terça-feira, 24 de junho de 2025

Opinião do dia – Antonio Gramsci*

I. Alguns pontos preliminares de referência

Nota II. Não se pode separar a filosofia da história da filosofia, nem a cultura da história da cultura. No sentido mais imediato e determinado, não se pode ser filósofo — isto é, ter uma concepção do mundo criticamente coerente — sem a consciência da própria historicidade, da fase de desenvolvimento por ela representada e do fato de que ela está em contradição com outras concepções ou com elementos de outras concepções. A própria concepção do mundo responde a determinados problemas colocados pela realidade, que são bem deter minados e “originais” em sua atualidade. Como é possível pensar o presente, e um presente bem determinado, com um pensamento elaborado em face de problemas de um passado frequentemente bastante remoto e superado? Se isto ocorre, significa que somos “anacrônicos” em face da época em que vivemos, que somos fósseis e não seres que vivem de modo moderno. Ou, pelo menos, que somos bizarra mente “compósitos”. E ocorre, de fato, que grupos sociais que, em determinados aspectos, exprimem a mais desenvolvida modernidade, em outros manifestam-se atrasados com relação à sua posição social, sendo, portanto, incapazes de completa autonomia histórica.

*Antonio Gramsci (1891-1937), Cadernos do Cárcere, v. 1, p.94-5. 5ª edição – Civilização Brasileira, 2011.

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Brasil decepciona com avanço lento do ensino

O Globo

Dados frustrantes do IBGE traduzem incapacidade crônica de o país alcançar educação de qualidade

São frustrantes os dados revelados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Educação de 2024, divulgada pelo IBGE. Mais uma vez, o Brasil se mostra incapaz de elevar a escolaridade da população até as metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação (PNE) em 2014. Embora tenha havido progresso nas taxas de analfabetismo e no total de anos de estudo, o país continua distante de onde deveria estar. É certo que a pandemia provocou um choque com impacto nefasto. Mesmo assim, houve tempo suficiente para ajustar políticas e criar programas mais eficazes. Prova de que faltou determinação foi o atraso na reforma do ensino médio, que só agora entrou em vigor.

Temos um Congresso disfuncional, diz Sérgio Abranches

Joelmir Tavares / Valor Econômico

Cientista político vê 'enrascada de governabilidade' que não ficará restrita a Lula

O Brasil “está numa enrascada de governabilidade”, que vai além das deficiências do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), avalia o cientista político e sociólogo Sérgio Abranches. Em 1988, ele criou o conceito de “presidencialismo de coalizão” para descrever o modelo brasileiro em que a Presidência da República monta aliança ampla no Congresso para avançar sua agenda.

Em entrevista ao Valor, Abranches avalia que o Legislativo esvaziou funções do Executivo, com a disparada no valor de emendas parlamentares. Além disso, deixou de “pensar no coletivo” para se ocupar de interesses próprios e da busca por reeleição de seus membros. “Com esse tipo de Congresso, nenhuma reforma estrutural vai acontecer”, afirma.

A seguir, os principais trechos:

O futuro assusta Bolsonaro - Merval Pereira

O Globo

Os ventos eleitorais parecem favorecer o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que uniria a liderança política da centro-direita ao apoio dos radicais do bolsonarismo

Ao insinuar que o candidato à Presidência escolhido por seu pai deverá se comprometer a atuar até com “uso da força” para que o Supremo Tribunal Federal (STF) aceite o indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro demonstra claramente que não entende o quadro político que está desenhado. Em primeiro lugar, o que o ex-presidente tem de fazer é uma chapa capaz de vencer a eleição do ano que vem, sem a qual o indulto não virá.

Esse candidato, em vez de ser um cão raivoso que saia ameaçando todo mundo, terá de ser um político habilidoso que amplie o alcance eleitoral da direita brasileira, assim como Lula em 2022 ampliou a esquerda para derrotar Bolsonaro. O fato de o atual presidente não ter cumprido na prática seus compromissos com um governo de união nacional não significa que estivesse errado em sua postura na campanha. Ao contrário, mostra apenas que Lula e seu PT não cumprem os acordos e estão acostumados a usar seus aliados em manobras políticas rasteiras para se manter no poder.

É urgente cortar privilégios - Carlos Minc*

O Globo

Mazelas decorrem do poder de corporações poderosas, públicas e privadas, que enriquecem à custa do contribuinte

A necessidade de ajuste fiscal escancarada com a tensão entre o Congresso e o governo em razão do aumento do IOF gerou uma oportunidade inusitada de diminuir subsídios e isenções tributárias injustificáveis e de fazer uma efetiva reforma administrativa, que aumente a eficiência do serviço público e limite gastos estruturais.

