sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Panorama político - Ilimar Franco

É para valer
Mesmo saindo do governo, muitos colocam em dúvida a candidatura do PSB ao Planalto. Com a palavra, Eduardo Campos: "Com 35%, a presidente Dilma não consegue expressar nosso campo político. Há espaço para outra alternativa nesse campo. E os outros 65%?" O diagnóstico de Campos: "Dilma não vende utopia nem esperança na vida das pessoas." Como ele resume: "O jogo tá jogado."

Viva Zapata!
São vários os motivos que levaram as petrolíferas americanas Exxon e Chevron a não participar do leilão de Libra. Mas o lobista de uma petrolífera europeia avalia que teve peso decisivo a reforma das leis do petróleo no México. O seu presidente, Pena Nieto (PRI), propôs (em agosto) o fim do monopólio estatal do petróleo. As empresas privadas poderão se associar à Pemex e dividir o lucro da exploração. As empresas americanas estão eufóricas. Estimam-se reservas de 29 bilhões de barris no pré-sal do Golfo do México e 13 bilhões de barris de petróleo de xisto. E há ainda os custos. Esses campos ficam no quintal das refinarias que abastecem o mercado americano.

"Falei, falei mesmo. Até acho agora que não deveria ter dito, né? Mas falei"
Manoel Dias
Ministro do Trabalho, ao ser cobrado, e chamado de louco, por dirigentes do PDT por ter ameaçado detonar irregularidades de todos os partidos e governos

Toda política é local
Aconselhado a ligar para o ex-presidente FH, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-senador Jorge Bornhausen, para se desculpar por levantar suspeitas sobre suas gestões, o ministro Manoel Dias (Trabalho) disse que podia falar com os tucanos, mas, com Bornhausen, de jeito nenhum.

Ordem na casa
Atendendo aos clamores dos torcedores, o ministro Aldo Rebelo (Esporte) vai chamar dirigentes de clubes e proprietários das novas arenas para debater a cobrança de ingressos nos campeonatos nacionais e estaduais. O governo quer impedir aumentos abusivos de preços. O pressuposto é que ingressos caros podem elitizar o esporte mais popular do país.

Centralismo democrático
O ministro Leônidas Cristino (Portos), ligado ao governador Cid Gomes e ao ex-ministro Ciro Gomes, pedirá demissão do cargo ao voltar da viagem que faz ao Panamá. Cristino e seus padrinhos consideram que ele é da cota do PSB.

Provocação
Por maior que seja o esforço da presidente Dilma, do ex-presidente Lula e do governador Eduardo Campos para não fechar as portas, assessores no Planalto estão babando com a saída do PSB do governo. Os socialistas viraram alvo de zombaria e ironia de petistas autossuficientes que cobram que o PSB deixe também cargos na prefeitura de São Paulo e no governo do Rio Grande do Sul.

Baixa sem custo?
Líderes do PT e do PMDB na Câmara não temem prejuízos com a mudança no PSB. Lembram que este anunciou que não fará oposição e destacam que o PMDB e o PT estão muito unidos no apoio ao governo, e que, por isso, vão liderar os aliados.

A ironia
Os parlamentares governistas estão marcando em cima Marina Silva. Eles comentam que ela se coloca como arauto da ética na política. E não deveria estar pedindo para o TSE dar um jeitinho para que seja criado o seu novo partido, a Rede.

OS MILITARES tentaram evitar que o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) pudesse visitar o centro da tortura do DOI-Codi no Rio, o Quartel da PE, na Tijuca.

Fonte: O Globo

Brasília-DF - Luiz Carlos Azedo

Negócio da China
A norte-americana Exxon Mobil e as britânicas BP e BG, gigantes do setor de petróleo, anunciaram ontem que estão fora do leilão do pré-sal do campo de Libra, na bacia de Santos. Os norte-americanos já vinham sinalizando desinteresse pelo leilão, como a coluna antecipou no sábado passado, mas a desistência da britânica BG pegou de surpresa a Petrobras: é sua principal parceira no pré-sal.

Segundo a diretora da Agência Nacional de Petróleo, Magda Chambriard, cada empresa alegou um motivo particular para pular fora do negócio. O governo esperava, inicialmente, que até 40 empresas participassem do leilão, marcado para 21 de outubro. Somente 11, até agora, manifestaram interesse no arremate, cuja taxa de inscrição custa R$ 2 milhões.

