terça-feira, 9 de dezembro de 2025

Opinião do dia – Antonio Gramsci* (Sobre o conceito de partido político)

"Quando se quer escrever a história de um partido político, deve-se enfrentar na realidade toda uma série de problemas muito menos simples do que aqueles imaginados, por exemplo, por Robert Michels, considerado um especialista no assunto 

O que é a história de um partido? Será a mera narração da vida interna de uma organização política, de como ela nasce, dos primeiros grupos que a constituem, das polêmicas ideológicas através das quais se forma seu programa e sua concepção do mundo e da vida? Tratar-se ia, neste caso, da história de grupos intelectuais restritos e, em alguns casos, da biografia política de uma individualidade singular.

Portanto, a moldura do quadro deverá ser mais ampla e abrangente. Será preciso escrever a história de uma determinada massa de homens que seguiu os iniciadores, sustentou-os com sua confiança, com sua lealdade, com sua disciplina, ou que os criticou "realisticamente", dispersando-se ou permanecendo passiva diante de algumas iniciativas. Mas será que esta massa é constituída apenas pelos adeptos do partido? Será suficiente acompanhar os congressos, as votações, etc., isto é, todo o conjunto de atividades e de modos de existência através dos quais uma massa de partido manifesta sua vontade? 

Evidentemente, será necessário levar em conta o grupo social do qual o partido é expressão e a parte mais avançada: ou seja, a história de um partido não poderá deixar de ser a história de um determinado grupo social. Mas este grupo não é isolado; tem amigos, afins, adversários, inimigos. Somente do quadro global de todo o conjunto social e estatal (e, frequentemente, também com interferências internacionais) é que resultará a história de um determinado partido; por isso, pode-se dizer que escrever a história de um partido significa nada mais do que escrever a história geral de um país a partir de um ponto de vista monográfico, pondo em destaque um seu aspecto característico. 

Um partido terá maior ou menor significado e peso precisamente na medida em que sua atividade particular tiver maior ou menor peso na determinação da história de um país. Desse modo, é a partir do modo de escrever a história de um partido que resulta o conceito que se tem sobre o que é um partido ou sobre o que ele deva ser. O sectário se exaltará com os pequenos fatos internos, que terão para ele um significado esotérico e o encherão de entusiasmo místico; o historiador, mesmo dando a cada coisa a importância que tem no quadro geral, acentuará sobretudo a eficiência real do partido, sua força determinante, positiva e negativa, sua capacidade de contribuir para a criação de um acontecimento e também para impedir que outros acontecimentos se verificassem."

*Antonio Gramsci (1891-1937), Cadernos do Cárcere. V.3 P.87. Civilização Brasileira, 2007.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Doutrina Trump semeia instabilidade regional

Por Folha de S. Paulo

Republicano amplia ameaça à Venezuela a outros países da América Latina e revive obsoleta Doutrina Monroe

Documento sugere intimidação bélica ao enfatizar que é preciso reajustar presença militar e "garantir que países da região sejam estáveis"

Uma potencial derrubada do regime de Nicolás Maduro por pressão ou ataque militar dos EUA não traz perspectiva de pacificação em curto prazo na Venezuela. Ao contrário, ameaça levar o país à ebulição e, pior, criar precedente para intervenções semelhantes na América Latina.

Não pode restar dúvida de como é nefasta a presença de uma ditadura na região —que transitou de regimes de exceção para o Estado de Direito e ainda vê-se exposta a riscos pontuais para a democracia. O atual isolamento do chavismo evidencia o grau de contrariedade de seus vizinhos.

O crime na política, por Merval Pereira

O Globo

Para surpresa de ninguém, e isso é o mais grave, a Assembleia Legislativa do Rio votou pela soltura de seu presidente, Rodrigo Bacellar, preso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de vazar informações de uma ação da Polícia Federal

Para surpresa de ninguém, e isso é o mais grave, a Assembleia Legislativa do Rio votou pela soltura de seu presidente, Rodrigo Bacellar, preso por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) sob a acusação de vazar informações de uma ação da Polícia Federal (PF) contra o ex-deputado TH Joias, ligado à facção criminosa Comando Vermelho. A infiltração do crime organizado nas instituições políticas brasileiras é um fato, e a votação de ontem confirma que, no Rio, ela já está impregnada no cotidiano. O presidente da Alerj era um potencial candidato à sucessão de Cláudio Castro ao governo do estado, apoiado pela máquina política bolsonarista que tenta se organizar para enfrentar o atual prefeito Eduardo Paes, apoiado por Lula. O berço do bolsonarismo está, portanto, dominado pelo crime organizado, e também por isso a disputa com o STF recende a retrocesso no combate à corrupção.

