quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

A apuração se impõe – Editorial / O Estado de S. Paulo

Embora nada contenham de realmente novo, são graves demais para não serem rigorosamente investigadas as denúncias do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza sobre o envolvimento pessoal do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o mensalão. Como revelou anteontem este jornal, em 24 de setembro passado o operador do esquema, condenado na antevéspera pelo Supre¬mo Tribunal Federal (STF), mas antes de ser apenado a 40 anos de prisão, procurou a Procuradoria-Geral da República para acusar Lula de praticamente tudo de que ele já foi acusado desde que o ex-guerrilheiro e 1 fundador do PT Paulo de Tarso Venceslau foi expulso do partido por ter revelado, de público, o método petista de governar visando, a qualquer preço, à maior permanência possível no poder e à ampliação máxima da es¬fera do governo. De novo, realmente, apenas as despesas pessoais de Lula bancadas por dinheiro sujo do PT.

Além disso, no depoimento que se estende por 13 páginas, Valério fez ainda diversas outras afirmações, entre elas a de que Paulo Okamotto, amigo próximo de Lula e atual diretor do instituto que leva o seu nome, o teria ameaçado de morte se não se "comportasse". Em Paris, onde foi colhido pela notícia, Lula se limitou a dizer que é tudo "mentira". Para a presidente Dilma Rousseff, trata-se de uma "lamentável" tentativa de destituir o antecessor da "imensa carga de respeito" do povo brasileiro por ele. O presidente petista, Rui Falcão, declarou que "a mídia e o Ministério Público não deveriam dar crédito a alguém que, condenado, tenta reduzir suas penas caluniando o PT". Aqui e ali, talvez para fomentar uma conveniente confusão, se disse que o Estado "denunciou" Lula. O que o jornal fez foi apenas noticiar com apropria¬do destaque as denúncias de Valério.

A desqualificação do denunciante, por sua vez, visa claramente a impedir que as suas imputações sejam apuradas. O que conta, como também é óbvio, não são os motivos que o levaram a falar aos procuradores, mas o que possa haver de verdadeiro nas suas palavras. A título algum, portanto, podem ser descartadas de ante¬mão, por ser o que é quem as proferiu. Assim se manifestaram o presidente do STF, Joaquim Barbosa (que teve acesso "oficiosamente" ao texto), e dois de seus pares, os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mel¬lo, ao defender que Lula seja investigado. A decisão cabe ao procurador-geral Roberto Gurgel. Ele vai esperar o término do julgamento do mensalão, na próxima semana, para resolver se tomará a si a incumbência ou se a encaminhará a uma instância inferior do organismo, dado que Lula, ex-presidente, não goza de foro privilegiado. Estará decepcionando quem passou a admirá-lo pela atuação que teve no caso do mensalão, se decidir pelo arquivamento das denúncias. Pressões nesse sentido não faltarão.

No julgamento do mensalão, Dilma instruiu a sua equipe a não se manifestar - o assunto, argumentou, não envolvia o seu governo. Desta vez, porém, fez saber que o Planalto se engajará na blindagem de Lula, desacreditando aquele que, pela primeira vez-e com presumível conhecimento de causa - apontou o dedo para o antecessor. A base aliada não perdeu tempo em fazer a sua parte, a começar do titular do Senado, José Sarney. Quando esteve no pelourinho por irregularidades na Gasa, anos atrás, Lula disse que ele não poderia ser tratado co¬mo "uma pessoa comum". Sarney acaba de retribuir a barretada, alçando Lula à condição de "patrimônio do País". Bons democratas que são, cada qual, portanto, considera o outro in¬vulnerável por definição. A rigor, foi o que o ex-presidente vinha conseguindo, ao se manter no vestíbulo dos escândalos que inundavam a copa e a cozinha de seu governo e as dependências em geral de seu partido.

A mágica, ao que tudo indica, parou de funcionar. Algo realmente novo e mais grave do que tudo que se sabia ate agora surgiu há cerca de três semanas, quando a Polícia Federal expôs os malfeitos da namorada de Lula, Rosemary Noronha, na chefia do ! escritório da Presidência da República em São Paulo, em que ele a colocou. Agora vem Marcos Valério pôr em xeque mais uma vez o alegado alheamento de Lula das enormidades que os seus principais companheiros cometiam em benefício do governo petista. Essa história está apenas começando.

A conta sempre chega – Miriam Leitão

Diariamente, há notícias estranhas. Todas somadas, são assustadoras. A Caixa comprou debêntures de frigorífico, o BNDES perdeu R$ 1 bilhão por não converter seus papéis em ações de outro frigorífico. O Tesouro emitiu mais R$ 20 bilhões para o BNDES. Diretores de agências reguladoras são apanhados em escândalos. Surgiu dúvida nova sobre um braço já extinto do Banco do Brasil.

Só nesses casos acima há vários absurdos com os quais os brasileiros têm se acostumado. As agências reguladoras deveriam ser independentes e ter quadros com capacidade técnica. São fundamentais para que haja um ambiente confiável e estável para os investimentos. Quando o PT assumiu, em 2003, as agências foram criticadas por representarem a "terceirização" de funções governamentais. Agora se vê que a verdadeira "terceirização" foi a entrega de cargos fundamentais, como diretorias, para a Rose e seus Vieiras.

É estapafúrdio que a Caixa Econômica Federal vire sócia de frigorífico. Não faz sentido. Ela está a um passo disso: comprou integralmente as debêntures da holding do JBS, o J&F, o mesmo grupo que foi beneficiado por compras de debêntures pelo BNDES, em operação semelhante. A empresa fez, anos atrás, emissão de papéis que foram totalmente comprados pelo banco público e depois convertidos em ação. Hoje, o BNDES tem 40% do capital do frigorífico. Além disso, o mesmo grupo recebeu empréstimos subsidiados em volume exorbitante. No caso da Marfrig, foi pior. O BNDES decidiu perder R$ 1 bilhão porque se fosse exercer seu direito contratual viraria dono da empresa. Os benefícios concedidos por este governo ao setor de carne são inexplicáveis. Agora, passou a ajudá-los através da Caixa Econômica Federal.

O Banco do Brasil criou, em dezembro de 2003, uma subsidiária cuja função supostamente seria emprestar para a população de baixa renda. O infeliz Banco Popular do Brasil (BPB) existiu por pouco tempo e enquanto durou fez a alegria de Marcos Valério, dono da conta publicitária. No primeiro ano de existência, o BPB gastou com publicidade um valor superior às operações de crédito que havia concedido. Segundo o jornal "Estado de S.Paulo", no depoimento que o publicitário - condenado por corrupção a mais de 40 anos de cadeia - concedeu ao Ministério Público, ele contou que tinha que pagar mesada ao PT por algumas contas de publicidade que recebeu. Uma delas, a do finado Banco Popular do Brasil. Detalhe é que não houve uma licitação específica do Banco Popular. O então presidente da instituição, Ivan Guimarães, disse que era normal gastar bastante com publicidade no início, porque depois os gastos cairiam. O problema é que não houve o depois. Permanentes são apenas os ecos daquela estranha operação bancária nunca devidamente explicada.

Cada um desses eventos acontece separadamente. Se fossem casos únicos já seriam preocupantes, mas, somados, mostram a cara de um país que está cometendo erros demais. Um deles o de colocar em aventuras os bancos públicos para beneficiar as empresas privadas favoritas. Outro, o de desmoralizar a função de órgãos que foram criados para regular áreas estratégicas.

O Brasil este ano está com um desempenho econômico pífio. O PIB está estagnado e a inflação está alta. Mas essa conjuntura pode ser revertida no ano que vem. O problema é que os erros que vêm sendo cometidos deixam herança. Como o Brasil aprendeu dolorosamente no passado, não se brinca com a saúde financeira dos bancos públicos porque eles têm um dono: o Tesouro. Sobre as costas dos contribuintes é que cairá a conta quando ela chegar. Na economia, a conta sempre chega.

Fonte: O Globo

Consenso perigoso - Amir Khair

Após inúmeros pacotes com estímulos ao setor produtivo para que ele se torne mais competitivo e invista, os resultados segundo o IBGE foram de um fraco crescimento de 0,6% neste terceiro trimestre em relação ao anterior. Anualizado, esse crescimento seria de apenas 2,4%. O resultado surpreendeu o Ministério da Fazenda, o Banco Central e a maioria dos analistas, que projetavam um avanço ao redor de 1%.

Algumas análises atribuem essa diferença à metodologia inadequada do IBGE na estimativa da contribuição do setor financeiro, cujo spread (diferença entre os juros cobrados dos clientes e o custo de captação do banco) menor seria, segundo o IBGE, a causa da contribuição negativa desse setor ao PIB. Ocorre que houve no período forte expansão do crédito. Segundo Chico Lopes, ex-presidente do Banco Central, o IBGE falhou ao não entender adequadamente os efeitos da redução do spread bancário no cálculo do índice; se considerado o ajuste, o PIB teria subido 1,2% em vez de 0,6%.

De qualquer forma, foi criada uma dúvida sobre a metodologia do IBGE. Já se fala que o critério atual subestima a realidade dos investimentos e que, oportunamente, será feita nova metodologia recalculando o PIB dos últimos anos para reparar isso.

