sexta-feira, 11 de julho de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Chantagem rasteira de Trump não passará

Folha de S. Paulo

Cogitar de que a intimidação fará um Poder independente como o Judiciário brasileiro deixar de processar Bolsonaro é devaneio autoritário

A chantagem rasteira de Donald Trump contra o Brasil não vai funcionar. Cogitar de que o Judiciário de uma nação soberana e democrática, que opera com independência, deixará de processar quem quer que seja para livrar o país de retaliações econômicas dos Estados Unidos não passa de devaneio autoritário.

Se a manifestação foi pensada para ajudar Jair Bolsonaro (PL) no julgamento em que é acusado de tramar um golpe, ela, na melhor hipótese para o ex-presidente, terá efeito nulo. Se tentou fortalecer o deputado fugitivo Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para a disputa de 2026, acabará tornando o seu caso na Justiça brasileira ainda mais complicado.

Se seu intento foi impulsionar a direita brasileira, o resultado líquido tenderá a ser negativo. Vai ser difícil ficar do lado de quem patrocina uma agressão estrangeira à soberania e aos empregos brasileiros, pois tarifas adicionais de 50% sobre as exportações teriam efeitos nefastos sobre vários setores da economia nacional.

Chegou a hora de lideranças como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) escolherem de que lado estão. Ou bem Tarcísio defende os exportadores paulistas e a soberania brasileira ou continua posando de joguete de boné de um agressor estrangeiro e da família Bolsonaro, cujo patriotismo de fancaria se dissolve e se transforma em colaboracionismo diante da perspectiva da cadeia.

Está repleta de mentiras e incoerências a carta em que Trump tenta justificar o ataque comercial. As trocas com o Brasil não contribuem para o déficit norte-americano. Pelo contrário, há anos o resultado da corrente é superavitário para os EUA. O presidente republicano diz defender a liberdade de expressão aqui, mas lá manda deportar quem emite opiniões consideradas erradas pela Casa Branca.

O histórico de decisões anunciadas mas nunca efetivadas de Donald Trump faz duvidar da implementação das tais tarifas adicionais. Ele já mandou cartas ameaçadoras a outras nações marcando prazos para o início da vigência. A entrada em vigor de todas essas decisões causaria tumultos graves na própria economia dos EUA, pois se trata de um imposto sobre seus consumidores.

O sangue frio, portanto, é o melhor caminho para lidar com o novo arreganho de Trump. Nesse quesito, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem se portado bem, o que ficou mais uma vez atestado na reação sóbria do Planalto ao anúncio do tarifaço.

O governo brasileiro não deve abrir mão de seus poderes de retaliar, conferidos pelo Congresso Nacional ao Executivo em legislação recente. Mas deveria recorrer a esse expediente apenas em casos extremos, que ainda não se concretizaram.

Insistir em demonstrar às contrapartes norte-americanas que não há nenhuma razão econômica para a invectiva contra o Brasil continua a ser a linha de ação mais indicada. No mínimo se ganha tempo para que as ciclotimias do populismo empurrem o presidente dos Estados Unidos para outros temas em suas redes sociais.

O tempo trabalha a favor do Brasil e dos outros países acossados pelas bravatas das guerras comerciais de Donald Trump.

Estouro da inflação expõe política econômica inconsistente

Folha de S. Paulo

IPCA supera limite por 6 meses seguidos; enquanto BC pisa no freio para conter preços, governo Lula acelera com gastos

Descumprimentos dos limites máximos fixados para a inflação não são novidade no país. Somente nos últimos quatro anos, quando se estabeleceram metas mais ambiciosas, o teto foi rompido em três deles.

Neste 2025 teve início um novo sistema de apuração das metas, pelo qual o estouro se caracteriza quando o IPCA acumulado em 12 meses fica acima do permitido por seis meses consecutivos —e, como se divulgou nesta quinta-feira (10), foi o que ocorreu já em junho, quando o índice acumulou 5,35%, ante um teto de 4,5% (meta de 3% mais margem de 1,5 ponto percentual).

Os resultados deveriam ser suficientes para derrubar discursos politiqueiros e teorias conspiratórias que atribuem os juros elevados no Brasil a algum conluio entre magnatas e o Banco Central. Se as taxas fossem desnecessariamente altas, o IPCA, por óbvio, estaria bem abaixo da meta.

Ao contrário, o BC mostrou flexibilidade para diluir ao longo do tempo a dosagem da política monetária, sem derrubar a atividade econômica na tentativa de cumprir as metas a ferro e fogo.

A questão relevante nesse caso é bem diversa: por que uma taxa Selic que, entre idas e vindas, subiu de 2% ao ano, no início de 2021, para os atuais 15%, maior patamar em quase duas décadas, ainda não foi capaz de trazer de volta a inflação a limites que são usuais em países emergentes?

Uma parte da resposta foi ensaiada pelo presidente do BC, Gabriel Galípolo, em depoimento na quarta (9) à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. Ele levantou a hipótese de que no Brasil a política monetária possa não funcionar com a mesma "fluidez" observada em outros países devido, por exemplo, a subsídios que permitem a tomada de crédito a taxas abaixo da Selic.

A tese não é nova —novidade é vê-la esboçada por um indicado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Já se apontou antes que a ampla oferta de financiamentos favorecidos no país, em especial nos bancos públicos, reduz a eficácia dos juros do BC, que só afetam as operações com taxas definidas pelo mercado.

Mais claro, no entanto, é que o estouro da inflação reflete uma política econômica inconsistente —na qual seus dois principais eixos, o monetário e o fiscal, apontam para direções opostas.

Enquanto o BC busca inibir o consumo e os investimentos para esfriar a economia e tirar fôlego da alta de preços, a administração petista estimula a atividade com mais gasto público e novas modalidades de crédito. Numa analogia didática, infelizmente já gasta pelo uso necessário no país, é como pisar no freio e no acelerador ao mesmo tempo.

Como também já deveria estar claro, a troca de comando no BC em nada alterou o diagnóstico do cenário e o rumo dos juros, ainda que Lula e correligionários continuem alegremente a culpar a gestão anterior. Enquanto isso, as taxas impulsionam a dívida pública e o Orçamento federal se aproxima do estrangulamento.

Cocaína em alta e falência da guerra às drogas

Folha de S. Paulo

Comércio global de entorpecentes aumenta; produto da folha de coca teve expansão mais rápida, puxada pela Colômbia

A chamada guerra às drogas, que surgiu nos Estados Unidos nos anos 1970 e se espalhou pelo mundo, é uma política baseada na proibição por meio do combate policial e militarizado e do aumento de penas, com foco na redução da oferta.

Pesquisas científicas e a experiência global mostram com clareza que tal estratégia fracassou, ao estimular a violência armada de facções rivais que disputam fatias do mercado ilegal e dificultar o acesso a tratamentos de usuários que desenvolvem dependência. Isso tudo sem conseguir diminuir a oferta e o consumo.

Relatório do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) mostrou que mais de 316 milhões de pessoas no mundo usaram drogas em 2023, o que representa alta de 28% em relação a dez anos antes.

maconha é a droga mais consumida (244 milhões de usuários), seguida por opioides (61 milhões), anfetaminas (31 milhões) e cocaína (25 milhões).

Em relação a esta última, o UNODC reportou em junho que seu comércio global bateu recordes históricos, com 3.708 toneladas produzidas —aumento de 34% na comparação com 2022 e cerca de um quíntuplo do registrado em 2013. O número de consumidores passou de 17 milhões em 2013 para 25 milhões em 2023.

Trata-se do mercado de droga ilegal que apresentou a mais rápida expansão nos últimos anos, e a alta foi puxada pela Colômbia, onde a produção de cocaína aumentou 53% entre 2022 e 2023, quando atingiu 2.600 toneladas.

O fenômeno se deve não só à ampliação da área plantada de folha de coca, mas a desenvolvimentos tecnológicos que elevam a produtividade por hectare.

Grupos dissidentes das guerrilhas Farc e Exército de Libertação Nacional (ELN), que não aceitaram o acordo com o governo colombiano em 2016 para abandonar as armas em troca de concessões políticas, passaram a atuar no narcotráfico e se articulam com cartéis mexicanos, que investem em especialização técnica tanto no cultivo da planta como no refinamento da cocaína.

Regiões de consumo também se diversificaram para além de EUA e Europa, com crescimento em ÁfricaÁsia e, principalmente, Austrália e Nova Zelândia.

O cenário evidencia como a política de guerra às drogas equivale a enxugar gelo, sem contar o efeito nefasto da violência que afeta sobretudo populações mais pobres —como se viu na crise humanitária deflagrada em janeiro em Catatumbo, no norte da Colômbia, devido a disputas entre a ELN e dissidentes das Farc.

Independência da Justiça e democracia são inegociáveis

O Globo

Exigências estapafúrdias de Trump devem ser repelidas com firmeza para haver negociação comercial

Há mistura de chantagem, ofensa, desleixo, ignorância, mentira e até ridículo na carta em que Donald Trump anuncia tarifas de 50% sobre importações do Brasil caso não seja suspenso o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Trump costuma se gabar de seus dotes como negociador, mas simplesmente não há o que negociar diante de exigência tão estapafúrdia. Por um motivo singelo: tanto a independência da Justiça brasileira quanto a democracia brasileira são inegociáveis — e é ofensivo imaginar o contrário. “O Brasil é um país soberano com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”, respondeu em tom preciso e sereno o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Das dezenas de cartas que Trump enviou a diversos países anunciando aumento de tarifas, a brasileira é a única que mistura a política comercial dos Estados Unidos às preferências políticas de seu presidente. Tal confusão entre interesse público e afetos privados é sinal eloquente da visão autocrática que move seu governo.

Do ponto de vista econômico, as tarifas carecem de sentido. Os Estados Unidos compram 11% das exportações brasileiras e, ao contrário do que Trump afirma na carta, a balança tem sido amplamente favorável aos americanos, com US$ 410 bilhões de superávit nos últimos 15 anos em comércio e serviços. “Trump nem finge haver justificativa econômica. Trata-se apenas de punir o Brasil por julgar Bolsonaro”, escreveu o Nobel de economia Paul Krugman. “Será que ele acredita mesmo que pode usar tarifas para forçar uma nação enorme, que nem é tão dependente do mercado americano, a abandonar a democracia?”

Trata-se, naturalmente, de questão retórica. Dado que nada mudará nos processos contra Bolsonaro nem nas decisões da Justiça brasileira relativas a conteúdos em redes sociais — a segunda exigência feita por Trump —, o governo Lula se vê diante de um problema prático: como reagir? As primeiras manifestações foram corretas. Trump deve receber o tratamento que se dispensa a provocadores: firmeza e serenidade na exposição de seus motivos e fraquezas. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro faria bem em tentar retomar negociações comerciais se houver abertura. Países como Reino Unido, México, Vietnã e a própria China já obtiveram sucesso com diálogo.

Há, é verdade, dificuldades. No campo externo, era previsível alguma reação americana às iniciativas diplomáticas de Lula, sobretudo à tentativa de buscar alternativas ao dólar e à retórica que alinha o Brasil a países no polo oposto dos valores ocidentais, como Irã e Rússia. Escalar a disputa por motivação política só prejudicará ainda mais o Brasil, portanto o próprio governo. Se necessária, qualquer retaliação precisa dar ênfase a medidas que se façam sentir para as empresas americanas, como quebra de patentes ou taxação de serviços digitais. No campo interno, continuará a pressão de Bolsonaro. Mas a carta de Trump faz mal também à oposição, pois traz danos a setores com ela identificados, como indústria ou agronegócio. E, fundamentalmente, ao Brasil, empresários e trabalhadores. Não tardará a que o país entenda as consequências das tarifas e ponha a culpa em quem as celebrou. No passado, Trump já abandonou aliados e recuou de medidas estapafúrdias quando a realidade se fez valer. É incerto até que ponto irá seu apego a Bolsonaro.

Disputa política dificulta evolução do transporte público no Rio

O Globo

Não bastasse a confusão do cartão Jaé, licitações estaduais estão paradas em razão da briga sucessória no governo

É lamentável que disputas políticas contribuam para travar ainda mais o ineficiente transporte público do Rio, impondo sacrifícios e prejuízos a milhões de passageiros. Como mostrou reportagem do GLOBO, enquanto se acirra o embate eleitoral envolvendo o presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar (União), e o ex-secretário estadual de Transporte e Mobilidade Urbana Washington Reis (MDB) — exonerado por Bacellar quando substituiu interinamente o governador Cláudio Castro (PL) —, projetos essenciais permanecem parados.

Um deles é a licitação do problemático sistema de trens da SuperVia. O prazo fixado em acordo judicial para a atual concessionária deixar o serviço acaba em setembro. Faltando dois meses, não foi formatada a licitação para escolher a nova empresa. Nos bastidores, fala-se em adiamento, prorrogando a agonia dos 300 mil passageiros que andam de trem todo dia. A Secretaria de Transportes diz buscar uma solução.

A licitação para conceder 1.100 linhas de ônibus intermunicipais também não tem data para sair. O governo alega que os trâmites jurídicos estão em fase final e que o próximo passo será enviar a documentação para que seja validada e publicada no Diário Oficial. Ele também se mostra hesitante na tentativa de subsidiar as passagens de trem e metrô para reduzir a tarifa, medida que agravaria ainda mais o endividamento já exorbitante.

Sem planejar capacidade e investimento em nível metropolitano e sem integração eficiente entre os diversos meios de transporte, não há como oferecer serviço de qualidade com tarifa decente. Por isso é tão importante a negociação entre os governos estadual e municipal para manter a racionalidade do sistema e o bilhete unificado para os usuários. A prefeitura do Rio anunciou que, a partir de 2 de agosto, transportes administrados pelo município só aceitarão o novo cartão Jaé. Para pegar metrô, trem, barca ou ônibus intermunicipal, será preciso o atual RioCard. Desde julho de 2023, quando foi lançado o Jaé, estado e prefeitura não chegaram a acordo para integrar os sistemas.

