O Estado de S. Paulo
Em mais um capítulo da queda de braço entre o Congresso e o STF, os alvos são Moraes e Dino
Engana-se quem pensa que somente o PL de
Jair Bolsonaro pressiona o presidente da Câmara, Hugo Motta, para pôr em
votação o projeto de lei que concede anistia aos envolvidos na trama golpista
de 8 de janeiro de 2023.
Nos bastidores, partidos que compõem a
base aliada do governo e controlam ministérios também iniciaram uma ofensiva
para emplacar a pauta. A estratégia tem potencial para prejudicar votações de
interesse do Palácio do Planalto em um momento de queda de popularidade do
presidente Lula.
O apoio ao projeto em bancadas que vão do
MDB ao núcleo duro do Centrão não é apenas para salvar Bolsonaro, que virou réu
sob acusação de tentativa de golpe, ou mesmo para perdoar quem promoveu atos
contra a democracia, o que já seria grave.
Na prática, trata-se de mais um capítulo da queda de braço do Congresso com o Supremo Tribunal Federal (STF). E os dois alvos são Alexandre de Moraes, relator do inquérito sobre a trama golpista, e Flávio Dino, magistrado que tenta fechar o duto do dinheiro público desviado por emendas parlamentares.
Há apenas dois meses na presidência da
Câmara, Hugo Motta tenta ganhar tempo para construir uma saída negociada. A
estratégia passa até mesmo por conversas com ministros do STF sobre a
possibilidade de redução das penas dos condenados do 8 de Janeiro.
“Se o presidente da Câmara não cumprir o
compromisso de pautar o projeto da anistia em regime de urgência, vamos
obstruir as votações”, disse o líder do PL, Sóstenes Cavalcante.
Uma planilha carregada por ele mostra que
309 dos 513 deputados avalizam o projeto.
O senador Ciro Nogueira, presidente do PP,
avisou que conversará com todos os deputados da bancada pedindo apoio à
proposta. “Vai começar a obstrução de tudo no Congresso. Será que o governo vai
comprar essa briga?”, questionou Ciro, que foi titular da Casa Civil sob
Bolsonaro.
A ministra da Secretaria de Relações
Institucionais, Gleisi Hoffmann, não deixou por menos: “A vida do Bolsonaro não
pode ser a prioridade do País”.
Figuram na lista dos projetos considerados
prioritários pelo Planalto para sair das cordas e alavancar a campanha da
reeleição de Lula a isenção do Imposto de Renda aos que ganham até R$ 5 mil e a
Medida Provisória do empréstimo consignado.
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