Contas públicas e a reação do mercado, por Míriam Leitão

O Globo

Apesar de resultados melhores do que o previsto nas contas públicas, o governo enfrenta desconfiança do mercado em relação ao controle fiscal

O ano vai terminar com um déficit primário de 0,5% do PIB, abaixo do esperado pelo mercado, 0,8%. Isso na metodologia do Banco Central, que inclui todos os gastos, mesmo os que ficam fora do arcabouço. Assim, repete-se a história de 2024, em que o mercado estimava 0,9% do PIB de resultado negativo e terminou em 0,4%, incluindo todas as despesas. As contas estão com um desempenho melhor do que o projetado, mesmo assim, o governo é visto como descontrolado do ponto de vista fiscal. O que há de verdade e preconceito nessa avaliação?

Violência está ligada à crise da masculinidade, por Fernando Gabeira

O Globo

O retorno conservador à vida doméstica tradicional se mostra cada vez mais improvável diante do avanço da sociedade

No fim de novembro, um homem atropelou propositalmente uma mulher, arrastando-a por mais de 1 quilômetro. Ela teve as pernas amputadas. Os casos de violência aguda não cessam de aparecer, ampliando as estatísticas de feminicídio no Brasil. Talvez valha a pena analisar isso como problema mais profundo. A grande transição vivida pela sociedade merece uma visão política mais ampla.

Nos Estados Unidos, o debate é intenso, como mostra Oliver Stuenkel. O que acontece com os homens, perguntam os analistas? O desempenho deles é mais baixo nas escolas e universidades, eles sofrem mais de depressão e alcoolismo e são mais inclinados ao radicalismo político. Um dos setores mais violentos da extrema direita são os celibatários involuntários (incels), que atacam feministas nas redes sociais, atribuindo a elas seu fracasso sentimental. Eles inspiraram um jovem que matou dez pessoas em Toronto.

A briga da IA esquentou, por Pedro Doria

O Globo

O nível de alucinação caiu, a capacidade de desenvolver argumentos complexos cresceu

Na semana passada, o CEO da OpenAI, Sam Altman, mandou um e-mail a todos os funcionários da empresa. O título: “Code Red”. Alerta vermelho. Altman cancelou todos os projetos paralelos em que o time estava envolvido. Entre eles, um agente para compras, que permitiria a qualquer um ter uma IA que vai às lojas virtuais e já separa todos os produtos que quer. Facilitaria imensamente a compra de passagens aéreas, com as diferenças de valor flutuando de um dia para o outro. Outro projeto suspenso foi a publicidade para as contas gratuitas de ChatGPT. Mas há razão para o alerta. O Google está chegando perto demais.

A cartada de Bolsonaro, a perplexidade do Centrão e o favoritismo de Lula, por Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

O sobrenome Bolsonaro reativa, imediatamente, o antipetismo mais extremo. Mas, também resgata, com igual força, o antibolsonarismo que foi decisivo em 2022

A decisão de Jair Bolsonaro de lançar o filho Flávio Bolsonaro (PL-RJ) como seu representante na disputa presidencial de 2026 estava escrita nas estrelas. Mesmo assim, sua antecipação caiu como uma bomba no tabuleiro político — e, sobretudo, no coração do Centrão. O movimento atropelou negociações em curso para unificar a oposição em torno da candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e embaralhou pactos tácitos que estavam escalando os confrontos do Congresso com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com o Supremo Tribunal Federal (STF).

O anúncio do senador mostrou que o ex-presidente Jair Bolsonaro, mesmo condenado e preso, não pretende exercer um papel decorativo enquanto cumpre pena por tentativa de golpe de Estado. Continua a operar politicamente com a convicção de que ainda possui o maior ativo eleitoral da direita. A perplexidade do Centrão não nasce exatamente da surpresa, mas da reversão de expectativas em torno das articulações para tornar irreversível a candidatura de Tarcísio. A aposta era transformar o bolsonarismo numa usina de votos da direita, direcionável em troca de um compromisso futuro com o indulto presidencial.

Tarcísio deu corda a uma família de enforcados, por Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Tarcísio joga com o prazo de 4 de abril para levar o bolsonarismo a concluir pela inviabilidade de Flávio e capitular

Ante a chantagem do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) sobre o preço para a retirada de sua candidatura, o governador Tarcísio de Freitas resolveu pagar para ver com o apoio à sua pré-candidatura. Como está tratando com uma família de enforcados, resolveu fornecer corda para ver até onde vão bancar a candidatura própria que não os devolverá à Presidência da República e dificultará a que a direita se una para alcançá-la.

