segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

Ela deve ajudar a desenhar um novo campo político, que seja de centro-esquerda, mas plural e sem pretensões hegemônicas deste ou daquele partido. Não será um campo orientado por critérios de classe, mas voltado para os interesses das maiorias não ricas do País, contra os privilégios, e aberto às novas formas de participação e representação da sociedade.
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Fernando Henrique Cardoso é sociólogo, foi presidente da República. ‘É tempo de ousar’, O Globo, 2/10/2016

Doria vence no 1º turno e lança Alckmin ao Planalto em 2018

Doria minimiza racha no PSDB e defende Alckmin como candidato à Presidência

• Tucano eleito prefeito de São Paulo em primeiro turno defende padrinho político

Álvaro Campos, José Roberto Gomes e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

O candidato do PSDB João Doria foi eleito neste domingo, 2, prefeito de São Paulo no primeiro turno, com 53,29% dos votos válidos. A vitória inédita - pela primeira vez uma eleição na maior cidade do País foi decidida na primeira etapa - representa também um significativo triunfo do governador Geraldo Alckmin, que bancou a candidatura do empresário, neófito em uma disputa eleitoral, e enfrentou uma dissidência interna no PSDB paulista.

O resultado, em última análise, fortalece o projeto presidencial do governador tucano. Doria, que na campanha se apresentou como gestor, dispensando o rótulo de político, obteve pouco mais de 3 milhões de votos, alcançando a maior vantagem num primeiro turno sobre o 2º colocado, o prefeito Fernando Haddad (PT), desde 1992. O tucano superou também os candidatos Celso Russomanno (PRB), Marta Suplicy (PMDB) e Luiza Erundina (PSOL).

A campanha tucana explorou o sentimento antipetista, que tem maior ressonância na capital paulista. Haddad terminou a disputa com 16,70% ou 967,1 mil votos. Foi a pior votação de um candidato do PT em SP. A derrota explicita a situação dramática do partido, com líderes acossados pela Operação Lava Jato e destituído do governo federal com o impeachment de Dilma Rousseff. O PT sofreu o maior revés entre os grandes partidos nas eleições municipais.

PT encolhe, e PSDB é o que mais cresce em todo o Brasil

• O partido do ex-presidente Lula sofreu sua maior derrota em eleições municipais, e elegerá menos prefeitos do que há 12 anos

- O Estado de S. Paulo

O PT foi o maior derrotado das eleições deste domingo. O partido, que desde sua criação sempre cresceu em número de eleitos a cada disputa municipal, teve um retrocesso significativo e terá em 2016 menos vitórias que em 2004.

Até as 21h30 de domingo, havia 204 petistas eleitos em um universo de 4.948 cidades com a apuração encerrada. Ainda havia 620 municípios com a contagem em andamento.

Com esse resultado parcial, o partido estava elegendo apenas 4% dos prefeitos do País. Nas eleições de 2012, a taxa foi quase o triplo disso: 11,5%.

Outra medida que dá uma ideia do tamanho do recuo petista é a queda do partido no ranking dos eleitos. Há quatro anos, o PT estava na terceira colocação, atrás apenas do PMDB e do PSDB. Neste ano, deve cair para o décimo lugar, atrás até do DEM, um dos partidos que mais encolheram nas últimas décadas.

PMDB só elege um candidato no 1º turno e tem cinco nomes no 2º

• Apenas Teresa Surita se elegeu, em Boa Vista; partido, entretanto, se mantém como a legenda com o maior número de prefeituras em todo o Brasil

Ricardo Brito - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA- Mesmo lançando mais candidatos a prefeito de capitais do que em 2012 - 16 ante 12 -, o PMDB só conseguiu garantir uma cadeira das 26 em disputas ainda no primeiro turno: a reeleição da prefeita de Boa Vista (RR), Teresa Surita. A legenda terá candidatos ao segundo turno em cinco capitais: Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), Cuiabá (MT), Maceió (AL) e Macapá (AP).

João Doria é eleito no 1º turno, fato inédito em SP

Em primeiro discurso após vitória, Doria prega pacificação no PSDB

Thais Bilenky, Paula Reverbel – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Em uma festa da vitória marcada pelo tom antipetista e por menções à possível candidatura do governador Geraldo Alckmin à Presidência, o prefeito eleito João Doria fez um discurso em busca de conciliação tanto com seus críticos internos no PSDB quanto com os eleitos que não votaram nele.

O novo chefe do Executivo municipal mencionou o ex-governador tucano Alberto Goldman, que recentemente recomendou que os eleitores paulistanos não votassem no nome de seu partido. Também chamou de "homem de bem" o ministro José Serra (Relações Exteriores), que não o apoiou publicamente.

