quinta-feira, 28 de agosto de 2025

O que a mídia pensa | Editoriais / Opiniões

Intervenção de Trump no Fed trará retrocesso

O Globo

Ao tentar demitir diretora, ele mina confiança no dólar e nas instituições americanas

É temerária a tentativa de Donald Trump de intervir no banco central americano, o Federal Reserve (Fed). Desde que assumiu o segundo mandato, ele tem pressionado publicamente o presidente do Fed, Jerome Powell, a baixar a taxa de juros. Chegou a cogitar demiti-lo, em desafio às regras que lhe garantem estabilidade no cargo até maio de 2026. Nesta semana, Trump anunciou que, em vez disso, demitirá a diretora Lisa Cook, cujo mandato acaba oficialmente em 2038, sob a alegação de que ela cometeu irregularidades em hipotecas imobiliárias (Cook nega). A intervenção de Trump abala a confiança na autoridade monetária dos Estados Unidos, com reflexos negativos em toda a economia global.

Passado, volver! Por Merval Pereira

 

O Globo

O que os parlamentares querem agora é uma blindagem mais completa. Montaram uma legislação que dará condições a que nenhum deles seja sequer processado, quanto mais condenado.

Em meio a uma das maiores crises políticas que o país já viveu, um grupo majoritário de parlamentares, sem que se possa dizer ser formado apenas por representantes da direita e do Centrão — a votação mostrará a cara da esquerda —, está empenhado em salvar a própria pele. Desmoralizando o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta, que desmentiu o fato por três semanas, conseguiram programar para votação a mudança do foro privilegiado e os critérios para que sejam processados criminalmente.

Combinados, os dois projetos blindam os parlamentares, que dificilmente serão processados, pois a decisão final dependerá de autorização de seus pares. Se forem, terão foro privilegiado desde a primeira instância, podendo chegar ao Supremo depois de uma série de recursos, restando ainda um último apelo, ao plenário do STF, se condenados nas Turmas. A negociação do texto final entrou noite adentro, sem que a opinião pública soubesse os detalhes negociados.

No escurinho do sistema, por Malu Gaspar

O Globo

Fazer o que bem entende sem ser cobrado ou punido é o sonho de qualquer um. Mas, para deputados, senadores, governadores, prefeitos, presidente da República, juízes ou ministros do Supremo, é uma causa que ganha status de prioridade sempre que o ambiente político permite. No Brasil, desde que a Lava-Jato fez água, não passa um ano sem que brote no Congresso alguma iniciativa destinada a desmontar o aparato de fiscalização e controle do uso dos recursos públicos.

Já tivemos a Emenda Constitucional que impedia a prisão de deputados por crimes que não fossem inafiançáveis, a que garantia a parlamentares acesso irrestrito aos inquéritos sobre eles mesmos, inclusive os protegidos por sigilo, além de um projeto que tornava crime chamar de ladrão políticos condenados por corrupção. Esses não passaram, mas outros viraram lei, como o que liberou advogados de ter de apresentar contratos formais para justificar o recebimento de recursos, ou a emenda que afrouxou a Lei de Improbidade Administrativa e dificultou a punição de autoridades por desvios de conduta.

‘Deixe a arma, leve o cannoli’, por Julia Duailibi

O Globo

Brasil é o país na América Latina com o maior percentual da população vivendo sob regras impostas por grupos criminosos

‘O crime organizado tem apresentado crescimento preocupante, com facções e redes ilícitas adotando modus operandi de caráter mafioso’, diz uma versão preliminar do projeto antimáfia do Ministério da Justiça, que será enviado ao Congresso nos próximos dias. O texto desenha o que é o “caráter mafioso”: intimidação, corrupção sistêmica, domínio territorial e infiltração no setor público e econômico. Descreve a realidade de parte expressiva do Brasil hoje.

O que exigir das plataformas, por Míriam Leitão

O Globo

O desenho dos projetos de regulamentação das big techs falha ao não exigir protocolos de transparência para fiscalização

O projeto de regulação das redes para evitar a adultização de crianças andou rápido, como era necessário. O movimento iniciado pelo influenciador Felca mobilizou o país e foi aprovado ontem. O problema é que talvez não seja suficiente para proteger as crianças dos perigos digitais. Será preciso ter também mecanismos de fiscalização, o que é muito difícil diante da falta de transparência das plataformas. “Estamos criando projetos de lei que têm regras muito interessantes, mas sem mecanismos de fiscalização”, diz Marie Santini, criadora e diretora do NetLab da UFRJ.