Enquanto não ficar claro o impacto da metodologia sobre o cálculo do PIB, vale observar que neste ano foram feitas desonerações da quota patronal do INSS, queda da Selic, melhora no câmbio e melhores condições oferecidas pelo BNDES nos empréstimos às empresas.

Todos esses estímulos não foram suficientes para observar resultados favoráveis nos indicadores do setor produtivo. Aí começam a surgir teorias de todo gosto. Entre elas, com maior destaque, vale citar a defendida pelo ministro da Fazenda de FHC, Pedro Malan, que, em artigo no Estado de domingo passado, afirmou que há um quase consenso entre economistas de que a chave para o nosso crescimento econômico sustentado é o aumento de nossa taxa de investimento dos atuais 18%.

Algumas análises afirmam que o nível adequado para permitir crescimentos de 4% ao ano seria de 22% em vez de 18%. Antes esse consenso defendia a taxa de 25%.

Fato é que não existe evidência empírica para justificar 22% ou 25%. Na década de 50, o País cresceu em média 7,4% por ano e a taxa de investimento média nesse período foi de 16,4% (!). Na década de 1960, cresceu 6,2% ao ano e a taxa foi de 18,2% (!) e, na década de 1980, cresceu parcos 1,7% ao ano e a taxa foi de 21,8% (!). Portanto, não há base empírica para essa "tese".

Os defensores do investimento apontam para essa "solução" dos 22%, mas param por aí. Não avançam na avaliação da composição do investimento nem dos condicionantes do seu comportamento.

A primeira observação é que os investimentos respondem por apenas 20% do crescimento do PIB, ficando 60% para o consumo das famílias e 20% para as despesas dos governos federal, estadual e municipal.

Além de pesar pouco na composição do PIB, 80% do investimento é feito pelas empresas e apenas 20%, pelo setor público.

Apostar todas as fichas no investimento das empresas pode não levar a nenhum resultado, pois, em época de crise internacional, o empresário fica receoso sobre o impacto dela em seus negócios e tende a não arriscar sua empresa. Por outro lado, apostar todas as fichas no investimento público é desconhecer suas dificuldades, marcadas pela lentidão e pelo alto custo devido ao cipoal burocrático e ao baixo nível de controle e gestão.

Ao contrário do quase consenso de economistas, defendo que o investimento é consequência, e não causa, do crescimento e que, para crescer, é necessária a retirada das travas que inibem o consumo, onde a principal é a taxa de juros bancária. Mas isso não basta. É necessária uma maior desvalorização cambial para R$ 2,50, para que o aumento do consumo não vaze para o produto importado. Aí surgem os guardiões da inflação, afirmando que desvalorizar o real vai gerar inflação. Mas não foi o que ocorreu quando o câmbio foi desvalorizado em 31% desde agosto do ano passado.

Enquanto a política econômica não se libertar do fantasma da inflação e não corrigir juros bancários e câmbio, corre-se o risco de cair nos quase consensos dos 22%.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma é derrotada e Rio recorre ao Supremo

Congresso aprova requerimento de urgência para analisar veto da presidente

Estados produtores querem evitar quebra de contratos e perdas bilionárias

Por ampla maioria, em sessão tumultuada, deputados e senadores aprovaram ontem o requerimento de urgência para análise dos vetos da presidente Dilma a artigos do projeto que redistribui os royalties do petróleo. O movimento foi articulado por estados não produtores. Um dos vetos foi sobre a divisão dos recursos de campos já licitados, o que significaria quebra de contratos e imporia perdas bilionárias a Rio e Espírito Santo. A bancada do Rio vai pedir ao Supremo Tribunal Federal que anule o resultado da sessão. Ontem, a Câmara aprovou a MP 579, que altera as regras para o setor elétrico.

Dilma perde no Congresso

Por ampla maioria, parlamentares aprovam urgência para apreciar vetos a projeto dos royalties

Cristiane Jungblut

BRASÍLIA, RIO e PARIS - Em uma sessão tumultuada, presidida pela deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), o Congresso aprovou ontem, por ampla maioria, requerimento de urgência para a análise dos vetos da presidente Dilma Rousseff a artigos do projeto de lei que redistribui os royalties do petróleo, em movimento articulado pelos estados não produtores. No total, 409 parlamentares (348 deputados e 61 senadores) votaram a favor do requerimento, e 91 (84 deputados e sete senadores), contra.

A bancada do Rio de Janeiro tentou impedir a votação, apontando falhas regimentais, mas os apelos foram ignorados. O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) anunciou que ingressaria com mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo a anulação da sessão. Outros parlamentares do Rio farão o mesmo hoje.

- Vamos lutar no Supremo. A questão está indo para um caminho que é a judicialização. A derrubada desse veto será ruim para a federação e para o Brasil - disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

A presidente Dilma fez 23 vetos na lei de redistribuição dos royalties. O mais importante é o que assegura o cumprimento dos contratos nas áreas já licitadas. Com a aprovação do requerimento de urgência, esses vetos serão apreciados em sessão do Congresso na próxima terça ou quarta-feira, as últimas antes do recesso.

Na avaliação de parlamentares do Rio, se o recurso ao STF não for acolhido, a tendência é que o Congresso derrube os vetos, o que deve provocar uma enxurrada de ações na Justiça questionando a constitucionalidade da redistribuição dos royalties.

Esse primeiro recurso ao STF, segundo Molon, é baseado no argumento de que a votação de ontem não poderia ter ocorrido. Os parlamentares alegam que o veto em si não estava na pauta original da sessão e que sua leitura era precondição para que o requerimento fosse analisado. Além disso, argumentam que o veto não fora publicado no Diário do Congresso e que apenas uma cópia do jornal circulou no momento da sessão.

- Na democracia, prevalece a vontade da maioria, mas temos regras de respeito à minoria. O regimento foi totalmente desrespeitado. E fizeram uma edição fantasma do Diário do Congresso, que só tem uma cópia - disse o senador Francisco Dornelles (PP-RJ).

Outros parlamentares das bancadas de Rio e Espírito Santo protestaram contra a votação do requerimento de urgência, destacando que mais de três mil vetos aguardam na fila para análise. Mas os discursos e manifestações na sessão, que durou mais de três horas, evidenciaram que os estados produtores ficaram isolados na defesa do regimento, prevalecendo a vontade dos representantes dos estados não produtores, em maioria. Em uma demonstração do isolamento dos estados produtores, nenhum partido encaminhou contra o requerimento, nem entre os da base aliada. O PT liberou a bancada, e o PMDB encaminhou a favor.

- A pressão é muito grande para votar a derrubada do veto na semana que vem. Hoje é um dia histórico, há muito tempo não via uma votação assim no Congresso. Se for derrubado o veto, serão recolocados dispositivos no texto e, então, o governo poderá enviar uma nova MP para adequar o texto diante dos dispositivos recompostos - disse o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS).

Geralmente, as sessões do Congresso são esvaziadas, mas a de ontem teve 434 deputados e 68 senadores. A sessão começou pouco antes das 14h, quando os estados produtores sofreram a primeira derrota, porque a bancada do Rio tinha certeza de que não haveria presença mínima para a abertura dos trabalhos.

A decisão de Rose de Freitas, que bancou a votação mesmo sendo representante do Espírito Santo, produtor de petróleo, irritou parlamentares do Rio. Nos bastidores, eles acusaram a deputada de ter "traído" os produtores e de estar em campanha para a Presidência da Câmara.

A sessão foi marcada por gritos e dedos em riste. A deputada chegou a ser cercada, diversas vezes, por parlamentares como Anthony Garotinho (PR-RJ) e Lindbergh Farias. Gritando "vota" parlamentares de estados não produtores pressionavam pela votação da urgência.

- O que os senhores estão fazendo? Por favor, isso é o Congresso Nacional! - disse Rose de Freitas, em um dos momentos de maior tensão, indignada com a gritaria. - É importante que a gente saiba que ninguém vai matar ninguém nesta sessão. É simples. Vamos votar.

No fim da sessão, justificou-se:

- Não tinha outra saída. Este assunto tinha que ser votado.

Espírito Santo prepara ação no STF

O governador do ES, Renato Casagrande (PSB), afirmou na noite de ontem que o estado já está preparando uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) para entrar no STF caso o Congresso derrube os vetos da presidente.

- O Congresso continua marchando em direção à insensatez. Está tomando uma decisão superficial, emotiva, que desrespeita a Constituição - afirmou.

Casagrande ainda pretende evitar a apreciação dos vetos presidenciais na próxima semana. Ele quer tentar convencer líderes partidários, os presidentes do Senado e da Câmara e outros parlamentares a evitar a análise dos vetos. Mas já prepara a ação judicial.

Procurado, o governador do Rio, Sérgio Cabral, não se pronunciou sobre a decisão do Congresso.

Em Paris, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que, após a redução do preço da energia elétrica, o próximo passo do governo é trabalhar pela redução do custo do gás no país.

- A queda do custo da energia é fundamental, e isso está sendo implementado no Brasil. Depois que os EUA descobriram o gás de xisto, eles reduziram o patamar internacional do gás. Então, temos que reduzir o custo do gás de alguma maneira - disse.

