- O Estado de S.Paulo
Ao que tudo indica, o Brasil verá Fabrício Queiroz nesta quarta-feira. O ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro, tão próximo da família que era visto constantemente em festas, pescarias e campanhas com integrantes do clã e tinha vários familiares empregados nos gabinetes de Jair Bolsonaro & filhos, de repente sumiu e ninguém mais ouviu falar dele.
Flávio, o ex-chefe, chegou a dizer que falou, sim, com Queiroz, há cerca de dez dias, quando veio a público um relatório do Coaf que mostra movimentação de mais de um milhão de reais em sua conta entre 2016 e 2017. Achou que a explicação do ex-assessor era “bastante razoável” para essa e outras atipicidades de sua movimentação bancária, mas não disse qual justificativa era essa. Depois não se soube mais de contatos entre ambos, ainda que Flávio esteja com o nome diariamente nas páginas de jornais graças ao caso.
Pois Queiroz deve depor nesta quarta-feira ao Ministério Público do Rio. Além do montante que passou pela sua conta, terá de explicar por que outros servidores do gabinete do agora senador eleito na Assembleia do Rio depositavam sistematicamente dinheiro para ele, em datas próximas ao pagamento dos salários na Casa.
Também poderá esclarecer por que esses depósitos e transferências coincidiam quase sempre com saques de dinheiro vivo em quantias semelhantes.
Por fim, poderá referendar a afirmação feita pelo presidente eleito de que contraiu R$ 40 mil em empréstimos com ele, mesmo tendo uma movimentação de dinheiro tão expressiva em conta, e se os R$ 24 mil que repassou à futura primeira-dama, Michelle, eram pagamento desses empréstimos feitos sem recibo em declaração no Imposto de Renda.
As explicações do ex-servidor são essenciais para que não continue pairando essa cortina de silêncio numa família que, para todo o resto, é expedita em se manifestar nas redes sociais, na tão propalada comunicação direta com o povo.
Ontem mesmo, Jair Bolsonaro fez mais uma de suas transmissões ao vivo. Tratou de vários temas confortáveis e populares para seu público cativo: médicos cubanos, a escola militar batizada com o nome de seu pai, o desconvite aos ditadores de Cuba e Venezuela para a posse. Surfou tranquilamente e manteve aquecida a torcida. Mas não tratou de Fabrício Queiroz, seu amigo desde os anos 1980. Eduardo Bolsonaro também tratara de se esquivar do assunto mais cedo, ao dizer que o problema é de seu irmão, não dele.
Como ninguém quer tratar do tema, que fale o próprio personagem. Com a palavra, Fabrício Queiroz.
CÂMARA
João Campos investirá em associar Maia ao PT
A campanha do deputado João Campos (PRB-GO) à presidência da Câmara aposta em associar a candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) aos partidos de oposição, notadamente ao PT, como forma de tentar atrair o apoio ainda incerto do PSL e da base bolsonarista. Nas conversas com esses deputados e com a imprensa, aliados de Campos dizem que Maia, por enquanto, esconde o PT para não melindrar o futuro governo, mas a aliança já estaria selada. Campos parte do diagnóstico óbvio: a polarização extrema entre bolsonaristas e petistas, que ficou evidente na campanha e segue a todo vapor na transição, como se viu ontem na diplomação em São Paulo, pode funcionar como fator de desgaste de Maia junto a setores da próxima bancada governista mais ideologizados. Outro trunfo com o qual ele espera contar é o fato de ser delegado da Polícia Federal. Fará uma pregação da pauta anticorrupção do futuro ministro Sérgio Moro como forma de se contrapor, de novo, a Maia e ao Centrão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário