O Povo (CE)
A coisa caminha para exigir que o governador
se decida entre a lealdade absoluta a Jair Bolsonaro e a missão que o
eleitorado paulista entregou ao elegê-lo em 2022, que é cuidar dos interesses
de São Paulo
Convenhamos, é desconfortável a situação
política atual do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Há pouca dúvida de que seja, hoje, o nome de melhor recepção como alternativa
de candidatura à presidência em 2026 para representar as forças
políticas mais à direita, juntando desde o segmento dado como moderado até os
extremistas reunidos em torno do bolsonarismo. O bloco completo do antipetismo,
enfim.
Acontece, porém, que um projeto eleitoral de Tarcísio no próximo ano somente parece viável, nas condições atuais, trazendo para o movimento também o ex-presidente Jair Bolsonaro e sua capacidade de gerar votos. Demonstrada, aliás, com ele próprio em São Paulo, em 2022, quando sua candidatura ao governo de São Paulo foi inventada e acabou por dar certo, garantindo-lhe a posição de protagonismo na qual se encontra agora.
Feito esse preâmbulo, tente-se entender a
pressa que levou Tarcísio de Freitas ao erro político desta
quarta-feira à noite de correr a justificar o anúncio de sanções comerciais
contra o Brasil, feito pelo presidente Donald Trump, buscando jogar a
responsabilidade no governo Lula. Não tem dado certo, mas o governador está
escravo de uma situação inevitável para ele, diante da dependência alta que
mantém do bolsonarismo e a carrada de votos que leva consigo.
Tivesse ele um pouco mais de autonomia e
capacidade de pensar por si, o ideal para sua estratégia seria fazer,
sobre o assunto, declarações mais cuidadosas, até meramente formais em
determinadas circunstâncias. As maiores perdas com as medidas anunciadas por
Trump, caso entrem mesmo em vigor a partir de 1º de agosto, estarão concentadas
em São Paulo, estado cujos interesses o atual mandato que exerce lhe obriga a
defender.
A coisa caminha para exigir dele que se
decida entre Jair Bolsonaro (com aquilo que representa em relação à crise de
agora com o governo Trump) e a missão que o eleitorado paulista lhe
entregou ao fazê-lo governador, que é cuidar dos interesses do estado. No caso
específico, Tarcísio não precisava optar por gestos de agrado ao seu líder
político e deveria ter, desde o primeiro momento, sinalizado como prioridade
atuar pela reversão da equivocada decisão anunciada pelo governo dos Estados
Unidos.
Como apontou o ministro da Fazenda, Fernando
Haddad, descontado o viés político antagônico de um em relação ao outro, seria
momento de Tarcisio de Freitas definir qual posição busca no contexto político
em projeção: afinal, é candidato a quê? A presidente da República, onde terá
entre suas tarefas principais defender a soberania do Brasil, ou a vassalo de
um chefe político para atender intereresses ideológicos do grupo que o apoia.
Ou, do qual espera apoio.
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