segunda-feira, 1 de setembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

IA exigirá cuidado com o emprego dos mais jovens

O Globo

Estudo verificou impacto negativo da tecnologia na faixa etária, mas não há motivo para desespero

Com seu progresso em velocidade jamais vista, mesmo para outras tecnologias digitais, as ferramentas de inteligência artificial (IA) têm despertado um misto de júbilo e temor. O entusiasmo é alimentado por seu desempenho a cada dia melhor e pela projeção de uma nova revolução em diferentes áreas do conhecimento e setores da economia. O medo advém do risco de uso nefasto e do impacto no mercado de trabalho. O embate entre futuros utópico ou distópico ganhou destaque nas conversas entre profissionais das mais variadas áreas — de músicos a advogados. No meio acadêmico, há uma discussão acalorada a respeito do efeito concreto da IA no mercado de trabalho. A conclusão, por enquanto, é que, sim, ela destruirá empregos — mas não há motivo para desespero.

O PCC e Bolsonaro se encontram em Brasília, por Bruno Carazza

Valor Econômico

Amanhã e ao longo desta semana e da próxima, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), presidida pelo ministro Cristiano Zanin, realiza o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais sete réus na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado na virada de 2022 para 2023.

Enquanto isso, parlamentares se movimentam para aprovar a PEC da Blindagem, conjunto de mudanças na Constituição para ampliar a imunidade que deputados e senadores possuem para exercer seu trabalho sem correr o risco de serem injustamente perseguidos - mas as propostas que circulam nos bastidores são tão extensas que, se aprovadas, a proteção se converterá em garantia de impunidade.

A conexão entre os dois eventos é nítida. Desde o início do mês passado, quando o ministro Alexandre de Moraes decretou a prisão domiciliar de Bolsonaro, seus apoiadores no Congresso intensificaram as movimentações para colocar em pauta medidas defendidas pelo bolsonarismo, como a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, a restrição ao foro privilegiado e até mesmo o impeachment de Moraes. A PEC da Blindagem é peça fundamental do pacote.

Juro alto e PIB mais fraco aumentam desafio fiscal, por Sergio Lamucci

Valor Econômico

Despesas financeiras do setor público crescem e inflam o déficit nominal, que define a dinâmica da dívida pública

Os elevadíssimos gastos com juros do setor público impressionam, inflando o déficit nominal das contas públicas, num cenário em que o país não gera superávits primários. Em julho, alcançaram R$ 109 bilhões, 36% a mais que no mesmo mês de 2024, enquanto o rombo nominal, que inclui despesas financeiras, ficou em R$ 175,6 bilhões. Em 12 meses, os gastos com juros se aproximam de R$ 1 trilhão - atingiram R$ 941,2 bilhões até julho, ou 7,64% do PIB - e o resultado nominal, que define a dinâmica da dívida pública, ficou deficitário em R$ 968,5 bilhões, ou 7,86% do PIB. Pelo andar da carruagem, o Brasil deverá encerrar o ano com um déficit nominal na casa de 8,5% do PIB, dos quais 8% do PIB referentes a gastos com juros - o restante 0,5% do PIB se refere ao rombo esperado para o resultado primário, que não engloba as despesas financeiras.

Entrevista | Julgamento de Bolsonaro cura ferida na democracia, e anistia seria traição, diz Miguel Reale Jr.*

Renata Galf / Folha de S. Paulo

Com papel no impeachment de Dilma e na origem da lei pela qual ex-presidente é acusado, jurista defende processo no STF, mas avalia que condenação poderia ser por menos crimes

Advogado e professor aposentado de direito penal da USP (Universidade de São Paulo), ele vê como positivo que o Brasil tenha revogado a Lei de Segurança Nacional e aprovado a que tipifica os crimes contra o Estado democrático de Direito em 2021 —apesar das críticas ao que classifica como açodamento na tramitação da proposta, com a qual contribuiu ativamente, junto a outros juristas.

Para Reale Júnior, 81, que foi ainda um dos autores do pedido que desembocou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e chegou a protocolar também um pedido contra Bolsonaro após a CPI da Covid, o julgamento que começa nesta semana é um momento de cura e reafirmação da democracia e de seus valores, frente às ações que desaguaram no 8 de Janeiro.

Crítico do lobby da família Bolsonaro por sanções junto a Donald Trump, ele diz ainda que a anistia seria uma "traição à democracia", sob argumento de que nenhuma das hipóteses que, na sua visão, permitiriam a medida estariam presentes.

Ele entende, por outro lado, que caberia a condenação dos réus da trama golpista e do 8 de Janeiro apenas pelo crime de tentativa de golpe de Estado, pois ele já absorveria, a seu ver, o crime de tentativa de abolição do Estado democrático de Direito. A posição também é defendida pelo ministro Luís Roberto Barroso nas ações do 8 de Janeiro, mas não alcançou mais adeptos na corte.

A autocontenção dos juízes do STF e a falácia do espantalho, por Marcus André Melo

Folha de S. Paulo

Não haverá retorno a um padrão normal apenas por mudanças no comportamento dos membros do Supremo

O debate público se empobrece quando interlocutores distorcem o argumento que criticam para então investir contra um espantalho - um argumento imaginário. Ou introduz questão irrelevante (conhecida pelo jargão red herring), para desviar o foco da discussão original. Foi o que fez nesta Folha Rubens Glezer em relação à minha coluna.

Segundo ele, diante da aproximação do julgamento de Bolsonaro têm surgido apelos por autocontenção do judiciário por parte de "críticos que pedem moderação, em nome do fortalecimento do Estado de Direito no país, para deslegitimar eventual condenação do ex-presidente." Afirma que "essa argumentação é desleal". E me atribui "esse tipo de argumento".

