sexta-feira, 5 de setembro de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Enfraquecimento da Lei da Ficha Limpa é retrocesso

Por O Globo

Lula deve vetar mudança que dilui poder da legislação criada para coibir a influência de criminosos na política

Com todas as atenções voltadas para o julgamento da tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso aproveitou para enfraquecer a Lei da Ficha Limpa, em benefício de políticos condenados pela Justiça. Por 50 votos a 24, o Senado referendou o texto, já aprovado pela Câmara, reduzindo a eficácia da lei. Pela nova regra, os oito anos de inelegibilidade impostos a políticos ficha-suja passam a ser contados a partir de sua condenação por tribunal ou órgão colegiado — e não mais do final do cumprimento da pena.

Também foi estabelecido o limite de 12 anos para o tempo que o político ficha-suja ficará proibido de disputar cargos eletivos. O novo texto ainda determina que, para a punição valer em casos de atos de improbidade, será preciso comprovar o dolo. E amplia de quatro para seis meses o período de desincompatibilização de candidatos oriundos de Ministério Público, Defensoria Pública, Forças Armadas e polícia. Todas essas medidas são nocivas. É sintomático que o projeto tenha tramitado em regime de urgência, sem passar por comissões nem ser discutido em audiências públicas.

Direita troca agenda pelo #FreeBolsonaro. Por Vera Magalhães

O Globo

Campanha pela anistia tira de Tarcísio a aura de político moderado, seu principal ativo junto a amplo espectro de setores econômicos

A direita e a extrema direita resolveram abdicar da defesa de qualquer agenda para o país em nome de uma campanha em tempo integral pela liberdade de Jair Bolsonaro. Governadores, deputados e senadores trocaram a cobrança por ajuste fiscal e corte de gastos ou a defesa do liberalismo econômico por conchavos na calada da noite por uma anistia que não é desejo da maioria do eleitorado.

Isso certamente terá um preço, ainda mais no momento em que o governo Lula encaixa o discurso de defesa da soberania e dos interesses do povo brasileiro, por mais justiça social e tributária, com a promessa — aliás, atrasada justamente pelas negociações pró-anistia — de menos impostos para quem ganha menos.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, caiu direitinho na arapuca armada para ele por Bolsonaro e pelo filho Eduardo. Montou acampamento em Brasília para ser o porta-voz da família junto ao comando da Câmara. Isso tira dele a aura de político moderado, seu principal ativo junto a amplo espectro de setores econômicos.

Tá na hora do Jair. Por Bernardo Mello Franco

O Globo

Primeira semana de julgamento só deu más notícias a Bolsonaro; advogados de generais lançaram capitão ao mar

A primeira semana de julgamento no Supremo trouxe más notícias para Jair Bolsonaro. Na terça-feira, o ministro Alexandre de Moraes indicou que vai pesar a mão nas condenações pela trama golpista. Na quarta, os advogados de dois generais jogaram o capitão ao mar.

Moraes abriu os trabalhos com a leitura do relatório. O ministro resumiu as principais teses da acusação e das defesas. Antes, ressaltou a dimensão histórica do processo, que atrai os olhos do mundo para o Brasil.

Famílias tortas. Por Pablo Ortellado

O Globo

O descompasso entre vida e ideal de políticos não é percebido por seus eleitores como hipocrisia

Uma piada política muito conhecida no Brasil diz o seguinte: “Bolsonaro defende tanto a família tradicional que já teve três.” Essa piada tem uma variante semelhante nos Estados Unidos: “Trump is a big proponent of traditional values. Just ask any of his three families.” (Trump é um grande defensor dos valores tradicionais. Basta perguntar a qualquer uma de suas três famílias.)