Fonte: O Globo

A ordem é confundir

Acuado por mais uma avalanche de denúncias, o PT exercita sua mais conhecida tática: posa de vítima e tenta transformar acusadores em acusados. Com seu líder máximo envolvido em suspeitas de ter embolsado dinheiro da corrupção e de ter permitido que quadrilhas de cama e mesa atuassem fogosamente em seu governo, o partido dos mensaleiros sai atirando. Chega a soar como deboche.

Ontem, o PT acionou todas as suas armas para tentar desqualificar o depoimento dado por Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República em setembro. Pôs porta-vozes chapa-branca para defender Luiz Inácio Lula da Silva; fez circular propostas mirabolantes, como a de uma nova candidatura do ex-presidente; apelou, mais uma vez, à militância; e, claro, fez de tudo para que nadinha das denúncias venha a ser apurado.

O objetivo é claro: tentar impedir que as graves revelações que o operador-mor do mensalão fez, três meses atrás, aos procuradores em Brasília sejam elucidadas. Os petistas também tentam evitar a todo custo que o ex-presidente da República venha a público tentar explicar como seu governo foi tomado por tanta corrupção. Por que te calas, Lula?
Antes tão verborrágico, agora o líder máximo dos petistas cerca-se de parrudos seguranças para não ser admoestado pela imprensa. Ocorreu ontem, mais uma vez, na França: "A sala, que no dia anterior tinha um am¬plo espaço para os jornalistas, ontem estava repleta de seguran¬ças, que restringiram acesso aos palestrantes", descreve O Estado de S.Paulo.

Deve ser o temor de perguntas dardejantes que cobrarão respostas definitivas que Lula, provavelmente, não terá como dar. "Eloquente no ataque, na defesa Lula se esconde atrás de porta-vozes. Por que ele mesmo não fala? Tanto resguardo faz supor que necessite mesmo de prote¬ção. Quem o faz inimputável, autoriza a suposição de seja também indefensável", comenta Dora Kramer.

Mas o que o PT faz de pior é manipular instrumentos institucionais para instigar adversários políticos. Ocorreu novamente ontem, quando uma obscura comissão da Câmara aprovou convite ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para falar sobre uma pilha de papéis forjados por falsários que até a Polícia Federal já desacreditou. Diz muito o fato de tal instância ser presidida por Fernando Collor de Mello, que incluiu também Roberto Gurgel no convite...

Foi uma "atitude que beira a zombaria", na precisa síntese do Correio Braziliense. Que também se completa com a ameaça, feita pelos governistas, de instalar uma CPI sobre o processo de privatização das estatais durante a gestão tucana. Da parte da oposição, nada a temer: a oportunidade pode até se mostrar boa para defender uma mudança que se provou muito benéfica para o país.

Manobras diversionistas patrocinadas pelo PT e seus probos aliados são estratagemas de um grupo político delituoso que percebe que, cedo ou tarde, será chamado a prestar contas ao país. Segundo O Globo, já se dá de barato entre os petistas que uma investigação sobre as falcatruas de Lula - das contas pessoais pagas pelo dinheiro sujo do mensalão às algazarras que Rosemary Noronha promovia no governo em nome dele - será "inevitável".

O temor dos partidários dos mensaleiros diante do que vem por aí é tanta que eles já fazem circular teses segundo as quais abrirão mão de disputar as eleições de 2018 - como se a de 2014 já estivesse no papo de Dilma Rousseff... - em favor de aliados como Eduardo Campos (segundo o Valor Econômico, ele já decidiu ser candidato daqui a dois anos, embora não tenha definido a quê).

Propostas e teses inverossímeis, no mínimo. Alguém no mundo político crê em acordo eleitoral firmado com seis anos de antecedência? Mais: com sua credibilidade estilhaçada e suas perspectivas de poder começando a ir a pique, o que o PT teria a oferecer a possíveis aliados futuros, senão um abraço de afogados?

Em meio a tanta picaretagem, resta ao PT e a seu líder máximo apelar para a memória afetiva de seus seguidores e ressuscitar iniciativas de antanho, como a caravana com a qual o então apenas ex-metalúrgico percorreu o país na década de 90. A diferença é que, naquela época, Luiz Inácio Lula da Silva encarnava a esperança. Hoje, ele é a personificação de todos os males que a sociedade brasileira gostaria de ver extirpados da vida nacional.

Fonte: Instituto Teotônio Vilela

Gal Costa - Vapor barato - 22/09/2012

A morte - Graziela Melo

A morte
É uma meia volta
que não tem volta!

Só tem ida!

É como
um beco
que não tem
saída!

No dia,
os vivos
te molham
em copioso
pranto...

mas logo
esquecem
do teu
encanto

e se reengajam
nas seduções
da vida!

A morte
é só tua
e de mais ninguém

sempre
para o teu mal
nunca
para o teu bem!!!

Cruel e má
te priva
dos teus
sapatos preferidos

das tuas roupas
dos teus entes
mais queridos...

entre tantas
maldades,
que não
são poucas...

te priva do ar
da terra
de ver o céu
o mar,

as estrelas

te tira da vida,
as coisas
mais belas!!!

Te leva do mundo
Por caminhos tortos...

Os mortos
sabem de tudo!!!

Por isso
e contudo,

a pior ironia
é a ironia
dos mortos!!!


Rio de Janeiro, 04/08/2011

100º Aniversário de Luiz Gonzaga - Asa Branca

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

OPINIÃO DO DIA – Aécio Neves: ecos do mensalão

Está difícil até de acompanhar. Estávamos nos articulando em relação à denúncia da semana passada, e agora já surgiu uma nova. A capacidade do PT de produzir agenda negativa é maior do que nossa capacidade de enfrentá-las.

Aécio Neves, senador (PSDB-MG)
.

Manchetes dos principais jornais do Brasil

O GLOBO
Ecos do mensalão - Dilma reage a Marcos Valério e defende Lula
Dois anos depois, tudo igual - Serra despreparada para as chuvas
Sinais trocados: Juros voltaram a subir no crédito
Incerteza na Venezuela: Chávez é operado de novo em Cuba

FOLHA DE S. PAULO
Presidente do Supremo quer Lula investigado no mensalão
Para Lula, Marcos Valério mentiu em depoimento
Condenado, João Paulo faz críticas a Joaquim Barbosa
'Cobaia humana' poderá ser paga para pesquisas
Estados Unidos vão reconhecer opositores de Assad na Síria
Iranianos e russos estudam bloqueio à compra da carne brasileira

O ESTADO DE S. PAULO
BB arrecadava para PT, diz Valério
Joaquim Barbosa afirma que Lula tem de ser investigado
PF apura se Rose e irmãos Vieira ocultam bens
Chávez é operado e aliados estão apreensivos
Habeas corpus tira Cachoeira da prisão
Para Anatel, serviços de teles não evoluíram

VALOR ECONÔMICO
Fundos e dívidas atreladas à Selic compensam novo ICMS
Vale vai pagar R$ 1,4 bilhão em royalties
Oposição quer ouvir Valério no Congresso
Estoques fazem a 'armadilha do pibinho'

CORREIO BRAZILIENSE
DF tem 17 cidades com terras ilegais
Livre outra vez, Cachoeira faz ameaças
Na França, apoio. No Brasil, crise
PIB brasileiro no fim da fila do continente

ESTADO DE MINAS
Governo fica com até 78% do seu natal
Mensalão: Lula nega ter recebido dinheiro de Valério

O TEMPO (MG)
Ministros do STF entendem que Lula deve ser investigado
Vale acerta contas com cidades
Cachoeira é solto e se diz `garganta profunda´ do PT

ZERO HORA (RS)
Novas denúncias elevam a pressão contra Lula

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Valério joga Lula no centro do mensalão
Prejuízo de R$ 500 milhões com seca
Empresas estão pessimistas sobre empregos

O que pensa a mídia - Editoriais dos principais do Brasil

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Ecos do mensalão - Dilma reage a Marcos Valério e defende Lula

Operador do mensalão disse ter pagado despesas do então presidente da República


Em evento em Paris, ex-presidente evitou a imprensa e afirmou apenas que não poderia "responder a mentiras"


Dilma sai em defesa de Lula

"É mentira", diz ex-presidente sobre depoimento de Valério ligando-o diretamente a esquema

Fernando Eichenberg

PARIS e BRASÍLIA - Em sua primeira visita oficial à França, a presidenta Dilma Rousseff se viu obrigada a se pronunciar sobre as novas acusações de Marcos Valério, operador do mensalão, envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o esquema. Apesar de dizer que essa era uma questão que ela deveria responder no Brasil, Dilma saiu em defesa de seu antecessor.

- Todos sabem do meu respeito e da minha amizade pelo presidente Lula, então eu repudio todas as tentativas, e essa não seria a primeira vez, de tentar destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem - disse a presidente, ao ser questionada pela imprensa brasileira na entrevista que deu ao lado do presidente da França, François Hollande, no Palácio do Eliseu, residência oficial do presidente francês.

Ontem, o jornal "O Estado de S. Paulo" divulgou que o operador do mensalão, Marcos Valério, em depoimento prestado à Procuradoria Geral da República (PGR) em 24 de setembro deste ano, afirmou que recursos do mensalão foram usados para pagar contas pessoais do então presidente Lula. O operador do esquema disse que foram feitos dois repasses, um deles de R$ 100 mil, para a conta da empresa de Freud Godoy, ex-assessor da Presidência da República.

