*Karl Marx (1818-1883), “Manifesto
Comunista”, Fevereiro, 1848. Boitempo Editorial, p.69. São Paulo, 2005.
Política e cultura, segundo uma opção democrática, constitucionalista, reformista, plural.
segunda-feira, 7 de julho de 2025
Opinião do dia - Karl Marx* (herança democrática)
O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões
COP30 corre risco de frustrar expectativas
O Globo
Reuniões preparatórias obtiveram consenso em
alguns temas, mas resultados foram tidos como ‘mornos’
São pouco promissoras as perspectivas para a
Conferência do Clima da ONU, a COP30, agendada para novembro em Belém. Ainda é
possível reagir, mas vai se estreitando o tempo para que a conferência se torne
um marco com consequências. É grande o risco de ela frustrar as expectativas.
A comunidade internacional tem seguido um roteiro atribulado desde o Acordo de Paris, que assumiu em 2015 o compromisso de evitar alta de mais de 2°C na temperatura global em relação aos níveis anteriores à Revolução Industrial — e, de preferência, inferior a 1,5°C. Desde então, tem havido mais desencontro do que acordo sobre aspectos cruciais relacionados ao objetivo de conter o aquecimento do planeta, causa de desastres climáticos com consequências negativas nos planos social e econômico.
Há uma luta de classes, e os ricos estão ganhando - Camila Rocha
Folha de S. Paulo
Os tais 10% da faixa proposta aos super-ricos
brasileiros corresponde à faixa mais baixa dos contribuintes norte-americanos
Warren
Buffett é o quinto homem mais rico do mundo. Sua fortuna é estimada em
US$ 166 bilhões, quase R$ 1 trilhão. No dia 26 de novembro de 2006, o escritor
e comentarista político Ben Stein escreveu uma coluna para o The New York Times
sobre uma conversa que teve com Buffett sobre algo que preocupava o bilionário:
o sistema
tributário.
Nos Estados Unidos, há um sistema progressivo de taxação. As faixas variam de 10% a 37%. Em 2025, por exemplo, quem ganhar até pouco menos de US$ 12 mil anuais irá pagar 10%. Quem ganhar mais de US$ 626 mil anuais está na faixa mais alta de contribuição, 37%.
A crise atual: instituições constantes, incentivos variáveis - Marcus André Melo
Folha de S. Paulo
A questão principal é por que a crise se
agudizou agora se não houve mudança nas regras institucionais
Há duas posições rivais na interpretação da atual crise nas relações Executivo-Legislativo. A primeira sustenta que o presidencialismo de coalizão se esgotou e perdeu sua funcionalidade devido ao enfraquecimento do Executivo. O resultado é a fragmentação da coalizão de apoio ao Executivo, incapacitando-o de implementar sua agenda. Esta dinâmica é vista como produto de uma usurpação de poderes do Executivo progressista pelo Legislativo conservador.
Congresso mimado por penduricalhos - Lygia Maria
Folha de S. Paulo
Dada a carência da população brasileira, além
do serviço débil prestado pelo Legislativo, nada justifica a montanha de gastos
A deputada federal Erika
Hilton (PSOL-SP) foi criticada nas redes sociais por contratar maquiadores como assessores parlamentares.
Na Justiça, uma juíza federal deu 20 dias para que ela explique a contratação
de uma empresa de segurança que possuiria atuação e registro nebulosos.
Hilton se diz perseguida por ser trans, o que não passa de ad hominem. Escrutinar o uso de dinheiro público é função
básica da imprensa, e o mau uso desse dinheiro por políticos no Brasil é
histórico, independentemente de identidade de gênero ou partido.
