domingo, 15 de dezembro de 2013

Painel - Vera Magalhães

Conflito de interesses
Principal cotado para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Josué Gomes da Silva (PMDB) tem a BNDESPar como acionista minoritária de sua empresa, a Coteminas. A holding do BNDES, vinculado à pasta, é detentora de 9,84% das ações da firma, segundo dados registrados na Bovespa. Atualmente, o titular do ministério, Fernando Pimentel, ocupa a presidência do conselho de administração do banco. Além disso, a Coteminas já recebeu financiamentos do BNDES.

Recordar... Integrantes do governo que defendem a ida de Josué para a pasta já têm a informação em seus radares e lembram que a situação remete à de Luiz Fernando Furlan, que se afastou da Sadia para assumir o cargo de ministro no governo Lula.

... é viver Na época, em 2005, ele estava à frente do conselho do BNDES quando o banco barrou um pedido de financiamento apresentado pela Sadia, empresa que havia presidido e que era comandada por seus parentes.

Pressa Alexandre Padilha (Saúde) já fez chegar a Dilma Rousseff que prefere deixar o ministério em janeiro, como estava programado antes de outros ministros começarem movimento para ficar no governo até março.

Tô voltando Nos fins de semana, Padilha e a mulher já se dedicam a empacotar os livros, que estão sendo levados para seu apartamento na rua Avanhandava, na Bela Vista, famosa pelas cantinas.

Timing E apesar da resistência de Fernando Pimentel, o PT também trabalha com sua saída do Ministério do Desenvolvimento até o fim de janeiro para tocar sua candidatura ao governo de Minas.

Migração Sem espaço para ser candidata ao Senado pelo PT catarinense, Ideli Salvatti (Relações Institucionais) pode ser transferida na reforma para a Secretaria de Direitos Humanos, no lugar de Maria do Rosário.

Perspectiva Com a iminente decisão do Banco Central americano de retirar os incentivos para o mercado local, o Planalto já trabalha com a possibilidade de uma intensa volatilidade do dólar a partir de janeiro, podendo afetar os índices de inflação.

Clima 1 A pressão pública do governo brasileiro sobre a França para acelerar o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, durante a visita de François Hollande, serviu para criar um "constrangimento calculado" entre os dois blocos.

Clima 2 O Brasil fez questão de jogar a responsabilidade de volta para os europeus, que no início do ano criticaram o Mercosul pelo atraso da apresentação de propostas para o acordo.

Prova Assim como Dilma, Hollande também sofre críticas de empresários em seu país. Ao receber uma medalha da Fiesp, disse: "Vou mostrar a todo mundo na França para provar que eu defendo a indústria francesa".

União O novo presidente do PSOL, Luiz Araújo, vai conversar com dirigentes do PSTU nas próximas semanas para tentar construir uma inédita aliança de esquerda em torno da candidatura do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) à Presidência.

Em casa Pesquisa do PSOL no Amapá, reduto de Randolfe, mostra o socialista em segundo lugar no Estado, com 25% das intenções de voto, atrás de Dilma (46%). Aécio Neves (PSDB) tem 10% e Eduardo Campos (PSB), 6%.

Submerso Geraldo Alckmin (PSDB) lança terça-feira o edital de licitação do túnel marítimo que ligará Santos ao Guarujá, uma das obras prioritárias de sua gestão, orçada em R$ 2,4 bilhões.

TIROTEIO
Os tucanos dizem que o Judiciário não age politicamente. Agora que o trem pagador do PSDB chegou ao STF, é hora de provar a tese.

DO PRESIDENTE DO PT-SP, EMIDIO DE SOUZA, sobre o envio ao STF do inquérito que apura denúncias de corrupção em obras de trem e metrô no governo de SP.

CONTRAPONTO
Beleza não põe a mesa
Durante discurso na abertura do 5º congresso do PT, em Brasília, na última quinta-feira, Lula falava sobre o que ele classifica como "preconceito" e "medo" de setores do eleitorado de votar no PT.

O ex-presidente chamou a atenção para vitória do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, em 2012, quando militantes gritaram na plateia:

-Lindo!

Lula, então, respondeu:

-Lindo, né? Ninguém quer saber se ele é lindo! Querem saber se ele é do PT!

Fonte: Folha de S. Paulo

Panorama Político - Ilimar Franco

Eduardo sai do isolamento
O presidente do PPS, Roberto Freire, vai amanhã ao governador Eduardo Campos (PE) formalizar o apoio à candidatura do socialista ao Planalto. O PPS travou duro debate interno. Nunca antes políticos de outros partidos haviam participado de suas conferências regionais. Isso ocorreu agora. Derrotados, os aliados do PSDB ainda tentaram lançar Soninha Francine para impedir que o partido se alinhasse ao PSB.

Reencontro histórico
Um grupo de dirigentes do PPS está apostando na candidatura de Eduardo Campos (PSB) desde o rompimento deste com o PT nas eleições municipais de 2012. Esse grupo, que não vê futuro mantendo-se caudatário do PSDB, venceu o embate interno. Ele aposta em nova polarização política no país. Roberto Freire, depois da decepção com José Serra, abraçou essa proposta. A aliança do PPS com o PSB retoma uma parceria inaugurada com a Frente do Recife, em 1955. Nesse ano, o então PCB apoiou para a prefeitura o socialista Pelópidas da Silveira e, depois, Miguel Arraes (1960). Os ex-comunistas e os socialistas ainda elegeram Arraes governador (PE), em 1963.

"Hoje nós temos 89 dos 513 deputados. Já imaginou, Dilma, se fossem 300? Você ia comer o pão que o diabo amassou"
Lula
Ex-presidente, em discurso na abertura do 5° Congresso do PT

Supremo varejo
O PSDB de São Paulo já obteve liminar do Tribunal de Justiça. Mesmo assim, o presidente regional tucano, Duarte Nogueira, pretende bater às portas do STF para impedir que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, reajuste o IPTU.

#tamojunto
Lançado pela Secretaria dos Direitos Humanos, o "Manifesto Brasil sem Preconceito" ganhou a adesão de dezenas de personalidades, como Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Ney Matogrosso e Beth Carvalho. É um abaixo-assinado para que o Senado aprove projeto que criminaliza a homofobia e todas as formas de preconceito.

A prioridade
O PT quer, pela primeira vez, eleger um governador no Sudeste. Mas sua prioridade é fortalecer sua bancada no Senado e eleger cem deputados. Os petistas buscam ter maior poder de fogo no Congresso.

Apostando nos magoados
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) e emissários tucanos conversaram com Eunício Oliveira (PMDB), candidato ao governo do Ceará, sugerindo composição com Tasso Jereissati ao Senado. Houve proposta também a Renan Calheiros de apoio a Renan Filho em Alagoas.

O PMDB cai na rede
Após pesquisas em nove capitais, o PMDB vai criar um instrumento de interação com as redes sociais. O presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha, diz que o partido colocará "um exército na rede nos 27 estados".

Reflexão petista
O ministro Marco Aurélio Garcia nadou na contramão dos petistas no 5° Congresso: "Os partidos mais importantes de esquerda, quando não fizeram reflexão sobre seus problemas internos, sofreram processo de degeneração".

A PRESIDENTE DILMA e o seu entorno ficaram preocupados com o tom raivoso e radical dos militantes no Congresso Nacional do PT.

Fonte: O Globo

Direto de Brasília -João Bosco Rabello

A afirmação do líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), de que não há como separar o partido dos seus dirigentes condenados e presos é, com razoável certeza, a única entre tantas produzidas pela legenda em reação ao mensalão com a consistência de um diagnóstico diariamente renovado pela insistência em eleger culpados externos para seu infortúnio político.

Abstraída a motivação de cobrança por solidariedade interna que a inspira, a frase soa como uma segunda sentença, esta eleitoral, que anuncia a prevalência, na campanha, da versão do partido como vítima das elites conservadoras, em detrimento da condenação dos atos reconhecidos como criminosos pelo Poder Judiciário.

Ao que tudo indica, está feita a opção, certamente pela conclusão de que o posição de comando dos condenados no organograma de poder no partido, não oferece alternativa. Se não subtrai porcentual devotos significativo de seu eleitorado cativo, o episódio retira do PT a bandeira histórica da ética, frustrando o projeto de ampliação do eleitorado e, por extensão, de hegemonia política.

Tal leitura indicou ao senador Aécio Neves, já investido da candidatura independentemente de sua formalização em março, a ética na política como um ponto estratégico no discurso de campanha. Não evita o contraponto já adotado pelo PT - o cartel dos trens em São Paulo mas a ele se antecipa com postura em defesa da eventual condenação de correligionários que as investigações apontarem como beneficiários de corrupção.