Dilma ressaltou o balanço de governo de Lula, e o inocentou no escândalo do caso do mensalão.

- Eu respeito o presidente Lula porque ele foi o presidente que desenvolveu o país, e é responsável pela distribuição de renda mais expressiva dos últimos anos, pelo que fez internacionalmente, pela sua extrema amizade pela África, pelo seu olhar para a América Latina, e pelo estabelecimento de relações iguais com os países desenvolvidos do mundo. Eu não poderia deixar de assinalar que eu considero lamentáveis essas tentativas de desgastar a imagem do presidente Lula. Acho lamentável - encerrou Dilma, que logo em seguida foi aplaudida por integrantes de sua comitiva presentes na sala.

Após a fala da colega, o presidente François Hollande também quis se manifestar sobre o ex-presidente, sem entrar em detalhes sobre a política interna brasileira:

- Lula tem na França uma imagem considerável. Ele constantemente defendeu os princípios de justiça e de solidariedade, ao mesmo tempo garantindo ao Brasil um desenvolvimento econômico excepcional. Aqui o presidente Lula é uma referência - disse.

Lula também estava em Paris, mas, visivelmente contrariado com a situação, recusou-se a falar com jornalistas ao deixar seu hotel, no início da tarde, para se dirigir ao Centro de Conferência Ministerial, onde assistiu à abertura do Fórum pelo Progresso Social, que teve discursos pronunciados por Dilma e Hollande. Ele também evitou a imprensa durante o evento, organizado em conjunto pelo Instituto Lula e pela Fundação Jean-Jaurès, ligada ao Partido Socialista (PS). Sua única declaração foi dada à TV Globo.

- Não posso acreditar em mentiras. Não posso responder mentiras - disse, recusando-se a responder quaisquer outras perguntas.

Valério diz que Lula deu aval a empréstimos ao PT

Além de afirmar no depoimento à PGR que Lula teve despesa pessoais pagas por recursos do esquema, Valério, segundo o "Estado de S. Paulo", mencionou que uma reunião foi realizada no segundo andar do Palácio do Planalto, no começo de 2003, em que estavam presentes o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

O encontro serviu para acertar que Valério contrataria empréstimos com bancos para financiar o mensalão, segundo o depoimento à PGR. Após a reunião, os três teriam subido por uma escada até o gabinete do presidente Lula. O encontro durou três minutos e serviu para Lula dar o "ok" à transação com os bancos, de acordo com o depoimento de Valério.

O operador do mensalão também denunciou um suposto acordo de Lula com a Portugal Telecom para financiamento em R$ 7 milhões do caixa do PT. O então ministro da Fazenda, Antonio Palocci, teria participado da negociação. O dinheiro foi depositado na conta de publicitários que prestaram serviços para campanhas de candidatos do partido, conforme o depoimento à PGR.

Valério relatou ainda uma suposta ameaça de morte feita por Paulo Okamotto, amigo do ex-presidente e diretor do Instituto Lula. "Tem gente no PT que acha que a gente devia matar você. Ou você se comporta, ou você morre", teria dito Okamotto.

No mesmo depoimento, o operador do mensalão disse que o PT paga a conta dos R$ 4 milhões cobrados pelos advogados de Valério para defendê-lo no processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O pagamento, segundo o depoente, é uma contrapartida aos serviços prestados ao partido no esquema do mensalão.

O prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho, também foi citado por Valério como intermediário de uma medida provisória que favoreceu o Banco BMG no programa de crédito consignado a aposentados. Coube a Marinho negociar a edição da medida quando era era presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), em 2003, segundo o depoimento prestado à PGR.

Ainda de acordo com Valério, ele teria sido procurado pelo PT para que providenciasse R$ 6 milhões, dinheiro que serviria para o fim de supostas chantagens contra Lula no caso do assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel (PT). Valério citou também repasses à campanha do senador Humberto Costa (PT-PE) ao governo de Pernambuco, em 2002. O valor depositado, segundo Valério, foi de R$ 512.337.

Fonte: O Globo

BB arrecadava para PT, diz Valério

Empresário afirmou que ex-diretor do Banco do Brasil e ex-presidente do Banco Popular do Brasil cobravam pedágio de agências de publicidade

O empresário Marcos Valério afirmou que Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, e Ivan Guimarães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, criaram um pedágio para o PT. Em depoimento prestado em setembro à Procuradoria-Geral da República, revelado ontem pelo Estado, Valério diz que os ex-dirigentes dos bancos estabeleceram que 2% do valor dos contratos das agências de publicidade com as instituições teria de ir para o caixa do partido. Em 2003, primeiro ano do governo Lula, a DNA Propaganda, de Valério, renovou o contrato com o Banco do Brasil. O valor estimado dos gastos com publicidade era de R$ 152,8 milhões, segundo o Ministério Público Federal. A renovação teria rendido a Pizzolato, condenado no processo do mensalão, mais de R$ 300 mil de contrapartida. Entre março de 2000 e junho de 2005, a agência de Valério respondia por 39,77% da verba publicitária do banco. O PT não comentou a denúncia. O advogado de Pizzolato contestou a acusação. Ivan Guimarães não foi encontrado.

PT cobrava "pedágio" de agências, diz Valério

Empresário afirmou no depoimento prestado em 24 de setembro que 2% dos contratos com o Banco do Brasil ia para caixa do partido

Felipe Recondo, Alana Rizzo, Fausto Macedo

BRASÍLIA - O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza afirmou no depoimento prestado em 24 de setembro à Procuradoria-Geral da República que di¬rigentes do Banco do Brasil es¬tipularam, a partir de 2003, uma espécie de pedágio às agências de publicidade que prestavam serviços para a ins¬tituição financeira pública: 2% de todos os contratos eram enviados para o caixa do PT, acusou o homem apon¬tado como o operador do mensalão pelo Supremo Tri¬bunal Federal.

O Estado revelou ontem que, neste mesmo depoimento, dado à subprocuradora da República Cláudia Sampaio e à procurado¬ra da República Raquel Branqui¬nho, Valério afirmou que dinhei¬ro do esquema que pagou parla¬mentares do Congresso entre 2003 e 2005 também serviram para pagar "despesas pessoais" do ex-presidente Luiz Inácio Lu¬la da Silva. O empresário tam¬bém afirmou, entre uma série de novas acusações, que Lula deu "ok" aos empréstimos fraudu¬lentos que viriam a irrigar o men¬salão.

Segundo Valério disse no de¬poimento, o suposto esquema de desvio de dinheiro público que teria de ir para a publicidade foi criado por Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil - também condenado no julga¬mento do mensalão -, e Ivan Gui¬marães, ex-presidente do Banco Popular do Brasil, No período co¬nhecido como de operação ple¬na do mensalão, de 2003 a 2004, o Banco do Brasil pagou, segun¬do dados CPI dos Correios, pelo menos R$ 434 milhões a agên¬cias de publicidade. Ao longo desse período de dois anos, a DNA, empresa de Valério que de¬tinha um dos contratos, aumen¬tou sua participação nos acor¬dos enquanto o bolo das demais agência declinava. Ainda no primeiro ano de go¬verno do ex-presidente Lula, a DNA conseguiu renovar o contra¬to com o Banco do Brasil. O valor estimado dos gastos de publicida¬de era de R$ 152,8 milhões, segun¬do informações do Ministério Pú¬blico Federal. A renovação teria rendido ao ex-diretor de Marke¬ting Henrique Pizzolato, réu no processo do mensalão, mais de R$ 300 mil de contrapartida.

Além da DNA, a licitação 01/2003 originou contratos com a Ogilvy Brasil Comunicação Lt¬da e a D+Brasil Comunicação To¬tal. Entre março de 2000 e junho de 2005, a agência de Valério res¬pondia por 39,77% da verba pu¬blicitária do banco. Os dados são da CPI dos Correios.

Os contratos firmados em se¬tembro de 2003 entre o Banco do Brasil e as três agências alcan¬çavam todo o conglomerado do Banco do Brasil, incluindo em¬presas ou entidades que fossem criadas e a Fundação Banco do Brasil Comandado por Ivan Gui¬marães, o Banco Popular do Bra¬sil funcionava como uma subsi¬diária integral, cuja autorização de funcionamento foi publicada em dezembro de 2003.0 ex-pre¬sidente também esteve envolvi¬do no episódio da compra do apartamento da ex-mulher de Jo¬sé Dirceu por Rogério Tolentino, sócio de Marcos Valério.

Segundo o MPF, os desvios no Banco do Brasil foram prati¬cados por meio dos chamados bô¬nus de volume, que consistia na, violação de cláusulas de contra¬to que permitiam a DNA se apro¬priar de valores que teriam que ser devolvidos. Pizzolato teria autorizado a prática em troca de propina. O que o depoimento de Marcos Valério revela agora é que a negociação teria incluí¬do outra cláusula: o repasse pa¬ra o PT.