Essas mazelas decorrem do poder de corporações poderosas, públicas e privadas, que conseguem — pela via de privilégios legais explícitos ou pela manipulação da lei — enriquecer à custa do contribuinte. No setor privado, urge que quaisquer benefícios tributários, financeiros e creditícios, hoje na casa de centenas de bilhões de reais, sejam limitados em valor e criteriosamente acompanhados de estudo que demonstre o retorno econômico e social da medida e a racionalidade de sua concessão.

O estreito que a economia teme - Míriam Leitão

O Globo

O fechamento do Estreito de Ormuz, pelo qual passam 20% de todo o petróleo do mundo, parece algo que o governo do Irã ameaça, porém teme realizar

A última carta que o Irã vai usar nesse conflito será o fechamento do Estreito de Ormuz, acredita o professor da USP Feliciano Guimarães. Portanto, o temor sob o qual a economia amanheceu ontem, pode não acontecer. “É uma ficha de barganha de ultrassensibilidade que, se usada, abre um espaço para uma retaliação tão grande dos Estados Unidos, dos países europeus e dos países árabes, que o risco é muito alto. Acho mesmo improvável”. O presidente Donald Trump anunciou um cessar-fogo, não confirmado por nenhum dos dois países.

IA militar dos EUA é preocupante - Pedro Doria

O Globo

Esse é um governo que viola regras não escritas, ignora decisões judiciais e não parece muito preocupado com liberdades civis

Na semana passada, a OpenAI assinou seu primeiro grande contrato com o governo americano. É um contrato de desenvolvimento de modelos avançados de inteligência artificial para o Departamento de Defesa com teto fixado em US$ 200 milhões. Na madrugada entre sábado e domingo, os Estados Unidos usaram a bomba mais potente de seu arsenal, excluindo as nucleares. Não foi uma, foram 14. Fizeram um ataque que George W. Bush, Barack Obama e Joe Biden poderiam ter feito, tiveram a possibilidade de fazer, as razões para fazer e que, no fim, não fizeram. Uma notícia parece não ter nada a ver com a outra. Mas tem.

Impasse do IOF dá pistas do ajuste de 2027 - Christopher Garman*

Valor Econômico

O intenso debate atual sobre a necessidade de reformas nos gastos públicos é um sinal positivo para 2027

O governo enfrenta um impasse em suas contas fiscais. Diante da falta de receitas para cumprir as metas estabelecidas, anunciou um aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o que gerou uma onda de críticas tanto do setor privado quanto do Congresso. A reação levou o governo a recuar e, após negociações com as presidências da Câmara dos Deputados e do Senado, foi anunciada a Medida Provisória 1.303 - que trouxe uma série de alternativas de arrecadação, além de algumas medidas de contenção de gastos. Na última semana, porém, ficou claro que essa saída também encontrará resistência no Congresso.

O mundo ficou mais perigoso com entrada de Trump na guerra com o Irã - Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

De todos os personagens envolvidos nos conflitos do Oriente Médio, o grande vitorioso é Netanyahu. Por ironia, pode ser preso quando a guerra acabar

A ideia de guerra justa (bellum iustum) é um conceito filosófico, ético e jurídico greco-romano e cristão. Estabelece critérios morais para legitimar o uso da força militar. Seus princípios são a defesa contra agressão, a proteção de inocentes e/ou a restauração de direitos violados. Seu objetivo deve ser a paz e não a vingança, a conquista e/ou interesse econômico. Segundo Santo Agostinho de Hipona (séc. V) e Tomás de Aquino (séc. XIII), os três critérios básicos de uma guerra justa são a autoridade legítima, a causa justa e a intenção reta.

A justiça na condução da guerra (jus in bello) exige separar combatentes e não combatentes; uso da força proporcional ao objetivo; tratamento digno para prisioneiros e feridos. A resistência aos nazistas na Segunda Guerra Mundial; a intervenção internacional no Kosovo (1999) para evitar um genocídio; e a resposta inicial dos Estados Unidos ao 11 de setembro, com ataque ao Talibã no Afeganistão (2001), são consideradas guerras justas.

Por que o Brics não pode brincar com o poderoso dólar - Pedro Cafardo

Valor Econômico

Com Trump ou qualquer outro presidente, porém, os EUA não abrirão mão tão facilmente de suas poderosas e confortáveis regalias globais

Em meio a guerras estúpidas e ao massacre humano dos últimos meses, pouco espaço tem sobrado para o debate sobre a poderosa arma representada pelo dólar na atual geopolítica mundial. Antes mesmo de tomar posse, em novembro do ano passado, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez uma ameaça aos países-membros do Brics: se o bloco insistir em criar uma moeda própria para negócios internacionais, os produtos dos países integrantes serão taxados em até 100% ao entrar no mercado americano.