Numa época em que a direita tinha prumo no Brasil, um dos seus melhores frasistas, Marco Maciel, costumava dizer que quem tem prazo não tem pressa. O governador paulista agiu sob este adágio. Como não se propõe a pagar o preço fixado pelo senador para retirar sua candidatura, a anistia a Jair Bolsonaro, Tarcísio resolveu pagar para ver se a família vai bancar o rumo traçado.

Tarcísio sinaliza apoio a Flávio, e PSD reitera Ratinho Junior, por Cristiane Agostine, Ma Leri e Joelmir Tavares

Valor Econômico

Candidatura do filho de Bolsonaro enfrenta resistência na direita e no centro e deve levar à pulverização de nomes para 2026

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), sinalizou na segunda-feira (8) apoio à pré-candidatura presidencial de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em 2026, mas disse ser cedo para avaliar se a estratégia é a mais correta. O governador avaliou que o senador se soma a outros nomes da oposição como opções, como os governadores Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União-GO) e Ratinho Junior (PSD-PR).

“O [ex] presidente Bolsonaro é uma pessoa que eu respeito muito. Sempre disse que eu ia ser leal ao Bolsonaro, que eu sou grato ao Bolsonaro. Tenho essa lealdade, é inegociável”, disse Tarcísio. “O Flávio disse da escolha que o Bolsonaro fez pelo nome dele, e é isso. O Flávio vai contar com a gente. O Flávio tem uma grande responsabilidade a partir de agora. Ele se junta a outros grandes nomes da oposição, que já colocaram seus nomes à disposição”, afirmou o governador, depois de participar de um evento da gestão em Diadema (SP).

O STF está brincando com fogo, por Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Decisões monocráticas de Gilmar e Toffoli respingam nos demais e fortalecem tese de impeachment

O Supremo está brincando com fogo e com a sua própria credibilidade, ao tomar decisões monocráticas, ora por autoblindagem, ora carregadas de suspeitas sobre motivações e interesses. O risco não é de um ministro ou outro, é da credibilidade da Corte e das instituições brasileiras.

Gilmar Mendes “decretou” que só a PGR pode pedir impeachment de integrantes do STF e aumentou o quórum para a votação no Senado. Em seguida, Dias Toffoli avocou para a Corte e para si o caso do Banco Master, transformando o segredo de justiça em sigilo total. Para proteger quem?

Ex-ministros do STF temem que tenham sido movimentos casados e essa percepção se tornou mais aguda com a informação de que, dias antes de se autoconceder protagonismo na ação do Master, Toffoli voou para Lima num jatinho com... o advogado de um dos diretores do banco, já preso.

O combo Flávio Bolsonaro, por Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

A candidatura de Flávio Bolsonaro à Presidência vende um combo: 1) reage às insurreições regionais, reafirma a liderança de Jair (depois de haver prosperado a imagem do mito doente) e tenta amarrar, sob a gestão da família, o controle da direita; 2) dá recado à ação emancipadora – a do bolsonarismo sem Bolsonaro – puxada pelos donos do Centrão e governadores direitistas: não haverá solução que possa prescindir do bolsonarismo puro-sangue; 3) e, nesses termos, botando o preço lá no alto e se avocando como pauteiro da chapa, pretende deflagrar-condicionar a negociação.

Jair disparou uma ordem unida. Reação aos movimentos de independência acelerados neste pós-Bolsonaro. Ato que obriga os agentes políticos a se posicionar; que exige adesão dos que, ante a omissão do líder, armavam dissidências. Se o que lhe cobravam era a delegação sobre quem o representaria, aí está.

A estratégia dos EUA e a Doutrina Monroe, por Rubens Barbosa

O Estado de S. Paulo

A nova estratégia de Washington para as Américas, na prática, afirma que a região pertence à área de influência dos EUA

O governo Trump divulgou, na semana passada, sua Estratégia de Segurança Nacional, em que define a visão de médio e longo prazo dos EUA, as prioridades internas e externas e o relacionamento de Washington com as regiões globais. O pragmatismo e o realismo da política externa dos EUA têm como único objetivo, como ressaltado no documento, proteger os interesses nacionais fundamentais e colocar os EUA em primeiro lugar.

Flávio Bolsonaro diz agora que candidatura é irreversível e que sobrenome é vantagem sobre Tarcísio , por Thaísa Oliveira & Carolina Linhares

Folha de S. Paulo

Senador muda discurso logo após ter afirmado que poderia desistir de concorrer por um preço

Filho de Jair Bolsonaro afirma que seu nome é viável e representa luz no fim do túnel para bolsonaristas

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), que se lançou à Presidência da República e ameaçou desistir em seguida, voltou atrás e agora afirma que sua candidatura é irreversível.