Além disso, os recursos de pu¬blicidade fornecidos pela Visa¬net do Banco do Brasil teriam si¬do desviados por meio de antecipações autorizadas por Pizzolato em benefício da empresa de ! Marcos Valério. Na denúncia, o I MPF afirma que o dinheiro foi repassado sem que o serviço ti¬vesse sido prestado e sem qual¬quer garantia de contrapartida. O contrato da DNA com o Banco do Brasil sequer atingia as ver¬bas de publicidade da Visanet.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Joaquim Barbosa afirma que Lula tem de ser investigado

O presidente do STF, Joaquim Barbosa, defendeu que o ex-presidente Lula seja investigado pelo Ministério Público, após as denúncias de Marcos Valério. Barbosa disse que teve acesso ao depoimento: "Tomei conhecimento oficioso, não oficial". Segundo integrantes da Corte, Barbosa e o procurador-geral Roberto Gurgel não quiseram misturar as novas declarações com o processo do mensalão. Gurgel disse que aguardará o fim do julgamento.

Presidente do STF diz que Lula tem de ser investigado

Felipe Recondo, Mariãngela Gallucci

BRASÍLIA - O presidente do Supremo Tri¬bunal Federal e relator do men¬salão, Joaquim Barbosa, defen¬deu ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja in¬vestigado pelo Ministério Pú¬blico. Barbosa confirmou que teve acesso às 13 páginas do de¬poimento prestado por Mar¬cos Valério em setembro à Procuradoria-Geral da República.

No depoimento, cujo conteú¬do foi revelado ontem pelo Esta¬do, Valério acusou Lula de rece¬ber recursos do esquema para pa¬gar despesas pessoais e de ter da¬do o "ok" para a tomada de em¬préstimos bancários fraudulen¬tos que constituíram a fachada fi¬nanceira que bancou o mensalão (mais informações no quadro ao la¬do). A oitiva ocorreu em 24 de se¬tembro, em Brasília, dias depois de o empresário mineiro ter sido condenado como o operador do mensalão, esquema de pagamen¬to de parlamentares que, segun¬do o Supremo, serviu para com¬prar apoio político no Congresso entre 2003 e 2005, no primeiro mandato de Lula no Planalto.

Na ocasião, o empresário minei¬ro, além de fazer novas revela¬ções, afirmou que ainda tinha mais a falar. Queria, em troca, pro¬teção e redução da sua pena - ele viria a ser condenado a mais de 40 anos pelo Supremo por sua parti¬cipação no mensalão; Valério res¬ponde ainda a outros processos, como o do mensalão mineiro, no qual políticos são acusados de des¬viar dinheiro público do governo de Minas a fim de abastecer, em 1998, a campanha à reeleição do então governador tucano Eduar¬do Azeredo, ex-presidente do PSDB e hoje deputado federal.

Barbosa afirmou que conhe¬cia o depoimento de Valério. "Tomei conhecimento oficioso, não oficial", disse. O ministro preferiu não fazer juízo de valor sobre a gravidade das denúncias feitas por Valério, mas disse que o Ministério Público deve abrir uma investigação sobre os fatos. Ao ser perguntado se o ex-presi¬dente deveria ser investigado, afirmou: "Creio que sim"

Dias depois de Valério prestar o novo depoimento, a íntegra foi re¬metida para o Supremo. Mas Bar¬bosa, relator do processo, devol¬veu o depoimento para o Ministé¬rio Público. De acordo com inte¬grantes da Corte, Barbosa e o pro¬curador-geral da República, Ro¬berto Gurgel, não quiseram mistu¬rar as novas declarações com o jul¬gamento da ação penal do mensa¬lão. Por isso, o depoimento não foi anexado ao processo.

Os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello também de¬fenderam uma nova investiga¬ção sobre as declarações do em¬presário. "Isso aí, se procedente, é muito grave", disse Marco Auré¬lio sobre a afirmação de Valério de que dinheiro do mensalão pa-gou despesas pessoais de Lula.

Ambos disseram que even¬tuais suspeitas contra o ex-presi¬dente não podem ser incluídas no processo que está em fase fi¬nal de julgamento pelo STF. Mas as investigações poderiam trami¬tar perante a Justiça Federal em um inquérito autônomo ou ain¬da poderiam ser incluídas em ou¬tros procedimentos já em anda¬mento no Judiciário. "Sabemos que o que está aqui (no STF) é um porcentual muito pouco sig¬nificativo do que se fez", afir¬mou Mendes. Para o ministro, um eventual inquérito para apu¬rar suspeitas contra Lula não tra¬mitará no STF. "Ele não detém prerrogativa de foro", disse.

Segundo os ministros, o depoi¬mento de Valério não afeta o pro¬cesso em julgamento no Supre¬mo, mas pode influenciar os pro¬cedimentos abertos na Justiça Fe¬deral, como o que apura suspeitas de irregularidades em emprésti¬mos concedidos pelo BMG.

Para os ministros, o fato de Va¬lério ter dado a declaração lan¬çando suspeitas sobre Lula não garante ao empresário o benefí¬cio da delação premiada no julga¬mento do mensalão. "Se tivesse feito isso lá no início, quando o inquérito estava tramitando, aí ele poderia ser tido como dela¬tor", disse Marco Aurélio. Consi¬derado o operador do esquema, Valério foi condenado pelo STF a mais de 40 anos de prisão.

CAMINHO DA ACUSAÇÃO

O Ministério Público pode...

Arquivar o depoimento por en¬tender não haver elementos para abrir qualquer investigação

Abrir procedimento interno para fazer uma investigação pré¬via sobre as acusações

Depois se houver indícios...

Pedir a abertura de um inquéri¬to no Supremo nos casos dos citados com foro privilegiado, como é o caso do senador Hum¬berto Costa (PT-PE)

Instaurar inquérito em instân¬cias inferiores do Ministério Públi¬co para investigar os citados sem foto privilegiado, como é o caso do ex-presidente Lula

Depois, se houver provas...

Denunciar os envolvidos à Justiça a fim de que as acusa¬ções sejam julgadas

Fonte: O Estado de S. Paulo

Gurgel só tomará decisão após o fim de julgamento

Eduardo Bresciani

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, informou ontem que vai esperar a conclusão do jul¬gamento do mensalão no Supre¬mo Tribunal Federal para anun-ciar qual encaminhamento dará ao novo depoimento do empresá¬rio Marcos Valério. O documento não faz parte de nenhum proces¬so e Gurgel terá de decidir se vai apurar a acusação, enviá-la a ins¬tâncias inferiores ou arquivá-la. No depoimento, Valério afir¬mou que o ex-presidente Luiz Iná¬cio Lula da Silva deu o "ok" para o mensalão e teve despesas pes¬soais pagas pelo esquema. O ex-presidente teria se reunido com a direção da empresa Portugal Tele¬com para negociar uma remessa de R$ 7 milhões para o Partido dos Trabalhadores.

Como Lula é ex-presidente e não tem mais foro privilegiado,, uma possibilidade levantada den¬tro do Ministério Público seria a de remeter o caso à primeira ins¬tância. Se adotar esse caminho, Gurgel cuidaria somente da acu¬sação contra o senador Humber¬to Costa (PT-PE), que teria sido beneficiado pelo valerioduto.

A presença do senador abre uma porta para que o procura¬dor-geral fique com toda a inves¬tigação. Assim, a cúpula do MP teria o controle da investigação.

Gurgel pode ainda enviar infor¬mações para processos que são desmembramentos da ação prin¬cipal do mensalão. Um deles, que trata de empréstimos feitos no banco BMG, tramita no STF.

O procurador-geral também pode abrir um procedimento in¬terno, numa espécie de investiga¬ção prévia. Outra opção é Gurgel entender que não há novos dados e arquivar o depoimento.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Oposição pedirá investigação de denúncias

PSDB, DEM e PPS vão entrar com representação no MP e tentarão ouvir Valério no Congresso

Fernanda Krakovics, Isabel Braga

BRASÍLIA - Partidos de oposição, PSDB, DEM e PPS anunciaram ontem que vão entrar com representação na Procuradoria Geral da República (PGR) pedindo investigação da acusação feita pelo operador do mensalão, Marcos Valério, de que o ex-presidente Lula deu aval para o esquema de corrupção que resultou no mensalão. Os oposicionistas também tentarão ouvir o pivô do escândalo no Congresso.

O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), e o líder do partido na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), cobraram a abertura de inquérito para investigar a atuação do ex-presidente "como verdadeiro chefe da quadrilha do mensalão". O PPS já havia feito em novembro um pedido de investigação à PGR sobre o mesmo assunto. Na ocasião, a maioria de PSDB e DEM avaliou que não havia elementos suficientes e temiam que a abertura de um novo flanco de apurações atrapalhasse o julgamento do mensalão.

- Lula já estava complicado com o caso da ex-chefe de gabinete Rosemary Noronha, sua amiga íntima, que foi indiciada pela Polícia Federal por formação de quadrilha. Agora vem à tona a confirmação do que já sabíamos: ele era o verdadeiro chefe do mensalão. O lamentável é que, em vez de se explicar à nação, Lula se esconde no exterior - criticou Bueno.

Presidenciável do PSDB, o senador Aécio Neves (MG) ironizou a sucessão de escândalos que atinge o PT e Lula:

- Está difícil até de acompanhar. Estávamos nos articulando em relação à denúncia da semana passada, e agora já surgiu uma nova. A capacidade do PT de produzir agenda negativa é maior do que nossa capacidade de enfrentá-las.