O estado alega que o convênio “está em fase final de negociação”. A prefeitura atribui a responsabilidade ao governo estadual. “Estamos solicitando a integração ao estado tem dois anos, e simplesmente a Riocard não recebe o comando para fazer”, escreveu numa rede social o prefeito do Rio, Eduardo Paes, em resposta ao editorial publicado ontem sobre a implantação conturbada do Jaé. O governo estadual deveria sem dúvida ser mais ágil na integração.

Governos, estaduais ou municipais, têm obrigação de lutar por eficiência, racionalidade e tarifas justas nos transportes públicos. A integração entre ônibus, trens, metrô e outros meios é realidade em cidades do mundo inteiro. Não deveria ser diferente no Rio. E não é com disputas estéreis que isso se resolverá.

Tarifas de Trump atendem sua narrativa, não a lógica econômica

Valor Econômico

O que interessa ao presidente dos EUA é ter o domínio da narrativa para, não importa o resultado, declarar-se vencedor

Ao anunciar uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras, citando o “tratamento” dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro como um dos motivos, o presidente dos EUA, Donald Trump, apresenta a nova face a sua política comercial, a de instrumento para fins de política externa. É a ideologia se somando aos interesses econômicos — que muitas vezes não são lógicos.

Narrativas são importantes. A capacidade de moldar visões de mundo e ideologias — tanto das elites quanto dos eleitores comuns — é uma arma poderosa, observou Dani Rodrik, professor de economia política internacional na Harvard Kennedy School, em artigo publicado no Valor no dia 10/07. Ele argumenta que com Trump e seus apoiadores Maga, a ideologia se sobrepõe aos interesses materiais. Isso é um risco global, uma vez que a economia, e muito menos a lógica econômica, não predominaram nesse caso. A economia não deixou de ser um balizador nas relações internacionais, mas frequentemente outras necessidades se impõem.

Para além do conteúdo ridículo e provocador, a carta de Trump dirigida ao Brasil tem aspectos inegociáveis que sequer deveriam ter sido mencionados: a democracia brasileira e a independência de suas instituições.

Na carta enviada ao presidente Lula, Trump nem ao menos se deu ao trabalho de dar uma justificativa econômica plausível para a sua ação. Trump faz menção a Bolsonaro e aos “ataques à liberdade de expressão”, em uma alusão às alegadas “centenas de Ordens de Censura SECRETAS e ILEGAIS” emitidas pelo Supremo Tribunal Federal contra plataformas de mídia social dos EUA. O presidente americano fala em equilíbrio comercial, mas ignora que os EUA tiveram um superávit de US$ 7,4 bilhões em 2024, segundo dados do Escritório do Representante Comercial americano (USTR). E que os EUA acumulam superávit no comércio de bens com o Brasil desde 2009, que somam US$ 90,28 bilhões, considerando os números até junho, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

Uma tarifa de 50% seria uma grande disrupção no comércio de US$ 92 bilhões em bens com o Brasil — o maior produtor mundial de café arábica, usado em bebidas de alta qualidade. A ameaça fez disparar ontem os preços do café na bolsa de mercadorias de Nova York. Se o café não for isento da nova tarifa de Trump, isso terá um impacto significativo no preço do café da manhã americano, uma vez que no ano passado o Brasil respondeu por 34% de todo o café verde importado pelos EUA.

Além do Brasil, outros 21 países receberam esta semana cartas contendo ameaças tarifárias sobre suas exportações para os EUA. O texto das cartas é o mesmo: Trump notifica os governos de que estarão sujeitos a tarifas punitivas se não agirem para “corrigir muitos anos” de “políticas e barreiras comerciais tarifárias e não tarifárias”, que “teriam levado a déficits comerciais insustentáveis” contra os EUA. A carta do Brasil foi a exceção no conteúdo político e na punição mais elevada, de 50%.

Coreia do Sul e Japão, dois aliados estratégicos na Ásia para conter a ascensão da China, também receberam notificações de que estarão sujeitos a tarifas de 25%. Nenhum dos dois países tem como oferecer reduções tarifárias significativas, uma vez que ambos já praticam tarifas mínimas.

Mas o que importa para Trump é ter o domínio da narrativa, convencer as pessoas a fazer escolhas que parecem estar em conflito com os próprios interesses econômicos. Suas cartas não apontam um objetivo claro para “equilibrar” a relação comercial com os EUA, pois o que importa é obrigar o outro lado a oferecer uma concessão, seja ela qual for, que Trump possa declarar depois como uma grande vitória.

