terça-feira, 3 de junho de 2025

Opinião do dia - Manuel Castells*

"Em tempos de incertezas costuma-se citar Gramsci quando não se sabe o que dizer. Em particular, sua célebre assertiva de que a velha ordem já não existe e a nova ainda está para nascer. O que pressupõe a necessidade de uma nova ordem depois da crise. Mas não se contempla a hipótese do caos. Aposta-se no surgimento dessa nova ordem de uma nova política que substitua a obsoleta democracia liberal que, manifestamente, está caindo aos pedaços em todo o mundo, porque deixa de existir no único lugar em que pode perdurar: a mente dos cidadãos.

A crise dessa velha ordem política está adotando múltiplas formas. A subversão das instituições democráticas por caudilhos narcisistas que se apossam das molas do poder a partir da repugnância das pessoas com a podridão institucional e a injustiça social: a manipulação midiática das esperanças frustradas por encantadores de serpentes; a renovação aparente e transitória da representação política através da cooptação dos projetos de mudanças; a consolidação de máfias no poder e de teocracias fundamentalistas, aproveitando as estratégias geopolíticas dos poderes mundiais; a pura e simples volta à brutalidade irrestrita do Estado em boa parte do mundo, da Russia à China, da África neocolonial aos neofascismos do Leste Europeu e às marés ditatoriais na América Latina.

E, enfim, o entrincheiramento no cinismo político, disfarçado de possibilismo realista dos restos da política partidária como forma de representação. Uma lenta agonia daquilo que foi essa ordem política."  

*Manuel Castells. "Ruptura – A crise da democracia liberal", p.144. Editora Zahar. Rio de Janeiro, 2017.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Déficit das estatais reflete incúria fiscal do governo Lula

O Globo

Rombo no primeiro quadrimestre atinge maior valor da série histórica. É urgente retomar privatizações

O déficit acumulado pelas estatais federais nos quatro primeiros meses deste ano bateu recorde: escalou a R$ 2,73 bilhões, maior nível da série histórica, de acordo com o Banco Central. No mesmo período de 2024, elas registraram perdas de R$ 1,6 bilhão — e o rombo cresceu até fechar o ano em R$ 6,73 bilhões. Reverteu-se, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, a tendência a maior controle nessas contas que vinha se consolidando desde a gestão Michel Temer.

Os governos Temer e Jair Bolsonaro promoveram saneamento nas estatais federais dependentes do Tesouro (as que entram no Orçamento da União, e não as submetidas a regras de mercado, como Petrobras). Mas a situação voltou a se deteriorar no governo Lula. Talvez o maior símbolo da incúria sejam os Correios, cujos prejuízos somaram R$ 1,72 bilhão no primeiro trimestre do ano, mais que o dobro das perdas entre janeiro e março de 2024 — pior resultado para o primeiro trimestre desde 2017. As contas têm fechado no vermelho desde 2022. E o quadro contábil pode ser ainda mais crítico. A área técnica do Tribunal de Contas da União diz que a estatal burlou normas técnicas para declarar perdas menores em 2023 (o relatório, preliminar, precisará passar pelo plenário da Corte).

Lula reafirma desejo de reeleição e teme vitória da oposição no Senado – Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

Lula falou por quase uma hora, reafirmou seu projeto de reeleição e defendeu a união entre os dois partidos de esquerda em 2026

“Se eu estiver bonitão do jeito que estou, apaixonado do jeito que estou e motivado do jeito que estou, a extrema-direita não volta a governar este país”, anunciou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, domingo, no congresso nacional do PSB, ao lado do prefeito do Recife, João Campos, que tomou posse no comando da legenda. Lula falou por quase uma hora, reafirmou seu projeto de reeleição e defendeu a união entre os dois partidos de esquerda em 2026.

Para bom entendedor, ao comparecer ao congresso do PSB, Lula sepultou as expectativas dos aliados de centro-esquerda de que pode renunciar ao vice-presidente Geraldo Alckmin na chapa da reeleição. Nos bastidores da base governista, aliados do MDB defendem a indicação do governador do Pará, Helder Barbalho, para o lugar do ex-governador paulista. Mesmo antes da posse de João Campos no comando da legenda, a cúpula do PSB já havia manifestado a posição de que deseja a manutenção de Alckmin na vice.

Era armamentista – Merval Pereira

O Globo

Há convergência de pensamento e objetivos com Trump que isola a esquerda, mesmo a não radical

Já foi ultrapassada a era de desarmamento que prenunciava um mundo menos antagonizado. A invasão da Ucrânia pela Rússia iniciada em 2022 — combinada à volta de Donald Trump ao poder nos Estados Unidos, obstinado em não investir na Otan como sistema de proteção do Ocidente — fez com que os países europeus, que se sentiam protegidos pelo tratado nascido na Segunda Guerra Mundial para prevenir ataques desse tipo, retornassem à política armamentista de autodefesa que se expande pelo mundo. A Otan foi peça fundamental para que a Guerra Fria entre União Soviética e Estados Unidos não esquentasse.