Com isso, cresce no mercado a expectativa de que as estatais chinesas Sinopec, Sinochem e CNPC protagonizem a disputa. Quem vencer terá de fazer um pagamento imediato de R$ 15 bilhões e firmar o compromisso de investimento mínimo de R$ 610 milhões nos primeiros quatro anos, o que afastou as empresas brasileiras da disputa, com exceção da Petrobras, que já é dona de 30% do campo pela nova legislação. A norueguesa Statoil e a francesa Total seriam também fortes candidatas, segundo a ANP. Mas as chinesas levam vantagens, porque tempo e dinheiro não são problemas para a China. O mais importante é garantir 70% do petróleo do pré-sal para sua economia.

Ceticismo
A previsão da Agência Nacional de Petróleo é de que Libra esteja produzindo 1 milhão de barris por dia em 2020, metade do que a Petrobras levou 60 anos para obter. Essa expectativa, porém, não é consenso no mercado, no qual circulam informações de que a exploração do campo pode levar 20 anos, por dificuldades tecnológicas e custos financeiros.

Investimento
O prazo do contrato de exploração do campo de Libra é de 35 anos não renováveis, e o investimento previsto de US$ 200 bilhões

Fora do barco
A direção nacional do PT deve debater na próxima semana a entrega dos cargos em governos do PSB. Em Pernambuco, a situação é insustentável. Ontem, o senador Humberto Costa (PT-PE) defendia o desembarque já: "Acho que devemos sair dos governos do PSB". O PT ocupa duas pastas na administração de Eduardo Campos e uma secretaria na Prefeitura do Recife.


Quero o meu
O PT baiano pressiona o governador Jaques Wagner (PT) a lutar para recuperar o Ministério da Integração Nacional para a Bahia. A pasta foi ocupada por Geddel Vieira, do PMDB. O ministro Fernando Bezerra, do PSB, deve deixar o cargo, mas não será agora. Dilma só pretende substituí-lo quando voltar da reunião da ONU nos EUA. A pasta é responsável por todas as medidas referentes à água no semiárido nordestino e o PMDB tenta emplacar no cargo o senador Vital do Rêgo, da Paraíba.

Na estrada// O programa do PSDB foi ao ar ontem, ancorado pelo senador Aécio Neves, presidente da legenda. O programa mostrou o pré-candidato tucano com o pé na estrada e inovou pela informalidade dos diálogos.

Dois irmãos
Quando chegar a Nova York, no dia 27 de setembro, a presidente Dilma Rousseff será recebida pelo representante interino do Brasil na ONU, o embaixador Guilherme Patriota, que vem a ser irmão do ex-chanceler Antonio Patriota, o novo representante permanente do Brasil no órgão. O ex-ministro aguarda sabatina e aprovação do seu nome no Senado, o que ainda não aconteceu por causa do imbróglio envolvendo o senador boliviano Roger Pinto. O caso de nepotismo cria mal-estar no Itamaraty.

Adeus, camarada!
O deputado Augusto Carvalho deve mesmo deixar o PPS para assumir o comando do Solidariedade no Distrito Federal, partido criado pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força. Mesmo tendo articulado a filiação da deputada distrital Eliana Pedrosa ao PPS para ser candidata ao governo do GDF. De nada adiantaram os apelos do deputado Roberto Freire (PPS-DF) para que se mantivesse na legenda. Augusto é um dos remanescentes do antigo comitê central do PCB, que deu origem ao PPS.

Lágrimas/ A saída da diretora-geral do Senado, Doris Peixoto, não foi exatamente uma surpresa, mas foi traumática. Ela trombou com o presidente da Casa, Renan Calheiros, por causa das mudanças administrativas. Há muita boataria para saber quem vai sucedê-la. O mais cotado é Antônio Helder Medeiros Rebouças, diretor da poderosa Secretaria de Coordenação Técnica e Relações Institucionais.

Pedágios / A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem o consórcio de 10 empresas que venceu o leilão de concessão da BR-050, rodovia que liga Goiás e Minas Gerais. O consórcio propôs a menor tarifa — de R$ 0,04534 por quilômetro —, representando deságio de 42,38%. A presidente defendeu a cobrança de pedágios, que vem sendo alvo de manifestações. "É impossível fazer concessão sem tarifa", disse.

Fonte: Correio Braziliense

Painel - Vera Magalhães

Sede ao pote
A corrida pela pasta da Integração Nacional rachou o PMDB. Renan Calheiros (AL) quer emplacar Luciano Barbosa, ex-prefeito de Arapiraca. O nome é rechaçado pela bancada da Câmara e por senadores incomodados com o apetite do presidente da Casa. Deputados fizeram chegar ao vice-presidente Michel Temer que, se Renan indicar o ministro sem o aval do resto da sigla, haverá "guerra" na Câmara. Querem um nome consensual no Congresso, como o senador Vital do Rêgo (PB).