Decisão marca inflexão na relação entre STF e Executivo - Maria Cristina Fernandes
Valor Econômico
Conciliação buscada pelo ministro, na
verdade, ainda não apaziguou o embate, e o presidente Lula, no relato de um
ministro, teria ficado desagradado com a decisão
A decisão do ministro Alexandre de Moraes de suspender
ambos os decretos, o do Congresso e o do Executivo, na disputa do IOF revelou um ponto de
inflexão na relação entre o Executivo e o Supremo Tribunal Federal. A
invalidação dos decretos tira a bola de campo de um jogo em que os dois times
estão em guerra, mas, na prática, suspende os efeitos da majoração do imposto. A conciliação buscada pelo ministro, na verdade, ainda
não apaziguou o embate, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no relato de
um ministro, teria ficado desagradado com a decisão.
A mensagem no X do ministro da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, registra o acolhimento, pelo ministro, da tese da separação dos Poderes contida na ação governista que pediu a suspensão do decreto legislativo do Congresso, mas a declaração do presidente da Câmara de que a decisão de Moraes está em sintonia com a Casa não deixa dúvida de que Hugo Motta (Republicanos-PB) faturou esta decisão como uma vitória, que, de fato, ocorreu.
Este é o pior Congresso da história brasileira? - Bruno Carazza
Valor Econômico
Dados legislativos ajudam a investigar se a
profecia de Ulysses Guimarães se cumpriu
“Está achando ruim este Congresso? Então
espera o próximo: será pior. E pior, e pior” A frase, atribuída a Ulysses
Guimarães (1916-1992), teria sido dita ao final da Assembleia Nacional
Constituinte, presidida por ele.
O “Senhor Diretas” tinha visão. Deputado
federal por onze mandatos consecutivos e presidente da Câmara em três ocasiões
(1956-1958, 1985-1987 e 1987-1989), doutor Ulysses já antevia ao que levaria o
sistema eleitoral previsto na nova Constituição.
Nos últimos anos, com a intensificação das
crises entre os Poderes, o vaticínio de Ulysses vem sendo repetido.
Em parte, essa sensação pode estar associada a uma mudança geracional e, como decorrência, também a um novo estilo de se fazer política no Brasil.
Os vários riscos da retórica do ‘nós contra eles’ - Sergio Lamucci
Valor Econômico
Estratégia pode dificultar o avanço da agenda
da equipe econômica no parlamento, além de piorar a qualidade do debate sobre
política fiscal e sobre a agenda para reduzir a injustiça tributária
Nos últimos dias, o governo e o PT entraram
pesado na campanha do “nós contra eles”, martelando a ideia de que promovem
medidas em defesa dos mais pobres, enquanto sofreriam a oposição do Congresso e
dos mais ricos. Esse maniqueísmo acirrou os ânimos com deputados e senadores, o
que pode dificultar o avanço da agenda da equipe econômica no parlamento, além
de piorar a qualidade do debate sobre política fiscal e sobre a agenda para
reduzir a injustiça tributária no país, num momento em que as incertezas sobre
as contas públicas continuam elevadas.
A estratégia usa argumentos falaciosos, a começar por incluir o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), derrubado por deputados e senadores, como uma medida que atingiria principalmente os mais ricos. Como a elevação do IOF encarece o crédito, ela pesa mais sobre os mais pobres, mais endividados do que a parcela da população de renda elevada.
Estado brasileiro não é grande nem pequeno, é desigual - Preto Zezé
O Globo
No Brasil, a cada R$ 1 de renúncia fiscal
dado aos grandes, não há exigência proporcional de geração de empregos
Há quem defenda um “Estado mínimo” para justificar cortes de serviços e direitos sociais. Curiosamente, essa visão raramente se aplica aos grandes grupos econômicos, que continuam sendo generosamente amparados por isenções, subsídios e desonerações bilionárias. Para os pequenos e médios empresários — especialmente aqueles que empreendem nas favelas e periferias —, sobram burocracia e crédito caro, e falta apoio. É uma contradição que mostra o verdadeiro problema do Estado brasileiro: ele não é grande nem pequeno — é desigual.
No consultório da doutora IA – Fernando Gabeira
O Globo
Se substituímos a força de trabalho humana
pela máquina, quem responde pelos eventuais erros que ela possa cometer?