A nova escalada da guerra com o ataque surpresa da Ucrânia devastando boa parte da Força Aérea russa e a previsível retaliação só fazem aumentar a insegurança. Essa é uma doença que se espalha com facilidade, baseada no receio bem fundamentado de que um país como a Rússia possa repetir a Alemanha de Hitler e invadir seus vizinhos, transformados em zonas de influência, com a anuência de um líder autocrata como Trump, que “entende” a importância da força militar na geopolítica internacional e aceita um mundo não mais dividido entre Ocidente e Oriente, mas em três áreas dominadas por Estados Unidos, China e Rússia.

Batalha do IOF expõe crise do federalismo - Luiz Schymura*

Valor Econômico

Ao tentar blindar seu programa de governo dos cortes necessários para o cumprimento do arcabouço fiscal, Lula se vê forçado a buscar mais recursos para não comprometer as políticas públicas, mas as opções que parecem disponíveis encontram forte resistência

O recente decreto do presidente Lula sobre IOF deflagrou um grande embate entre os poderes Executivo e Legislativo. Enquanto o governo federal aponta a elevação do IOF como a alternativa possível para viabilizar o arcabouço fiscal, a Câmara dos Deputados dá sinais de que não aceita o uso do dispositivo regulatório IOF como meio arrecadatório. Frente ao impasse, o presidente da Câmara, Hugo Motta, endurece o jogo e sinaliza com a derrubada do decreto presidencial caso o Executivo não apresente uma proposta que seja passável na Casa Legislativa. Assim, o aumento do IOF, decretado por Lula para fechar as contas públicas, virou o estopim de uma guerra silenciosa entre o governo e o Congresso - e expõe uma crise ainda maior: o esgotamento do modelo de financiamento da União.

Sob o comando das big techs - Luiz Gonzaga Belluzzo*

Valor Econômico

Governo Trump levou ao paroxismo os impulsos desses poderosos oligarcas que ambicionam o controle privado do Estado americano

O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, revelou o propósito do governo Donald Trump de sancionar autoridades estrangeiras que afetem a “liberdade de expressão” conduzida pelas big techs. A instantaneidade que impera em nossos tempos desatou, rapidamente, na mídia e nas redes sociais, recriminações agressivas endereçadas ao ministro do STF Alexandre de Moraes.

Devo acentuar a palavra instantaneidade. Ela significa os modos linguísticos que se apresentam na sociabilidade das redes sociais. Sociabilidade construída no interior das plataformas. Assim funcionam as comunicações e as opiniões que circulam no Facebook, Instagram, WhatsApp e X (outrora Twitter).

O economista Yanis Varoufakis arrisca seus neurônios para definir as transformações que levaram as economias de mercado a desaguarem no regime tecnofeudal. Suas peripécias conceituais apontam a substituição dos mercados por plataformas de negociação digital. Elas parecem, mas não são, mercados. Essas plataformas são semelhantes aos feudos. Assim, argumenta Varoufakis, o lucro, motor do capitalismo, foi substituído por seu predecessor feudal: a renda. Especificamente, é uma forma de aluguel que deve ser paga pelo acesso a essas plataformas e à nuvem de forma mais ampla.

IA generativa pode afetar 31,3 milhões de empregos no Brasil - Lucianne Carneiro

Valor Econômico

Para especialistas, é mais provável um cenário de mudança do trabalho que de perda de vagas

A inteligência artificial generativa tem potencial de afetar 31,3 milhões de trabalhadores no Brasil, em maior ou menor grau, aponta um estudo da LCA 4Intelligence que adapta metodologia usada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para tratar do tema. Desses, um contingente de 5,5 milhões enfrenta o maior risco.

Em termos proporcionais, o trabalho mostra que a parcela do pessoal ocupado exposto de alguma forma à IA generativa era de 30,6% no primeiro trimestre de 2025, acima dos 26,8% no primeiro trimestre de 2012 e dos 23,8% da média mundial observada no estudo da OIT. O grupo dos que podem ser mais afetados representa 5,4% dos trabalhadores ocupados no Brasil e 3,3% no mundo como um todo.

Para OCDE, o Brasil está crescendo menos do que poderia - Assis Moreira

Valor Econômico

Entidade mantem projeção de desaceleração no Brasil e considera que incerteza fiscal não ajuda o país

O Brasil está crescendo menos do que poderia crescer, e a incerteza sobre o panorama fiscal não ajuda. A avaliação é de Jens Arnold, economista responsável na Organização para Cooperação e Desenvolvimento Economico (OCDE) pelo acompanhamento da economia brasileira.