A graça das piadas consiste em desmascarar a hipocrisia atribuída aos conservadores, ao defender um modelo rígido de família tradicional enquanto levam vidas muito aquém dos ideais. Mas será que os conservadores são hipócritas? Em 2015, Trump foi entrevistado na CNN por Jake Tapper. Depois de dizer que era a favor do “casamento tradicional” (em referência ao casamento gay), o jornalista rapidamente o contestou:

Conciliação ou ruptura: o dilema diante da anistia de Bolsonaro. Por Luiz Carlos Azedo

Correio Braziliense

A oposição aposta no desgaste do Supremo e na mobilização de sua base para pressionar o Congresso a aprovar uma anistia para Bolsonaro e demais acusados de tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023

Pela primeira vez, um ex-presidente da República e oficiais-generais das Forças Armadas estão sendo julgados pelo crime de tentativa de golpe de Estado, no Supremo Tribunal federal (STF), a justiça civil. Trata-se de uma ruptura com a tradição conciliatória, que marcou a trajetória política nacional, em que anistias funcionaram como válvulas de escape em períodos de crise. Entretanto, apenas adiaram novas tentativas de golpes e, também, golpes bem-sucedidos, numa ciranda que resultou em 21 anos de ditadura militar na segunda metade do século passado .

Ao longo da República, várias anistias foram concedidas em momentos de transição, cada qual com sua especificidade casuística. As mais amplas e importantes foram a de 1945, ao final do Estado Novo, quando Getulio Vargas permitiu a reorganização política e a volta do Partido Comunista, que, dois anos, depois seria novamente proscrito, no governo Dutra. E a de 1979, que marcou a abertura política do regime militar, ao libertar presos políticos e permitir a volta dos exilados, ao mesmo tempo em garantiu a torturadores e agentes da repressão a impunidade, os proventos e as honrarias recebidas.

Julgamento de Bolsonaro, o STF sob olhar do mundo e as fake News. Por Roberto Fonseca

Correio Braziliense

Logo no primeiro dia, os números apresentados pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, ajudam a dimensionar a envergadura do processo. Das 1.630 ações penais relativas ao 8 de janeiro de 2023, 683 resultaram em condenações. Mas é o dado das 11 absolvições que merece reflexão

O Brasil começou a acompanhar nesta semana um dos julgamentos mais relevantes da nossa história: o do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros sete réus acusados de liderar uma trama golpista para subverter a ordem constitucional após as eleições de 2022. Não é apenas um evento jurídico. Como vivemos um momento em que a informação é frequentemente manipulada, com profusão de notícias falsas e vídeos fakes, o Supremo Tribunal Federal está sob os olhares de todo o mundo por tudo que a ação penal nº 2.668 representa. Não só apenas pelo peso político dos acusados, que ocupavam a cúpula do antigo governo, mas pela repercussão de que o resultado do julgamento terá, desde a reação do Congresso até os efeitos na eleição presidencial do ano que vem.

Tiro no pé. Por José Sarney*

Correio Braziliense

Hoje a América sabe apenas que a postura de Trump, de uma forma ou de outra, abalou a ordem, atemorizou a população e causou instabilidade

Ao longo da minha vida, tive oportunidade de falar sobre o nosso orgulho de pertencer ao grande continente onde foram desenvolvidas e adaptadas — na América, nos Estados Unidos — as ideias sobre governo e direitos individuais que formaram a moderna democracia, fundamentada na liberdade. 

As Nações Unidas surgiram sob a influência de Roosevelt para substituir a Liga das Nações e enfrentar a Segunda Guerra Mundial. Depois dela, os Estados Unidos conseguiram estabelecer uma nova ordem mundial consagrando seus valores democráticos, em que eles exerciam sua liderança. Então foram criados a ONU e o seu sistema com o objetivo de assegurar a paz mundial.

O caminho da anistia no Congresso é um labirinto. Por Andrea Jubé

Valor Econômico

Se chegar ao escrutínio do STF encontrará maioria dos ministros que considera qualquer anistia inegociável e inconstitucional

Quem não se recorda de uma passagem da “Divina Comédia”, a jornada espiritual do poeta Dante, que em dado momento, ao ingressar no segundo círculo do Inferno, depara-se com Minos, o implacável julgador das almas pecadoras. “Desci ao círculo segundo, onde o pungir da dor é mais profundo; lá estava Minos, e feroz rangia: examinava as culpas desde a entrada”, narra o poeta florentino, guiado por Virgílio.