"Não se faz política com o fígado, mas com inteligência, com amor", afirmou o prefeito tucano.

Doria disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, outro que não se entusiasmou com sua candidatura, telefonou para cumprimentá-lo pela eleição. "Tenho um enorme respeito, este sim um grande presidente", disse.

Doria agradece Mário Covas e endossa possível candidatura de Alckmin à Presidência

- Folha de S. Paulo

Em discurso, João Doria (PSDB) agradece a Franco Montoro (1916-1999), fundador do partido, que ele diz ser o responsável por levar o seu pai à política, e ao ex-governador de São Paulo Mário Covas, também já morto.

"Essa é uma noite de agradecimentos", disse Doria, pedindo ajuda para não esquecer de citar alguém.

"Não posso deixar de agradecer a Mário Covas, que acreditou na juventude, como eu também vou acreditar nos jovens. Lá de cima ele está com aquela ternura que sempre teve, feliz com a eleição de seu neto [o deputado federal] Bruno [Covas] como vice-prefeito de São Paulo", disse.

O tucano também agradeceu ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ao ministro José Serra, ao senador Aloysio Nunes e ao tucano José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela.

Coligação de Doria elege 45% da Câmara; veja lista de vereadores eleitos em São Paulo

Bruno Soraggi, Rafael Balago, Gabriel Alves – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - A Câmara Municipal de São Paulo trocará 40% de seus integrantes. O número de mulheres mais que dobrará, de 5 para 11.

Entre as caras novas, ativistas de destaque dos atos Fora, Dilma e Fora, Temer e a presença do agora vereador mais votado da história da cidade —Eduardo Suplicy (PT).

A Casa tende a ser favorável ao futuro prefeito João Doria. Os partidos da coligação que levaram à vitória do candidato tucano conseguiram emplacar 25 dos 55 vereadores da Câmara paulistana.

Essa base de 45% do Legislativo municipal deve aumentar com a adesão de pelo menos parte das siglas que tiveram outros candidatos a prefeito no primeiro turno —como Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB).

PT amarga derrotas pelo país

Na primeira eleição pós-Lava-Jato, o PT é o maior derrotado, caindo de terceiro para décimo no ranking de prefeituras por partido. Nas capitais, venceu só em Rio Branco. O PSDB foi a sigla que mais cresceu: conquistou duas capitais e vai ao 2º turno em outras oito.

O declínio do PT Partido perde poder em 374 cidades

• Tucanos se destacam em disputas de primeiro turno, impulsionados pelo resultado em São Paulo

Bernardo Mello, Gabriel Cariello - O Globo

A contagem dos votos no primeiro turno das eleições municipais de 2016 deixou ainda muitas questões a serem respondidas: das 92 cidades com mais de 200 mil eleitores, em 54 haverá segundo turno. Uma certeza, porém, já foi dada pelas urnas: o Partido dos Trabalhadores (PT) sofreu sua maior derrota desde que assumiu o comando do país, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003.

Crivella e Freixo já buscam apoio, mas rejeitam o PMDB

• Candidatos do PRB, com 27,7%, e do PSOL, com 18,2%, vão para o 2º turno

Lançado pelo prefeito, Pedro Paulo obtém 16,1% dos votos e fica de fora, numa derrota para Eduardo Paes e o grupo peemedebista, que há dez anos não perdia eleição para a prefeitura da capital e o governo do estado

- O Globo

RIO - Marcelo Crivella e Marcelo Freixo começam hoje a disputar, no Rio, um dos mais polarizados confrontos dos últimos tempos. Os 3,7 milhões de eleitores levaram à segunda fase do pleito representantes de campos ideológicos distintos: um ex-bispo da Universal, com 27,78% de votos, e um candidato do PSOL, partido que incorporou na cidade parte do eleitorado que votava no PT, com 18,26% do eleitorado. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) perdeu a chance de eleger seu sucessor — Pedro Paulo ficou em terceiro lugar, com 16,12% dos votos.

Base de Temer vence eleições e Alckmin é o grande beneficiado

Por Ricardo Mendonça, Sergio Lamucci e Raymundo Costa - Valor Econômico

SÃO PAULO - A base do governo Temer sai vitoriosa no primeiro turno da disputa municipal, especialmente o PSDB, mas ficou mais difícil articular a reeleição do presidente ou de um candidato palaciano em 2018. Graças à expressiva vitória de João Doria em São Paulo, o nome que desponta da eleição é o do governador Geraldo Alckmin, que saiu fortalecido tanto no PSDB como na relação com o governo federal.

Às 23h de ontem, com resultados indefinidos em 15 de 5.568 municípios - além de 56 que terão segundo turno -, os tucanos já haviam garantido 790 prefeituras em todo o país, quase cem a mais que em 2012.

A derrota de Marta Suplicy em São Paulo fica na conta de Michel Temer - ele a levou para o PMDB, mas a senadora acabou em 4º lugar. Para o PMDB, o resultado geral é dúbio. Embora tenha colhido um bom desempenho nos municípios, com a eleição de mais de mil prefeitos, praticamente o mesmo número da eleição passada, o partido foi mal nas duas principais cidades que disputou - São Paulo e Rio de Janeiro.

Com Doria e 789 prefeitos, PSDB é maior vencedor

Por Ricardo Mendonça e Sergio Lamucci - Valor Econômico

SÃO PAULO - Com quase 800 prefeitos eleitos e o triunfo incontestável de João Doria em São Paulo no primeiro turno com 53,3% dos votos, o PSDB é o grande vencedor das eleições municipais de 2016.

Às 23h de ontem, com 99,9% das apurações concluídas em todo o país, os tucanos haviam garantido 790 prefeituras em todo, uma evolução de 14% em relação às 695 conquistadas em 2012.

Nas capitais, o PSDB também venceu no primeiro turno em Teresina. E irá disputar segundo turno em Belo Horizonte, Porto Alegre, Belém, Manaus, Cuiabá, Maceió e Porto Velho.

PT sofre a maior derrota eleitoral de sua história

Raymundo Costa – Valor Econômico

SÃO PAULO - O PT sofreu ontem a maior derrota de sua história, na primeira eleição de que participou após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Das 26 prefeituras de capitais em jogo, fincou bandeira em apenas uma, Rio Branco (AC). O desempenho do partido também ficou aquém das expectativas nas cidades com mais de 200 mil habitantes, nas quais se concentram mais de 54 milhões dos votos. A devastação só não foi pior graças ao desempenho do prefeito Fernando Haddad, em São Paulo, que na reta final da campanha levou o partido do quarto para o segundo lugar da disputa.

Apesar da derrota acachapante, o prefeito Haddad sai da eleição de domingo como uma possível renovação para o PT, um partido que precisa se reinventar e encontrar novas alternativas eleitorais. Ainda hoje o PT não tem Plano B para a eleição presidencial de 2018. Se tiver condições legais para concorrer, Luiz Inácio Lula da Silva é o nome. Até ontem, a possibilidade de um Plano B especulada por dirigentes da sigla era o ex-ministro e ex-governador do Ceará Ciro Gomes, atualmente filiado ao PDT.

Prefeitos eleitos têm pela frente cenário de governança desafiador – Aécio Neves

- Folha de S. Paulo

Os milhares de prefeitos já eleitos —e os candidatos que ainda sairão eleitos pelas urnas no 2º turno— têm pela frente um cenário de governança extremamente difícil e desafiador.

Em resumo, terão que lidar com os dramáticos efeitos, sobre a administração de suas cidades, da pior recessão das últimas décadas, inflação alta, paralisia de investimentos, endividamento e inadimplência da população. E, em especial, com o desemprego em escalada, que alcança hoje cerca de 12 milhões de brasileiros.

Tudo isso vem afetando diretamente a vida nas cidades, que ficou muito mais penosa e difícil para a população. E compromete também as tarefas e os serviços mais básicos sob responsabilidade direta das prefeituras.

A maior derrota do PT nos últimos anos - Merval Pereira

- O Globo

• O PT saiu de terceira maior legenda em termos de prefeitos e vereadores do país para o décimo lugar, e terá que começar do início.

Em SP, o pior fracasso do PT em muitos anos. O que seria uma vitória parcial capaz de amenizar os reveses nacionais do partido acabou se transformando em uma derrota acachapante. Pela primeira vez nas disputas para a prefeitura de São Paulo, um prefeito foi eleito no primeiro turno, e não foi do PT, e nem mesmo um político tradicional.

O tucano João Doria transformou-se na maior vitória do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e foi o responsável pela maior derrota eleitoral do PT nos últimos anos.

Tristeza do PT, alegria do PSDB - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

• Desde 1992, nenhum candidato venceu na capital paulista sem passar pelo segundo turno, como João Doria agora. Foi uma derrota do PT e uma super vitória do governador Geraldo Alckmin

Com o PT despencando e o PSDB tendo uma vitória inédita em São Paulo e aumentando seu número de prefeituras no País, a eleição municipal traz um dado político importante para 2018: os tucanos são os maiores beneficiários da desgraça petista. Desde 1992, nenhum candidato venceu na capital paulista sem passar pelo segundo turno, como João Doria agora. Foi uma derrota do PT e uma super vitória do governador Geraldo Alckmin.

Presença indesejável – Valdo Cruz

- Folha de S. Paulo

O PMDB de Michel Temer ficou bem mal na foto nas três principais capitais do país. Perdeu feio em São Paulo, no Rio e em Belo Horizonte. Para quem comanda hoje o país, era de se esperar resultado no mínimo um pouco melhor.

Afinal, nestas grandes cidades do chamado triângulo das bermudas da política, o pleito costuma sofrer mais influência de temas nacionais. Talvez aí esteja uma das razões da derrota dos aliados do presidente.

O peemedebista herdou de sua antecessora, Dilma Rousseff, uma herança maldita. Para consertar o estrago deixado pela petista, o receituário é amargo e impopular: ajuste fiscal e reforma da Previdência.

Estava escrito - Ricardo Noblat

- O Globo

• O PT foi superado por nove partidos que elegeram, ontem, mais prefeitos do que ele

A culpa da esmagadora derrota do PT é apenas dele. Previsível o discurso com o qual o PT pretende explicar a esmagadora derrota colhida ontem. Como ele poderia ter ganhado depois de submetido ao “bombardeio seletivo de falsas denúncias” promovido nos últimos dois anos pela Lava-Jato? Ele só, não. Nenhum partido em iguais condições alcançaria resultado diferente. O que o PT não dirá jamais é que a culpa pelo que aconteceu é dele e de mais ninguém.

FALTARAM MILHÕES de votos para que o PT vencesse. E faltou PT para disputá-los. O partido concorreu às prefeituras com 989 candidatos, quase 44% a menos do que há quatro anos. Sua companhia foi rejeitada por partidos tradicionalmente aliados dele. Em 220 cidades, candidatos do PT concorreram sozinhos. Somente em São Paulo, 36 dos prefeitos eleitos em 2012 abandonaram o partido para tentar se reeleger por outros.

O voto útil - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• O resultado das eleições municipais frustra os esforços do PT para manter a candidatura de Lula como alternativa de poder, após a Operação Lava-Jato e o impeachment da presidente Dilma Rousseff

A maior surpresa do primeiro turno das eleições municipais foi a vitória de João Doria (PSDB) em São Paulo, o que faz do governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) o grande eleitor do pleito, antes mesmo de o segundo turno acontecer. A derrota acachapante do prefeito paulistano Fernando Haddad (PT), depois de uma arrancada na qual parecia garantir a própria presença no segundo turno, tem uma explicação até simplória: o voto útil. Foi tão grande o alarido petista no momento em que o prefeito chegou ao empate técnico com Celso Russomano (PRB) e Marta Suplicy (PMDB), que o voto útil funcionou a favor do tucano, devido ao sentimento antipetista dos paulistanos.

Justiça e liberdade, passando o Brasil a limpo – Marcus Pestana

- O Tempo (MG)

Se o homem falhar em conciliar a justiça e a liberdade, então falha em tudo” (Albert Camus).

A discussão sobre a convivência entre liberdade e justiça sempre ocupou lugar central no pensamento humano. A princípio, a liberdade deveria ser ilimitada. Mas o exercício da liberdade de um pode se transformar na opressão de direitos de outros. As leis nasceram para arbitrar os conflitos de interesse e permitir a convivência social com um mínimo de estabilidade e harmonia.

Ao sistema judiciário cabe garantir o império das leis e sua efetividade no julgamento e na punição de crimes. Como quis Platão: “O juiz não é nomeado para fazer favores com a justiça, mas para julgar segundo as leis”. E ela não pode tardar. Como disse nossa grande mineira, presidente do STF, Cármen Lúcia: “Se tarda, ela falha”.

Cela 13 - *Denis Lerrer Rosenfield

- O Estado de S. Paulo

• Como o partido que se anunciou como o da redenção nacional pôde cair tão baixo?

Qualquer cidadão, por mais desatento que seja, fica estarrecido com o destino do PT. Um destino político que se tornou policial. Não há dificuldade em fazer uma reunião da cúpula petista no xilindró! Lá já estão ex-ministros, tesoureiros, líderes partidários, e assim por diante. Outros estão na fila, o que vai completar esse quadro da derrisão.