"É irreversível. Minha candidatura não está à venda", disse à Folha, nesta segunda-feira (8), pouco mais de 24 horas após afirmar que sua desistência teria um preço.

O filho de Jair Bolsonaro (PL) afirmou ainda que seu sobrenome é uma vantagem sobre o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que até então era o candidato preferido da maior parte da classe política para representar o bolsonarismo em 2026.

"Eu também atendo a todos os requisitos [para concorrer ao Planalto], com a vantagem de que tenho sobrenome Bolsonaro", disse Flávio, ao ser questionado sobre a preferência por Tarcísio.

Tarcísio declara apoio a Flávio, mas diz que direita terá mais candidatos em 2026, por Bruno Ribeiro

Folha de S. Paulo

Governador de São Paulo cita Zema, Ronaldo Caiado e Ratinho Jr. como possíveis postulantes à Presidência

Durante entrevista coletiva, político buscou fugir do tema e tratar de outros assuntos sobre o estado

O governador de São PauloTarcísio de Freitas (Republicanos), declarou nesta segunda-feira (8) apoiar a candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) para a Presidência. No entanto, Tarcísio, que era cotado para disputar o mesmo cargo, disse que a direita deve ter outros candidatos no pleito.

"Ele [Flávio] esteve comigo na sexta-feira [5] passada. Nós conversamos sobre isso. O presidente Bolsonaro, que é uma pessoa que eu respeito muito —eu sempre disse que eu ia ser leal ao Bolsonaro, que sou grato ao Bolsonaro e tenho essa lealdade inegociável— ele disse, o Flávio, da escolha dele [Bolsonaro] e é isso", afirmou.

"O Flávio vai contar com a gente. O Flávio tem uma grande responsabilidade a partir de agora que se junta a outros grandes nomes da oposição que já colocaram seus nomes à disposição", complementou, citando como alternativas Ronaldo Caiado (União Brasil), Romeu Zema (Novo) e Ratinho Jr. (PSD).

Entre a Constituição e a conjuntura, por Renato Janine Ribeiro

Folha de S. Paulo

Interferência do STF tem sido pequena, apenas no que é obviamente criminal; ainda se está aquém do que se poderia ou, talvez, deveria

Majoritária no Congresso, extrema direita está afrontando a Carta de 1988

A atual discussão política brasileira omite uma questão crucial. Nossa Constituição, adotada em 1988, não se limita, como a dos EUA, a desenhar a máquina do Estado. Ela define a sociedade que o Brasil quer ser: justa, solidária, sem pobreza, com as pessoas tendo uma série de direitos —educação e saúde para todos, acesso a cultura e lazer—; enfim, uma série de valores inspirados no que o século 20 aprendeu de melhor após duas guerras mundiais e dois totalitarismos opostos.

O essencial é que o conteúdo da Constituição fique acima da divisão partidária: na disputa entre direita e esquerda, ambas devem atender às finalidades previstas na Constituição —uma com mais políticas sociais e intervenção estatal, outra com mais liberalismo e menos regulação—, mas sempre no espírito da Carta. Qualquer governo deveria aumentar o salário mínimo, melhorar a distribuição de renda, combater a injustiça social, elevar a expectativa de vida, diminuir a mortalidade infantil e garantir uma educação cada vez melhor.

É sério isso? Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Ao ungir Flávio como sucessor político, Bolsonaro tenta prolongar relevância política

Cena foi mal coreografada e ninguém acreditou que candidatura do filho é para valer

Eu até entendo o que Jair Bolsonaro quis fazer ao ungir o filho Flávio como seu substituto na disputa presidencial. O ainda capitão deve ter imaginado que o gesto pacificaria a família, que está em pé de guerra, e prolongaria por mais algum tempo o maior poder político que ainda lhe resta, que é o de influir sobre o campo da direita no primeiro turno da eleição do ano que vem.

O raciocínio se assenta sobre uma assimetria fundamental. Se Bolsonaro der sua bênção a algum candidato da direita sobre o qual não tenha controle total, como Tarcísio de Freitas ou a algum outro governador, ele na prática se condena à irrelevância, pois teria esgotado seu poder derradeiro.

O insensato mundo dos Bolsonaros, por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Flávio não esperou o anúncio da candidatura esquentar para admitir que topa desistir mediante uma boa oferta

O primogênito desqualifica o pai ao exibir como selo de qualidade a promessa de ser um Bolsonaro diferente

Se insensatez e afobação fossem fatores primordiais na escala do eleitorado para a escolha de governantes, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) poderia se considerar eleito presidente.