As almas podem ser enviadas para um dos nove círculos do Inferno, conforme a gravidade dos pecados. “Sempre muitas se lhe acham na presença, cada qual tem sua vez de ser julgada”. No poema, Dante percorre o Inferno, o Purgatório e o Paraíso, em busca da redenção da alma.

A escravidão, de novo. Por José de Souza Martins

Valor Econômico

O sistema econômico inventou estratégias que agregassem ao lucro o lucro extraordinário derivado da sobre-exploração do trabalho

Três diferentes notícias da semana passada lançam luzes sobre a problemática e persistente questão da escravidão pós-escravista no Brasil.

Uma relativa a casos nos Lençóis Maranhenses. Um deles, envolvendo quatro pescadores e mar aberto. Outro, envolvendo 76 trabalhadores na extração de palha de carnaúba. O resgate foi feito por auditores do Ministério Público do Trabalho, com apoio da Polícia Federal e da Defensoria Pública da União.

Servilismo e escalada autoritária. Por Celso Ming

O Estado de S. Paulo

No século V a.C., Hieron, tirano de Siracusa, tinha um insuportável mau hálito, nos conta Plutarco, em sua obra Palavras de Reis e de Generais. Mas ninguém se atrevia a avisá-lo do problema porque, afinal, o maioral poderia se irritar e... Até que um dos de seu séquito tomou coragem: “Meu rei, tens um hálito terrível”. “Mas como? Minha mulher nunca me disse isso?”, questionou. Ela, que estava por perto, se defendeu: “Pensei que todos os homens tivessem esse cheiro”.

Momento decisivo para a direita liberal. Por Sergio Fausto

O Estado de S. Paulo

A democracia brasileira precisa de uma direita liberal inequivocamente democrática

Há quem alimente a expectativa de que, condenado Bolsonaro, a direita democrática ressurja com autonomia em relação ao ex-presidente. Tomara, mas os fatos até aqui não apontam nessa direção.

Razões para marcar com clareza a diferença com o bolsonarismo jamais faltaram. Faltou, sim, coragem. Nem sempre foi assim. No passado, liberaisconservadores assumiram riscos que a prudência convencional não recomendava. Em 1968, Djalma Marinho, deputado federal pela Arena, presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, se recusou a colocar em votação a autorização para que Márcio Moreira Alves, deputado federal do MDB, fosse cassado pelos militares. Marinho – não o neto, hoje líder da oposição no Senado, mas o avô – arriscou seu futuro político. Não evitou a decretação do AI-5, mas ganhou a autoridade moral que distingue as grandes figuras públicas.

Para entender o efeito Trump-Bolsonaro. Por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Impostos maiores não explicam queda de vendas para os Estados Unidos no mês

Causou alarde que o valor das exportações para os Estados Unidos tenha caído 18,5% em agosto de 2025, ante agosto de 2024, primeiro mês quase inteiro de vigência do tarifaço de Donald Trump. Hum. Vai ser ruim, claro, vai ter perda de faturamento, demissão. Mas o assunto é mais enrolado.

Há desde estimativas de queda de US$ 10 bilhões a US$ 15 bilhões, em um ano, no valor total de US$ 40 bilhões de exportações para os EUA. Mas um mês e um mercado apenas não ajudam a pensar o problema.

Primeiro, o equivalente a 43% dessa queda do valor de exportações para os EUA veio de vendas menores de "aeronaves e outros equipamentos, incluindo suas partes" e "óleos combustíveis de petróleo ou de minerais betuminosos", produtos que escaparam do tarifaço.