A verborragia da “perseguição política” e do “golpe” nada mais é que uma tentativa desesperada dos que não foram ainda condenados ou presos, procurando, assim, escapar do encarceramento iminente. Os que acreditam em tal palavreado mais parecem religiosos que se apegam a dogmas. Seriam dignos representantes da religiosidade petista e comunista. O partido da “ética na política” tornou-se o símbolo mesmo da imoralidade e da corrupção.

Uma eleição sem derrotas e nem derrotados - Dora Kramer

- O Estado de S. Paulo

• À exceção do já previsto desastre petista, foi tudo meio morno. Portanto, de baixa intensidade também o impacto sobre os preparativos para 2018

À exceção do já previsto desastre petista, não houve derrotas nem derrotados fragorosos na eleição deste domingo. Tampouco ocorreram vitórias ou se registraram vitoriosos absolutos na escolha de prefeitos e vereadores nas capitais do País. Foi tudo meio morno. Portanto, de baixa intensidade também o impacto sobre os preparativos para 2018.

É tradição se tomar o desempenho de cada partido no pleito municipal como uma espécie de ensaio para a disputa presidencial de dali a dois anos, embora tal versão quase nunca corresponda aos fatos. Desta vez podemos dispensar o “quase” e assumir na totalidade a negativa.

A velhice do novo e a novidade do velho - Marcos Nobre

- Valor Econômico

• O salve-se quem puder da eleição dará o tom da transição

Junho de 2013 levou às ruas uma insatisfação social profunda e duradoura. A partir de 2015, a Lava-Jato levou a crise para o coração do sistema político. E os efeitos da brutal recessão iniciada ainda em 2014 abriram a temporada de caça aos culpados de todas as desgraças. Foi então que teve início um salve-se quem puder geral dentro da política oficial. O PT se posicionou contra a política econômica de sua própria presidente, aliados e inimigos ameaçaram colocar fogo no circo caso Dilma Rousseff não os defendesse dos ataques da Justiça, acordos que vigoraram durante 20 anos e cinco eleições presidenciais deixaram de valer.

O fim do Picolé de Chuchu - Vera Magalhães

- O Estado de S. Paulo

• Alckmin arrasta sozinho as fichas da vitória de Doria, que ele tirou do bolso do colete

A crônica política terá de encontrar um novo apelido para o governador Geraldo Alckmin. A era Picolé de Chuchu chegou oficialmente ao fim.

Não se sabe se a vitória surpreendente e acachapante colhida pelo tucano ontem, não só na capital, mas em todo o Estado, se traduzirá automaticamente em favoritismo na disputa interna para definir quem será o candidato do PSDB à Presidência da República em 2018. Isso dependerá de diversos e em grande medida imponderáveis fatores.

Mas é certo que a caricatura que se fazia de Alckmin até aqui, de um político insosso, algo caipira, menos “de raiz” que outros expoentes do PSDB de São Paulo, não é mais compatível com a realidade do partido e do Estado que emergiu das urnas ontem.

Oportunidade perdida – Editorial – Folha de S. Paulo

Uma nítida vantagem de João Doria Jr. (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo não constituiria surpresa, dada a última pesquisa Datafolha antes da votação.

Sua vitória já no primeiro turno representa, contudo, um acontecimento inédito na história das eleições paulistanas —e verdadeiro feito para alguém que, no início da campanha, era desconhecido da grande maioria da população.

Esta circunstância favoreceu, ironicamente, o tucano. O descrédito dos políticos tradicionais, fenômeno que se constata no mundo todo, inspirou a estratégia de propaganda adotada por João Doria.

Nenhuma proposta ou lema do candidato foi tão repetida quanto a que associava sua imagem a um gestor, e não a um político. Embora Doria de fato nunca tenha concorrido a algum posto eletivo, há algo de duplamente enganoso nisso.

Muito mais que um teto – Editorial / O Estado de S. Paulo

Muito mais que um gastador irresponsável, o Estado brasileiro tem sido um entrave à modernização, ao crescimento da produção e à multiplicação de empregos produtivos. Por isso, a criação de um teto para o aumento do gasto público pode ser muito mais que um passo inicial para a arrumação das finanças públicas, devastadas pela gestão petista.

Pode ser – e este é o ponto mais importante – o começo de uma grande restauração da economia nacional, com mais ênfase na modernização e na busca da eficiência e da capacidade de competir. O aumento da produtividade deve passar por uma reversão das políticas aplicadas nos últimos anos, disse em São Paulo, na quarta-feira passada, a secretária do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi. Com desonerações e subvenções, argumentou, tentou-se compensar a baixa eficiência das empresas. Foi um claro exemplo de um grande erro.