Já a opção do PT pelo enfrentamento da decisão judicial, concentrada por estratégia na figura do ministro Joaquim Barbosa, como se a ele pertencessem os votos majoritários pela condenação, serve à conveniência de distanciar a presidente Dilma Rousseff dos fatos passados no primeiro govemo do PT, sob a presidência de Lula, cabo eleitoral no qual se sustenta e sem o qual não teria sido eleita. O desagravo em clima passional a José Dirceu na solenidade de posse da diretoria eleita do PT, sexta-feira, com as presenças de Lula e Dilma, dificulta essa meta e materializa a sentença de Guimarães, ditando uma linha defensiva para a campanha, que incorporará também o mau humor com os serviços públicos, tendente a aumentar durante a Copa do Mundo.

De qualquer forma, aparentemente a estratégia de manter Dilma à distância tem algum êxito. Ainda que 80% dos eleitores petistas condenem o mensalão e que as pesquisas indiquem 45% como o teto de sua recuperação desde junho, os 60% que desejam mudanças não as projetaram em outros candidatos.

O que poderá ser determinado pela economia, fator permanente de risco.

Parceria
PSB e PSDB se aliaram em mais de 200 cidades paulistas em 2012 e, hoje, centenas de candidatos a deputado federal e estadual, esperam parceria com Geraldo Alckmin, mas a decisão da aliança só sai em janeiro.

Queda de braço
O PT quer adiar a reforma ministerial para abril, mantendo a visibilidade de seus ministros candidatos, mas o PMDB pressiona Dilma a fazê-la em janeiro.

Sem validade
O PT avalia que a redução da conta de luz perdeu validade eleitoral. Seu impacto positivo será anulado pelo aumento previsto para 2014.

No portal
Blog. PDT cobra ao TSE decisão sobre palanques duplos

Fonte: O Estado de S. Paulo

Brasília-DF - Denise Rothenburg

Pingos nos is
Diante da vontade dos integrantes da Rede de Marina Silva em balançar a aliança para ver se muda a chapa, o vice-presidente nacional do PSB, Roberto Amaral, avisa: “Está tudo bem entre Eduardo e Marina. Quando ela entrou no PSB, o partido tinha um candidato a presidente. Ela não telefonou apenas para o presidente do PSB, telefonou para o candidato do PSB. Essa história de desestabilização da aliança só interessa ao PT e ao PSDB. Não cairemos nessa”, diz ele. E as conversas com Aécio? “Temos a política da boa vizinhança. A eleição vai se dar em dois turnos. E a característica dos dois turnos é a de que alguém apoia alguém. Uma campanha contra o Aécio nos traz dificuldade com o eleitorado dele.”
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Moral da história: Se depender de apoios expressivos para vencer a eleição num possível segundo turno no ano que vem, Dilma Rousseff terá um mar de dificuldades. Pelo que se vê, 2014 não repetirá as três últimas eleições, quando quem levou a melhor em termos de apoio no segundo turno foi o PT de Lula e de Dilma.

Sem chance
O medo do governo de que deputados e senadores tirem da cartola algum projeto capaz de ampliar as despesas públicas faz com que os líderes governistas deixem de lado qualquer perspectiva de votação de temas polêmicos na última semana de funcionamento do Congresso. A ordem é votar o Orçamento e ponto.

Vai desidratar
Embora Paulo Skaf, da Fiesp, apareça à frente de Alexandre Padilha nas pesquisas, os petistas consideram que ele perderá pontos para o atual ministro da Saúde, que atualmente está longe do percentual que caracteriza a largada do PT no estado.

Quem cala...
Aqueles que encontraram Aécio nas festas de confraternização dos políticos em Brasília ficaram meio desconfiados quando ele disse a integrantes da base do governo Dilma: “Agora é a minha vez. O povo quer mudança”. Nenhum governista dito aliado era capaz de erguer a voz para defender a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Ficavam dentro do velho espírito do “quem cala, consente”.

Lula e Gilmar Mendes/ Passado o julgamento do mensalão, Lula e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes tiveram encontro no Rio de Janeiro neste fim de semana. Calma pessoal. Foi só um oi na festa de casamento da filha de um amigo em comum.

O jovem da turma/ O senador José Sarney, do PMDB-AP, não conseguiu esconder a satisfação de viver o momento histórico ao lado dos outros ex-presidentes e Dilma Rousseff. Nem tanto pelas presenças. O que mais empolgou o ex-presidente foi subir os cinco lances de escadas até o camarote das autoridades no estádio. “Descobri que estou em forma, mesmo depois de uma costela quebrada!”, vibrou ele, segundo relatos.

Histórias do Rio I/ Quando era candidata a presidente, Dilma Rousseff foi visitar o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e ficou encantada com a Gávea Pequena, a residência oficial, no meio da Floresta da Tijuca. “Se eu for eleita, vou requisitar esta maravilha.”

Histórias do Rio II/ Na hora, a mulher de Paes respondeu: “É bom saber! Assim, ninguém aqui em casa vai votar na senhora!”, respondeu Cristine sorrindo. Em tempo: Paes não só votou em Dilma como promete fazer campanha para ela, ainda que PT e PMDB estejam em palanques distintos no primeiro turno da eleição para governador do Rio de Janeiro.

Convers@
de Domingo
O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), faz um balanço do PMDB nesse ano de 2013 e reafirma Luiz Fernando Pezão do Rio. Assista no site do Correio (www.correiobraziliense.com.br).

Fonte: Correio Braziliense

Política - Claudio Humberto

Deu asilo para pagar dívida
O delegado Romeu Tuma Jr. era secretário Nacional de Justiça, e por isso testemunhou os bastidores da decisão do então presidente Lula de proteger o terrorista italiano Cesare Battisti. Em seu livro "Assassinato de Reputações" (ed. Topbooks, Rio), ele revela que Lula não foi motivado pela ideologia, ao conceder "asilo político" ao criminoso, mas por "dívida de gratidão" com o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh. O ex-presidente queria retribuir a Greenhalgh as várias defesas que fez dele na Justiça, sem cobrar, e por sua dedicação aos interesses do PT. Lula se sentia culpado por vários reveses do amigo, como a humilhante derrota para Severino Cavalcante na briga pela presidência da Câmara. Segundo Tuma Jr., Battisti ganhou asilo porque Greenhalgh pediu e não por influência de Tarso Genro, ex-ministro da Justiça. Simples assim. Cesare Battisti foi condenado duas vezes à prisão perpétua, na Itália, pelo assassinato de quatro inocentes, a serviço de um grupo terrorista.

Negociações adiantadas
Estão adiantadas as conversas na Bahia para compor uma chapa com Geddel Vieira Lima (PMDB-foto) ao governo e, na vice, o ex-senador ACM Júnior, pai do atual prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM).

Enrolado
Sob suspeita no MP e TCU, o consórcio Cetenco-Acciona assinou contrato de R$ 2,49 bilhões com o governo do Ceará para construir a linha leste do metrô de Fortaleza. Além de não observar pré-requisitos do edital, como experiência, a Acciona teve dois executivos presos acusados de desviar R$ 150 milhões em suposto esquema no metrô de Aragón, na Espanha.

Fiança
A Acciona pagou fiança de R$ 32 milhões para soltar os executivos José Jordán e Miguel Ángel Bretón, presos pela Operação Molinos.

Acordo
Após pagar fiança, em setembro, Jordán teve passaporte liberado para voltar ao Brasil, onde teria negociado as obras do metrô do Ceará.

Novidade
Apesar de pareceres contrários ao consórcio, a Procuradoria-Geral do Ceará diz nunca ter sido questionada sobre a legalidade do assunto.

Atenção especial
O governador e presidenciável Eduardo Campos (PSB) conversou um tempão com o ex-ministro da Integração Fernando Bezerra Coelho, durante almoço de Natal com secretários e ex-secretários do governo.

Prata de fora
O governo garante preocupação com seca no Nordeste, mas designou dois estrangeiros para representar o Brasil na convenção da ONU de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca: Aldrin Martin Pérez Marin (Nicarágua) e Ignacio Hernan Salcedo (Argentina).

Pensando bem...
...está na hora de exumar Leonel Brizola, para ver se Lula, além da mãe, também teria pisado o pescoço dele, como dizia o velho caudilho.

Tempo
Aspirante à Presidência em 2014, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se utiliza dos baixos índices de Dilma em 2009 para minimizar, em seus discursos, o mau desempenho nas pesquisas.

Frase
"Essa é uma tarefa que tem ser feita pelo próprio legislador"
Ministro Gilmar Mendes (STF), sobre o financiamento privado de campanhas políticas

Novo movimento
Com José Dirceu comandando os trabalhos, Delúbio Soares "tesourando" e Genoino assinando sem ler, em breve teremos novo movimento clandestino: o VIP (Vanguarda Insurgente da Papuda).