As cartas também apresentaram um novo adiamento do prazo de 9 de julho dado por Trump para reimpor suas chamadas “tarifas recíprocas”. Não está claro ainda se para 1 de agosto ou 1 de setembro ou outra data qualquer futura. É muito possível que sejam adiadas indefinidamente, o que mantém uma persistente incerteza no comércio global, apesar da insistência do presidente em contrário, em letras maiúsculas, no Truth Social.

No geral, as reações dos países a Trump envolvem tentar mitigar os danos o máximo possível, evitando imitar as tarifas dos EUA e com seus chefes de governo se submetendo a sessões constrangedoras em encontros no Salão Oval da Casa Branca. Não à toa, esses encontros foram diminuindo desde a posse de Trump em janeiro. Lula, ontem, disse que irá aplicar os mesmos 50%.

Apesar de toda a retórica agressiva, o governo Trump conseguiu até agora anunciar apenas três acordos comerciais com Reino Unido, China e, mais recentemente, Vietnã. Economistas apontam, no entanto, que esses acordos não passam de memorandos de entendimento. Acordos comerciais amplos exigem anos de negociação detalhada, o que é trabalhoso demais na ótica de Trump.

A falta de acordos, mesmo que superficiais, reflete em parte o risco deste durar somente até Trump mudar de ideia novamente. É o que mostra o USMCA, que substituiu o Nafta, negociado por Trump durante o seu primeiro mandato. Mesmo antes de tomar posse em janeiro, o republicano já havia anunciado seu objetivo de revisar o USMCA para torná-lo “melhor”.

Outro risco para os países é ceder às chantagens de um presidente dos EUA volátil e alienar seu apoio interno, para apenas se ver às voltas com uma nova demanda sem lógica.

“Apenas os covardes pagam as suas dívidas”, afirmou o líder russo Vladimir Putin, no fim de maio, durante uma reunião no Kremlin com empresários russos. Esse parece ser o mesmo lema de Trump.

O favor de Trump a Lula

O Estado de S. Paulo

Ao ameaçar impor tarifas contra o Brasil em favor da impunidade de Bolsonaro, o presidente americano deu ao petista o que ele mais precisava neste momento de impopularidade: um inimigo

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prestou um enorme favor ao presidente Lula da Silva com a ameaça de impor tarifas comerciais ao Brasil para obrigar o País a se render a suas absurdas exigências, entre as quais livrar Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado. Deu ao demiurgo petista tudo o que um populista como ele mais deseja num momento de impopularidade: um inimigo para brigar. De preferência, um inimigo que faça ameaças de tal ordem que possam, se efetivadas, causar prejuízos reais à economia, abalar setores e negócios estratégicos como o agronegócio e o aço, encarecer a vida dos brasileiros e, de quebra, enfraquecer as forças políticas aliadas de Trump no Brasil.

Ainda é cedo para decretar que o tiro do presidente americano saiu pela culatra, mas é evidente que boa parte da conta de seu eventual tarifaço recairá sobre os ombros de quem supostamente moveu mundos e fundos para a ação de Trump contra o Brasil. Nesse pacote, inclui-se, em primeiro lugar, o clã Bolsonaro. Como se sabe, o ex-presidente e seus associados liberticidas viram na volta de Trump à Casa Branca uma boia de salvação para si e para o bolsonarismo. Alguns aliados, mais cautelosos, trataram Trump como símbolo do nacionalismo triunfante que sonhavam em aplicar no Brasil. Outros, mais delirantes, chegaram a clamar por uma invasão americana. Entre um passeio e outro na Disneylândia, Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, se apresenta como exilado político nos Estados Unidos e fez lobby na Casa Branca para que Trump liderasse a campanha bolsonarista contra o Supremo Tribunal Federal (STF), instituição tida como algoz de seu pai e de aliados golpistas.

O efeito prático está aí: o risco de o nacionalismo patriótico do bolsonarismo se converter numa oposição aos interesses do Brasil. Pode ser de pouca serventia a tentativa dos Bolsonaros e dos principais nomes da direita brasileira – como o governador Tarcísio de Freitas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e outros de menor musculatura política – de atribuírem culpa a Lula, ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, ao Itamaraty ou ao PT. Assim como ocorreu em países como Canadá, Austrália, México e, em certa medida, Alemanha, a interferência política de Trump em assuntos nacionais produziu resultados contrários: desmoralizou o americano e enfraqueceu o potencial eleitoral de seus aliados.