A OCDE publica hoje novo relatório sobre as Perspectivas para a Economia Mundial, no qual mantem a projeção de que o crescimento no Brasil vai desacelerar de 3,4% no ano passado para 2,1% neste ano e 1,6% em 2026. A moderação é amplamente resultado de baixa na demanda doméstica. O consumo das políticas é esperado desacelerar em decorrência do aumento da inflação e da menor confiança do consumidor.

Mas este país consegue crescer? - Jorge J. Okubaro

O Estado de S. Paulo

A ressalva mais correta ao desempenho do PIB no primeiro trimestre talvez seja a de que, até o fim do ano, não se repetirá

Tempos estranhos estes. Tudo vai mal mesmo quando vai bem. Algumas coisas vão mesmo muito mal, e é preciso apontá-las, como fez este jornal com coragem no editorial. É isto o Senado? (29/5/2025), ao classificar “o espetáculo ultrajante” a que a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, foi submetida numa comissão da Casa como “um dos momentos mais abjetos da história do Senado”. A sociedade não pode acostumar-se a agressões como as que foram cometidas contra uma ambientalista, mulher e negra, especialmente quando praticadas por membros do Congresso, que em tese são representantes do povo. Mas talvez não devesse, igualmente, conviver coma ideia de que nada melhora, ou de que, quando melhora, não compensa o que piorou.

Xi, Trump e Musk, quem dá mais? - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Sem ‘especialista em internet’, avançam as conversas com a China sobre Defesa e Segurança

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, matou no peito e livrou o presidente Lula de uma de suas muitas dores de cabeça, ao negar no Congresso que o governo esteja “importando” um especialista em internet da China, como o próprio Lula havia anunciado. A questão, porém, vai além. Há intensas discussões entre os ministérios e negociações entre o Brasil e a China para a adaptação nacional de sistemas chineses de defesa externa e de segurança interna.

Além da gravidade e da urgência do combate ao crime organizado, às milícias e à violência que atormenta o País e as famílias brasileiras, há também a questão política e econômica: o Brasil não pode ficar refém de antenas e satélites exclusivamente da Starlink, de Elon Musk, na Amazônia.

Motta em busca de alguma identidade - Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

Hugo Motta está em busca de alguma identidade para sua presidência da Câmara; que hoje tem por existência a paralisia, senão para legislar em causa própria. Quer mudar essa imagem. Farejou na questão fiscal uma oportunidade, como se o Congresso não fosse sócio na constituição deste Orçamento safado.

Disse que não haveria rubrica tabu e que toda despesa estaria suscetível à faca fiscalista, como se cortar gastos não significasse cortar obrigatoriamente emendas parlamentares – e como se sua eleição para comandar a Câmara não contivesse mandato para proteger esse quinhão.

Disse que o corte “estruturante” das despesas teria de ser para já, com efeito ainda em 2025, como se a proximidade das eleições – agenda de reeleição que será também do Parlamento – não impusesse outra ordem de prioridades. Outra ordem de prioridades, num exemplo: energia elétrica gratuita para mais de 60 milhões de pessoas.

Vale do Silício, o filme - Pedro Doria

O Globo

A premissa da obra do diretor e roteirista Jesse Armstrong, responsável pela série 'Succession', parece absurda, mas não é

A HBO aprovou “Mountainhead” , filme que estreou sábado no serviço de streaming Max, em dezembro. Jesse Armstrong, diretor e roteirista responsável pela série “Succession”, teve quatro meses para escrever o roteiro, conseguir os atores, filmar, editar e botar no ar. Quando a ideia lhe ocorreu, Donald Trump já estava eleito presidente americano; Mark Zuckerberg (CEO da Meta) já havia dado sua entrevista sobre a “falta que faz energia masculina” e anunciado o fim da moderação; e Elon Musk estava confirmado como parte do governo. Em “Succession”, Armstrong apresentou sua versão da família Murdoch, capitaneando um dos maiores impérios de comunicação do mundo. “Mountainhead” é só um filme, não uma série inteira em múltiplas temporadas. A intenção é dissecar do mesmo jeito os tech bros. Os bilionários do Vale do Silício. E, de certa forma, ele consegue.