Menos de 48 horas depois de dizer que disputaria o Palácio do Planalto com o aval do pai, o senador confessou que sua candidatura tem preço e ainda reconheceu defeitos graves na própria ascendência ao exibir como selo de boa qualidade a promessa de ser "um Bolsonaro diferente".

Nos celulares de Bacellar, o futuro do bolsonarismo no Rio, por Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

Prisão do presidente da Alerj tumultua ainda mais as eleições

Ressurge a opção da candidatura Washington Reis contra Paes

Até para os padrões surreais da política fluminense, a cena impressiona pelo descaramento e o amadorismo. Mas sobretudo por revelar o grau de infiltração criminosa nas instituições, risco para o qual a Agência Brasileira de Inteligência alertou em recente relatório.

Imagens das câmeras do condomínio do ex-deputado estadual Thiego Raimundo dos Santos, conhecido como TH Joias, o mostraram em setembro fazendo uma mudança rápida e destruindo provas. Era a noite anterior à Operação Zargun, na qual ele foi preso sob a acusação de fazer negócios com o Comando Vermelho.

Criptomoedas: a magia do Natal para bancários desempregados, por Aylê-Salassié Filgueiras Quintão*

Embora propague-se que o País está vivendo um momento de pleno emprego, procurando-se emplacar uma taxa de 5,4 % para dar uma certa visibilidade contábil à política trabalhista, na área bancária vive-se a angústia da dúvida sobre “Como será o Natal dos futuros desempregados ou o que podem esperar de 2026? A resposta, pouco alvissareira, pode até ser adiada por causa do ano eleitoral que se inicia, mas, segundo o ex-presidente do Banco Central, o economista Roberto Campos Neto, "O sistema financeiro do Brasil está passando por uma revolução silenciosa". Poucos percebem. Chegou a calar o Presidente Lula, quando quis demiti-lo por causa de uma taxa de juros que não alcançava 15% aa. É como está agora. As mudanças introduzidas no Sistema Financeiro são estruturais. Envolvem inovações tecnológicas e a incorporação da Inteligência Artificial, essas mesmas que vai, aos poucos, colocando na rua da amargura milhares de bancários, fechando centenas de agências, trocando-as por transações digitais e moedas virtuais. 

Poesia | Vinicius de Moraes - Desespero da Piedade

 

Música | Samba da Utopia - Jonathan Silva & Ceumar

 

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Direita pode disputar nas urnas sua vaga no 2º turno

Por Folha de S. Paulo

Datafolha indica que disputa irá à 2ª rodada; oponente de Lula é capaz de atrair votos avessos ao petista

É considerável ainda a probabilidade de que setores moderados do eleitorado venham a decidir a eleição por pequena margem, como em 2022

A principal incógnita da política nacional hoje é quem ocupará o posto de maior líder da direita com a neutralização de Jair Bolsonaro (PL), inelegível e condenado por tentativa de golpe de Estado. O que parece mais provável —e reforçado por mais uma pesquisa do Datafolha— é que a direita terá um lugar no segundo turno da disputa presidencial de 2026.

A outra vaga, salvo reviravolta improvável, será de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o incumbente que preserva um capital eleitoral invejável, mas não suficiente, nas hipóteses mais fortes, para encerrar o pleito na primeira rodada.

Entrevista | 'Tarcísio não entrará partido nas eleições', avalia cientista política

Por Marcos de Mora e Souza / Valor Econômico

Lara Mesquita diz que governador tomará sua decisão eleitoral só em março, quando terá que escolher se afasta ou não do governo para se candidatar; naquele momento, terá conversa definitiva com Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro, que cumpre pena de prisão por tentativa de golpe de Estado, escolheu seu filho Flávio - conforme este anunciou na sexta-feira - para representá-lo nas eleições para a Presidência da República em 2026. Para Lara Mesquita, cientista política e professora da Fundação Getulio Vargas (FGV), em São Paulo, o anúncio deve ser encarado como um movimento provisório e parte de uma jogada política que busca dar munição à família nas negociações com o próprio campo da direita, sobretudo com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

No domingo (7), dois dias após o anúncio da pré-candidatura, Flávio admitiu que pode não levar o projeto até o fim. "Eu tenho um preço para isso. Vou negociar", disse a jornalistas, sinalizando que esse "preço" seria a aprovação de uma anistia aos condenados por atos golpistas, que poderia livrar seu pai da prisão. O senador afirmou que vai se reunir nesta segunda-feira (8) com dirigentes de partidos de direita para tratar de sua participação nas eleições.