Após a posse, no fim de janeiro, Trump renovou a ameaça da taxação e disse que iria exigir um compromisso desses países, liderados por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul, de não criar nem apoiar a criação de uma unidade monetária para substituir o dólar americano. “Eles podem procurar outra nação ingênua. Não há chance de o Brics substituir o dólar dos EUA no comércio internacional, ou em qualquer outro lugar, e qualquer país que tente isso deve dar as boas-vindas às tarifas e dar adeus à América”, escreveu Trump em seu perfil na Truth Social.

As chances de o cessar-fogo prosperar no Irã - Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Cotação do petróleo caiu para abaixo dos US$ 70 e ficou claro que o conflito seria contido

Os agentes financeiros se anteciparam ao comandante-em-chefe. No início da tarde, a cotação do petróleo caiu para abaixo dos US$ 70 e ficou claro que o conflito seria contido. Contribuiu para isso o ataque iraniano contra as bases americanas no Catar com aviso prévio, sem aviões no solo, mísseis interceptados e sem feridos - uma jogada ensaiada, em resumo, de um ataque “para persa ver”.

Além disso, não havia mais dúvida de que o estreito de Ormuz, por onde trafegam os petroleiros iranianos, permaneceria aberto. Fechá-lo seria equivalente ao Irã impor sanções à própria economia. O maior prejudicado seria a China, principal destino do seu petróleo.

Até Vladimir Putin contribuiu para desescalar o conflito com seu jogo dúbio. Ao receber o primeiro-ministro iraniano na manhã de segunda-feira (23), tanto disse que o ataque americano contra o Irã não tinha “nenhuma justificativa” quanto afirmou que a Rússia estaria agindo para abaixar o tom da crise e ajudar os iranianos.

Hora da verdade - Rubens Barbosa*

O Estado de S. Paulo

Os que defendem uma posição equidistante dos radicalismos ideológicos da esquerda e da direita têm uma palavra a oferecer no cenário político nacional

Apesar de indicadores positivos na economia (crescimento, inflação, desemprego, câmbio, reservas), o Brasil enfrenta uma situação interna de extrema complexidade sem uma liderança que expresse os anseios de todos por uma economia estável e um regime político funcional, que represente a maioria da população e que favoreça uma sociedade mais justa. O grau alarmante de corrupção e de violência, facilitadas pela interferência e ineficiência do Estado todo-poderoso, contamina a vida política e econômica do País e clama pelo fim da impunidade. Perdeu-se o sentido de autoridade e de garantia de segurança ao cidadão.

O novo desafio de Lula - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Com líderes de Irã, Rússia e China no Rio, para a cúpula dos Brics, o risco é o Brasil se meter onde não deve

A Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, dias 6 e 7 de julho, será um enorme desafio para o Itamaraty, ao reunir Irã, China e Rússia nesses tempos preocupantes em que os Estados Unidos aderiram aos ataques de Israel a usinas iranianas de enriquecimento de urânio. No início da noite de ontem, Donald Trump anunciou um cessar-fogo em seis horas. O governo Lula, porém, mantém o risco de, no Brics, assumir um lado numa disputa que extrapola o Oriente Médio e divide as potências.

O Brics foi criado por Brasil, Rússia, Índia e China como resistência a um “mundo unipolar”, ou seja, à hegemonia norte-americana. A eles, se uniram a África do Sul e, em janeiro de 2024, mais cinco países, inclusive o Irã. A reunião do Rio nada tem oficialmente com o atual conflito, mas o Irã estará entre parceiros que se opõem aos ataques de EUA e Israel.

O scotch junino de Hugo Motta - Carlos Andreazza

O Estado de S. Paulo

Não sei quantas vezes li e escrevi sobre a paralisia de Brasília em 2025. Paralisia de Brasília – a partir do Congresso. Paralisada a atividade parlamentar; não as gestões dos parlamentares. E assim vamos – sob o São João estendido – até meados de julho.

Eis o ritmo do Legislativo que votou o Orçamento de 2025 em março de 2025; e que ora reclama da morosidade do Executivo em desembaraçar emendas. Tudo parado. O maledicente diria que não será de todo ruim a cousa atravancada, dada a agenda da rapaziada.

Carl Schmitt x Aristóteles - Joel Pinheiro da Fonseca

Folha de S. Paulo

Preferimos atacar e expor contradições a se engajar em um debate construtivo

Foi Carl Schmitt quem definiu com muita propriedade: a política se funda na distinção entre amigo e inimigo. Por trás de todas as discussões técnicas, de todos os argumentos e do embate de valores abstratos há a realidade mais básica do conflito irreconciliável entre dois grupos humanos que estão dispostos a matar para preservar seu modo de vida. Isso vale sobretudo para a relação entre povos —e seus Estados— mas está cada vez mais presente na política doméstica de cada país, também ela constituída de identidades coletivas que enxergam no outro uma ameaça.