Lula quer desgastar Tarcísio para enfrentar um Bolsonaro, por Maria Cristina Fernandes

Valor Econômico

Estratégia do presidente é expor os flancos do governador paulista para atrair um candidato com sobrenome Bolsonaro para a disputa

Nem todos os ministros saíram da reunião de terça convencidos da certeza do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em bater chapa com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em 2026. Ainda que reconheça o apelo de sua candidatura junto ao Centrão, o lulismo ainda mantém a aposta - ou o desejo - numa candidatura da ex-primeira-dama, Michelle, ou do primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Não tem dúvida de que, se um deles se mostrar competitivo, o capital abandona Tarcísio, fecha o nariz e aperta o sobrenome Bolsonaro na urna.

Enquanto grassa a indefinição, o presidente concentra-se em desgastar Tarcísio colocando-o na vitrine. Tem eco da direita à esquerda. De um lado, o governador tem sido bombarbeado pelos filhos do ex-presidente. Depois de o vereador Carlos Bolsonaro chamar os governadores de direita de “ratos” de um projeto “desumano, sujo, oportunista e canalha”, o deputado Eduardo (PL-SP) definiu como “chantagem” a “faca no pescoço” para que seu pai decida seu rumo em 2026 - uma “nojeira”, resumiu. O primogênito é o único, até agora, a se manter calado.

As vantagens e os riscos do PL da isenção do IR, por João Saboia

Valor Econômico

A reforma parcial do IR é uma oportunidade para reduzir um pouco a enorme disparidade de renda no país

Revendo trabalhos que publiquei na imprensa há muitos anos encontrei alguns em que eu discutia a regressividade da estrutura tributária existente no Brasil. Entre eles, o artigo “Impostos e Justiça Social”, “Folha de S.Paulo”, de 27 de julho de 1980. Passados 45 anos, é frustrante ver que essa questão ainda permaneça na ordem do dia.

No artigo mencionado, a partir dos dados do IPI, ICM (naquela época ainda não incluía os serviços do atual ICMS) e do Imposto de Renda, argumentamos que os dois impostos indiretos eram bastante regressivos por incidirem fortemente sobre os gastos de consumo das famílias com menor nível de renda. Sugeria, inclusive, que um ajuste na incidência dos dois impostos sobre alguns produtos poderia reduzir parcialmente sua estrutura regressiva.

Um dos problemas apontados no artigo era o fato do imposto de renda incidir basicamente sobre os rendimentos do trabalho, beneficiando os ganhos de capital. Já naquela época chamávamos a atenção para a necessidade de uma reforma do imposto de renda para torná-lo mais progressivo. Esse problema permanece até os dias de hoje e faz parte do espírito da atual proposta governamental de modificação do imposto de renda através do Projeto de Lei 1087/25.

Ataque agora ao programa de etanol para aviação, por Assis Moreira

Valor Econômico

Etanol é uma obsessão de Donald Trump quando fala de vendas para o Brasil e tem importância política enorme para os republicanos

O USTR, Agência de Representação Comercial dos EUA, realizará audiência pública na quarta-feira que vem na Comissão de Comércio Internacional dos EUA, em Washington, na investigação para determinar se atos, políticas e práticas do Brasil são injustificadas ou discriminatórias e sobrecarregam ou restringem o comércio americano.

Essa investigação pela Seção 301, com poderes para impor sanções comerciais contra parceiros, pode ser concluída entre seis meses e um ano - coincidindo com o calendário eleitoral no Brasil. A convicção na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, é que a crise com os EUA vai continuar até o ano que vem e pode escalar.

A saia-justa dos presidenciáveis, por William Waack

O Estado de S. Paulo

Ainda precisam dizer como vão tratar Donald Trump e o governo americano

Possíveis candidatos de direita para enfrentar Lula ainda não encontraram uma linha clara para definir como seriam as relações com os Estados Unidos caso vençam as eleições. Em parte, caíram na armadilha de acreditar que a crise bilateral seria um problema de Trump com o STF e se resolveria numa vitória contra Lula.

Nesse sentido, a crise ainda não produziu no Brasil personagens políticos vindos do espectro de direita com uma visão estratégica em relação aos Estados Unidos – desde décadas, ensinam os clássicos, um problema central para definir a própria “identidade” internacional brasileira. Não é simplesmente uma questão de quem está no poder lá ou aqui, seja de esquerda ou de direita. O Brasil revelado pela crise é uma potência decadente em relação ao que já foi no seu próprio entorno geográfico. De novo, não é por estar cercado de governos “amigos” ou “inimigos”. É por ter perdido capacidade de projeção de poder nos seus vários sentidos.

A briga pela farda do capitão, por Carolina Brígido

O Estado de S. Paulo

STF vai além da prisão e deve definir quem pode tirar patente de capitão de Bolsonaro

Depois que Jair Bolsonaro for, ao que tudo indica, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), começa uma nova briga: quem leva embora a farda do capitão? Quando um militar recebe pena superior a dois anos, a Justiça Militar abre processo que pode resultar em expulsão das Forças Armadas. No caso da trama golpista, essa decisão pode ser tomada por outra caneta.