Livre, leve... Eduardo Campos (PSB) foi abordado por uma paulista enquanto tomava café da manhã num hotel em Brasília ontem. Ela se disse indignada com a decisão de acatar recursos dos condenados no mensalão e contou que tinha ido à capital só para ver a sessão do STF.

... e solto O governador de Pernambuco escutou pacientemente o desabafo, sem externar opinião, e ouviu uma declaração de voto. Pegou o telefone e o e-mail da eleitora e prometeu lhe enviar material a respeito do partido e de seu governo.

Tamos aí Campos se encontrou em Brasília com o presidente do PDT, Carlos Lupi. A aliança do partido com Dilma ficou ameaçada após novas denúncias de irregularidades no Ministério do Trabalho e das declarações do ministro Manoel Dias.

Aí não! Na reunião da cúpula do PSB, na quarta-feira, Cid Gomes reagiu às críticas que vem sofrendo do grupo pró-Campos. "Não sou quinta coluna", disse, ao afirmar que acompanharia a decisão de entregar os cargos. Também disse que não aceitaria a pecha de fisiológico.

Ciclos Submerso há algumas semanas, José Serra voltou a conversar com Roberto Freire (PPS) por telefone e marcou encontro para os próximos dias. Integrantes do PPS receberam recados de que Serra ainda quer discutir uma possível filiação à sigla.

Paralelos O discurso de defesa do empreendedorismo e de que os eleitores são donos do próprio destino, mote do programa de TV do PSDB com Aécio Neves ontem, foi usado pelos marqueteiros Renato Pereira e Chico Mendez na campanha de Henrique Capriles contra Hugo Chávez, na Venezuela, em 2012.

Vacina O governo de SP lançou propaganda na TV sobre a expansão da rede de saúde na gestão Geraldo Alckmin (PSDB). "É com trabalho sério que a saúde avança", diz o slogan. O tema será central em 2014, quando o tucano deve enfrentar o ministro Alexandre Padilha (PT).

Lá e cá Michel Temer aparece em spots que o PMDB paulista exibe a partir de hoje. Destaca o papel do partido no governo federal e diz que a sigla também pode fazer a diferença no Estado.

Timing O PSDB de Minas incluiu um depoimento de Eduardo Azeredo em seus spots de TV do Estado. O deputado é um dos réus do mensalão mineiro, que está na fila de processos do STF.

Teste Os tucanos exibiram também três pré-candidatos ao governo de Minas: Pimenta da Veiga, Marcus Pestana e Dinis Pinheiro.

Check-in O Ministério da Cultura divulga hoje o resultado da licitação de hospedagem da delegação brasileira na Feira do Livro de Frankfurt, em outubro, cujo edital atrasou. Venceu um hotel da rede Holiday Inn, que ofereceu 656 diárias a R$ 315 mil, além de traslado ao evento.

Chama o síndico O deputado Salvador Zimbaldi (PSD-SP) se candidatou a conselheiro de um condomínio de salas comerciais em Brasília. Após se apresentar como político e abertas as urnas, teve apenas um voto.

Tiroteio

"Kátia Abreu, que luta tanto contra invasão de terra, não pode empunhar foice e expulsar quem comanda o PMDB em Tocantins."
DO EX-DEPUTADO GEDDEL VIEIRA LIMA (PMDB-BA), sobre supostas condições apresentadas pela senadora Kátia Abreu para trocar o PSD pelo PMDB.
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Contraponto
Yes, we can

A conversa de uma hora e vinte minutos entre a presidente Dilma Rousseff e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em que o pré-candidato do PSB à Presidência entregou os cargos do partido no governo teve momentos de descontração, apesar da tensão política.

Campos, que evitou durante todo o tempo falar em rompimento com o governo, disse:

--A senhora está forte. Tá brigando até com o Obama. Ninguém vai poder dizer que estamos saindo do governo quando a senhora está fraca.

--Eduardo, você não existe... --disse Dilma, rindo.

Com Andréia Sadi e Bruno Boghossian

Fonte: Folha de S. Paulo

Política - Cláudio Humberto

Dilma mantém ministro
A presidente Dilma jogou no lixo a imagem de "faxineira", forjada no primeiro ano de mandato, e promete ir "às últimas consequências" para manter no Ministério Trabalho Manoel Dias, alvo de investigações da Polícia Federal. Ela telefonou ao ministro, que ameaçava abrir o bico em caso de demissão, para dizer que "não vê motivo" para sua saída. A ligação ocorreu durante reunião do ministro com deputados do PDT. Dilma ignorou o contribuinte afanado e foi "solidária" ao ministro Manoel Dias no mesmo dia em que ele ameaçou: demitido, sairia "atirando". Para o secretário-geral do PSDB, Mendes Thame (SP), Dilma precisa demitir Manoel Dias até para provar que não teme suas ameaças. Carlos Lupi fez do PDT uma quadrilha, acusou Brizola Neto, que o substituiu no Trabalho. Manoel Dias sempre foi o braço direito de Lupi.