Sobre a ação do Ministério Público, Aécio foi cauteloso:

- Confio na serenidade e firmeza do procurador-geral da República para examinar essas denúncias e dar a elas um outro encaminhamento, vendo se merecem a abertura de inquérito para ver a suposta participação do ex-presidente Lula - afirmou Aécio.

Senadores e deputados tucanos já apresentaram requerimentos de convite para ouvir Valério em comissões da Câmara e do Senado. O intuito é desgastar o governo, que deve mobilizar sua base para impedir a aprovação dos pedidos.

- Não podemos gerar falsas expectativas, mas se não apresentamos (os requerimentos), parece que não estamos cumprindo nosso dever. E, se apresentamos, parece que estamos gerando falsas expectativas - ponderou o líder Álvaro Dias.

Do grupo dos independentes, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF) considerou as acusações "muito graves" e comparou a situação ao caso do ex-presidente Fernando Collor de Melo:

- Se tivesse acontecido (o depoimento de Valério) durante o mandato, e fosse comprovado, era motivo de impeachment. O Collor foi por causa de um Fiat Elba, além da denúncia de financiamento de gastos privados.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) cobrou providências do Ministério Público e disse que Lula não está acima da lei:

- Por mais que o ex-presidente Lula tenha feito um bom governo, ninguém acumula créditos para que não possa ser investigado.

Fonte: O Globo

Base quer evitar ida de Valério ao Congresso

Presidentes de Câmara e Senado defendem Lula, "patrimônio do país"

Isabel Braga, Cristiane Jungblut e Fernanda Krakovics

BRASÍLIA - Numa reação orquestrada para desqualificar o último depoimento dado ao Ministério Público pelo operador do mensalão Marcos Valério, líderes aliados e os presidentes da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Senado, José Sarney, foram veementes ontem ao defender o ex-presidente Lula. A base aliada se mobilizou para evitar a aprovação de um convite para que Valério fale no Congresso.

- Não li. Se ele (depoimento) existiu, é uma profunda inverdade. A pessoa que disse isso não tem autoridade para falar do presidente Lula, um patrimônio do país - disse Sarney.

Maia afirmou que as afirmações de Valério são desequilibradas. E criticou a oposição:

- Não acredito nisso. Representa mais jus sperneandi do Marcos Valério. Não é algo que mereça crédito, consideração, não merece sequer investigação do Ministério Público. Deve ser mandada para o arquivo. É um exagero propor isso (o depoimento na Câmara). Dar ouvido a esse cidadão é dar ouvido a um criminoso.

Em tom mais duro, o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), chamou Valério de delinquente e disse que Lula é "uma pessoa de ficha limpa, reconhecida no Brasil e internacionalmente" por seu governo.

- Quem faz um tipo de depoimento desses, depois de anos, é por desespero. Não vamos trazer um delinquente para vir falar. Ele tem que estar preocupado com as condições dos presídios. O presidente Lula é uma pessoa respeitada no Brasil e lá fora, é patrimônio do povo brasileiro - disse Tatto.

Líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), também exaltou o legado de Lula:

- Assistimos todos estupefatos às declarações atribuídas a Marcos Valério, que, lamentavelmente, saca acusações sem nenhuma prova, credibilidade nem fato concreto, atacando a imagem, a reputação e a conduta do político Luiz Inácio Lula da Silva.

Citado como beneficiário do mensalão no depoimento de Valério ao Ministério Público, o senador Humberto Costa (PT-PE) divulgou nota refutando "qualquer tentativa de envolvimento do seu nome com qualquer irregularidade que seja".

O senador Jorge Viana (PT-AC) disse que estão querendo fazer o "mensalão 3" e cobrou a investigação do mensalão do PSDB de Minas:

- Gostaria que o Marcos Valério falasse da origem do mensalão, o do PSDB, do qual, lamentavelmente, alguns companheiros do PT resolveram fazer uma cópia malfeita.

Fonte: O Globo

Em liberdade, após segunda prisão, bicheiro ameaça petistas

"Sou o garganta profunda do PT", disse Carlinhos Cachoeira

Vinicius Sassine

BRASÍLIA - Após sair da prisão, ontem, em Aparecida de Goiânia (GO), o bicheiro Carlinhos Cachoeira ameaçou o PT com supostas revelações que incriminariam pessoas ligadas ao partido. O bicheiro ganhou a liberdade em consequência de mais uma decisão favorável do desembargador Tourinho Neto. O magistrado do Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região concedeu habeas corpus ao contraventor, preso na última sexta-feira, e revogou a prisão preventiva determinada pelo juiz federal Alderico Rocha Santos, responsável pelo processo da Operação Monte Carlo, em Goiânia. A decisão de Tourinho foi o quarto habeas corpus concedido a Cachoeira, após recursos contra decisões na primeira instância da Justiça.

Na saída do presídio de segurança máxima, deu rápidas declarações à imprensa em que insinuou possíveis revelações sobre os governos do PT.

- Sou o "garganta profunda" do PT - disse o contraventor aos jornalistas que o aguardavam na saída do presídio.

Condenado a 39 anos de reclusão

Cachoeira estava preso em razão de uma mandado de prisão preventiva expedido com a sentença que o condenou a 39 anos, oito meses e dez dias de reclusão. Na decisão, o juiz Alderico estipulou um tempo de prisão temporária de dois anos e uma fiança de R$ 10 milhões, se o bicheiro optasse por contestar a sentença em liberdade. O recurso foi apresentado anteontem e, ontem à tarde, Tourinho concedeu o habeas corpus. A decisão foi proferida às 14h50m e, às 15h16m, um e-mail foi enviado para a secretaria da 11ª Vara Federal em Goiânia.

"No nosso ordenamento jurídico, não existe prisão preventiva quantificada em tempo", disse o desembargador na decisão pela soltura do réu. Para Tourinho, a liberdade de Cachoeira não representa riscos para a ordem pública, como argumentou o juiz Alderico. Os dois magistrados já trocaram ofensas em ofícios expedidos ao longo da tramitação do processo da Operação Monte Carlo.

Foi a segunda vez que o bicheiro deixou a prisão desde a deflagração da Operação Monte Carlo, em 29 de fevereiro. A primeira foi em 21 de novembro, depois de quase nove meses detido.

- A condenação criminal só pode operar efeito após transitar em julgado. É o que ocorre com os réus condenados no mensalão - sustentou o advogado de Cachoeira, Nabor Bulhões.

Bulhões afirmou que vai recorrer ainda esta semana contra a sentença que condenou o bicheiro a quase 40 anos de prisão.

Além do habeas corpus de ontem, Tourinho já havia revogado outro mandado de prisão preventiva, suspendido o processo na 11ª Vara Federal para diligências junto a operadoras de telefonia e determinado a transferência de Cachoeira do presídio federal de segurança máxima em Mossoró (RN) para o Presídio da Papuda. O mesmo desembargador foi o responsável por liberar as contas da Vitapan Indústria Farmacêutica para a ex-mulher do bicheiro, Andrea Aprígio, apontada pelas investigações como testa de ferro do contraventor.

A decisão de soltar o bicheiro será levada por Tourinho à 3ª Turma do TRF da 1ª Região.

Ao determinar a prisão preventiva de Cachoeira, o juiz Alderico listou 23 razões para mantê-lo detido, entre elas o pagamento de propina para manter o controle de setores da administração pública em Goiás e a manipulação de licitações.

Fonte: O Globo

O 'aloprado' que, segundo Marcos Valério, pagou despesas de Lula

Acusado por operador de ter recebido dinheiro da SMP&B, Freud Godoy nega

Tatiana Farah

SÃO PAULO - O depoimento de Marcos Valério, revelado pelo jornal "O Estado de S. Paulo", trouxe de novo à tona um velho personagem do escândalo dos aloprados, quando petistas foram flagrados com dinheiro para comprar um dossiê contra tucanos, em 2006. Acusado de ter recebido dinheiro do operador do mensalão Marcos Valério para pagar despesas pessoais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-assessor da Presidência Freud Godoy negou ontem as declarações de Valério à Procuradoria Geral da República. Godoy, que já foi o homem de confiança de Lula e comandou a segurança de suas quatro primeiras campanhas eleitorais, disse que já teve sua vida e contas "escancaradas" e que nada foi encontrado contra ele.

- Cada vírgula (das contas) já foi vista pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), pela Receita, pela Polícia Federal, pelo MPF (Ministério Público Federal). Se tivesse uma vírgula a mais, teriam achado. Agora, o cara vai e fala não sei também a mando de quem... Porque as coisas são tudo assim (sic): meu nome aparece do nada; é impressionante - disse Freud, por telefone ontem ao "Jornal Hoje", da TV Globo.

Freud Godoy, que vive e trabalha em Santo André, no ABC paulista, disse que não vê o ex-presidente desde 2006, quando teve seu nome envolvido na tentativa de compra de um dossiê contra o PSDB por parte de petistas no chamado "escândalo dos aloprados". O ex-segurança de Lula teve seu nome citado, mas não foi indiciado pela Polícia Federal, porque Gedimar Passos, que foi flagrado com R$ 1,7 milhão para comprar o dossiê, retirou a acusação.