Na direção certa – Editorial / O Globo

• Sem dúvida, é preciso debater a reforma. Mas deve-se reconhecer que foi dado um passo correto

A crise do ensino médio há muito tempo entrou no radar de governos e de especialistas. Assim que foram criados os sistemas de aferição da qualidade do ensino e passou a ser possível fazer comparações, ficou evidente que os anos finais do ciclo básico não davam continuidade a melhorias verificadas na parte inicial dos estudos.

Estabelecidas metas, num entendimento entre organismos da sociedade e o Ministério da Educação, e iniciado o seu acompanhamento, consolidou-se a constatação de que o ensino médio estacionara na mediocridade. A divulgação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2015 confirmou que o ensino médio, pelo terceiro ano consecutivo, estabilizou-se na nota de 3,7, quando a meta para 2015 era de 4,3.

Crédito tem pior desempenho desde a edição do Plano Real – Editorial / Valor Econômico

O crédito bancário teve em agosto o seu pior desempenho desde a edição do Plano Real. Embora os indicadores antecedentes apontem uma possível estabilização desse mercado no próximo trimestre e especialistas acreditem em uma retomada em 2017, o próprio Banco Central admite que esse não será um fator que vá liderar a recuperação da economia.

Nos dados acumulado em 12 meses até agosto, o estoque de empréstimos do sistema financeiro apresentou uma retração de 0,6%. Responsável por compilar e divulgar estatísticas do setor, o BC reduziu a sua projeção para a evolução desse agregado no ano, de expansão de 1% para queda de 2%.

Essa retração nominal marca o fim do superciclo de crédito da última década e meia, que duplicou o volume de empréstimos bancários na economia, para 51% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse período caracterizou-se pela ampliação das possibilidades de financiamento a grandes empresas, fortalecimento dos sistemas de financiamentos imobiliário e de veículos e inclusão de segmentos da mercado que sofriam restrição de crédito, como famílias de menor renda e microempresas.

A extensão do desemprego – Editorial / O Estado de S. Paulo

A existência, no fim de agosto, de 12 milhões de trabalhadores sem emprego no País, número 37% maior do que o de um ano antes, dá a dimensão da tragédia que a crise econômica está impondo às famílias brasileiras. Iniciada na segunda metade de 2014 – ano em que Dilma Rousseff conquistou seu segundo mandato – a crise não tem se limitado, porém, a gerar números que mostram a assustadora velocidade da deterioração do mercado de trabalho e, consequentemente, da renda da população. Ela afeta também a qualidade do emprego preservado.

As pesquisas continuam a registrar recordes negativos do mercado de trabalho. Em um ano, 3,22 milhões de pessoas se juntaram aos que estão à procura de uma vaga, como constatou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base em dados colhidos em mais de 3 mil municípios. Nesse período, a população ocupada encolheu 2,2%, com o fechamento de 1,991 milhão de postos de trabalho.

A noite gargalha...Os grilos... – Vinicius de Moraes

A noite gargalha... os grilos
Trilam, trepidando as águas
As águas correm nos trilos
Em preces cheias de mágoas

Na solidão desse pranto
Cheio de pressentimento
Meu tédio morre de espanto
Para ouvir cantar o vento

E o vento desce profundo
Misterioso, gelado
O vento vem de outro mundo
Como uma voz do passado

Quem morreu?

Mariene de Castro - Sorriso de criança

domingo, 2 de outubro de 2016

Opinião do dia – Luiz Werneck Vianna

Agora, não resta outra solução que não a de atravessar, pé ante pé, a pinguela estreita que se tem à frente, de que falou em entrevista o ex-presidente Fernando Henrique, travessia perigosa que, para ser segura, está a exigir outra bibliografia e uma imaginação bem diversa da que nos trouxe até aqui.


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Luiz Werneck Vianna é sociólogo, PUC-RJ. ‘De quando é bom ter uma pinguela segura’, O Estado de S. Paulo, 2/10/2016

Adversário de Crivella no 2º turno continua indefinido

• Ibope e Datafolha mostram que Freixo está numericamente em segundo lugar

Pedro Paulo, Indio da Costa, Bolsonaro e Osorio também brigam para enfrentar o candidato do PRB, que ainda lidera com folga a disputa; institutos apontam cenários divergentes nas simulações para o confronto final

Numa disputa ainda imprevisível para a prefeitura do Rio, os cariocas decidirão hoje quem irá para o segundo turno ao lado de Marcelo Crivella (PRB), que mantém a liderança, de acordo com as pesquisas divulgadas ontem, feitas depois do debate da TV Globo. Marcelo Freixo (PSOL) está numericamente à frente de Pedro Paulo (PMDB) tanto no levantamento do Ibope (14% a 11% dos votos válidos) quanto no do Datafolha (16% a 12%). Nos dois casos, há empate técnico. Segundo o Ibope, Indio da Costa (PSD) e Flávio Bolsonaro (PSC), ambos com 10%, aparecem embolados neste grupo. O Datafolha registrou crescimento de Indio (7% para 11%) e de Osorio, do PSDB (7% para 10%), colocandoos diretamente na briga. 