O Cidadania, inteligência artificial (IA), Janja e as redes sociais - Comte Bittencourt*

Correio Braziliense

A regulação do uso da inteligência artificial (IA) no Brasil deve ser feita com seriedade, com participação plural, sem dogmas ideológicos e sempre em defesa da democracia

Em 2025, o partido Cidadania deu um passo ousado e simbólico: tornou-se o primeiro partido político brasileiro a utilizar recursos de inteligência artificial (IA) na produção de uma propaganda partidária exibida no horário gratuito de rádio e televisão. A repercussão foi imediata. De um lado, aplausos; de outro, críticas severas. Mas o que se pretendeu, acima de tudo, foi provocar um debate necessário: o Brasil precisa discutir urgentemente a regulação do uso da IA e das redes sociais na política e na vida pública.

É fundamental deixar claro — e o Cidadania faz questão de enfatizar — que o que se defende aqui é regulação, e não censura. Há uma diferença profunda entre essas duas ideias. Regulação é estabelecer limites, regras claras e democráticas que organizem o uso de tecnologias de grande impacto na sociedade. Censura, por sua vez, é a tentativa de suprimir opiniões, calar vozes, restringir liberdades. E contra isso, o Cidadania sempre se posicionou de forma firme, desde a sua origem.

Israel e Gaza: existe esperança? - Joel Pinheiro da Fonseca

Folha de S. Paulo

Só uma liderança comprometida com valores básicos de humanidade pode deter a escalada

Há muito oportunismo político no uso da acusação de antissemitismo para qualquer crítica aos ataques de Israel em Gaza. Bombardeios indiscriminados, cerco total, restrição à ajuda humanitária, mortes que se aproximam —se é que já não passaram— das 100 mil. Não há antissemitismo nenhum em denunciar tudo isso e cobrar um cessar-fogo imediato.

O oportunismo da acusação só é possível, contudo, porque o problema social que ele busca explorar para fins políticos existe. O antissemitismo é real e está em crescimento pelo mundo, como mostra o ataque terrorista em Boulder, Colorado, contra uma marcha que pedia a libertação dos reféns do Hamas. Sinagogas ameaçadas, estudantes judeus acuados em universidades americanas, defesas explícitas do Hamas. Não faltam exemplos.

Princípios importam - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Bolsonaro, Trump e Musk só defendem a liberdade de expressão enquanto ela os favorece, mas isso não é motivo para relativizar liberalismo

Gosto do que Celso Rocha de Barros escreve, mas não gostei de sua coluna de sábado (31), em que ele diz ou pelo menos sugere que, no embate com a direita radical, não precisamos ser ciosos de princípios como a liberdade de expressão.

Comecemos pelo ponto em que eu concordo com Celso. A defesa que Bolsonaros, Trump ou Musk fazem da liberdade de expressão pode ser qualificada como insofismavelmente falsa. Eles não estão nem um pouco interessados na manutenção da ordem liberal. E só ver como agem.

Bolsonaro passou décadas defendendo a ditadura militar para o Brasil e, quando chegou ao poder, tentou instalar uma. Trump usa toda a força da Presidência dos EUA para calar críticos.

Tarcísio lunático, Bolsonaro místico e Lula retranqueiro - Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Com direita dividida e esquerda encalhada, cenário para 2026 continua imprevisível

Na receita publicitária, Tarcísio de Freitas é um político de perfil técnico e um bolsonarista moderado. Conhece as regras de etiqueta à mesa e maneja como ninguém o martelo de Thor da privatização. No entanto, sua declaração ao STF como testemunha no caso da trama golpista revela que a perspicácia não é seu forte. Ou que ele andava no mundo da lua em 2022.

Ao defender Bolsonaro, Tarcísio disse que o ex-presidente "respeitou o resultado da eleição" e que a posse de Lula "aconteceu em plena normalidade e respeito à democracia", duas distorções da realidade que desmoralizam o currículo de um ex-militar modelo.

O quinteto rebelado - Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Cinco partidos na base presidencial formam o núcleo da aliança para se contrapor ao presidente em 2026

Cinco partidos com assento no primeiro escalão da equipe presidencial formam o núcleo de uma grande aliança que se movimenta para enfrentar as pretensões do presidente em 2026, sejam elas de se reeleger ou de levar à cadeira principal do Planalto alguém em seu lugar.

O quinteto ora em via de ensaio à rebelião é formado por PPMDBUnião BrasilPSD e Republicanos. São titulares de 11 ministérios, do comando da Caixa Econômica e ocupam outros tantos cargos espalhados pela administração federal.

Dois deles (União e PP) já se uniram numa federação de 109 deputados, 14 senadores, seis governadores, 1.330 prefeitos e R$ 954 milhões de fundo partidário no caixa. Outros dois, MDB e Republicanos, discutem uma junção semelhante, e um terceiro, o PSD, nutre simpatia pela parceria.

Poesia | Colóquio das estátuas, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Chico Buarque canta Cálice com Gilberto