Contra Schmitt, com milênios de distância, está Aristóteles, cuja filosofia política era acima de tudo sobre como bem governar a sociedade. Diferentes formas de governo e diferentes leis devem ser conhecidas e discutidas para garantir uma ordem social justa e que permita o florescimento humano.

Às favas a maioria- Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Indiferente à opinião pública, parlamentares apoiam duas propostas rejeitadas em pesquisas

"Esta casa faz o que o povo quer." A frase indicativa do dever de representação popular do Parlamento nos idos de 1992 funcionou como a senha dada pelo então presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro, à aprovação do impedimento de Fernando Collor da Presidência da República.

Hoje o lema é para lá de discutível frente a decisões que privilegiam interesses internos. Está especialmente em xeque em dois temas que contrapõem as posições dos congressistas às opiniões da maioria dos brasileiros, captadas em recentes pesquisas do Instituto Datafolha.

O aumento do número de deputados e o fim da reeleição para presidente, governadores e prefeitos são propostas rejeitadas por 76% e 57% dos consultados, respectivamente. Ainda assim, os parlamentares tendem a aprová-las sem levar em conta o que seus representados pensam a respeito.

Ação dos EUA contra Irã amplia incertezas - Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Entrada de americanos no conflito dificulta saída diplomática; mudança de regime em Teerã pode dar lugar a caos ou endurecimento

Netanyahu conseguiu arrastar Trump para sua guerra contra o Irã.

lançamento das megabombas americanas contra instalações atômicas iranianas dificulta muito uma saída diplomática para a crise, pela qual Teerã renunciaria de forma crível a seus projetos nucleares bélicos em troca do fim das sanções econômicas. Essa, sem dúvida, teria sido a solução menos traumática para as partes envolvidas e para o mundo.

A questão que se coloca agora é a de saber como a teocracia responderá aos ataques. E ela não tem muitas opções. O regime está militarmente debilitado e sofre contestação política interna. Uma retaliação percebida como muito fraca poderia significar um suicídio político para os aiatolás; e uma muito forte poderia desencadear uma contrarretaliação ainda mais intensa por parte de americanos ou de israelenses.

Os novos reizinhos do Brasil - Alvaro Costa e Silva

Folha de S. Paulo

É mais um projeto que passa por cima da lei para defender grupos específicos

Aprovadas por 88% dos moradores de São Paulo, segundo pesquisa Datafolha de 2024, e tendo seu uso comprovadamente associado à redução de mortes, tanto de policiais como de cidadãos, as câmeras corporais continuam a incomodar a bancada da bala.

A Comissão de Segurança Pública da Câmara aprovou na semana passada um projeto de lei que proíbe o uso das imagens de bodycams para instruir processos contra todos os profissionais que atuam na segurança pública —polícias Militar, Civil, Federal, Rodoviária, Distrital e Municipal.

Da sala de aula para um gabinete ministerial - Aylê -Salassié Filgueiras Quintão*

O que são políticas públicas? Já no final de um curso de Sociologia Política, havia estudado ideologias, partidos políticos, Poderes e Modelos de Estado, regimes de governo, funcionamento das instituições, hierarquias , direitos de cidadania, minorias, meio ambiente, assim por diante . De repente, já na reta final do semestre letivo, apareceu na sala de aula um professor com a proposta de um curso compactado de políticas públicas , complementar, de 30 dias. 

"Que é isso, professor! Logo agora! Todos estão se preparando para a formatura!!! Já estamos praticamente de férias!" Era um plano de um conteúdo denso e rápido para coroar a graduação de uma das primeiras turmas da noviça Universidade de Brasília . Apresentava uma bibliografia vasta, diversificada e fenomenológica - visão simbólica da realidade . Havia surgido de uma autocrítica docente sobre os objetivos originais da UnB. Todos ali eram muito jovens, cabeças cheias de teorias e conceitos. Mas, ninguém tinha ideia exata do que se tratavam as tais políticas públicas.

Poesia | O mundo de seu Luíz - Marcelo Mário de Melo

Luiz Gonzaga cantou

com sentimento e beleza

todas as coisas da vida

de alegria e tristeza

como quem serve a comida

para todos numa mesa.

 

Suas músicas retratam

amor dor e esperança

as palhaçadas da vida

a plantação a festança

as cavalgadas no mato

os sapateios na dança.

 

Pernambucano matuto

mostrou com brilho e gana

na força da sua voz

no floreio da sanfona

por que é uma grande estrela

da arte brasiliana.

 

Com as antenas no povo

criações sempre constantes

shows nas ruas mil viagens

olho nas coisas andantes

Seu Luiz sempre na onda

encantando os circunstantes.

 

Ele foi mas ele fica

nas canções que nos deixou.

Diamantes de cultura

no Nordeste lapidou

com a força da sua luz

que nunca se apagou.

Música | Eu só quero um xodó - Orquestra Sanfonica do Recôncavo