Coincidência?
Ex-chefe do Ministério Público do DF, Leonardo Bandarra (foto) "passava" na rua e foi convocado para ser testemunha do cumprimento de busca e apreensão na casa do policial Marcelo Toledo, em Brasília, revelou o site DiariodoPoder.com.br. Ambos são réus no caso Caixa de Pandora.

Irregularidade
O presidente do Senac-PE, Josias Silva Albuquerque, será julgado hoje pelo seu conselho fiscal. O órgão de fiscalização verificou que, em 2011, ele adquiriu um prédio no Recife, pagou R$ 8 milhões, mas até hoje não tem a escritura do imóvel. O contrato previa que 20% do valor seriam pagos de entrada e os 80% restantes na escritura. A relatora do processo é a representante do Ministério do Trabalho no conselho.

Prejuízo
O conselho fiscal apurou que o pagamento antecipado feito por Josias gerou um prejuízo ao Senac-PE, até agora, de R$ 543.388,00.

Proteção
Antônio Oliveira Santos, presidente do Senac Nacional, prometeu pizza ao pupilo Josias Albuquerque. Ele conhece o caminho do forno.

Irrelevância
A cada ano, as greves de bancários impactam menos na rotina das pessoas e dos próprios bancos. Age como uma categoria em extinção.

Viva o amor
Casado pela segunda vez, o novo chanceler Luiz Alberto Figueiredo não enfrentará solidão em Brasília: sua mulher, a conselheira Maria Angélica Ikeda, foi chamada por ele "a serviço" até dezembro, e será removida da ONU, em Nova York, para Brasília em 1º de janeiro.

Longe de Agnelo
O deputado Antonio Reguffe (PDT) disse ontem que há "zero chance" de vir a apoiar a reeleição do governador do DF, Agnelo Queiroz: "Sou radicalmente contra a essa política de dar cargos em troca de apoio". E avisa: "Se o PDT negociar isso, estarei fora do partido".

De goleada
Após prolongada sabatina, ontem, a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou por 18x0 a indicação do diplomata Pedro Brêtas Bastos para chefiar a embaixada do Brasil em Ottawa, Canadá.

Filmaço
Cineminha logo mais naquele apê em São Bernardo (SP): "Doze homens e nenhuma sentença".

Frase
"Aliança é que nem namoro e casamento, os dois precisam querer"
Ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais), sobre o rompimento do PSB com o governo

Nós podemos
Horas antes de o ministro Celso de Mello anunciar a decisão de novo julgamento para a quadrilha do mensalão, o reu Delúbio Soares festejava o show de Bon Jovi "Because We Can", no Rock in Rio.

Desembarcando
Tentando blindagem temporária, o governador goiano Marconi Perillo (PSDB) disse aos pré-candidatos Antônio Gomide (PT), Vanderlan Cardoso (PSB) e Júnior Friboi (PMDB) que não disputará a eleição.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Pela democratização dos partidos - Roberto Romano

Mantendo-se a atual estrutura partidária, o financiamento público de eleições só tornará oficial o desmando, porque os dirigentes tudo controlam

Muito já foi dito sobre a reforma política, mas sem que fossem prescritas mudanças substantivas nas direções partidárias. Vários estudos acadêmicos surgiram nos últimos tempos, mas entre eles e os operadores do Estado há um abismo.

A mudança é impossível sem que as agremiações sejam democratizadas. As pequenas pertencem a dirigentes que nelas tudo controlam, dos recursos financeiros às candidaturas, destas às alianças e aos acertos para obtenção de cargos etc.

As grandes são dilaceradas por setores oligárquicos em luta pelo controle de mecanismos que adquiriram, sobretudo no século 20, a forma da burocracia.

Nada que não tenha sido proposto por Max Weber e Robert Michels, ou aprofundado em pesquisas brasileiras. Recordo, entre vários, o texto de Maria do Socorro Sousa Braga, "Democracia e organização nos partidos políticos: revisitando os microfundamentos de Michels" (disponível no site Scielo).