São Paulo chega à votação com 2º turno indefinido

• Pesquisa Ibope na véspera do 1° turno mostra tucano que João Doria ampliou vantagem e tem 35% dos votos válidos; Russomanno tem 23%, Marta 19% e Haddad, 15%

Redação - O Estado de S. Paulo

Na maior cidade do País, a eleição para a Prefeitura de São Paulo ocorre hoje em clima de indefinição. Pesquisa Ibope/Estado/TV Globo divulgada ontem mostra o candidato do PSDB, João Doria, com 35% dos votos válidos (sem considerar votos brancos, nulos e indecisos), isolado na liderança. A disputa pelo segundo lugar, porém, segue em aberto. Celso Russomanno, candidato do PRB, tem 23%; Marta Suplicy, do PMDB, aparece com 19% dos votos válidos, e o prefeito Fernando Haddad (PT), com 15%. Os mais recentes levantamentos mostram oscilação das preferências na reta final do primeiro turno, o que abre espaço para o voto útil.

O Datafolha mostrou que o tucano disparou na liderança e subiu para 44% das intenções de votos válidos. Russomanno caiu para 16%, empatado com Haddad. A candidata do PMDB também recuou em relação à pesquisa anterior e aparece com 14%.

Doria dispara e chega a 44%; Haddad sobe e 2º lugar tem empate, diz Datafolha

Thais Bilenky - Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Na véspera do primeiro turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, pesquisa Datafolha mostra o candidato João Doria (PSDB) na liderança isolada, com 44% das intenções de votos válidos. Fernando Haddad (PT) alcançou 16% e está em empate técnico com Celso Russomanno (PRB), que também tem 16%, e Marta Suplicy (PMDB), com 14%.

O levantamento, feito na sexta-feira (30) e no sábado (1º) com 4.022 pessoas, tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Nas simulações de segundo turno, o tucano agora venceria os três oponentes com folga. Doria teria 54% contra 25% de Russomanno, 54% contra 29% de Marta e 59% contra 26% de Haddad.

Os votos válidos, que excluem brancos, nulos e indecisos, são os contabilizados nas urnas e por isso espelham melhor o cenário real da eleição. Doria está a seis pontos de levar no primeiro turno.
Luiza Erundina (PSOL) registrou 5% das intenções de votos válidos. Major Olímpio (SD) teve 2%, seguido por Levy Fidelix (PRTB) e Ricardo Young (Rede), com 1%. Henrique Áreas (PCO), Altino (PSTU) e João Bico (PSDC) não atingiram 1%.

De quando é bom ter uma pinguela segura - *Luiz Werneck Vianna

- O Estado de S. Paulo

• Agora não resta solução senão a de atravessar, pé ante pé, essa pinguela estreita que se tem à frente...

Para um observador desavisado, inexperiente de como aqui se vivem as coisas da política, diante do cenário que aí está, nada de estapafúrdio que se lhe dê na telha a ideia de estarmos na iminência de uma revolução.

Nas salas de aula das universidades os estudantes exibem adesivos estampando um “fora Temer”, professores das escolas de ensino médio cumprimentam seus alunos com o mesmo bordão, artistas e cantores populares não começam seus espetáculos sem ele, também presente nas salas de cinema e nos teatros. Uma ex-presidente da República que teve seu mandato cassado, num trâmite que passou pela Câmara dos Deputados e pelo Senado, que decretou o seu impeachment, em julgamento presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, participa de comícios eleitorais de candidatos às eleições municipais, quando se declara vítima de um golpe, todos são sinais que levam nosso observador a ruminar suas impressões.

É tempo para ousar - *Fernando Henrique Cardoso

- O Estado de S. Paulo

• O espectro de uma sociedade incivil e uma política de demagogos é um risco real

A semana que ontem terminou foi pródiga em debates eleitorais. O mais significativo em termos globais foi o duelo Hillary Clinton versus Donald Trump. Entre nós, a multiplicidade de candidatos a prefeito é tanta e a fragmentação do eleitorado é tão grande que fica difícil até mesmo acompanhar o que dizem.