Meio a meio
Após meses de briga, o deputado Júnior Coimbra aceitou dividir o diretório do PMDB-TO com a senadora Kátia Abreu e o ex-governador Marcelo Miranda, que indicarão o vice-presidente estadual do partido.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

O nome em vão - José de Souza Martins

Quase sempre o critério para nomear uma instituição ou logradouro é o da bajulação. E renomear geralmente é trocar um bajulado por outro

A iniciativa destes dias da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, de pedir a substituição do nome de uma escola de ensino fundamental de Nova Iguaçu de Presidente Costa e Silva por Senador Abdias do Nascimento, parece mais indecisão entre justiçamento político e justiçamento racial do que outra coisa.

Como muitos sabem, o general Artur da Costa e Silva foi ministro da Guerra do primeiro governo da ditadura militar e, em seguida, presidente da República. Foi ele quem promulgou o Ato Institucional nº 5, em 13 de dezembro de 1968, que abriu as portas do poder para a dura repressão que se seguiu: censura aos periódicos, cassações de mandatos, de direitos políticos, banimentos, aposentadoria compulsória de cientistas e professores, prisões, torturas, sequestros, desaparecimentos e assassinatos. Um elenco completo de barbaridades.

Alguém teve a ideia ditatorial e antieducativa de dar o nome do general a uma escola para crianças. Como é próprio de casos assim, as crianças que ali estudassem passariam a vida louvando como herói o que muitos julgavam e ainda julgam ser um vilão. Questão de ponto de vista, sem dúvida. Mas não só. Talvez se possa dizer, em favor de Costa e Silva, que ele teve a coragem de assinar um ato complementar que proibia os despejos de posseiros na região amazônica sem prévia audiência do Incra. Impediu, assim, que a justiça vulnerável ao poder pessoal dos potentados da roça e do latifundismo rentista continuasse usando e abusando de suas prerrogativas para injustiçar os desvalidos. A violência e os abusos eram de tal ordem que chegavam a ter características de verdadeiro genocídio.

Como nem todos sabem, Abdias do Nascimento foi um distinto intelectual negro, professor, antropólogo, teatrólogo, poeta, de carreira e grande prestígio internacionais, ativista internacionalmente reconhecido em favor da igualdade racial e civil dos negros. Além disso, foi deputado federal e senador da República. Morreu quase centenário em 2011. Abdias já deveria ter sido nome de escola, e de muitas escolas, há muito tempo. É o tipo de personalidade que, até como nome de escola, educa. Que tenham preferido propor-lhe o nome como senador e não como professor já é o mau sinal de que a tentação dos signos do poder prevaleceu sobre os enormes méritos emancipadores que há na modéstia da honrada condição de professor. Esse equívoco diminui e compromete o gesto. Abdias foi muito mais do que um senador e do que um senador pode ser.

O uso de nomes inadequados em instituições como a escola difunde subliminarmente concepções da sociedade e do homem incompatíveis com as conquistas democráticas e os ideais da cidadania, da democracia e mesmo da civilização. Em 1969, uma investigadora do Dops de São Paulo, convocada a participar de emboscada para matar Carlos Marighela, ativista da luta armada contra a ditadura, morreu no tiroteio ocorrido na Alameda Casa Branca, em São Paulo. Em retribuição, a ditadura deu seu nome a uma rua no bairro do Limão e a uma escola elementar na zona leste. No muro da escola, grafitagens ingênuas dos estudantes a celebram como heroína nacional, assim considerada pelas conveniências dos donos do poder de então: participara do assassinato planejado de um inimigo do regime. Que educação é essa? Por meio desse memorial, a ditadura já banida invadiu e continua invadindo a escola e a mente das crianças para a pedagogia do opressor que supostamente já não existe, mas está lá.

Nas mudanças de nomes de vias públicas e de escolas, hospitais ou outras instituições, com certa facilidade é possível constatar que esses nomes são dados segundo um critério. Quase sempre, o critério é o da bajulação dos poderosos. Com a mesma facilidade, quando mudam os donos do poder, surge um fenômeno para o qual invento uma palavra neste momento: desbajulação. O nome do antigo bajulado é trocado pelo nome de um novo bajulado. Esse troca-troca evidencia a mentalidade profunda que rege nosso quase imobilismo político. Com tanta adesão súbita e fácil, é evidente que o Brasil nunca vai mudar, senão no mero faz de conta da mudança.

Foi o que se viu na queda da monarquia e na proclamação da República. Até a manhã de 15 de novembro, havia poucos e insuficientes republicanos no Brasil. Na hora do almoço o número já havia aumentado. Na manhã do dia seguinte, o Brasil já era republicano desde sempre. Mas a história da República tem sido a história da espera do retorno do imperador que a República depôs e baniu. Esperou-se encontrá-lo em Getúlio Vargas, em Jânio Quadros e mesmo em Lula. No plebiscito decorrente da Constituição de 1988, para decidir o regime político do país, entre república e monarquia, muito eleitor confessadamente petista votou pela monarquia na esperança de que, se Lula fosse eleito presidente, seria coroado imperador e teríamos, portanto, o fim da política cotidianamente satanizada por muitos. Pesquisa feita por um jornal de São Paulo, na época, mostrou isso.

José de Souza Martins é sociólogo, professor emérito da Faculdade de Filosofia da USP e autor, entre outros, de A sociologia do Brasil lúmpen e místico (Contexto).

Fonte: O Estado de S. Paulo / Aliás

O que me disse a flor - Ferreira Gullar

A flor tem a delicadeza encantadora de uma obra de arte. Mas que não foi feita por nenhum artista

Durante um passeio pela avenida Atlântica, sentei-me sob uma das árvores que há ali, próximo aos edifícios, quando, ao meu lado, no banco, caiu uma flor amarela, igual a muitas que estavam ali no chão.

Peguei-a e tive uma surpresa ao olhar para dentro dela, côncava como um cálice. É que o fundo do cálice era de cor lilás intenso e, do centro dele, erguia-se um pistilo que parece um requinte decorativo posto ali para me encantar. Mas, encantar a mim que, por acaso, peguei essa flor? A flor, suas cores, seu pistilo têm a delicadeza encantadora de uma obra de arte. Mas uma obra de arte que não foi feita por nenhum artista, por ninguém.

Observo ainda que o pistilo é constituído de pequenos anéis feitos de uma matéria semelhante a pluma e lindamente completado por quatro fios também lilases. Que capricho, que harmonia em tudo aquilo! A natureza cria beleza para si mesma? A beleza é natural a tudo o que ela cria?

Certamente, você dirá que ela cria também bichos horríveis e repugnantes. É verdade, mas isso torna ainda mais incompreensível o esplendor das coisas belas que ela cria. E, no caso dessa flor, do pistilo dessa flor, fascinou-me o esmero, o capricho, a delicadeza das pequeninas rodelas de pluma amarela, que pareciam ter sido feitas com o deliberado propósito de fascinar. Mas a quem? Mas por quem?

O que eu desejo transmitir a vocês, nesta crônica, é o espanto de que fui tomado, naquela tarde, ao descobrir essa flor. E havia dezenas delas pelo chão, algumas já murchas, outras esmagadas pelos pés dos transeuntes, num desperdício de belezas. Será mesmo um desperdício? Não, ela é assim mesmo em tudo ou quase tudo.

Quando o homem ejacula lança centenas de milhões de espermatozoides, embora apenas um deles tenha a possibilidade de atingir o óvulo e fecundá-lo. Creio que ela pretende, com esse excesso, tornar inevitável a fecundação e o surgimento de outro ser vivo.

Mas meu espanto não para aí. Outro dia, via na televisão um documentário filmado em águas profundas do oceano, aonde a luz do sol não chega. Era um mundo outro, habitado por seres que não sei se devo chamá-los de peixes. Sei que eram estranhíssimos; nadavam, é certo, mas suas nadadeiras eram algo nunca visto, de uma matéria transparente, flexível, que mudava de cor a cada instante.

Tinham cabeça, boca? Não sei. E quase todos traziam consigo antenas em cuja ponta uma pequena lâmpada acendia e apagava. São próprios àquela outra dimensão do planeta, onde se criam outros seres, outras vidas, outra beleza.

Eram peixes? Eram flores? Eram ficção? É que, como no caso da flor amarela que me caiu no colo, eram criações poéticas da natureza. Pois é, ando ultimamente grilado com esses exageros da natureza que não sei explicar. Na verdade, a realidade do mundo excede qualquer lógica. Ou a lógica dele é outra?

Mas não é: já pensou nas descobertas feitas pelos físicos que levaram a descobrir essa maravilha que é o átomo? Fico pensando: descobriram quais partículas constituem o núcleo do átomo e, a partir daí, conseguiram desintegrá-lo. E temos a energia atômica! Não é estranho que seja tudo tão complexo e, ao mesmo tempo, tão bem organizado e que a inteligência humana seja capaz de entender isso?

Gente, quando faço essa pergunta, lembro-me de que o universo é constituído de bilhões e bilhões de galáxias, constituídas, por sua vez, de quatrilhões de sóis. O sistema solar a que pertencemos é quase nada nesse universo infinito. E nosso planeta, que importância tem? Um grãozinho de poeira. E nós, seres humanos, menos que um grãozinho de poeira nessa imensidão. Não obstante, conseguimos pensá-la.