No Supremo, há quem defenda que a Primeira Turma analise a perda da patente. Ao fim do julgamento, os cinco ministros devem fixar o foro para tomar a decisão. Se atropelarem o Superior Tribunal Militar (STM), deve ter briga.

As lições do desastre Trump, por José Serra

O Estado de S. Paulo

Trump nos fez o serviço de mostrar que a parceria com os EUA passa pela presunção dele de indicar seus preferidos na política nacional

É certo que as medidas econômicas e jurídicas adotadas pelo presidente americano só podem ser caracterizadas como atos de insanidade. Trump ameaça milhares de empregos e tenta submeter nossas leis e instituições aos seus caprichos. Infelizmente, minha memória recoloca a visão negra dos tempos de União Nacional dos Estudantes (UNE), defendendo a soberania frente ao imperialismo escancarado que ajudava a articular o golpe que, logo à frente, viria.

O desastre sempre tem que levar à reflexão. A truculência de pretenso imperador de Trump, sem pudor, pode ensinar muitas coisas ao Brasil. Vejamos algumas delas.

A primeira grande lição está no campo do comércio. Não posso deixar de pontuar que passei toda a minha vida pública apontando a necessidade de fazer política comercial. E fazer política comercial é ir para o corpo a corpo das negociações bilaterais, que são tão importantes para o desenvolvimento quanto os grandes acordos multilaterais.

Orçamento inchado em 2026, por Felipe Salto

O Estado de S. Paulo

Mesmo que o governo utilize todos os subterfúgios legais, o rombo é estimado em R$ 44,9 bilhões

O prazo para o Poder Executivo apresentar a proposta orçamentária de 2026 está se aproximando. A Constituição determina que o Projeto de Lei Orçamentária Anual (Ploa) seja enviado até o dia 31 de agosto. Nossas projeções, na Warren, indicam um déficit superior a R$ 100 bilhões. A meta estipulada é um superávit de R$ 34,5 bilhões.

Na prática, o governo pode retirar da meta fiscal, para fins de checagem legal, certas despesas com precatórios, o que lhe confere uma folga de R$ 55,1 bilhões. Mesmo assim, ainda faltariam R$ 79,4 bilhões (100 + 55,1 - 34,5) para o alcance do superávit proposto no Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).

O prazo de validade do imperador Nero, por Celso Ming

O Estado de S. Paulo

Aos 30 anos, o imperador Nero consultou o oráculo de Delfos sobre o seu futuro e ficou eufórico com a resposta que lhe passara a pitonisa, em nome de Apolo: “Só tens a temer os 73 anos”.

Nero concluiu que tinha mais 43 anos para gozar a vida e, naturalmente, para cometer impunemente todas as atrocidades que lhe viessem à cabeça. E saiu festejando.

Enquanto isso, em um recanto da longínqua Espanha, o general Galba treinava em segredo seu exército. Galba tinha, então, 73 anos. E não precisa ser dito aqui o que aconteceu depois.

Quem contou esse episódio e, com ele, a esparrela em que se metem certos senhores do mundo quando interpretam as mensagens dos deuses, foi o historiador romano Suetônio (69 a 141 d.C.), em sua obra A Vida dos Doze Césares.

Ameaças em série de Trump, por Alvaro Gribel

O Estado de S. Paulo

Presidente dos EUA coloca independência do Fed em risco sob omissão do Judiciário e do mercado

O presidente americano, Donald Trump, mantém os seus ataques à economia americana, sob a omissão do Poder Judiciário e a complacência do mercado financeiro internacional. A dúvida é se apenas os EUA pagarão a conta pelos seus erros ou se ele provocará tanta instabilidade que levará o mundo a reboque.

Trump já subiu tarifas, desorganizou o comércio externo, ofendeu aliados históricos, expulsou imigrantes, demitiu a presidente do órgão responsável pelas estatísticas econômicas e agora, após meses de insultos e pressões sobre Jerome

Corte de juros, sem hora para começar, por Vinicius Torres Freire

Folha de S. Paulo

Em agosto, o mercado animou-se e passou a baixar expectativas relevantes de inflação

Neste agosto, "o mercado" animou-se com a possibilidade de a inflação baixar, mesmo com o resultado qualitativamente ruizinho do IPCA-15. O BC não se emocionou. Gabriel Galípolo, presidente do Banco Centralfez questão de dizer nesta quarta, em linguagem de banqueiro central, que não há hipótese de que se possa marcar mesmo data vaga para a festa do corte da Selic.