Vendo o debate americano, ficou claro que Trump quer ser o candidato do “contra tudo isso que está aí”, muito especialmente contra a globalização, e dos que não gostam dos imigrantes. Com jeito, Hillary mostrou, a quem tem olhos para ver, que a intolerância racial se junta ao blend de arrogância e beligerância do candidato republicano. Experiente e bem preparada, Hillary exibiu racionalmente suas qualidades como eventual “comandante em chefe” das Forças Armadas e chefe de Estado e de governo. Mostrou-se também mais comprometida com os valores da igualdade democrática. Uma estadista.

As ilusões perdidas - Fernando Gabeira

- O Globo

Hoje é dia de votar. Participei, diretamente ou não, de todas as campanhas do período democrático. Nunca vi nada assim. Para começar, é a primeira eleição sem dinheiro legal das empresas. E num momento em que os indivíduos não parecem propensos a contribuir. A imprensa mostra que o número de doadores é três vezes menor do que o número de candidatos. Sem contar que há muitos mortos entre os doadores e mais de um terço deles, 90 mil, são beneficiários do Bolsa Família. Dinheiro mesmo não veio da sociedade. Muito possivelmente a parte mais pobre dela contribuiu com CPFs para dar um verniz de legalidade às doações eleitorais.

“Na rua, parece que somos transparentes. As pessoas olham como se não existíssemos.” A confissão é de um amigo que faz campanha. A indiferença é pesada para os que sonhavam em empolgar a cidade. Mas é também um alívio. A hostilidade seria bem pior. O traço central da campanha não é falta de grana, mas de credibilidade. Quase ninguém parece acreditar em alguma saída num sistema político que envelheceu e caducou.

Um novo mapa político - Eliane Cantanhêde

- O Estado de S. Paulo

Foi uma eleição sem motivação, sem dinheiro, embolada e acossada pela Lava Jato, que atinge a política em geral, mas sobretudo o PT e os governos Lula e Dilma Rousseff, previamente os grandes derrotados. É assim que chegamos a este domingo, quando 16.568 candidatos (sem contar os candidatos a vereador) disputam as prefeituras e os votos de mais de 140 milhões de eleitores no País todo, exceto no Distrito Federal. Está em jogo não apenas o futuro dos candidatos, mas também, ou principalmente, dos seus padrinhos.

São Paulo, principal capital e um dos maiores orçamentos da República, é o melhor exemplo de como Lula réu, o impeachment de Dilma e as prisões e agruras de ministros decisivos da era petista – José Dirceu, Antonio Palocci, Guido Mantega, Paulo Bernardo, Gleisi Hoffmann... – danificam a imagem do PT e a confiança do eleitorado em todo o País. Vários petistas pularam do barco e a única capital onde o partido nada de braçada é a distante Rio Branco, no Acre.

Tudo junto e misturado - Merval Pereira

- O Globo

Mesmo com uma inesperada recuperação de Haddad nos instantes finais da campanha, detectada pelo Datafolha mas não pelo Ibope, nada indica que o PT venha a recuperar-se. O mais provável é que tenha o pior desempenho desde 1996, elegendo menos prefeitos em centros relevantes do que naquela ocasião.

Quando o PT escolheu para candidato a prefeito de São Paulo Fernando Haddad, em 2012, Lula disse a Fernando Henrique que era uma tentativa de ter um candidato com jeito de tucano para ver se dava certo. Deu, em termos eleitorais, já que a avaliação do prefeito é das piores.

Agora, o candidato com menos cara de PT em todo o país pode dar um fôlego ao partido, se for para o segundo turno da eleição em São Paulo, embora esta possibilidade não seja uma certeza.

Onde está o erro? - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Todos os municípios têm que ter a mesma estrutura, com prefeituras, câmaras, comarcas, não importa se tenha dimensões de grande metrópole ou seja uma simples vila nos cafundós do Brasil

O Brasil vai às urnas hoje com 144 milhões de cidadãos aptos a votarem, em 5.568 municípios, dos quais 1.541 terão identificação biométrica, ou seja, pela impressão digital. Antes da meia-noite, com raras exceções, os eleitores já saberão os nomes dos eleitos e dos candidatos que disputarão o segundo turno, no caso das cidades com mais de duzentos mil eleitores, graças às urnas eletrônicas e à apuração instantânea. Não há outro país capaz de realizar eleições dessa envergadura num só dia, sem fraudes nas votações. China, Índia, Rússia, México e mesmo os Estados Unidos, a democracia mais antiga, não têm uma democracia de massas mais representativa.