Mercados se inquietam com chance de estagflação nos EUA
Valor Econômico
Para o Brasil, a melhor defesa ante
instabilidades que virão é buscar o equilíbrio fiscal, desestimulando saídas de
capital e novas maxidesvalorizações nocivas do dólar
O cenário de mercados otimistas com a eleição
de Donald Trump e seu programa de governo está mudando rapidamente para outro,
pessimista, em que os Estados Unidos poderão entrar em recessão, sem que a
inflação deixe de subir. As bolsas americanas tiveram um dia para esquecer. A
Nasdaq, onde são vendidos os papéis das big techs, chegou a recuar 4,6% - uma
liquidação que eliminou US$ 1 trilhão de valor -, enquanto as superprestigiadas
ações das companhias de tecnologia tiveram perdas de 16% no ano até agora. S&P
e Dow Jones caíram bem, mas um pouco menos. Tesla, do bilionário Elon Musk,
membro do governo Trump, viu seu valor de mercado reduzido em US$ 500 bilhões.
As perspectivas dos investidores pioraram de vez depois que Trump se negou, em
entrevista no fim de semana, a descartar recessão ou mais inflação com as
medidas que vem tomando, algo que nunca esteve em seu script.
As expectativas começaram a virar lentamente, já que a possibilidade de recessão tende a derrubar ações, os bônus do Tesouro e o dólar, que ontem recuou no mundo inteiro, menos no Brasil, onde subiu. A velocidade da guinada nos preços dos ativos importa, assim como o ponto da qual partem. Os mercados acionários, em especial os papéis das big techs, vinham exibindo um desempenho excepcional, que cessaria em algum momento. A Nasdaq teve ganhos de 30% no ano passado, a S&P, 23% e Índice Dow Jones, 13%. O acerto de contas pode ter tido um de seus pontos de inflexão ontem, ainda que seja prematuro predizer que haverá “estouro” da bolha parecido ao que ocorreu após a euforia das dotcom em 2000.