Erros no Pé-de-Meia expõem descontrole de programas sociais
O Globo
Em pelo menos três cidades havia mais
alunos recebendo o benefício do que matriculados nas escolas
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva tem sido pródigo em criar programas sociais, seguindo a receita que
funcionou em seus mandatos anteriores para conquistar popularidade. A despeito
da relevância de várias iniciativas, é óbvio que, por mais bem-intencionadas
que sejam, não prescindem de controle rigoroso. Os programas precisam ter foco,
para que recursos públicos não sejam destinados a quem não precisa ou
desviados. Não é o que se tem visto. Vira e mexe, surgem indícios de
descontrole.
O exemplo mais recente é o Pé-de-Meia, lançado no ano passado para incentivar, por meio de poupança, a permanência de alunos do ensino médio em sala de aula — a evasão é um dos maiores problemas do segmento. Um levantamento realizado a partir de dados do programa mostrou que, em pelo menos três cidades de três estados (Bahia, Pará e Minas Gerais), o número de beneficiários era maior que o de matriculados na rede pública. Em 15 municípios de cinco unidades da Federação, o programa atende mais de 90% dos estudantes do ensino médio, percentual que chama a atenção. Em alguns casos, há indícios de que os contemplados têm renda acima da permitida.