Patrulha ideológica sabota arte e ciência, por Lygia Maria

Folha de S. Paulo

Boicote a Gal Gadot e autocensura de universitários sinalizam que a liberdade vem sendo atacada em setores nos quais é essencial

O coletivo Venice4Palestine produziu uma carta com mais de 1.500 assinaturas de cineastas e artistas de vários países pedindo que o Festival de Veneza denuncie ações militares de Israel em Gaza e retire o convite a atriz Gal Gadot —após o ataque bestial do Hamas em outubro de 2023, Gadot, que defende a existência do Estado de Israel, tem sido voz ativa pelo retorno dos sequestrados.

O ativismo que cobra apoio às suas causas faz parte do jogo democrático, mas artistas perseguirem colegas por mera divergência de opinião política, não. A arte é o reino da liberdade. Sem ela, embotam-se a criatividade e a crítica. Não à toa, é sempre amordaçada em ditaduras e, às vezes, até em regimes democráticos.

Eduardo Bolsonaro quer racha do bolsonarismo, por Camila Rocha

Folha de S. Paulo

Deputado ameaça influência da família ao pretender assumir sozinho liderança de Jair

O bolsonarismo sempre foi palco de disputas fratricidas. Muitas das quais resultaram em inúmeros expurgos. Mas agora os conflitos alcançaram outro nível. Faltando pouco tempo para o início do julgamento de Jair BolsonaroEduardo Bolsonaro deixa clara sua intenção de provocar um verdadeiro racha.

Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), afirmou que, "se Tarcísio for candidato à Presidência, será pelo PL". Em resposta, Eduardo Bolsonaro anunciou que, caso o governador de São Paulo ingresse na sigla, a família Bolsonaro irá procurar outra legenda.

Para Eduardo, apenas membros da família seriam confiáveis para continuar o legado político de Jair Bolsonaro. Os demais políticos de olho em seu espólio devem ser vistos com desconfiança pois, em sua visão, haveria um processo para "apagar" a família Bolsonaro do cenário político.

Tarcísio diz que indulto de Bolsonaro será primeiro ato de governo, caso eleito presidente

Folha de S. Paulo

Ex-presidente será julgado por trama golpista no STF a partir de terça-feira (2)

O governador de São PauloTarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que, caso seja eleito presidente da República em 2026, seu primeiro ato de governo será conceder indulto ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A declaração foi dada nesta sexta-feira (29) em entrevista ao Diário do Grande ABC.

"Na hora. Primeiro ato. Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado", disse Tarcísio ao ser questionado sobre se concederia o indulto.

julgamento de Bolsonaro, que está em prisão domiciliar, e de outros sete réus acusados de crimes contra a democracia, está marcado para começar na terça-feira (2), no STF (Supremo Tribunal Federal).

Esta não é a primeira vez que Tarcísio faz declarações a favor de indulto a Bolsonaro. Ele já havia afirmado, em conversa com empresários e banqueiros, que concederia o perdão ao ex-presidente caso fosse eleito.

Apesar de já ser tratado como candidato à Presidência, o governador voltou a negar nesta sexta-feira que esteja na disputa pelo cargo.

A democracia não sobreviveu por acaso, por Carlos Pereira

O Estado de S. Paulo

O projeto autoritário de Bolsonaro não fracassou por seus erros pessoais, mas por barreiras institucionais

A revista The Economist publicou nesta semana um editorial provocativo: Brazil offers America a lesson in democratic maturity. A lição, segundo a revista, seria que a democracia brasileira sobreviveu à tentativa de golpe de Jair Bolsonaro porque ele foi inábil, incompetente e incapaz de sustentar seu projeto autoritário. Trata-se de uma tese que ecoa a interpretação de Kurt Weyland, no livro Democracy’s Resilience to Polulism Threat, para quem populistas, por sua natureza errática e personalista, são propensos a fracassos que terminam beneficiando a democracia.

A China está só esperando, por Carlos Alberto Sardenberg

O Globo

Governo e empresas brasileiras têm de sair pelo mundo em busca de contratos. E, nisso, o Brasil está muito atrasado

O presidente Lula disse na semana passada que o Brasil está “tranquilo” porque tem a China como seu principal parceiro comercial. O contexto: Lula falava da absoluta falta de negociação com o governo americano, porque os representantes de Washington simplesmente se recusam a conversar com as autoridades brasileiras.

Trata-se de uma situação difícil — empresas locais têm perdido negócios com os Estados Unidos —, mas, do ponto de vista agregado, o dano é pequeno. A participação americana na pauta de exportação brasileira há muito deixou de ser dominante. Esse lugar agora é da China — e o Brasil de Lula se dá muito bem com a China de Xi Jinping, colegas de Brics.

Favela é lugar de investimento, por Preto Zezé

O Globo

A lógica é clara: não existe desenvolvimento nacional sem desenvolvimento das periferias. E isso não se faz só com discurso

Por muito tempo, a favela foi vista apenas como espaço de carência e risco. Quando não estigmatizada pela violência, era lembrada como território de políticas emergenciais e assistencialistas. Mas a realidade é outra: a favela é lugar de potência, criatividade e economia pulsante. Produz cultura, inovação, redes de solidariedade e consumo que movimentam bilhões. O desafio sempre foi o mesmo: acesso a recursos e menos burocracia, que historicamente mantiveram essas comunidades fora do jogo.

Poesia | Amigos, de Fernando Pessoa

 

Música | Cartola e Leci Brandão - Deixa pra lá