Tarcísio comete seu maior erro na segurança pública
O Globo
São Paulo se destacava por combate ao crime
com baixa letalidade policial. Atual governo marca uma inflexão
Questionado sobre a crise na polícia do
estado, o governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), respondeu: “Olhe os números”. Não se
poderia esperar conselho mais oportuno. Tarcísio terá muito a ganhar quando
seguir o próprio conselho e reconhecer os erros da política de segurança
pública que ele e seu secretário Guilherme
Derrite têm adotado. De janeiro a dezembro, a PM paulista matou
712 pessoas, segundo dados do Ministério Público — o dobro do registrado no
mesmo período de 2022. Diversos episódios recentes formam um quadro
preocupante.
É preciso reconhecer que, durante mais de
duas décadas, São Paulo se destacou pelos melhores índices brasileiros na
segurança pública. Sucessivos governos reduziram a criminalidade, ao mesmo
tempo que baixavam a letalidade policial. Estrutura de comando e
profissionalismo estiveram sempre entre as metas da polícia. E a maioria dos
policiais do estado continua a desempenhar trabalho competente, preocupado com
a segurança dos cidadãos. Mas a chegada de Tarcísio e Derrite marcou uma
inflexão.
Desde o início, Tarcísio foi ambivalente sobre o uso de câmeras corporais, equipamento que, como revelou reportagem do Fantástico, protege não apenas o cidadão de agressões, mas os próprios policiais de acusações indevidas. A influência de Derrite, presente nas forças táticas, tem sido nefasta. Quando o comando é leniente com a truculência, os policiais mais violentos se sentem livres para agir sem freios.