Nelson Mandela é o exemplo incontestável de que não é a raça nem a cor da pele que define as qualidades do ser humano.

Quero deixar consignado a perda, que significou, para a arte brasileira, a morte --faz algumas semanas-- do pernambucano Gilvan Samico, um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros. Inspirado na gravura popular nordestina, Samico, preservando-lhe a poesia original, soube dar-lhe a qualidade de grande arte. Perdemos, com sua morte, um artista e um ser humano exemplares.

Fonte: Folha de S. Paulo / Ilustrada

O que pensa a mídia - editoriais de alguns jornais

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Adoniran Barbosa e Elis Regina 1978 (completo)

O filho do século – Murilo Mendes

Nunca mais andarei de bicicleta
Nem conversarei no portão
Com meninas de cabelos cacheados
Adeus valsa "Danúbio Azul"
Adeus tardes preguiçosas
Adeus cheiros do mundo sambas
Adeus puro amor
Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem
Não tenho forças para gritar um grande grito
Cairei no chão do século vinte
Aguardem-me lá fora
As multidões famintas justiceiras
Sujeitos com gases venenosos
É a hora das barricadas
É a hora da fuzilamento, da raiva maior
Os vivos pedem vingança
Os mortos minerais vegetais pedem vingança
É a hora do protesto geral
É a hora dos vôos destruidores
É a hora das barricadas, dos fuzilamentos
Fomes desejos ânsias sonhos perdidos,
Misérias de todos os países uni-vos
Fogem a galope os anjos-aviões
Carregando o cálice da esperança
Tempo espaço firmes porque me abandonastes.

sábado, 14 de dezembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Roberto Freire

A menos de um ano das eleições presidenciais, o Brasil vive um momento crucial em que as forças democráticas têm diante de si enormes responsabilidades. Os onze anos de governos do PT não foram marcados apenas por populismo exacerbado, incompetência na condução da economia ou escândalos de corrupção em série, mas também por um processo contínuo de degradação institucional do país. A ocupação da máquina pública pelos lulopetistas e o loteamento fisiológico de cargos entre seus aliados são facetas de um modelo que já se esgotou.

Roberto Freire, “Reencontro histórico e um novo rumo para o país”. Brasil Econômico, 13 de dezembro de 2013.

Preso no mensalão, Henry é o 3º a renunciar

Deputado segue Genoino e Valdemar da Costa Neto; João Paulo Cunha ainda mantém seu mandato.

Condenado no mensalão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Pedro Henry (PP-MT) renunciou ontem ao mandato de deputado federal e se entregou à Polícia Federal em Brasília. O mandado de prisão foi expedido de manhã pelo Supremo Tribunal Federal. Henry é o 17º condenado a ser preso. Terá de cumprir 7 anos e 2 meses de prisão e pagar multa de R$ 962 mil. Enquanto seguia para a PF, a carta de renúncia foi entregue à Câmara. Com isso, evitou a abertura de processo de cassação. Henry alegou ter optado por entregar o cargo para não expor ainda mais a instituição, desgastada pela repercussão do julgamento do mensalão. É o terceiro parlamentar condenado no caso a renunciar e seguiu os passos de Valdemar da Costa Neto (PR-SP) e José Genoino (PT-SP). A pressão agora recai sobre João Paulo Cunha (PT-SP), o único condenado a permanecer na Câmara. Cunha aguarda julgamento de recurso.

Após ordem de prisão, deputado Pedro Henry renuncia ao mandato e se entrega

Condenado no processo do mensalão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro a 7 anos e 2 meses de prisão e pagamento de multa de R$ 962 mil, Pedro Henry (PP-MT) renunciou ontem ao mandato de deputado federal e se entregou à Superintendência da Polícia Federal. O ex-parlamentar teve o mandado de prisão expedido durante a manhã pelo Supremo Tribunal Federal. Henry é o 17. O condenado no processo do mensalão a ser preso.

Enquanto seguia para a PF, onde passou por exame de corpo de delito, a carta de renúncia do mandato de Henry foi entregue à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Com isso, ele evitou a abertura de um processo de cassação.

Na carta de renúncia apresentada à Mesa Diretora da Câmara, Henry se dirigiu ao presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). O ex-deputado alegou ter optado por entregar o cargo para não expor ainda mais a instituição, desgastada pela repercussão do julgamento do mensalão no STF.

"Senhor presidente, não seria este o desfecho da vida pública que eu havia planejado, mas não vou expor esta instituição mais do que já se encontra exposta por este episódio", escreveu Henry. A carta deverá ser lida em plenário na segunda-feira.

O ex-deputado disse, na mesma mensagem, ter tentado provar sua inocência, mas acabou condenado mesmo sem provas. "Apesar de abreviar em um ano este mandato, meu sentimento é de dever cumprido para com os mato-grossenses", afirmou.

Henry é o terceiro parlamentar condenado no processo do mensalão a renunciar. Ele seguiu os passos de Valdemar Costa Neto (PR-SP) e José Genoino (PT-SP). O primeiro, assim como Henry, apresentou a renúncia no mesmo dia em que foi dada a ordem de prisão. O petista, que apresentou um pedido de aposentadoria por invalidez, só renunciou quando a Câmara estava prestes a abrir um processo de cassação do mandato.

Pela Lei da Ficha Limpa, Henry ficará inelegível pelos próximos 16 anos e não poderá concorrer a cargos públicos até 2029, quando terá 71 anos.

Dos quatro deputados condenados pelo Supremo no processo do mensalão, o único a manter o mandato é João Paulo Cunha (PT-SP). Ele aguarda julgamento de recurso em liberdade (mais informações abaixo).

Companheiros. Enquanto estiver na Papuda, Henry terá a companhia de outros condenados no processo do mensalão, como o ex-ministro José Dir-ceu e o ex-tesoureiro Delúbio Soares, segundo informou seu advogado, José Antônio Duarte Alvares. Apermanência em Brasília, porém, deve ser temporária, já que a defesa vai pedir, na segunda-feira, a transferência para Cuiabá (MT), onde vivem a mulher e os filhos de Henry.

Duarte Alvares afirmou ontem que pretende encaminhar sugestões de trabalho para o deputado. "Ele é médico, com três especialidades. Não vai ser difícil receber uma oferta de emprego", afirmou. Henry é médico-legista, clínico geral e hiperbárico.

Essa não é a primeira vez que Henry renuncia ao mandato. Em 2005, quando veio à tona o escândalo do mensalão, ele era líder do PP. Em março de 2006, foi absolvido pelo plenário.

No julgamento do caso no Supremo, a maioria dos ministros entendeu que o ex-deputado participou das negociações que levaram ao repasse de, pelo menos, R$ 3 milhões do valerioduto para o PP e ao uso da corretora Bônus Banval para distribuir o dinheiro. Henry nega que tenha tratado de assuntos financeiros com o PT e diz que não tinha conhecimento da origem ilegal dos valores recebidos por seu partido.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em nova homenagem a condenados, PT critica distanciamento do Planalto

João Paulo, já sentenciado, diz que máfia dos fiscais é maior que mensalão

Fernanda Krakovtcs

BRASÍLIA- Com críticas a setores do governo Dilma que pregam o distanciamento do Palácio do Planalto do tema do mensalão, o PT fez ontem mais uma hoi menagem aos petistas condenados e presos. O ato ocorreu um dia após a abertura do 5º Congresso do partido, anteontem, ter se transformado em desagravo a José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, condenados por corrupção ativa e formação de quadrilha.

Além de parentes dos três, também discursou o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), condenado no mensalão a nove anos e quatro meses, mas ainda aguardando o julgamento dos recursos. Os petistas não esconderam o ressentimento com o Planalto e com setores do partido que defendem virar a página, temendo prejuízos eleitorais.

No discurso, João Paulo comparou o mensalão com o escândalo dos fiscais da prefeitura de São Paúlo e com a formação de cartel e cobrança de propina em licitações de obras do metrô nos governos tucanos de São Paulo. Mas fez a ressalva de que corrupção é corrupção, independente do montante roubado:

— O Brasil do povo não é o Brasil desta elite. Dizem que o mensalão foi o maior escândalo político, com desvio de R$ 140 milhões. Cinco fiscais da prefeitura de São Paulo desviam R$ 500 milhões. Um contrato da Alstom desvia mais de meio bilhão (de reais).

João Paulo também fez referência ao deseja do Planalto e de setores do PT em se descolar do escândalo do mensalão:

— Tem gente que acha que não pode arrastar demais isso para não contaminar a eleição. Bobagem, 2006 foi assim, 2010 foi assim. Quando eles não tiverem mais nada para falar, vão tirar isso da prateleira, porque isso é política.