O governador de São Paulo tem aparecido como o nome mais forte do bolsonarismo para a disputa com o presidente Lula ao Planalto no próximo ano. Mesquita avalia que Bolsonaro nutre duas grandes expectativas em relação ao candidato que vier a disputar pela direita: que defenda suas bandeiras, de modo a mantê-lo relevante como referência política, mesmo preso; e que faça o possível para anistiá-lo.

Mas são demandas que Tarcício (muito mais do que alguém da família) talvez tenha dificuldades de bancar, avalia a cientista política. 

A seguir, os principais trechos da entrevista:

Porque os governadores estão mais fortes, por César Felício

Valor Econômico 

Caixa reforçado aumenta cacife de chefes regionais em 2026

Não é produto de política pura e muito menos uma coincidência o fato de todas as alternativas presidenciáveis à família Bolsonaro serem de governadores. Cinco de uma vez (Tarcísio de Freitas, Romeu Zema, Ratinho Júnior, Ronaldo Caiado e Eduardo Leite) é algo nunca visto na relativamente curta história democrática brasileira, e tanto entusiasmo em relação a esta turma se explica pela maré favorável generalizada na opinião pública, manifestada em pesquisas de avaliação de governo. A raiz dessa bonança é fiscal, como se tentará explicar nesta coluna.

Consistentemente os governadores têm desempenho melhor que o presidente nestes levantamentos, fenômeno que não é restrito aos que sonham com o Planalto. São raros governantes estaduais que contam com menos de 50% de aprovação em seus Estados. Nos dez Estados onde houve levantamentos recentes feitos pela Quaest ou pela Atlas Intel não há nenhum abaixo desse limiar, seja de direita ou esquerda, do norte ou do sul.

Numa Brasília que busca blindagem, quem a perdeu fixa preço, por Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Bolsonaro inverte o jogo e mostra que a unidade da direita deveria interessar mais a quem ainda não perdeu sua liberdade

O Centrão pretendia relegar o bolsonarismo a uma máquina recauchutada de votos posta para trabalhar em troca de uma promessa futura de indulto. A candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) mostra que o ex-presidente quer conjugar o verbo no presente e trocar um indulto por anistia. Vale-se, para isso, do ambiente conturbado no Congresso com a queda de braço com o Supremo Tribunal Federal. A blindagem que, em diferentes gradações, tanto parlamentares quanto togados temem perder já não é mais uma amarra para Jair Bolsonaro. Por isso, paradoxalmente, é quem tem mais liberdade no tabuleiro.

Pré-candidatura de Flávio embaralha direita para 2026, por Joelmir Tavares

Por Valor Econômico

Leitura inicial do entorno de Tarcísio é a de que movimento do filho de Bolsonaro faz com que governador saia, momentaneamente, de foco

O anúncio de que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi escolhido para receber o apoio do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na corrida ao Palácio do Planalto em 2026 foi visto com surpresa e cautela por parte das lideranças de direita, que agora refazem cálculos. Fontes ouvidas pelo Valor relataram um cenário de ceticismo, neste primeiro momento, e o desejo de observar os desdobramentos. No núcleo duro do bolsonarismo, contudo, as manifestações têm sido em tom de entusiasmo com a hipótese.

No entorno do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que vinha sendo tratado como o nome predileto de setores da direita e do Centrão, a leitura inicial é a de que o movimento de Flávio faz com que ele saia de foco, ao menos momentaneamente. Tarcísio foi avisado por Flávio da decisão do ex-presidente antes de a informação vir a público, em coluna do portal Metrópoles, na tarde desta sexta-feira (5). O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, confirmou a decisão da legenda no mesmo dia.

‘O grande porrete’ não vive duas vezes, por Demétrio Magnoli

O Globo

Opinião pública americana é avessa a uma guerra na América do Sul, especialmente a própria base ideológica trumpista

‘Fale suavemente e carregue um grande porrete.’ Trump recupera o aforismo empregado por Theodore Roosevelt na década inicial do século XX, mas com um desvio. A parte do “grande porrete” encontra-se à vista de todos, no sul do mar do Caribe, às portas da Venezuela, sob a forma do porta-aviões USS Gerald Ford e seu grupo de combate naval. O “fale suavemente” aplica-se exclusivamente a outros lugares: nas relações de Trump com Vladimir Putin e Xi Jinping.

A operação de mudança de regime na Venezuela desenrola-se à sombra de um álibi pelicular: a “guerra ao narcoterrorismo”. Destinada a conferir um verniz de legalidade a ações letais contra pretensos narcotraficantes, a fórmula se aplica à ditadura de Maduro, designado pela Casa Branca como chefe de um certo Cartel de los Soles.