- Faz seis anos que eu não vejo o (ex-)presidente Lula, não vejo ninguém, e agora o cara vai lá e fala um negócio desse. Eu quero ver provar. Porque, se não provar, vai tomar mais uma ação. Eu vou processar, faço questão - disse Godoy.

Embora tenha dito que nada foi encontrado em suas contas bancárias durante a investigação do caso do mensalão, em 2005, a CPMI dos Correios detectou um pagamento feito no dia 21 de janeiro de 2003 pela SMP&B (agência de publicidade de Valério) à empresa de Freud, a Caso Sistema de Seguranças, no valor de R$ 98,5 mil.

Freud Godoy começou a trabalhar para Lula em 1989. Comandou os seguranças de suas campanhas eleitorais até a vitória, em 2002. No ano seguinte, embarcou com o presidente para Brasília, onde era uma espécie de faz-tudo. A empresa citada na CPMI dos Correios, a Caso Sistemas de Segurança, foi aberta por Godoy e sua mulher em junho de 2006. Prestou serviços para entidades ligadas ao PT e para eventos do partido. Quando estourou o escândalo do dossiê, foi chamado de "aloprado" por Lula, que cobrou explicações.

Com capital registrado de R$ 110 mil na Junta Comercial de São Paulo, a Caso Sistemas de Segurança continua ativa, mas tem como sócios a mulher e o cunhado de Freud Godoy. O ex-segurança se retirou do corpo societário em junho de 2009, mas continua no comando da empresa. Ontem, proibiu funcionários de dar informações e não atendeu aos telefonemas de pedido de entrevista do GLOBO.

Fonte: O Globo

Uns mais iguais - Merval Pereira

É perigosa para a democracia essa tese de que não se pode falar de Lula. Qualquer coisa que se diga dele vira uma tentativa golpista de desmoralizar o metalúrgico que chegou ao poder e ajudou seu povo. As acusações do operador do mensalão Marcos Valério ao Ministério Público, incriminando o então presidente nas negociatas do mensalão, são gravíssimas e podem gerar uma investigação, desde que o denunciante tenha dado um mínimo de substância às suas declarações. Os procuradores são pessoas experientes que sabem lidar com esse tipo de caso e têm condições de avaliar a consistência das acusações.

O que não é possível é partir do pressuposto de que Lula é inatingível e está blindado para sempre porque, segundo o presidente do Senado José Sarney, "é um patrimônio do país, da história do país, por sua vida e tudo que ele tem feito". Aliás, o comentário é quase idêntico ao que o então presidente Lula fez para defender Sarney de críticas e acusações: "Sarney tem história no Brasil suficiente para que não seja tratado como se fosse uma pessoa comum."

Por esse raciocínio de índole corporativista, temos no país uma casta de "intocáveis" que, ao contrário da Índia, são seres puros acima de qualquer suspeita. A presidente Dilma é uma dessas que consideram "lamentável" o que seria uma tentativa de "destituí-lo da imensa carga de respeito que o povo brasileiro lhe tem". O presidente francês François Hollande, apanhado no meio da tempestade enquanto recepcionava Lula e Dilma, disse que Lula "é uma referência" pelo que fez no governo pela redução da desigualdade no Brasil.

Nada disso está em discussão no momento, nem a popularidade de Lula nem o que tenha feito de bom para os desassistidos brasileiros. O que se precisa saber é o que Lula tem a dizer sobre as acusações, e seus apoiadores deveriam ser os primeiros a quererem que suas explicações sejam claras o suficiente para desmentir o acusador que, evidentemente, tem todas as razões do mundo para querer tumultuar o processo do mensalão que já o condenou a mais de 40 anos.

O fato de Valério ter levado sete anos para acusar Lula, após desmentir seu envolvimento, conta contra ele. Há, no entanto, detalhes no seu depoimento que lhe dão credibilidade, como o valor do depósito da empresa SMP&B na conta do assessor do Palácio do Planalto Freud Godoy, que já havia sido detectado na CPI dos Correios.

Valério diz que esse dinheiro foi depositado para "gastos pessoais" de Lula, e não se sabe se pode provar tal afirmação. Mas Freud, que foi um dos aloprados que compraram um dossiê na eleição de 2006 para tentar inculpar os candidatos tucanos à Presidência Geraldo Alckmin e ao governo de São Paulo José Serra, tem que explicar por que esse dinheiro foi depositado por Valério em sua conta.

O envolvimento do banco BMG com os empréstimos do mensalão e também seu suposto favorecimento nos empréstimos consignados estão sendo investigados em outro processo, do qual Lula já se livrou por questões de má técnica utilizada na denúncia. Só uma investigação do Ministério Público poderá esclarecer toda a trama, e Lula deveria ser o primeiro a querer ver tudo em pratos limpos.

Ele saiu de sua mudez ontem para dizer que as declarações de Marcos Valério são mentirosas, o que já é um primeiro passo. Mas como Lula já disse, no início do escândalo do mensalão, que fora "traído" por pessoas que tiveram práticas "inaceitáveis" e depois mudou o discurso, afirmando que tudo não passou de "farsa", uma tentativa de golpe para derrubá-lo do governo, é preciso mais para que não pairem dúvidas.

O que de pior pode acontecer no Brasil é se criar um ambiente em que um líder político seja inimputável simplesmente porque, para alguns - mesmo que formem a maioria momentânea - ele seja considerado "um deus", como já foi definido por um de seus áulicos. Não é aceitável que Napoleão, o líder dos porcos revolucionários na obra de George Orwell "A revolução dos bichos", que sempre tinha razão, transforme-se em um personagem da política brasileira. O Supremo Tribunal Federal já deixou claro que todos são iguais perante a lei, e não queremos que o país tenha um retrocesso se tornando uma versão pós-moderna da fábula Orwell, onde uns são mais iguais que outros.

Fonte: O Globo

Língua nos dentes - Dora Kramer

As do volante na ultrapassagem de obstáculos, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva agora está diante de um quase intransponível: a abertura de inquérito policial para investigar as de¬núncias feitas por Marcos Valério Fernandes de Souza à Procuradoria-Geral da República, apontando Lula como ator principal do mensalão.

Se o operador do esquema disse a verdade ou se mentiu não é algo que ; possa ser revolvido com negativas, tentativas de desacreditar o acusador ou acusações sobre conspirações de natureza política.

Inclusive porque a história está muito mais "amarrada" do que deixam transparecer o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal. Roberto Gurgel tomou outro depoimento de Marcos Valério além daquele revelado ontem pelo Estado.

No curso do julgamento, o STF fez reuniões administrativas ainda sob a presidência de Carlos Ayres Britto para tratar do assunto.

Ficou acertado o início do processo de negociação da delação premiada, mas mantido em sigilo para impedir que novos fatos interferissem no julgamento em curso e que agora está na fase de conclusão.

A depender da qualidade das informações que venha a fornecer, Marcos Valério terá benefícios nos processos relativos ao mensalão em tramitação na primeira instância e em novos que venham a ser abertos.

Mas é possível que obtenha do relator Joaquim Barbosa um regime especial de prisão (cela isolada ou na companhia de preso com curso superior, acesso facilitado a visitas, direito a livros e televisão) na hora da definição da execução da pena.

Não por acaso esse assunto foi ventilado há poucos dias no STF. A forma de cumprimento das sentenças ficará a cargo de Barbosa e não de juiz de vara de execuções.

Embora Valério não seja visto como testemunha confiável, seu melhor ou pior destino está atrelado às provas que possa apresentar. Ele mentiu muito, prometeu demais, entregou quase nada e agora sua única chance de salvar em parte a pele é falar a verdade.

Por que não falou antes? Primeiro porque o advogado dele era contra o recurso da delação e, segundo, porque percebeu tarde que a rede de proteção prometida pelo PT não existia.

Condenado a 40 anos e com a perspectiva de passar o resto da vida na cadeia devido aos outros processos, a única op¬ção era tentar reduzir os danos. Gomo o mensalão propriamente dito já estava desvendado, de novidade relevante só o papel de Lula.

Agora o Ministério Público tem dois caminhos: arquivar o caso ou pedir ao Supremo que determine abertura de investigação.

Para arquivar, no entanto, é preciso que não reste dúvida sobre a existência ; de indícios de que houve crime. E os vestígios estão presentes em pelo menos um dos episódios narrados por Marcos Valério.

É o caso do depósito de "cerca de R$ 100 mil" na conta da empresa Caso, segundo Valério, para pagar despesas pessoais do então presidente da República.

Na quebra de sigilo ordenada pela CPI dos Correios, em 2005, aparece o registro de R$ 98.500 depositados na firma de propriedade de Freud Godoy assessor direto de Lula, coordenador de segurança de suas quatro campanhas presidenciais e até 2006 com sala no Palácio do Planalto.

Um personagem complicado, obrigado a se demitir quando foi aponta do por um dos "aloprados" presos 1 com dinheiro para compra de dossiê contra adversários políticos como o mandante do negócio.

Esse e outros relatos de Marcos Valério por si acionam os botões da engrenagem investigativa que, como uma máquina quando ligada, funciona à revelia das vontades.

Lula poderá de novo alegar que não sabia de nada?