Também discursaram Joana Saragoça, filha de Dirceu, e o vereador de Goiânia Carlos Soares, irmão de Delúbio.

Líder do PT na Câmara, o deputado José Guimarães (CE) afirmou ter dito a Genoino, seu irmão, que, depois da solidariedade prestada pelo partido anteontem, com "a explosão dos delegados" nem era mais necessário o ato de ontem. Genoino está em prisão domiciliar, em Brasília.

— Ninguém cala a militância do partido, por mais que, às vezes, queiram fazer uma coisa mais contida, por conta de nossas obrigações. Se a ditadura militar não calou o PT, ninguém vai calar — disse Guimarães, para uma plateia de cerca de 300 militantes.

A presidente Dilma evita comentários sobre o assunto, tendo se manifestado uma única vez sobre o estado de saúde de Genoino. Ela tenta descolar o governo do mensalão e gostaria de virar essa página. O ex-presidente Lula não resiste em se solidarizar i com os companheiros, como fez com Dirceu anteontem. Lula disse que não falaria do assunto, a despeito das cobranças da militância, mas comparou a cobertura da imprensa sobre o mensalão com as de outras denúncias.

Fonte: O Globo

À espera de recurso, João Paulo investe contra STF e imprensa

Único deputado ainda em Liberdade rebate quem dizquemensalãofoi o maior escândalo do País: "Desvio do ISS foi maior"

João Domingos, Daiene Cardoso

BRASÍLIA - Para um auditório com metade das cadeiras ocupadas, o único deputado federal condenado no processo do mensalão em liberdade, João Paulo Cunha (SP), voltou a dizer ontem, durante o 5° Congresso Nacional do PT, que não cometeu nenhuma irregularidade quando foi presidente da Câmara (2003 a 2005) e que a pena de 9 anos e 4 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal foi "injusta".

João Paulo foi condenado por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e peculato. Ele entrou com embargos infringentes, recurso previsto quando o réu é condenado por maioria apertada dos magistrados, e aguarda decisão do Supremo sobre os pedidos.

Para o parlamentar, corrupção não tem termômetro. "Se rouba R$ 1 ou R$ 1 milhão é a mesma coisa", afirmou. João Paulo comparou o mensalão com o escândalo dos fiscais que cometiam fraudes em um esquema de sonegação do Imposto Sobre Serviços (ISS) em São Paulo. O deputado disse que a Procuradoria-Geral da República apontou desvios de R$141 milhões no mensalão, enquanto os desvios na capital paulista teriam chegado a R$ 500 milhões.

Mais uma vez, João Paulo negou que tenha havido desvio de dinheiro público no mensalão. "A Visanet é privada e dizem que é dinheiro público os empréstimos do PT foram comprovados pelo Banco Central e dizem que é desvio de dinheiro público", afirmou.

Para João Paulo, o País vive "tempos sombrios". "Daqui a 40, 50 anos, quando os historiadores se debruçarem sobre os registros desse caso em jornais e TVs, vão ver um Brasil. Mas se olharem a vida do povo, vão ver outro", disse. "Esse País que a elite registrou, por intermédio da mídia, é o País do ponto de vista deles. Não é o País do povo."

Cores. Na quarta-feira, em discurso na Câmara, João Paulo disse que não renunciará ao mandato e apresentou uma revista com sua defesa. Ontem, voltou a distribuir a publicação. João Paulo era o único a usar camiseta vermelha. Os parentes de outros condenados estavam de branco, segundo eles, em solidariedade aos presos, que só podem usar essa cor.

O ex-presidente da Câmara também criticou o que considera tratamento diferenciado aos réus do processo do mensalão mineiro - parte do caso foi desmembrado, o que garantiria mais de uma instância judicial.

João Paulo atacou a oposição por dizer que o mensalão é o maior escândalo político do Brasil. "Maior escândalo de quê? Eu já li que foi o maior escândalo político. Foi maior que a ditadura militar? Foi maior que o Estado Novo? Foi maior do que a escravidão? Foi maior do que deixar as mulheres sem votar até 1932? Foi maior do que deixar os analfabetos sem votar até 1989? Foi maior do que deixar o índice de analfabetismo que temos até hoje? Foi o maior escândalo político?"

Fonte: O Estado de S. Paulo

Falcão: PT não defende anular julgamento

O presidente do PT, Rui Falcão, disse que o pedido de anulação do julgamento do STF - feito por militantes durante a abertura do 5° Congresso do PT - não representa a posição oficial do partido. Ele também afirmou não considerar José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares presos políticos.

"Anular julgamento não é posição do PT"

Rui Falcão diz que manifestação de militantes não representa postura oficial do partido; para ele, ex-dirigentes não são presos políticos

João Domingos, Daiene Carâoso

BRASÍLIA - O presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão (SP), disse que o pedido de anulação do julgamento do Supremo Tribunal Federal não representa a posição oficial do partido. Escalado para coordenar a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição, Falcão afirmou não considerar como presos políticos o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino e o ex-tesoureiro Delúbio Soares.

O pedido de anulação do julgamento apareceu na quinta-feira à noite, durante a abertura do 5° Congresso do PT, quando Dilma e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram cobrados por militantes que chamavam Dirceu, Genoino e Delúbio de "guerreiros do povo brasileiro" e clamavam por solidariedade de outros petistas.

"São campanhas que se fazem, mas essa não é a posição do PT", afirmou Falcão. Na quinta-feira, o presidente do PT foi o único a defender publicamente os condenados, ao dizer que nenhum deles comprou votos no Congresso nem usou dinheiro público ou enriqueceu. "Se eu não falasse, vocês iriam dizer que eu fugi do assunto. Mas eu falei com moderação", afirmou o presidente do PT aos repórteres.

Suas declarações, contudo, não foram suficientes para desanimar ou conter os militantes, que continuaram ontem a defender um redirecionamento do partido a respeito do assunto. Ontem, eles ocuparam o auditório onde se realiza o congresso para fazer um ato em desagravo aos petistas presos.

Na mesa. O deputado Paulo Ferreira (RS), locutor oficial do encontro, chamou à mesa o deputado João Paulo Cunha (o único parlamentar envolvido no escândalo ainda em liberdade); Joana Saragoça, filha de José Dirceu; Carlos Soares, irmão de Delúbio Soares e vereador (pelo PT) em Goiânia; e o líder petista na Câmara, José Guimarães (CE), irmão de José Genoino. Para eles, a condenação dos parentes fez parte de uma ação da elite brasileira e da imprensa para desmoralizar o PT.

Joana Saragoça atacou o Supremo por "violar garantias humanas" dos sentenciados no julgamento e de cometer "ilegalidades" na execução das sentenças. Em sua opinião, seu pai foi "injustiçado por ter lutado por um País melhor".

Carlos Soares falou, emocionado, do "sofrimento da família" e concluiu que o "crime" imputado aos petistas se deve ao fato de o governo ter tirado "milhares de pessoas da pobreza".

Já o deputado José Guimarães disse ter estado ontem cedo com Genoino. Este pediu para que os militantes "não abandonem" os presos e se mantenham unidos na adversidade. Guimarães negou que tenha havido compra de votos e refutou as acusações de desvios de recursos públicos. "Se a ditadura militar não calou o PT, ninguém vai calar", emendou.

Discrição. Dilma, Lula e a cúpula do PT não queriam que a abertura do congresso, na quinta-feira, se transformasse em homenagem aos condenados do mensalão - tudo foi planejado para deixar as manifestações restritas aos parentes e amigos desses presos, ontem cedo uma hora em que funcionários do governo não estariam presentes. Houve, porém, pressão de correntes de esquerda do PT. Dilma foi avisada, ainda, de que era impossível conter a plateia e que seria necessária uma declaração mais firme do presidente do PT. Mesmo assim, servidores da Presidência tentavam impedir militantes de levar faixas para o auditório com apoio aos presos.

Ontem à tarde, a nova direção do PT se reuniu com a assessoria da Presidência para acertar diferenças. O Planalto está preocupado em diferenciar a comunicação do partido e a do governo. E, de seu lado, os petistas insistem em ter mais acesso às informações do Planalto para usá-las em programas de rádio e TV, entre fevereiro e maio de 2014. "Temos de ter conhecimento do que eles fazem", disse o novo secretário de Comunicação da legenda, vereador José Américo Dias (SP), presidente da Câmara Municipal de São Paulo.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Barbosa vira alvo de ataques em ato organizado pelo PT

Parlamentares e parentes dos condenados criticaram presidente do STF

Líder do partido na Câmara, Guimarães disse que todo petista precisa sair em defesa dos presos em 2014

Bernardo Mello Franco e Mariana Haubert

BRASÍLIA - O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, virou alvo de ataques ontem durante ato de desagravo do PT aos presos do mensalão.

Parlamentares e parentes dos réus se uniram para criticar o ministro, que foi relator do julgamento do maior escândalo do governo Lula.