Doutores por experiência de vida, por Preto Zezé

O Globo

Celso Athayde, Mano Brown e Emicida já eram referência para a favela muito antes da academia

Recentemente estive numa universidade para testemunhar um momento histórico: o título de honoris causa concedido a meu irmão Celso Athayde. Enquanto ele subia ao palco, passou um filme na minha cabeça. Não era só sobre ele. Era sobre uma linhagem inteira, uma genealogia da rua, da favela e da inteligência orgânica brasileira que, enfim, começa a ser reconhecida pelas instituições formais.

Há algum tempo, Mano Brown recebeu honoris causa da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Depois, Emicida foi homenageado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Três homens, três trajetórias, três impactos profundos na cultura brasileira. E os três — cada qual numa etapa da minha vida — foram a base da minha formação como homem preto, favelado, politizado e orgânico.

A República? Ora, a república, por Carlos Alberto Sardenberg

O Globo

O problema está justamente no vale-tudo, tudo mesmo, em que prevalece a mistura de interesses pessoais e partidários

Claro que é prerrogativa do presidente da República indicar nomes para o Supremo Tribunal Federal. Está na letra da lei. Mas o espírito da lei pede mais. O indicado, além do notório saber jurídico e da reputação ilibada, deve ser capaz de exercer a neutralidade e a independência para julgar até o próprio presidente que o indicou. Ingenuidade, dirão — e com razão, quando se observa a prática política de hoje. O problema está justamente aí, nesse vale-tudo — tudo mesmo — em que prevalece a mistura de interesses pessoais e partidários.

O presidente Lula exerce sua prerrogativa quando indica Jorge Messias, advogado-geral da União, a uma vaga no Supremo. Mas qual a principal credencial do indicado? Ser próximo do presidente, um quadro de sua confiança — como admitem abertamente seus colaboradores. Messias não é um estranho no mundo jurídico. Mas é, antes de tudo, um quadro do PT — tendo participado de várias gestões petistas e assessorado parlamentares do partido.

O 'preemptive strike' do Supremo, por Carlos Pereira

O Estado de S. Paulo

Antes que os poderes sejam reduzidos, o Judiciário aumenta suas defesas – aqui e no restante do mundo

A decisão do ministro Gilmar Mendes – restringindo a possibilidade de pedidos de impeachment contra ministros do STF exclusivamente à Procuradoria-Geral da República – foi recebida com surpresa e acusada, por alguns, de autoproteção corporativa. Mas, ao contrário do que parece, o movimento deve ser interpretado como parte de um fenômeno bem documentado na literatura de ciência política e do Direito comparado: Cortes reagindo preventivamente quando percebem ameaça política real.

Em democracias, tribunais constitucionais dependem de legitimidade e de estabilidade institucional para exercer suas funções. Quando ambos os pilares começam a estremecer por ataques diretos de outros Poderes, é comum que as Cortes adotem decisões que funcionam como escudos preventivos contra tentativas de redução de suas competências ou capturá-las politicamente.

O STF está se paquistanizando? Por Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

Cortes por vezes combinam ativismo e populismo, mas este não é o caso da decisão sobre o impeachment

A cornucópia de desvios no caso paquistanês permite distinções finas nas patologias que também se manifestam no nosso STF

Em 2018, comovido com o infortúnio de um estudante de medicina sem condições de pagar as mensalidades de uma universidade privada, o presidente da Suprema Corte do Paquistão, determinou que o próprio tribunal custeasse seus estudos.

Ele também criou uma comissão para a análise da ração de galinhas. E outra para se contrapor a política de taxação zero de remessas do exterior implementada pelo governo. Seus apoiadores justificam suas ações por causa da inação do Poder Executivo. A corte também cancelou os direitos políticos do primeiro-ministro Nawaz Sharif quando vieram à tona os Panamá Papers. Dez anos antes ocorreu o inverso: o governo militar destituiu o então presidente do tribunal e mais 60 juízes. Juízes populistas e juízes independentes por vezes se confundem.

A flor do estado inconstitucional das coisas, por Ana Cristina Rosa

Folha de S. Paulo

Diversos direitos e garantias não passam de letra fria para a maioria negra da população nacional

A intolerância em relação à prática de religiões de matriz africana é outro exemplo de violação constitucional

É imperativo admitir que a perenidade do racismo no Brasil é fruto do estado inconstitucional das coisas. Independentemente do que preconizam as leis e as normas, a distância entre o direito formalizado (formal) e o que se materializa (material) é monumental.

Diversos direitos e garantias não passam de letra fria (ou melhor dizer morta?) para a maioria negra (56%, IBGE) da população nacional. A interseção étnico-racial presente na violação de direitos fundamentais (vida, liberdade, segurança, igualdade e propriedade estão previstos no Art. 5º da Constituição Federal) é gritante e deixa claro que características típicas desses preceitos, como universalidade e inalienabilidade, não se aplicam a todos.