Para um governo e um presidente com imagem combalida pela incompetência e pela inépcia, nada mais útil do que ter um inimigo externo e assim, em tese, tentar “unir” o País contra os prejuízos da medida – incluindo o setor produtivo, que majoritariamente enxerga o lulopetismo com desconfiança. Bastou a publicação da carta de Trump para que Lula, seus exegetas no Palácio do Planalto e os habituais porta-vozes do lulopetismo nas redes decretassem uma espécie de estado de defesa da soberania nacional. E assim o enredo está urdido: um governo ruim, um presidente perdendo aliados e uma base desanimada se veem ávidos para galvanizar apoios Brasil afora contra a ameaça trumpista. A essa agenda se soma a campanha do “nós contra eles”, deflagrada recentemente após a crise do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e assim se completa a receita populista do lulopetismo com um só objetivo: a reeleição de Lula.

Mas que Lula e a companheirada não se enganem. Apesar do favor político oferecido por Trump, o tarifaço, se vier, resultará em prejuízos econômicos consideráveis – ao agronegócio, à indústria e aos consumidores –, e com o tempo é provável que parte de tais efeitos seja debitada também da conta de Lula, sobretudo porque este não atuou para reduzir as tensões com os Estados Unidos de Trump. Recorde-se que Lula, ao contrário, investiu na aproximação com a China, advogou pela substituição do dólar como moeda do comércio global e fez campanha contra companhias americanas de internet. Por ora, o jogo favorece Lula, mas a eleição ainda está muito longe.

Por uma cidade menos barulhenta

O Estado de S. Paulo

Abandonados pelo poder público, que ignora seu padecimento, moradores de SP atormentados pelo barulho lançam movimento para fazer valer o direito ao sossego. Eis aí uma causa justíssima

Moradores de diversas regiões da cidade de São Paulo se uniram para formar a Frente Cidadã pela Despoluição Sonora. O movimento denuncia os danos físicos e mentais causados pela exposição aos ruídos excessivos. Como individualmente as reclamações parecem não sensibilizar as autoridades paulistanas a agir em defesa da qualidade de vida na metrópole, a frente, ao juntar esforços, pretende pressionar o poder público a restaurar a paz e a promover a saúde coletiva.

Um passeio pela Avenida Paulista num fim de semana basta para entender por que esse movimento nasceu naquela região. Fechada para lazer aos domingos, a via foi tomada por potentes caixas de som. São cantores, bandas de diversos estilos musicais e jovens em exibição de passinhos de dança, que, juntos, formam uma balbúrdia. Há ainda inúmeras queixas de barulho em obras públicas e privadas, bares e casas noturnas, festivais no Vale do Anhangabaú, shows no Allianz Parque e até eventos no Parque da Água Branca. Na periferia, são os bailes funk, mais conhecidos como pancadões, que tiram o sono.

Contra toda essa desordem, a frente acabou de lançar um manifesto público em uma plataforma eletrônica no qual alerta que São Paulo vive uma “crise de saúde pública”, que, embora evitável, está em estágio de “epidemia urbana”. Segundo o documento, a população está exposta “a níveis de ruído que ultrapassam os limites” considerados suportáveis pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Por isso, o manifesto afirma que o barulho generalizado adoece. E são muitas as enfermidades, como as doenças auditivas, as doenças cardiovasculares, os distúrbios do sono, o estresse, a ansiedade e a depressão.

A frente começa a ganhar o apoio de especialistas em saúde coletiva. Professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o médico sanitarista Gonzalo Vecina Neto enviou uma carta ao movimento na qual afirma que a iniciativa é “legítima” e “necessária” porque a poluição sonora é um dos “principais riscos ambientais à saúde humana nas cidades modernas”. E esse problema, diz ele, não deve ser subestimado em virtude dos fortes impactos no Sistema Único de Saúde (SUS) e até na expectativa de vida.

A frente lista seis legislações vigentes que, em tese, deveriam coibir esses abusos e proteger os cidadãos. Mas essas regras, que se dividem entre município, Estado e União, não são respeitadas ou, na melhor das hipóteses, são mal fiscalizadas.

O jornal Folha de S.Paulo mostrou recentemente que só a Central 190 da Polícia Militar recebeu mais de 100 mil chamados por perturbação nos cinco primeiros meses deste ano. E, segundo reportagem da GloboNews, com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), o Programa Silêncio Urbano (Psiu), da Prefeitura de São Paulo, registrou 43 mil denúncias em 2024, mas apenas 669 multas foram aplicadas. Como se vê, as leis têm se revelado ineficazes.

E não faz muito tempo que a Câmara Municipal aprovou e o prefeito Ricardo Nunes sancionou uma mudança na lei que, em vez de combater a poluição sonora com mais rigor, afrouxou as regras ao tirar os grandes eventos do limite de decibéis imposto pela fiscalização do Psiu. Tudo isso ocorreu sob o argumento de que shows geram emprego e renda, embora não haja notícia de que o desenvolvimento econômico seja incompatível com a salubridade e a urbanidade.