Os ataques foram iniciados por Joana Saragoça, 24, filha do ex-ministro José Dirceu (Casa Civil). Ela mirou o STF e foi muito aplaudida ao defender o pai.

"O que se viu foi uma série de violações conduzidas pelo ministro Joaquim Barbosa para manter de pé a tese do mensalão, uma história mal contada e sem provas", disse ela. "Meu pai está preso injustamente por ter lutado para fazer do Brasil um país melhor. Todos sabemos que o julgamento foi marcado pela exceção", acrescentou.

O deputado João Paulo Cunha (PT-SP), que aguarda em liberdade o julgamento de seu último recurso, desafiou Barbosa. Ele voltou a contestar a condenação pela prática de peculato (desvio de dinheiro público por servidor).

"O que eu tenho pedido é o seguinte: Diga, ministro Joaquim Barbosa, o que foi que eu desviei. Ele não diz. Sabe por que ele não diz? Porque não tem", disse Cunha.

Homenageado no debate por sua defesa dos condenados, o jornalista Raimundo Pereira, 78, também atacou Barbosa. Ele estendeu os ataques a outro ministro do STF, Gilmar Mendes, a quem acusou de dizer "mentiras deslavadas" sobre os réus.

"Estou dizendo isso porque sou mais velho do que ele. Ele pode me chamar para as vias de fato, se quiser", afirmou.

O presidente do PT, Rui Falcão, assistiu aos ataques ao STF sem se manifestar.

Incômodo
Petistas também expressaram incômodo com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, que evitaram defender os réus na abertura do encontro, anteontem.

O Planalto trabalhou nos bastidores para evitar que a presidente fosse vinculada a atos de desagravo do partido, que tem necessidade de dar resposta ao público interno.

Irmão de José Genoino, o líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE), afirmou que todo o partido precisa sair em defesa dos presos na campanha eleitoral de 2014.

"Não tem como separar o PT desses companheiros", disse. "Se eu disputar outro cargo, vou continuar a defender os nossos companheiros. Eu não me envergonho de ser irmão do Genoino."

O deputado também incitou os militantes a sair com a estrela do PT na lapela e a defender os condenados.

"Ninguém pode se intimidar nem levar desaforo para casa", disse. "Não tem que ficar chorando pelos cantos, não. Temos que ir para as ruas e desfraldar a bandeira do PT. Estamos doídos, mas não estamos mortos."

Ele acrescentou que os parentes dos réus só encontraram forças "para suportar estes últimos dias de 2013" graças ao apoio de militantes e movimentos sociais.

Black Blocs
Hoje os petistas discutirão o texto final do encontro, com orientações para 2014.

Uma ala do partido quer tirar da versão original as críticas ao vandalismo nas manifestações de rua e à ação dos "black blocs".

Novo secretário de comunicação do partido, o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, José Américo, disse que alas jovens do petismo consideram esse método "legítimo".

Fonte: Folha de S. Paulo

O PT constrange o Planalto, de novo

Em gesto que desagrada ao governo, petistas voltam a homenagear condenados pelo Supremo no julgamento da Ação Penal 470. Apesar de a maioria dos ministros do STF terem sido indicados por Dilma e Lula, militância faz ataques à Corte

Amanda Almeida e Paulo de Tarso Lyra

A contragosto do Palácio do Planalto e dos estrategistas da campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, o PT voltou ontem a dividir o debate sobre a renovação do partido com as homenagens aos petistas presos no processo do mensalão. Depois de constranger o governo ao exaltar os condenados diante de Dilma, que participava da abertura do evento na noite de quinta-feira, os militantes do partido fizeram ontem o ato oficial de desagravo ao ex-ministro José Dirceu, ao ex-tesoureiro Delúbio Soares, ao ex-deputado José Genoino e ao deputado João Paulo Cunha, colocando-os como “heróis da legenda”.

Com ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à imprensa, os petistas voltaram a se colocar como injustiçados e vítimas de um processo político, mas em nenhum momento citaram que, dos 11 ministros do Supremo, oito foram nomeados por Dilma ou Luiz Inácio Lula da Silva. No ato, parentes dos três presos e o próprio Cunha foram saudados aos gritos de “Dirceu, guerreiro do povo brasileiro”, seguidos com a mesma frase, mas com o nome dos outros. Cunha foi o mais enfático no discurso. Disse que “alguns” querem afastar o tema das eleições, mas que é uma “besteira”. “Usaram em 2006, em 2008, em 2010, em 2012. Vão usar em 2014 e sempre. Mensalão virou como um produto na prateleira que, quando eles não tiverem mais nada para falar de nós, tiram da prateleira.”

A repetição do desagravo não agradou ao Planalto. O presidente do partido, Rui Falcão, tentou negar a saia justa. “Não vi nenhum constrangimento na presidente. Ela estava contente, tirando fotos. Ela não me mostrou o discurso dela nem eu o meu”, disse Falcão, que citou o mensalão em sua fala e criticou o STF, formado hoje por maioria indicada pelos governos petistas. Já Dilma se limitou a listar conquistas do PT nos últimos anos e fez cara séria enquanto o colega falava sobre a Ação Penal 470.

No Planalto, a menção ao tema foi considerada quebra de acordo. E o descontentamento da presidente ficou explícito nas imagens expostas nos dois telões. Ontem, o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, esteve no congresso e se reuniu com integrantes da comunicação do partido. Segundo o novo secretário de Comunicação da legenda, José Dias, a conversa foi para “melhorar” a sintonia entre partido e governo.

O Correio apurou que o governo aproveitou o encontro para desenhar uma linha entre o que é a comunicação do PT e o que é a do governo. A preocupação é deixar claro que as manifestações do partido — especialmente no que se refere ao julgamento do mensalão — não encontram ecos no governo. E que cada uma das partes terá o seu papel institucional bem definido nessa política de comunicação. A necessidade de separação ficou ainda mais clara após uma recente pesquisa de opinião mostrando que 87% do eleitorado do PT são favoráveis à prisão dos petistas envolvidos no mensalão.

Exceção
O ato de desagravo deu voz a parentes dos condenados. Emocionada, a filha de Dirceu, Joana Saragoza, leu uma carta e também criticou o STF. “Todos sabem que o julgamento foi marcado pela exceção e com vários objetivos de atingir o partido que ousou mudar a realidade e governar para a maioria. O Supremo violou importantes garantias constitucionais para levar ao banco de réus e à cadeia importantes líderes do nosso partido.” O vereador de Goiânia Carlos Soares, irmão de Delúbio, falou pela família. E o deputado e líder da bancada petista na Câmara, José Guimarães, irmão de Genoino, discursou a favor do ex-deputado.

Em outro momentos de constrangimento para o governo, houve uma mesa de debates com líderes de segmentos sociais e intelectuais. O coordenador nacional do Movimento Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, disse que é mais fácil marcar audiência com o papa do que com Dilma. “O governo vai acabar o ano tendo assentado apenas 150 famílias. Qualquer hora, vamos chamar a (senadora) Kátia Abreu (do PMDB-TO, uma das líderes da agropecuária), que fala com a Dilma toda hora, para intermediar um encontro com ela”, ironizou.

Hoje, principal dia de debate do evento, pode haver mais constrangimento proporcionado pelo PT ao governo. Os militantes vão votar o texto-base do encontro, que promete polêmica. O documento foi elaborado pelo deputado Ricardo Berzoini e pelo assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, mas, ao longo do encontro, os militantes apresentam emendas. Há pelo menos 10 que não têm consenso e serão votadas. Uma delas diz respeito ao principal aliado do partido, com quem vive uma relação de gato e rato, o PMDB. A emenda entende que a legenda é conservadora e pretende acabar com alianças prioritárias com ela.

Fonte: Correio Braziliense

Ex-secretário de Justiça lança livro com ataques a Lula

RIO - O ex-secretário Nacional de Justiça Romeu Tuma Júnior lançou ontem o livro Assassinato de Reputações - Um Crime de Estado, no qual ataca Luiz Inácio Lula da Silva e acusa o partido do ex-presidente, o PT, de utilizar a máquina do governo federal para montar dossiês contra adversários.

Tuma Júnior, que é delegado, foi secretário do Ministério entre 2007 e 2010, durante o segundo mandato de Lula na Presidência da República. Na época, foi demitido por suspeitas de envolvimento com a chamada máfia chinesa. Parte do conteúdo do livro foi revelada na edição da semana passada da revista Veja.

Em uma das acusações mais polêmicas feitas no livro lançado ontem, o delegado afirma que Lula foi informante da ditadura. Segundo escreveu Tuma Júnior, o então líder sindical repassava dados sobre greves sob o codinome de "Barba" ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), onde atuava seu pai, Romeu Tuma. O petista ficou preso em 1980 por 30 dias no Dops, após greves no ABC.