Poderá, mas desta vez há personagens notórios demais, detalhes verossímeis demais e um arsenal imponderável demais nas mãos de um homem que, além de não ter nada a perder, não esquece os maus bocados vividos em experiência traumática na cadeia.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ministros em questão - Rosângela Bittar

O Palácio do Planalto assegura que o governo não sofre pressões de ninguém, muito menos dos partidos da base aliada, para manter espaço de poder na reforma ministerial de março. Reforma essa que não será ampla, muito menos atingirá o setor energético, onde se acumulam problemas de gestão nos últimos anos, segundo explicações do governo transmitidas na semana passada ao Valor. O PT, porém, na contramão dessas mensagens tranquilizadoras, por ser titular da Presidência da República, amplamente majoritário nos cargos de comando, além de desejar renovar tudo isso em 2014, faz avaliações mais realistas e não confia na ausência de riscos.

Nas conversas mais recentes, sobretudo, as preocupações do partido se concentram em poucas mas importantes áreas. Nem o até hoje intocável ministro Guido Mantega, da Fazenda, está integralmente protegido. Dilma não estaria satisfeita com o desempenho da economia, os já decantados 0,6% de crescimento do PIB no terceiro trimestre, e teria deixado seu ministro da Fazenda entrar na roda da especulação.

Embora use, publicamente, para ele a mesma argumentação que vem repetindo nos casos de denúncia de corrupção - tratam-se de intrigas da direita e disputa política com a oposição - o fato é que o partido não o coloca mais fora da área de risco. A entrevista em que explicou, com o otimismo e a satisfação de sempre, a frustração dos índices previstos em grau bem mais elevado, foi considerada um desastre, até porque ali se insinuou uma possível manipulação da composição do apurado pelo IBGE. Guido Mantega não está, neste momento, como sempre esteve, totalmente impermeável à chuva.

Cardozo chegou a ver o abismo da beira, mas segurou

A avaliação do desempenho da ministra do Planejamento, Miriam Belchior, é também negativa e aqui o PT se preocupa até mais porque sob sua responsabilidade está o PAC, o programa de obras que deu densidade à candidatura Dilma e foi a ela entregue pela fama de competente gestora.

O andamento do PAC desacelerou com Miriam Belchior, é a análise de gente da cúpula do PT que acredita na necessidade de providências para tirá-la da faixa de risco. O curioso é que, na atual análise, o partido confessa que via o PAC, no governo Lula, como um programa em execução na velocidade máxima, o que não corresponde à realidade. Mas agora até o PT acha que parou e, assim, deixa na berlinda seus dois ministros da área econômica.

O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, entrou e saiu da área de risco na gestão da crise provocada pela Operação Porto Seguro, em cujas rédeas foi apanhada a chefe de gabinete da Presidência, Rosemary Noronha, em São Paulo, e deixou constrangido seu padrinho político, o ex-presidente Lula da Silva.

Cardozo chegou a ver o abismo da beira. Correu risco de ser tragado, mas se reabilitou, por enquanto. Dilma não se conformou com o fato de a Polícia Federal executar um mandado de busca e apreensão num gabinete da Presidência da República sem avisar o ministro. A busca começou às 6 horas, e o ministro foi avisado às 6h30, segundo cronometrou o PT.

Rosemary foi agressiva com os policiais, desesperou-se quando começaram a destrinchar o computador da filha, e na saída chamou o ministro Cardozo pelo celular. Não foi atendida. Lula, assim como Dilma, não gostou do comportamento do ministro.

Segundo o PT, não porque não interferiu para sustar a operação, mas porque dela não foi informado, o que é obrigatório estando a Polícia Federal sob sua responsabilidade. Outro pecado cometido por Cardozo foi ter falado que não havia gravação de conversa do ex-presidente Lula com Rosemary, a menos que fosse clandestina. Isso gerou insegurança e desconfiança: há ou não há gravação, autêntica, clandestina, ou o que for?

Passada a semana, diante da reação de Cardozo e suas investidas no Congresso por dois dias seguidos e o cumprimento da determinação para encerrar o inquérito e tirar o assunto da agenda, sem dar tempo para a análise do material apreendido o que, se a polícia quiser, terá que abrir outros inquéritos, o ministro saiu da faixa de risco. Mas sua demissão foi realmente cogitada naquele momento e a presidente exigiu que daqui por diante o ministro seja informado de tudo pela PF.

Dilma se convenceu que, no caso Rose, o objetivo era atingir Lula, desmoralizar e desconstruir sua imagem, o mesmo conceito que alegou, ontem, com as mesmas palavras, com relação ao depoimento de Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República sobre a participação do ex-presidente Lula no mensalão. Palavras suas, usadas pelo PT como posição partidária desde que eclodiu a operação Porto Seguro. Portanto, foi a presidente quem inspirou seu partido, e não o contrário, como se imaginava.

Luis Inácio Adams, o advogado-geral da União, que teve o advogado-geral adjunto envolvido na rede de produção de pareceres para o esquema da Porto Seguro, também reagiu indo ao Congresso, dando a mão à palmatória, rebatendo provocações, o que agradou à presidente. Mas na avaliação de dirigentes do partido a frustração com Adams foi também profunda, até porque só depois de ouvi-lo veementemente se considerar traído, o governo descobriu que os dois eram muito próximos, ao ponto de o sub ser avalista do titular. A reação salvou o advogado-geral mas o PT ainda não o coloca em zona de segurança.

O; s cálculos mais recentes do PT consideram que só lá por julho de 2013 será possível executar as penas atribuídas aos réus do mensalão. Até o caso transitar em julgado, há os embargos declaratórios e os embargos infringentes, para os casos em que os condenados tiveram pelo menos quatro votos favoráveis. Para cada embargo, os advogados dos réus estão preparando peças de 400, 600 páginas.

E até a sentença transitar em julgado, nada acontece, não será executada. Para o PT, prisão, cassação de mandato, multas, são questões ainda em discussão em todo o primeiro semestre do ano que vem.

Fonte: Valor Econômico

De Obama@org para Dilma@gov - Elio Gaspari

Companheira Dilma,

Permita-me esse tratamento, apesar de estar atravessado na minha memória aquele dia de caça aos ovos de Páscoa nos jardins da Casa Branca em que a senhora veio aqui me dar aula de economia. Resta-lhe o crédito das minhas filhas terem adorado seu palácio, que o Ronald Reagan achou parecido com sede de empresa de seguros do Texas.

Decidí escrever-lhe porque há tempo suspeito que a senhora cometeu o mesmo erro que eu. Dispondo de três nomes para o Ministério da Fazenda, nomeei os três. Pus o Timothy Geithner no Tesouro, o Paul Volcker num conselho e o Larry Summers numa assessoria. (Imagine o que esse gênio de Harvard mandou pedir: um carro, presença em eventos e convites para jogar golfe comigo.) Deu tudo errado. Summers e Volcker foram-se embora e, se Deus me ajudar, troco o Geithner no ano que vem.

Esses jornalistas que sabem tudo dizem que eu quase capotei na curva por causa desse erro. Não foi assim. O Geithner garantiu-me um norte: a busca obsessiva pela confiança do empresariado. Sem isso, o país teria ido à breca. Sinceramente, sua turma está espancando essa gente. Aí, como cá, o sujeito tem uma sala no palácio e pensa que manda. Eu não sei o que a senhora quer fazer com as concessionárias de energia e de portos, mas sei que conseguiram produzir uma enorme confusão.

Lá pelo final de 2009, durante a discussão da política nacional de saúde, caiu-me a ficha. Meu problema não estava na economia, mas naquilo que vocês chamam de Casa Civil. A máquina da presidência simplesmente não funcionava. Livrei-me de dois.

Sei que a senhora não tem sorte nesse tipo de escolha. Agora sua chefe da Casa Civil é candidata ao governo de um Estado. Essa é a receita da encrenca. Os êxitos caem por gravidade no colo do presidente, mas os fracassos dão-lhe a impressão que vão para a conta dos outros. É engano, companheira. Os fracassos grudam na gente com mais força que os sucessos. Enquanto estamos no palácio, todos nos dizem que isso não acontece. Quando vamos para rua pedir votos, vemos o tamanho do erro.

Redesenhe seu palácio, fuja dessas salas de eventos, vá para a rua, siga seus instintos, enquadre os ministros candidatos a governos. Sua tarefa é muito mais fácil que a minha. Se aqui houvesse uma oposição como a que há aí, eu passaria metade do meu tempo jogando basquete ou paparicando a Michelle. Antes que eu me esqueça, não perca tempo com o "The Economist". Desde 1848, quando foi fundado, ele ensina ao mundo que não há salvação fora da ortodoxia liberal. Que ninguém me ouça: a Inglaterra provou esse remédio e cada dia se parece mais com a Holanda.

Finalmente, um palpite, sem qualquer vestígio de torcida: admita que seu rival em 2014 será o juiz Barbosa. Quando eu lancei minha candidatura o Vernon Jordan, respeitado líder negro, apoiava minha rival. A certa altura trocou de posição e explicou-se: "É duro disputar contra um movimento".

Lula, "o cara", representou um movimento.

Michelle, Malya e Sasha mandam-lhe um abraço. Marian, minha sogra, de quem talvez a senhora se lembre, acompanha-as, mas fala todo dia nesse juiz Barbosa.

Do companheiro Barack.

Fonte: Folha de S. Paulo