Indicadores sugerem que atividade econômica está superaquecida. Por Bráulio Borges

Folha de S. Paulo

BC tem atuado, usando a Selic, para tentar tornar esse crescimento mais sustentável

Editorial recente da Folha apontou, logo no título, que uma "desaceleração do PIB é necessária neste momento". Muitas pessoas reagiram negativamente a essa opinião, como se o jornal estivesse "torcendo contra" o país e o governo atual. Mas uma análise "desapaixonada" do quadro macroeconômico de fato sugere que o crescimento atual brasileiro é desbalanceado, com vários sinais de superaquecimento.

Temos hoje uma taxa de desemprego perto dos 6% da força de trabalho, quando boa parte das estimativas indica que a taxa de equilíbrio para a economia brasileira está em algo entre 7% e 7,5%. O déficit das contas externas brasileiras se elevou consideravelmente desde meados do ano passado, passando de cerca de 1,5% do PIB para 3,5% nesse ínterim. Se até o final do ano passado esse déficit vinha sendo financiado, com alguma folga, pelos investimentos diretos no país, isso mudou em 2025, com o déficit externo correndo quase 0,5% do PIB acima dos investimentos estrangeiros no Brasil.

Tarcísio sai do armário e se entrega à política golpista. Por Marcos Augusto Gonçalves

Folha de S. Paulo

Na tentativa de se cacifar na extrema direita, governador de São Paulo acaba com a fantasia de 'bolsonarista moderado'

Se restava alguma dúvida, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, tem dado renovadas demonstrações de seu alinhamento à extrema direita, juntando-se à ralé ideológica e moral bolsonarista, com direito ao que há de mais abjeto no centrão.

Nos últimos dias, em busca de se cacifar com os radicais, tendo em vista a ausência de Bolsonaro em 2026, o governador saiu do armário e rasgou a fantasia de que seria um improvável "bolsonarista moderado". No afã de agradar os seguidores de seu demiurgo, Tarcísio não tem feito por menos: declarou que, se eleito presidente, seu primeiro ato de governo (atenção, o primeiro!) será conceder indulto ao capitão golpista; afirmou também, em declaração alarmante, que não confia na Justiça brasileira (o que lhe valeu até um vexatório sabão em editorial do vetusto jornal O Estado de S. Paulo); engajou-se, ainda, na aventura de aprovar no Congresso um golpe contra a Justiça e a Constituição com a proposta delirante de uma "anistia ampla, geral e irrestrita".

Tarcísio e a quadratura do círculo. Por Hélio Schwartsman

Folha de S. Paulo

Anistia a Bolsonaro defendida por governador paulista representaria suicídio institucional, que não pode ser aceito por democratas

Por séculos, matemáticos tentaram encontrar uma solução para o problema da quadratura do círculo (produzir, só com régua e compasso, um quadrado de área igual à de um círculo dado) sem saber que isso não era possível.

Em 1882, Ferdinand von Lindemann demonstrou a transcendentalidade do número Pi (π) provando que a tarefa é impossível —o que não impediu aventureiros de continuar tentando.

Em atenção aos fichas-sujas. Por Dora Kramer

Folha de S. Paulo

Parlamentares aproveitaram a distração com o golpe para golpear o coração da Lei da Ficha Limpa

Foi só o noticiário se voltar para o julgamento da trama golpista que o Congresso mostrou que não é exagero qualificar determinados episódios ocorridos ali como frutos da atuação de vivaldinos.

Enquanto as atenções estavam concentradas no relato do ministro Alexandre de Moraes, a exposição da peça acusatória da Procuradoria-Geral da República e as manifestações das defesas dos réus no Supremo Tribunal Federal, ali ao lado, no edifício das leis, era disparado um tirambaço na Lei da Ficha Limpa.