Segundo Tuma Júnior, ao dar informações ao governo militar, Lula garantiu "privilégios" na prisão. O livro do delegado lista como privilégios noites de sono em um sofá do Dops e uma visita à mãe, dona Lindu, que estava gravemente doente.

Procurado, o Instituto Lula informou ontem que o ex-presidente não iria fazer comentários.

Reputações. Boa parte do livro é dedicada ao que o delegado chama de "assassinato de reputações". Diz que o então ministro da Justiça e hoje governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, o assediava para que vazasse documentos que prejudicariam adversários. Ele citao caso do cartel que começou a ser investigado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal em 2008.

Segundo Tuma Júnior, "começou a sair na imprensa que vinha informação da Alstom envolvendo os tucanos". "Um dia chegou o documento da Suíça, em nome da secretaria. Falei para não mandarem para o Ministério Público ainda: Lacrem o envelope, tragam para mim e avisemos ao ministro, porque chegou a bomba dos documentos da Alstom"?, escreve. As informações tinham como alvo principal Ronbson Marinho, ex-chefe da Casa Civil do governo tucano de Mário Covas. Eram relatórios enviados voluntariamente pelo país europeu. O ex-secretário de Justiça relata que, mesmo sendo documentos compartilhados por poucas pessoas, eles acabaram vazando mesmo assim.

Ele também critica a ação de parte dos promotores paulistas, "É importante registrar: no Ministério Público de São Paulo existe uma ala que sempre protegeu tucanos de alta plumagem".

Tuma Júnior também acusa outro ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, de pedir para que o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), fosse investigado após dizer que Lula sabia do mensalão. A ordem ao ministro, diz Tuma Júnior, teria sido dada por Gilberto Carvalho, braço direito do ex-presidente. Carvalho afirma que vai processar o delegado.

"Armação". O ex-secretário Nacional de Justiça atribui a ua demissão do cargo, em 2010, a uma "armação" do governo Lula com o Estado.

Em 5 de maio de 2010, o jornal publicou reportagem revelando que a Polícia Federal tinha interceptado gravações e e-mails- ligando-o a Li Kwok Kwen, o Paulo Li, acusado de ser um dos chefes da máfia chinesa em São Paulo.

A quadrilha era suspeita de ser especializada em contrabando de telefones celulares e venda de vistos permanentes.

"A pergunta que faço é: o que era mais importante para o Estadão noticiar? A foto do "chefe da máfia, um chinês, com o secretário Nacional de Justiça na China, ou entregando um presente para o presidente Lula (...)? Eu respondo: é óbvio que, se não fosse armação do governo com o jornal, se o indivíduo fosse mesmo um mafioso, o Lula estaria na capa do Estadão e não eu", escreve, referindo-se ao fato do então suspeito de integrar a máfia chinesa aparecer em várias fotos ao lado de autoridades da República.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Rede admite separação do PSB no apoio a candidatos a governador

Membros do partido de Marina não querem associação com nomes ligados a Aécio ou Dilma

Campos negocia apoio a nomes do PSDB em pelo menos seis Estados, e pode fechar com petistas em outros dois

Patrícia Britto

SÃO PAULO - Dirigentes da Rede Sustentabilidade admitem separação com o PSB em diferentes disputas estaduais, caso o novo aliado feche alianças com candidatos a governador ligados ao senador Aécio Neves (PSDB) ou à presidente Dilma Rousseff (PT).

Em busca de palanques regionais para sua provável candidatura ao Planalto, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, negocia acordos com nomes do PSDB em ao menos seis Estados, e com petistas em outros dois.

Essas negociações não agradam os dirigentes da Rede. Idealizado pela ex-senadora Marina Silva, o partido se uniu ao PSB em outubro após ter seu registro negado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

"Vamos tentar unificar o máximo possível nos Estados, mas, se não tiver unidade, cada um segue seu caminho. A Rede vai construir outra candidatura nesses Estados, que pode ser de outro partido", disse o coordenador do grupo Pedro Ivo, um dos mais próximos a Marina.

No último dia 8, Campos voltou a discutir com Aécio apoio mútuo em alguns Estados para reforçar a oposição à candidatura de Dilma.

O PSB cogita apoiar nomes tucanos em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Pará e Ceará, em troca do apoio do PSDB em Pernambuco, Paraíba e Roraima.

Campos e Aécio ainda poderão dividir palanque no Rio Grande do Sul, onde ambos deverão apoiar a candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao governo.

Mas o pernambucano também poderá dividir palanque com Dilma no Espírito Santo, Amapá, Acre e Rio --nos dois últimos, com candidato petista encabeçando a chapa.

No Rio, o senador Lindbergh Farias (PT), pré-candidato ao governo, convidou Romário (PSB) para possível coligação, mas o acordo ainda não saiu. Já no Acre, o PSB tem hoje o vice-governador César Messias e tende a manter a aliança pela reeleição de Tião Viana (PT).

Para integrantes da Rede, a prioridade é lançar candidaturas próprias do PSB para "despolarizar" o debate.

"Não tem sentido apresentar uma chapa alternativa ao governo federal para afirmar uma nova política e ter alianças para governo com PSDB ou com PT", afirma Pedro Ivo.

Esse ponto, que para o deputado Walter Feldman (PSB-SP) é hoje "um dos problemas mais sérios" da união Rede/PSB, deverá ser tema central de reunião entre dirigentes da Rede hoje em Brasília.

"Quando conversamos com o Eduardo [Campos], foi nessa perspectiva de criar uma terceira via. Esse foi o encanto daquele momento e sempre tivemos a perspectiva de essa linha se desdobrar nos Estados", diz Feldman.

O grupo ligado a Marina já levanta nomes que poderão apoiar nos Estados onde não sair a candidatura própria.

"Se tiver uma candidatura na qual a Rede possa colocar essa alternativa, fará sim", afirma o deputado Feldman.

Em São Paulo, onde o PSB avalia indicar o vice na chapa do governador Geraldo Alckmin (PSDB) à reeleição, a Rede poderá apoiar o vereador Gilberto Natalini (PV).

Também do PV, a deputada Rosane Ferreira pode ganhar o aval da Rede no Paraná, onde o PSB é aliado do PSDB e tende a apoiar a candidatura à reeleição do governador tucano Beto Richa.

A despeito das divergências regionais, integrantes da Rede dizem que a aliança com o PSB na disputa ao Planalto continua "muito firme".

Fonte: Folha de S. Paulo

Campos diz que defende o fim do fator previdenciário

Governador busca apoio de sindicalistas

RECIFE - Em almoço com representantes de confederações de trabalhadores e centrais sindicais, o governador de Pernambuco e provável candidato a presidente da República, Eduardo Campos (PSB), aderiu à bandeira dos sindicalistas de acabar com o fator previdenciário e acusou o governo Dilma Rousseff de não priorizar o assunto.

O fator previdenciário é um mecanismo instituído em 1999, no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), com o objetivo de desestimular aposentadorias precoces. Para o governo federal, sua extinção traria desequilíbrio às contas da Previdência.

"Houve R$ 140 bilhões de desoneração [fiscal]. O impacto do fim do fator previdenciário seria de R$ 3 bilhões, segundo as últimas negociações com os sindicatos. Está aí claro que não houve priorização para isso", disse Campos. "Eu teria feito desonerações também, mas teria priorizado o [fim do] fator previdenciário, porque isso vai direto para a renda e iria animar o consumo", completou.

Compareceram ao encontro de ontem no Recife dirigentes da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), UGT (União Geral dos Trabalhadores), Nova Central e Força Sindical, além de representantes de 14 confederações de vários setores.

A Força Sindical é ligada ao deputado Paulinho da Força (SDD), que tende a apoiar o senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao Planalto.

Fonte: Folha de S. Paulo

Eduardo ataca falta de diálogo da gestão Dilma

Governador vê pacto político mofado e "amadorismo"

Bruna Serra

Pouco mais de um mês depois de o senador Aécio Neves (PSDB) realizar um almoço com as principais centrais sindicais do Brasil, o governador-presidenciável Eduardo Campos (PSB) seguiu pelo mesmo caminho. Pediu ao braço sindical de seu partido que organizasse um almoço com lideranças sindicais, a missão coube ao vice-presidente do partido, Roberto Amaral.

O encontro ocorreu ontem em uma casa de eventos de Boa Viagem. Campos foi o anfitrião de um encontro em que criticou a falta de diálogo do governo federal e disse que vai "superar essa falsa polarização" do debate eleitoral entre PT e PSDB.

"Nenhuma das outras forças pode dar a segurança que a população precisar para melhorar o país. Nós vamos superar uma falsa polarização. A sociedade não aceita mais o pacto político de Brasília, que está mofado", disparou, sob aplausos de 12 confederações sindicais e três sindicatos nacionais que representam mais de 40 milhões de trabalhadores.

Afirmando que tem chance de "vencer o jogo", o presidenciável do PSB disse que conhece as queixas em relação à falta de diálogo do governo federal e se mostrou preocupado com as dificuldades que isso pode gerar nas ações de retomada do crescimento.

