O Povo (CE)
O discurso dito patriótico do bolsonarismo
age contra a pátria. Dá de ombros para o que pudesse ser um rascunho da ideia
de Estado. Ignora a temporalidade dos governos versus o interesse nacional,
este acima do governante de plantão. As manifestações com bandeira do Brasil
erguida junto com bandeiras estrangeiras, como EUA e Israel, já dizem de há
muito o quão raso é aquele oceano
A ignorância dói. Imaginem uma mobilização de
militantes republicanos - incluindo parlamentares e o governador de um estado
importante - contra os interesses dos Estados Unidos. Bem comparando, é o que
se dá hoje no ataque tarifário norte-americano sobre o Brasil. Os Bolsonaro, o
PL e o governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), um
pré-candidato à Presidência, se juntaram para celebrar o tarifaço. Sem nenhuma
cerimônia, esta cena se repete desde a quarta-feira quando da divulgação do panfleto
endereçado pelo presidente Trump ao presidente Lula.
O discurso dito patriótico do bolsonarismo age contra a pátria. Dá de ombros para o que pudesse ser um rascunho da ideia de Estado. Ignora a temporalidade dos governos versus o interesse nacional, este acima do governante de plantão. As manifestações com bandeira do Brasil erguida junto com bandeiras estrangeiras, como EUA e Israel, já dizem de há muito o quão raso é aquele oceano.
Neste momento, há cargas navegando em direção
à América e a desembarcar depois de 1° de agosto, há o temor de colapsos em
segmentos do agro, a fabricação de aeronaves e de aço. Por ora, pode-se
pleitear a prorrogação do prazo anunciado, para ao menos haver tempo para
negociação.
No caso do Ceará, como mostrou O POVO, a
partir de dados do Observatório da Indústria, da Fiec, os Estados Unidos são o
principal parceiro comercial do Estado. Representam quase 50% de todas as
exportações de produtos em 2025. Um impacto, portanto, bastante pronunciado na
balança comercial cearense. Só neste ano, as exportações cearenses para o país
chegaram a US$ 366,8 milhões. Em todo caso, um impacto também muito
concentrado. Só de aço foram US$ 262,3 milhões). Depois, bem longe, peixes (US$
19,1 milhões). Noutros termos, a pancada é na siderúrgica ArcelorMittal Pecém.
É rudimentar a tentativa da oposição
bolsonarista de atribuir o ataque dos EUA ao presidente Lula. Não é diferente
de culpar a vítima de estupro por ter usado uma roupa, digamos, inadequada. No
jogo de narrativas e leituras, convenhamos, o bolsonarismo entregou um discurso
ao Governo. Ofereceu sementes para uma unidade nacional. Um discurso
patriótico.
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