A casa de Louis Aragon, por Ivan Alvas Filho*

Eu parei diante daquela casa, como que estatelado. Eu me recordo da imponente grade de ferro que me separava por alguns bons metros da fachada da velha morada. Melhor seria dizer: do frontispício, palavra que, na minha imaginação, remete àquelas frontarias das igrejas barrocas, portanto templos sagrados, do interior de Minas Gerais.

Já não me recordo bem porque fui parar ali. Acredito que visitava um amigo pelas redondezas e, como estava de carro, resolvi conhecer, ainda que somente pelo lado de fora, a casa do poeta.

Pois é um poeta – e dos grandes  –  que estou relembrando aqui.

Refiro-me a Louis Aragon, ou o outro nome da consciência sensitiva francesa ao longo do século XX. Mais: de sua consciência política também, pois ninguém, como Aragon, revelou tanta coragem na resistência às tropas nazistas que invadiram seu país em um certo 10 de agosto de 1940.

Poesia | Tabacaria, de Fernando Pessoa

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Música | Elis Regina - Cadeira vazia (Lupicínio Rodrigues / Alcides Gonçalves)

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domingo, 7 de dezembro de 2025

Opinião do dia – Antonio Gramsci* (Grande política – pequena política)

“Grande política (alta política) — pequena política (política do dia a dia, política parlamentar, de corredor, de intrigas). A grande política compreende as questões ligadas à fundação de novos Estados, à luta pela destruição, pela defesa, pela conservação de determinadas estruturas orgânicas econômico-sociais. A pequena política compreende as questões parciais e cotidianas que se apresentam no interior de uma estrutura já estabelecida em decorrência de lutas pela predominância entre as diversas frações de uma mesma classe política. Portanto, é grande política tentar excluir a grande política do âmbito interno da vida estatal e reduzir tudo a pequena política (Giolitti, baixando o nível das lutas internas, fazia grande política; mas seus súcubos, objeto de grande política, faziam pequena política). Ao contrário, é coisa de diletantes pôr as questões de modo tal que cada elemento de pequena política deva necessariamente tornar-se questão de grande política, de reorganização radical do Estado. Os mesmos termos se apresentam na política internacional: 1) a grande política nas questões relacionadas com a estatura relativa de cada Estado nos confrontos recíprocos; 2) a pequena política nas questões diplomáticas que surgem no interior de um equilíbrio já constituído e que não tentam superar aquele equilíbrio para criar novas relações.”

*Antonio Gramsci (1891-1937). Cadernos do Cárcere, v.3. p.21. Civilização Brasileira, 2007.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Abertura comercial terá efeito imediato na produtividade

Por O Globo

Acordo Mercosul-UE e redução do tarifaço de Trump são cruciais para sanar deficiência crônica do Brasil

Nos últimos cinco anos, a renda per capita cresceu 1,7% ao ano no Brasil. O principal motor do avanço foi a queda no desemprego. Em outubro, ele caiu a 5,4%, nível mais baixo da série histórica iniciada em 2012. Mas é impossível o desemprego seguir caindo de forma indefinida sem gerar pressão inflacionária. A situação atual da economia expõe, ao mesmo tempo, o limite das políticas de estímulo ao consumo e a dificuldade crônica do Brasil de enfrentar sua maior deficiência— a improdutividade.

Quem substituirá Tarcísio? Por Merval Pereira

O Globo

Assim como Bolsonaro, o senador Flávio não tem experiência de gestão de coisa nenhuma, e, diferente do pai, não tem votação própria, depende do apoio dele para se eleger qualquer coisa.

A partir da decisão do ex-presidente Bolsonaro de indicar seu filho Flávio para candidato à presidência da República, abre-se um caminho para aqueles que conseguirem substituir o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas na preferência da classe média e do mercado financeiro, que já mostrou sua preocupação com a fragilidade de Flávio e a vantagem que o presidente Lula ganha com uma escolha tão desastrada para disputar com ele.

Só o fato de que a família Bolsonaro pretende fechar entre os seus as decisões da campanha eleitoral retira da candidatura a possibilidade de ampliar sua penetração em outros setores da sociedade. Os candidatos alternativos à polarização entre lulistas e bolsonaristas terão um espaço ampliado à direita e ao centro, pois a preferência por Tarcísio de Freitas indica que o que esse nicho eleitoral buscava era um candidato competitivo que tivesse o apoio de Bolsonaro, mas que fosse distante o suficiente dele para ter autonomia de voo quando governasse.