado, neófito em pleito de tal magnitude, irá reagir à propaganda de rádio e TV, que começa em setembro —e na qual terá ínfimos oito segundos.
Já se pode observar, de todo modo, casos de instabilidade do presidenciável, que se mostra irritadiço e errático ao se deparar com situações incômodas.
Depois do debate promovido da Rede TV!, por exemplo, em que se viu pressionado pela candidata Marina Silva (Rede), seus assessores aventaram a possibilidade de abandonar esse tipo de evento. Braço direito da campanha, Gustavo Bebianno, presidente do PSL, afirmou que os confrontos televisivos são inócuos e não levam a nada.
A seguir, o próprio Bolsonaro foi mais assertivo ao dizer ao portal UOL que não mais compareceria aos debates. Não tardou, porém, a voltar atrás, ao perceber as reações negativas que sua decisão intempestiva despertara.
Na quinta-feira (23), em visita à Araçatuba, no interior de São Paulo, declarou que “a princípio” iria comparecer aos próximos programas, embora tenha criticado as fórmulas adotadas. Já Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do postulante, preferiu restringir a presença do pai aos encontros televisivos “de grande audiência”.
O vaivém foi motivado pela constatação de que o embate ríspido com uma mulher não lhe foi proveitoso. Como se sabe, o deputado federal encontra crescente resistência no eleitorado feminino, que representa 52% do total das pessoas capacitadas a votar.
De acordo com o Datafolha, a rejeição das mulheres à sua candidatura pulou de 34%, em junho, para 43% em agosto.
Não foram os únicos episódios do gênero. Bolsonaro também se viu constrangido a descartar a ideia de ampliar de 11 para 21 o número de ministros do Supremo Tribunal Federal —proposta que evidenciava o intuito de avançar sobre um dos Poderes republicanos.
Provocou considerável assombro, ademais, a promessa de retirar o Brasil da ONU na hipótese de tornar-se presidente.
Para aplacar as reações a tal despautério, alegou ter cometido um erro —teria pretendido na realidade referir-se ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas, de onde partiu recente recomendação favorável à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), condenado em segunda instância por corrupção.
Em tão pouco tempo de campanha, reconheça-se que o candidato já expõe bravatas e inconsistências de sobra. Sua presença nos debates televisivos, por falhos que estes de fato sejam, mostra-se imprescindível para o escrutínio dos eleitores.
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