Para crescer com produção de riqueza e qualidade de vida, São Paulo terá de discutir com seriedade medidas para pôr fim à poluição sonora. A Frente Cidadã pela Despoluição Sonora já realizou um grande feito ao colocar esse problema em pauta.

Cabe às autoridades públicas o engajamento na busca por uma solução para o caos sonoro, com a elaboração de uma lei e a adoção de uma fiscalização mais efetiva para limpar São Paulo da poluição sonora, nos moldes do que fez a Lei Cidade Limpa ao varrer a poluição visual da metrópole. Hoje, os cidadãos afetados pela barulheira estão abandonados pelo poder público, que ou ignora seus pedidos de socorro, ou dá razão aos que promovem um ruidoso inferno na cidade.

Colheita recorde sem celeiro

O Estado de S. Paulo

País terá nova safra histórica de grãos, mas só tem como guardar pouco mais da metade

Entra ano, sai ano, e a celebração das sucessivas quebras de recordes agrícolas continua a ser ofuscada pelo problema crônico da falta de armazéns para estocagem, que ameaça minar a competitividade da safra nacional de grãos. Recente reportagem do Estadão mostrou que, nos últimos 20 anos, a safra tem crescido à média anual de 5,3%, enquanto o ritmo de crescimento da capacidade de armazenagem, já deficitária antes, segue vários passos atrás, em 3,4% ao ano, incapaz de acompanhar o avanço da produção agrícola.

No início do ano, uma compilação de projeções feita pelo Estadão/Broadcast Agro apontou aumento entre 2,5% e 6% do PIB da agropecuária em 2025, reunindo estimativas que levavam em conta, além da maior produção brasileira de grãos, a recuperação dos preços das commodities agrícolas e a valorização do dólar. Naquela ocasião, a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) era de uma safra 322,42 milhões de toneladas, estimativa revista em julho para 339,6 milhões de toneladas, recorde histórico.

Somente no primeiro trimestre do ano, a agropecuária cresceu 12,2%, em relação ao trimestre anterior, e puxou o avanço de 1,4% da economia nacional no período. Um quarto do crescimento de 2,9% do PIB brasileiro em relação ao primeiro trimestre do ano passado deveu-se à agropecuária, como constataram os técnicos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mas, apesar do bom desempenho, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alertava que o nível de investimento estava em risco. Pesavam contra as incertezas globais e o alto custo do financiamento.

O gargalo criado pelo déficit de armazenamento é o exemplo mais visível dos prejuízos logísticos que a agricultura enfrenta, que embaça o avanço tecnológico que deu ao País o diferencial de colher três safras por ano em uma mesma área. Acontece que, como mostrou este jornal, somente pouco mais de 63% dos grãos colhidos têm armazéns garantidos. O restante é deixado ao relento, exposto a intempéries, fungos e outras pragas que comprometem a qualidade do produto.

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) recomenda que a capacidade estática de armazenamento de um país deve ser 1,2 vez maior que a sua produção anual. Ou seja, para a safra estimada pela Conab, o Brasil deveria dispor de armazéns para, ao menos, 407,5 milhões de toneladas, mas a disponibilidade hoje é de pouco mais da metade desse volume, com apenas 214,9 milhões.

Os produtores reclamam do alto custo de financiamentos para investir em infraestrutura e da burocracia bancária que penaliza, principalmente, médios e pequenos agricultores, problema ainda mais grave nas fronteiras agrícolas que se abrem nos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, região conhecida como Matopiba. A demanda dos produtores que tentam escoar rapidamente suas colheitas encarece o frete ao mesmo tempo em que a necessidade de vender rápido a safra joga o preço do grão para baixo. Planejar a infraestrutura é tão urgente quanto benéfico não só para os produtores, mas aos consumidores e ao País.

Tiro ideológico de Trump pode sair pela culatra

Correio Braziliense

Impor taxa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA pode, na verdade, prejudicar o ex-presidente Bolsonaro, afastando dele aliados importantes ligados ao agronegócio e à indústria

Desde que reassumiu a Casa Branca, Donald Trump adotou as sanções comerciais como estratégia para resolver qualquer questão diplomática, diante da sua postura política sempre baseada na coerção. Se a coisa aperta, o líder conservador apela para o tamanho da economia estadunidense para desafiar adversários geopolíticos. Perante a possível condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), na esteira dos ataques à democracia culminados no 8 de Janeiro de 2023, Trump invocou o mesmo receituário: impôs uma taxa de 50% sobre os produtos brasileiros exportados aos EUA.

Trump tenta também reagir aos acenos do presidente Lula às negociações entre os países do Brics com moedas próprias, descartando o dólar como papel internacional. Um dos maiores temores do líder estadunidense é justamente o enfraquecimento da noção de que sua moeda é a mais indicada para a reserva econômica mundial.