Com os olhos em forma de espiral. Por Ruy Castro

Folha de S. Paulo

Trump comete internamente todos os abusos possíveis e os americanos continuam inermes e inertes

Dia sim, dia não, Donald Trump revoga o visto de um brasileiro honrado que ele não quer ver em suas fronteiras. Isso inclui tanto imigrantes e turistas como pessoas que não têm a menor intenção de morar lá, mas que, em visita, teriam ideias a trocar com os melhores americanos. Uma troca que, segundo a revista "The Economist", seria vantajosa para os EUA, hoje sujeitos a "aprender sobre democracia com o Brasil".

Há uma tendência neste momento a se confundir os EUA com Donald Trump. E com motivo. Trump está cometendo internamente todos os abusos e absurdos que pratica contra outros países, e os americanos, inermes e inertes, parecem estatelados, com os olhos em forma de espiral. Para onde foram as instituições que, desde 1776, têm sido a inveja e a inspiração de tantos países? Onde estão os ativistas que não enchem todos os dias as ruas como nos anos 1960 contra a Guerra do Vietnã? Se Trump se faz de imperial e seus governados murcham as orelhas, é porque talvez ele seja mesmo.

Anistia deve dar com os burros n'água. Por Ruth de Aquino

O Globo

E saberemos quem são os burros

Nossa Câmara assinará atestado de burrice se pautar e aprovar a anistia a Bolsonaro e outros mandantes do golpe de Estado antes que o Supremo termine o julgamento. Julgar anistia antes de julgar crime é confissão precoce de culpa.

Esses deputados da direita agem atabalhoadamente, como vândalos. A Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) já disse que não vai pautar essa discussão por ser inconstitucional. Ou seja, a tal anistia ampla, geral e irrestrita para os golpistas não teria como chegar a ser votada no Senado. O adulto no parquinho acabará sendo Alcolumbre.

Além de agir contra os interesses da população – o que já se tornou um hábito –, a Câmara também seria desmoralizada pelo Supremo se aprovasse essa anistia, por atentar contra a Constituição. Não temos como exigir do Centrão um compromisso com a democracia, só com a blindagem e o fisiologismo.

Poesia | Carnaval do Recife, de Ascenso Ferreira

Meteram uma peixeira no bucho de Colombina
que a pobre, coitada, a canela esticou!
Deram um rabo-de-arraia em Arlequim,
um clister de sebo quente em Pierrô!

E somente ficaram os máscaras da terra:
Parafusos, Mateus e Papangus...
e as Bestas-Feras impertinentes,
os Cabeções e as Burras-Calus...
realizando, contentes, o carnaval do Recife,
o carnaval mulato do Recife,
o carnaval melhor do mundo!

- Mulata danada, lá vem Quitandeira,
lá vem Quitandeira que tá de matá!

- Olha o passso do siricongado!
- Olha o passo da siriema!
- Olha o passo do jaburu!
E a Nação-de-Cambinda-Velha!
E a Nação-de-Cambinda Nova!
E a Nação-de-Leão-Coroado!

- Danou-se, mulata, que o queima é danado!
- Eu quero virá arcanfô!
Que imensa poesia nos blocos cantando:
"Todo mundo emprega
grande catatau,
pra ver se me pega
o teu olho mal!"
- Viva o Bloco das Flores! Os Batutas!
Apois-fum!
(Como é brasileira a verve desse nome: Apois-fum!)
E o Clube do Pão Duro!
(É mesmo duro de roer o pão do pobre!)

- Lá vem o homem dos três cabaços na vara!
"Quem tirar a polícia prende!"

- Eh, garajuba!
Carnavá, meu carnavá,
tua alegria me consome...
Chegô o tempo das muié largá os home!
Chegô o tempo das muié largá os home!
Chegou lá nada...

Chegou foi o tempo delas pegarem os homens,
porque chegou o carnaval do Recife,
o carnaval mulato do Recife,
o carnaval melhor do mundo!

- Pega o pirão, esmorecido!

Ascenso Ferreira
(1895-1965)


Música | Coral Edgard Moraes e Getúlio Cavalcanti - Escuta Boêmio