Desde o tempo do Google, costumo
consultar a plataforma a qualquer pequena doença, incômodo físico ou ziquizira.
Com o advento da inteligência artificial, as consultas se tornaram mais
frequentes. As respostas, copiosas, oferecem mais dados, indicam novos exames,
novos caminhos de pesquisa. Na aparência, um superconsultório médico.
Em contato com a médica Adrienne Moreno, que me atende já há alguns anos, comentei o desempenho da inteligência artificial e ouvi o que, de certa forma, desconfiava: as coisas não são tão positivas quanto parecem. Na opinião dela, o uso dessas consultas sem treinamento especial traz vários perigos, mesmo para os médicos.
O fardo dos juízes de preto - Demétrio Magnoli
O Globo
Ao declarar a inconstitucionalidade do artigo
19 do Marco Civil da Internet, o STF conferiu poderes censórios ilimitados às
plataformas de redes sociais. De agora em diante, elas terão a obrigação de
excluir postagens que poderiam, hipoteticamente, ser definidas como ilegais por
um juiz. Os juízes de capa preta imaginam-se regulando a liberdade de expressão
de milhões de brasileiros. De fato, terceirizam a robôs decisões delicadas
sobre crimes de palavra.
Um trecho do voto de Cármen
Lúcia esclarece o argumento dos oito juízes que formaram a maioria:
— A censura é proibida constitucionalmente,
mas não se pode permitir que nós estejamos numa ágora em que haja 213 milhões
de pequenos tiranos soberanos. Soberano é o Brasil, soberano é o direito
brasileiro.
Os cidadãos são, então, “pequenos tiranos” — bárbaros ou crianças irresponsáveis. Cabe ao “direito brasileiro” — ao soberano STF — conter a massa ignara, restaurando o primado da civilização.
Justiça tributária ou populismo? - Carlos Pereira*
O Estado de S. Paulo
Guinada populista de Lula mira menos 2026 e mais a manutenção da hegemonia do PT sobre a esquerda
É uma máxima do jogo eleitoral: diante da
perspectiva de derrota, radicaliza-se o discurso para fidelizar a base –
mirando a próxima rodada.
A guinada à esquerda de Lula, reeditando a
narrativa “ricos contra pobres”, sinaliza que o PT já considera difícil vencer
em 2026. Mais que estratégia para vencer, parece tentativa de manter o PT como
protagonista da esquerda. Para vencer, Lula teria que repetir a tática de 2022:
moderar o discurso e buscar votos no centro. Mas isso colocaria em risco o
domínio do PT sobre o campo progressista no caso de derrota.
O lema é claro: entrega-se o Planalto para salvar a hegemonia do PT.
Meio ambiente sem ideologia - Michel Temer*
O Estado de S. Paulo
O objetivo deste escrito é revelar que o
diálogo, sem radicalismos, pode unir o País em defesa do meio ambiente. Aliás,
como tudo
Meio ambiente físico é vida. Sua preservação
é para as atuais e as novas gerações. É obrigação de todos os brasileiros, sem
exceção.
Anoto, contudo, algumas realidades. A
primeira delas é que o tema foi ideologizado. Alardeia-se que a chamada
“esquerda” é a favor da preservação e a chamada “direita”, em particular,
agricultura e agronegócio, são pela sua destruição. É falso.
Agricultores e ambientalistas devem trabalhar em conjunto. Sem divergências. Foi, aliás, o que fiz nos meus 963 dias de governo. Os ministros da Agricultura e do Meio Ambiente conversavam permanentemente para que não houvesse nenhum mal-estar entre essas áreas. E não houve. Muitas dessas reuniões eram feitas na minha sala para que não houvesse nenhuma faísca entre esses setores. Não se permitiu a ideologização da matéria. Tanto isso é verdade que o agronegócio prosperou ao mesmo tempo em que avançaram as reservas ambientais. Basta relembrar que ampliamos a Chapada dos Veadeiros no Centro-Oeste, de 60.000 para 240.000 hectares. Um aumento de quatro vezes da área ambiental.