Segundo aquele lugar-comum da turma, a função dos BCs é tirar a bebida da festa quando a animação é grande (quando a economia cresce além do limite sustentável). Não raro, dirigentes de BCs tentam evitar que a mera animação com a possibilidade de festa (corte de juros) acabe por induzir baixas precoces das taxas no mercado.

Tributação dos super-ricos está sob risco, por Adriana Fernandes

Folha de S. Paulo

Uma nova derrota será péssima para o governo e para o presidente da Câmara, Hugo Motta

O governo Lula intensificou nos últimos dias as costuras políticas para barrar a tentativa de implodir o imposto mínimo dos milionários. A oposição ensaia fazer um tumulto na votação do projeto do Imposto de Renda para deixar o governo de calças curtas sem o dinheiro da arrecadação das altas rendas —nova bomba para as contas públicas.

taxação das altas rendas foi proposta como medida de aumento da arrecadação para compensar a subida da faixa de isenção do IR para R$ 5.000, medida que tem o carimbo da justiça tributária e que vai atingir os dividendos pagos pelas empresas.

Os democratas e as duas direitas, por Maria Hermínia Tavares

Folha de S. Paulo

Brasil enfrenta o dilema de como lidar com a oposição desleal representada pelo clã Bolsonaro e seguidores

Há quase 50 anos, ao tratar da derrocada dos regimes democráticos, o notável cientista político espanhol Juan Linz (1926-2013) afirmava que eles não resistiam à existência de oposições desleais. Com esse termo, designava aquelas forças políticas que, mesmo respeitando por conveniência as regras do jogo democrático, estavam dispostas a destruí-las em benefício próprio. Para o autor, não se tratava de deslealdade ao governo de turno, mas às instituições que garantem o regime de liberdades.

Pela anistia, outra anistia, por Conrado Hübner Mendes

Folha de S. Paulo

Ser pobre é tipo penal não escrito. Esse crime não tem perdão

Luiz Fux, Flávio Dino e Alexandre de Moraes mantiveram condenação de duas mulheres por furto de R$ 14 e de pedaço de carne. André Mendonça, Nunes Marques e Dias Toffoli negaram liberdade a homem que furtou produtos no valor de R$ 62. Dois exemplos recentes da rejeição do princípio da insignificância em ações de habeas corpus no STF. Crime sem violência, sem ameaça, sem prejuízo relevante. Só pobreza.

Há distinção de classes dentro da legalidade. Mesmo não escrita na letra da lei, aparece nas práticas institucionais. Nas entreletras da lei, o Estado de Direito discrimina. Dá tratamento diverso e desvantajoso ao pobre.

A sociedade brasileira se comprometeu, por meio da Constituição de 1988, a reduzir desigualdades, erradicar pobreza e combater causas da pobreza. Mas nossa poderosa vulgata sobre riqueza e pobreza faz inferências moralmente cruéis e empiricamente ignorantes sobre o indivíduo rico e pobre, sobre as qualidades de caráter que explicam riqueza, os defeitos que justificam pobreza. Bloqueou a promessa.

O mundo não precisa abrir mão da dignidade e gerenciar delírio de Trump, por Rui Tavares

Folha de S. Paulo

Presidente americano governa como um Nero e faz com que humanidade se pergunte se o imperador está louco

Imagine que você tem de decidir o que fazer perante uma pessoa no auge de um transtorno delirante, que fantasia e alucina. A pessoa pode achar que é Napoleão ou a maior beldade do mundo —para o caso, tanto faz. A sua reação pode ser tentar persuadi-la da verdade ou simplesmente dizer-lhe que está louca. Mas, se se tratar de alguém próximo, as coisas não são assim tão simples.

Há muitas situações em que a escolha é "gerenciar o delírio"; não confrontar diretamente o fantasista com as suas loucuras, mas também não fingir que acredita nelas.

Nota sobre o campo, por Ivan Alves Filho*

Os livros, textos e conversas com Alberto Passos Guimarães, um intelectual autodidata, me auxiliaram a entender não só a realidade do campo brasileiro como também a natureza da intervenção militar de 1964. Junto com Giocondo Dias, Alberto Passos foi o primeiro a destacar que 1964 não tinha sido um golpe – algo passageiro e sem maiores consequências históricas – nem uma revolução – que implicava uma alteração do modo de produção e distribuição das mercadorias. O que houve, isto sim, foi uma mudança de regime, com o estabelecimento no núcleo do poder de uma nova facção dominante, diferente daquela comandada pelo Governo Jango. Para mim, este é o diagnóstico mais preciso da natureza da intervenção político-militar de abril de 1964.

Poesia | Os ombros suportam o mundo, de Carlos Drummond de Andrade

 

Música | Se todos fossem iguais a você, de Tom Jobim