Folha de S. Paulo
Uma nova derrota será péssima para o governo
e para o presidente da Câmara, Hugo Motta
O governo Lula intensificou
nos últimos dias as costuras políticas para barrar a tentativa de implodir o
imposto mínimo dos milionários. A oposição ensaia fazer um tumulto na votação
do projeto do
Imposto de Renda para deixar o governo de calças curtas sem o
dinheiro da arrecadação das altas rendas —nova bomba para as contas públicas.
A taxação das altas rendas foi proposta como medida de aumento da arrecadação para compensar a subida da faixa de isenção do IR para R$ 5.000, medida que tem o carimbo da justiça tributária e que vai atingir os dividendos pagos pelas empresas.
Dessa vez, não há surpresas. A estratégia foi
antecipada pelos seus próprios articuladores, diferentemente do que ocorreu com
a articulação para assumir o comando da CPI do INSS.
Além da oposição, os grandes investidores pressionam contra o projeto, que
atinge dividendos.
O governo e os partidos de esquerda se preparam para uma enfrentar a batalha
nas redes sociais e pelo lado dos números.
Estudo inédito do Observatório Fiscal Europeu, dirigido pelo francês Gabriel
Zucman e que será divulgado nesta quinta (28), vai mostrar achados inéditos sobre
desigualdade e tributação no Brasil. Os resultados mostram que a desigualdade
no Brasil é ainda maior do que se estimava.
Outro estudo dos
economistas Gedeão Locks e Sérgio Gobetti aponta que nenhum
país que alterou a tributação de dividendos nas últimas duas décadas teve
impacto sobre seus investimentos. Nem favoravelmente, no caso da redução da
tributação, nem negativamente, nos casos em que a tributação foi elevada, como
na França, em 2013, e na Grécia, em 2008.
O trabalho dos dois economistas é um contraponto a outro estudo, da FGV, feito
a pedido da Abrasca (que representa as companhias abertas), que tenta atribuir
efeitos positivos à isenção de dividendos promovida no Brasil desde 1996 para
barrar o proposta.
A disputa esquentou. Uma nova derrota na votação será péssima para o governo e
para o presidente da Câmara, Hugo Motta,
que atestou que o projeto será aprovado com poucas mudanças.
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