"Não é só de vocês que eu tenho escutado reclamações sobre a falta de diálogo, eu também tenho conversado com empresários e eles falam sobre isso. Eu tenho falado com políticos, prefeitos governadores, parlamentares. Não é um privilégio dos senhores. Eu acho que o diálogo é muito importante porque quando um governo fecha os ouvidos, ele fecha junto os olhos", destacou. Para Eduardo Campos a retomada do crescimento "não é serviço para amadores".

Ao final do encontro, cada um dos representantes dos sindicatos ganhou de brinde uma sacola da Fundação João Mangabeira - entidade que o PSB criou para realizar formação política - com três livros. Campos recebeu um documento dos sindicalistas defendendo, entre outras questões, mais espaço para os sindicatos nas políticas de governo.

Financiamento
Questionado sobre a votação em curso no Supremo Tribunal Federal que analisa o fim da contribuição de empresas para campanhas eleitorais, Campos disse ser favorável ao fim das contribuições privadas. "Tudo que vier a diminuir a presença do dinheiro na campanha política ajuda forças como a nossa, que nunca tiveram estrutura para fazer campanha. Torço para que isso seja um ponto de um grande debate da reforma sistêmica. Agora tem que vir um forte processo de repressão ao caixa 2 e ao dinheiro sujo", disparou.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Aécio lança 'cartilha' com bases do programa

Erich Decat

Numa tentativa de se antecipar aos adversários da disputa presidencial de 2014 e garantir o discurso de temas centrais da vida dos eleitores, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), lança na próxima terça-feira uma cartilha com 12 pontos que deverão ser a "raiz" das suas propostas de governo para a disputa eleitoral.

Segundo tucanos próximos ao projeto, ainda não foi definido até o momento um nome para o documento, mas o conceito passará pelo tema da "mudança" - o mesmo adotado no programa partidário de rádio e TV que adotou o mote "quem muda o Brasil é você".

Os 12 pontos foram fechados ontem e o documento deverá ser apresentado à Executiva Nacional do partido na manhã de terça-feira e divulgado ao público à tarde em evento que está sendo marcado para o Auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados.

Temas. Na carta deverão constar os temas que foram discutidos nos últimos meses por Aécio Neves em encontros e debates com lideranças das áreas social, econômica, do meio ambiente, do agronegócio, da segurança pública e da educação, entre outros.

Dentro da questão econômica, Aécio Neves deve reforçar as críticas ao intervencionismo do Estado" - que, na avaliação da legenda, tornou-se uma das razões para a fuga de investimentos do País. A questão da intervenção do governo deverá ser relacionada a outro ponto em que serão abordadas a política externa e as chamadas "cadeias globais" de mercado.

Uma das críticas que deverão ser feitas à atuação do governo Dilma Rousseff, no campo das relações exteriores, diz respeito ao "Viés ideológico" na tomada de decisões. O documento pretende ainda levantar um debate sobre o que considera "falta de transparência" nas operações entre o Tesouro Nacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Em julho, Aécio Neves cobrou da tribuna do Senado informações sobre os empréstimos que o banco concedeu a outros países. "Estamos oficiando ao BNDES no sentido de que haja transparência nos financiamentos que essa instituição financeira tem dado a outros países, em especial a Cuba e Angola, agora carimbados como transações secretas, de segurança nacional", disse o senador na ocasião.

A discussão sobre o papel das agências reguladoras criadas na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também deverá entrar no debate a ser lançado pelos tucanos. O entendimento de parte da sigla é que elas foram enfraquecidas pelo aparelhamento realizado pelo governo do PT.

O documento, segundo alguns integrantes da legenda, não pretende ser um programa fechado de governo mas lançar diretrizes que servirão como um norte para serem utilizadas durante o próximo embate eleitoral de 2014.

Cobrança "Estamos oficiando ao BNDES no sentido de que haja transparência nos financiamentos que essa instituição financeira tem dado a outros países, em especial a Cuba e Angola, agora carimbados como transações secretas, de segurança nacional". Aécio Neves, Senador (PSDB-MG), em discurso no senado em julho

Fonte: O Estado de S. Paulo

Gilmar compara STF a grêmio estudantil

Ministro do Supremo chamou de "estudantada" a votação pela Corte, do fim das doações feitas por empresas para campanhas eleitorais

Gilmar critica decisões do STF

Para o ministro do Supremo, a Corte não deveria ser a alçada de debate sobre doações de empresas a políticos. Ele compara a postura dos colegas a um "grêmio estudantil que decidiu mudar o mundo"

Leonardo Augusto

BELO HORIZONTE — O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes chamou de “estudantada” a votação, pela Corte, do fim das doações de campanhas eleitorais por empresas. “Não há uma disciplina específica. É um grupo de alunos em um grêmio que agora decidiu reformar o mundo”, disparou. Para o ministro, o financiamento de candidatos e partidos por pessoas jurídicas deveria ser discutido pelo Congresso Nacional no âmbito da reforma do sistema político.

Até a sessão da última quinta-feira, quatro ministros do STF haviam votado pelo fim das doações por pessoas jurídicas. Falta o posicionamento de sete integrantes da Corte. O julgamento, porém, só deve ser concluído no ano que vem por causa de um pedido de vista do ministro Teori Zavascki.

Gilmar Mendes, apesar de entender que o assunto não deveria ser tratado pelo Supremo, é a favor de que candidatos recebam dinheiro de pessoas jurídicas. Para ele, é preciso apenas definir regras claras para essa contribuição. “Não vejo problema, desde que haja transparência. Nas grandes democracias, as empresas, em geral, participam (das eleições). Nos Estados Unidos, há associações que financiam a compra de horário na televisão”, argumentou.

Vexame
O magistrado disse que o resultado da discussão no STF pode não ser satisfatório. “Até brinquei na sessão (de quinta-feira). Nós já cometemos um grave erro este ano. Declaramos a inconstitucionalidade da emenda dos precatórios e, quando se viu, ela era boa, permitia o pagamento parcelado das dívidas. O que restou ao Supremo Tribunal Federal foi mandar aplicar a emenda que foi declarada inconstitucional. Então, eu disse: ‘um vexame por ano é suficiente’.”

Na avaliação de Gilmar Mendes, se criadas dificuldades para o financiamento de políticos e de partidos, quem está no poder leva vantagem porque sempre terá espaço na mídia, seja com as campanhas institucionais de governo, seja no noticiário do dia a dia. “A imprensa cobre quem dá notícia. Prefeitos, presidente, governadores. É preciso olhar para a questão não com simplismo, e sim, ter cuidado com esse tipo de intervenção.” Segundo o ministro, se o caso fosse discutido pelo Poder Legislativo, a Câmara e o Senado teriam condições de “estabelecer balizas e um modelo que fosse implementado com o tempo”.

A ida da discussão sobre o financiamento de campanhas eleitorais por empresas ao Supremo Tribunal Federal provocou polêmica e reações da classe política no Congresso Nacional. Perguntado se a votação pela Corte poderia gerar atrito entre os dois Poderes, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), respondeu laconicamente: “Cada dia com sua agonia”.

Para Gilmar Mendes, embates entre o Poder Judiciário e o Congresso Nacional são inevitáveis, tendo em vista a função de controle da constitucionalidade pelo STF. “O Congresso aprova leis e emendas que, depois, são submetidas ao Supremo, o que acaba instituindo a tensão. Muitas vezes, o Tribunal as invalida. Agora, é preciso que a Corte não se arvore em um novo congresso. Quando disser que a lei é inconstitucional, que o faça em parâmetros claros para que não se deslegitime. Caso contrário, o Congresso entenderá que somos mais uma câmara política e que estamos em disputa com o próprio Congresso”, disse o ministro, reconhecendo que, como há limites tênues entre as atribuições dos dois Poderes, cabe ao Judiciário ser claro em suas decisões.

Aniversário
O ministro Gilmar Mendes foi ontem a Belo Horizonte para proferir uma palestra na Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) sobre os 25 anos da Constituição brasileira, promulgada em 1988. O magistrado disse que a longevidade do texto magno, apesar de várias alterações pontuais já realizadas, se deu porque a Carta garantiu a coexistência e o pleno funcionamento dos Três Poderes da República, do Ministério Público e da imprensa, que goza de liberdade.

“Nós já cometemos um grave erro este ano: declaramos a inconstitucionalidade da emenda dos precatórios e, quando se viu, ela era boa, permitia o pagamento parcelado das dívidas. O que restou ao Tribunal foi mandar aplicar a emenda que foi declarada inconstitucional. Então, eu disse: ‘um vexame por ano é suficiente’”

“Nas grandes democracias, as empresas em geral participam (das eleições). Nos Estados Unidos, há associações que financiam a compra de horário na televisão” Gilmar Mendes, ministro do STF

Fonte: Correio Braziliense