Avanço contra pobreza e miséria merece celebração
O Globo
Para que queda de ambas se consolide, porém,
governo precisará fazer bem mais do que tem feito
O Brasil registrou avanço significativo no
combate à pobreza e à miséria, segundo dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2023, ambas caíram aos menores
índices da série histórica iniciada em 2012. A proporção de pobres na população
foi de 36,7% no ápice — período da pandemia — para 27,4%. A pobreza extrema, de
9% para 4,4%. Estimativas da FGV Social sugerem que a fatia de pobres e
miseráveis na população nunca foi tão pequena. Como, apesar da queda, os
contingentes ainda são enormes, o combate às duas chagas históricas não pode
esmorecer. Para que a tendência se consolide, o governo precisará fazer bem
mais do que tem feito.
Dois fatores foram responsáveis pelos resultados positivos. O primeiro foi a redução do desemprego. A desocupação caiu de 8,8% no primeiro trimestre de 2023 para 7,9% um ano depois. A massa salarial, descontada a inflação, cresceu 6,6%, e o rendimento médio subiu 4%. Para a população vulnerável, mais dinheiro no bolso é a diferença entre a pobreza e uma vida mais digna. Mas a previsão é que o crescimento econômico que embalou a geração de emprego e renda arrefeça.