Historicamente, entre outros fatores, o dólar sempre foi usado como referência no mercado internacional por uma eventual independência do Fed, o Banco Central estadunidense, da Casa Branca. As políticas intervencionistas de Trump, por outro lado, abalam essa noção, o que abre portas para negociações entre países usando outros papéis — medida defendida por Lula na mais recente cúpula do Brics. 

Na prática, porém, a estratégia de Trump não parece surtir os efeitos vislumbrados. Politicamente, o agronegócio brasileiro reagiu. Até mesmo a ex-ministra da Agricultura e senadora Tereza Cristina criticou a sanção trumpista. "Brasil e Estados Unidos têm longa parceria, e seus povos não devem ser penalizados", disse.

A Frente Parlamentar da Agropecuária, dirigida por deputados e senadores ligados à direita brasileira, foi na mesma linha e manifestou sua "preocupação com a decisão de Trump". "A medida (...) representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países", informou em nota. Na mesma toada, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou sua "preocupação e surpresa" com os "impactos graves" para o setor.

Números traduzem a preocupação do agro e da indústria com a taxa elevada dos EUA. Nos últimos cinco anos, o Brasil exportou US$ 165,8 bilhões para os Estados Unidos, segundo dados do Comex Stat, o sistema oficial para consulta e extração de dados do comércio exterior brasileiro. Os principais produtos foram petróleo, ferro, aço, café e pastas químicas de madeira, além de outros itens importantes, como aeronaves, suco de laranja e carne bovina.

Se o objetivo principal era pressionar a soberania e a democracia brasileira em prol da liberdade de Bolsonaro, Trump pode, na verdade, prejudicar o ex-presidente com a tarifa, afastando dele aliados importantes ligados ao agronegócio e à indústria, seus maiores financiadores na campanha de 2022. 

Ao mesmo tempo, a taxação de Trump tem contornos teatrais. Nos últimos cinco anos, ainda de acordo com o Comex Stat, o Brasil importou US$ 190,6 bilhões dos Estados Unidos. Quem, em sã consciência, colocaria um lucro de aproximadamente US$ 25 bilhões em cinco anos em risco?

Resposta soberana

O Povo (CE)

Impossível não se indignar frente à carta desaforada e mentirosa que o chefe do Executivo americano, Donald Trump, enviou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tratando o Brasil como se fosse uma colônia dos Estados Unidos. É preciso que as nações democráticas deem um basta nesse tipo de "diplomacia", que procura submeter todos os países à vontade de um único homem.

É difícil encontrar paralelo na história, a não ser em regimes totalitários, em que um chefe de Estado tenha agido dessa maneira, atropelando todas as regras e costumes civilizatórios que regem as relações internacionais.

A carta de Trump é uma mistura de tentativa de intervir na Justiça brasileira, em favor de seu aliado Jair Bolsonaro, e de inconformismo com a atuação no Brasil na presidência do Brics, em busca de uma ordem multipolar. Em resumo, o destampatório trumpista é um ataque frontal à soberania brasileira.

Trump exigiu que o julgamento de Bolsonaro parasse "imediatamente", como se pudesse dar ordens ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ainda acusou falsamente o Brasil de não ter promovido "eleições livres"; de supostamente ter violado a "liberdade de expressão" e de ter prejudicado empresas americanas — e mentiu ao dizer que os Estados Unidos tinham déficit na balança comercial com o Brasil: é o contrário.

Com essa mixórdia de argumentos, que não param de pé, transitando entre a mentira e o absurdo, Trump ameaça cobrar tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros que entrarem nos EUA a partir de 1º de agosto. A insolência chegou a tal ponto que ele não garantiu baixar as taxas, nem mesmo se o Brasil cumprisse todas as suas exigências.

Por isso, Lula acertou ao dar uma resposta contundente aos ataques de Washington, repondo as coisas em seu devido lugar, mas sem ataques despropositados ao homólogo americano.

"O Brasil é um país soberano, com instituições independentes, que não aceitará ser tutelado por ninguém", escreveu o presidente brasileiro. Lula acrescentou, em relação ao aumento unilateral das tarifas, que o Brasil responderá nos termos da lei de reciprocidade.

O que espanta são os áulicos do presidente Trump no Brasil, que se regozijam com as medidas anunciadas pelos Estados Unidos, mesmo sabendo que o prejuízo recairá sobre a nossa economia. Chega às raias da incompreensão verificar que um segmento político trabalhe, dentro do País, para defender interesses americanos, contrários ao povo brasileiro.

É lamentável que a desqualificação política tenha atingido de tal maneira o bolsonarismo ao ponto de esse grupo político, autodeclarado "patriota", ter perdido completamente a noção do significado dessa palavra. 

 

 


 

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