Vale recordar a tese de Michels citada por Sousa Braga. "A lei sociológica fundamental que rege inelutavelmente os partidos políticos pode ser assim formulada: a organização é a fonte de onde nasce a dominação dos eleitos sobre os eleitores, dos mandatários sobre os mandantes, dos delegados sobre os que delegam. Quem diz organização diz oligarquia."

Pouco difere a tese daquela exposta por Weber sobre a origem das igrejas: a democracia direta, quando os crentes enfrentaram a concorrência do mundo externo e acolheram neófitos, transforma-se em máquina hierárquica.

Também partidos rigoristas em termos éticos, a ponto de traduzir lutas políticas em quiliásticas cruzadas morais, crescem e tombam sob ordens burocráticas, assumem a retórica do realismo. Eles são amestrados por oligarcas dos partidos mais antigos. O mesmo ocorre com os seus intelectuais que nunca desprezam assessorias ou empregos em universidades, nacionais e estrangeiras, proporcionados pela obediência aos líderes.

Tucanos e petistas não escaparam dessa lógica e perderam o ímpeto fundador. A disputa no primeiro dá-se entre quatro nomes. No segundo, mandam lideranças regionais, submetidas a uma só personalidade. Algo similar ocorre com os ecologistas que hoje armam redes para futuras façanhas... realistas.

Em nenhum partido nacional predomina o eleitor. Este não é consultado quando se trata de redigir programas (enfeites para a Justiça Eleitoral), traçar estratégias e táticas, planejar alianças, escolher candidatos, aplicar recursos financeiros oficiais, idear a propaganda etc.

Entre os filiados e as urnas se instala o tecido oligárquico, complexa máquina de controle. Que outra coisa seriam os "assessores" dos gabinetes, senão cabos eleitorais pagos pelo contribuinte? Eles repassam ordens às bases, agem como funcionários informais dos políticos.

E quanto ao tempo de permanência dos dirigentes nos cargos partidários? Existem pessoas que mandam em partidos, incontestes, há dezenas de anos. Elas dominam os segredos da agremiação, dos nomes aos recursos, das salas ministeriais aos "doadores" de campanha.

O financiamento público das eleições, mantendo-se tal estrutura de poder partidário, só tornará oficial o desmando, porque os dirigentes tudo controlam, tudo negociam. "É dando que se recebe." A frase revela o modus operandi verdadeiro.

Sem norma legal que obrigue a democratização interna dos partidos, impeça a permanência de líderes por mais de dois anos nos cargos, abra as decisões maiores para os eleitores da base, tudo continuará como antes. Quem se instala no palácio em nome dos partidos tem ojeriza da praça. E tem razão, porque, no dia em que o povo for soberano nas agremiações, cairá a ditadura dos oligarcas que as infesta. Sem nenhuma exceção, à esquerda ou à direita.

Roberto Romano, 67, professor titular de ética na Universidade Estadual de Campinas, é autor de "Brasil, Igreja contra Estado" (Kayrós, 1979) e "Os Nomes do Ódio" (Perspectiva, 2009), entre outros

Fonte: Folha de S. Paulo

Débito com a Educação carioca - Paulo Pinheiro

Há 13 anos o município do Rio vive um faz de conta nas finanças da Educação, com dribles constantes na Constituição. O dinheiro entra por uma porta e sai imediatamente por outra

A Constituição Federal determina que todos os municípios devam gastar 25% dos recursos próprios na Educação básica, mas a Prefeitura do Rio, há 13 anos, faz de tudo para driblar um débito que já ultrapassa R$ 7 bilhões, apesar dos discursos e das propagandas eleitorais fazerem crer que Educação é prioridade.

Num primeiro momento, a Prefeitura incluía o pagamento dos aposentados da Educação no cálculo dos 25%, mas técnicos do Tribunal de Contas do Município (TCM) logo identificaram o erro, que obrigou o governo municipal a utilizar um segundo artifício, bem mais sofisticado: contabilizar os ganhos do Fundo de Desenvolvimento para a Educação Fundamental (Fundef), posteriormente Fundeb. O TCM também não tardou a descobrir a manobra, mas ela só foi abandonada depois que o fato foi levado à Justiça, e o Município, condenado.

Em 2009, Eduardo Paes assumiu a prefeitura e encontrou o Rio impedido de receber transferências voluntárias do Governo federal e os financiamentos tão esperados para cobrir os gastos com as obras da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Mas, em vez de saldar o débito com as escolas e com os professores, o prefeito apelou para uma terceira forma de maquiar as contas. Já que não podia mais computar a despesa com os aposentados nem utilizar o ganho do Fundeb, criou uma contribuição suplementar para as futuras aposentadorias: a suposta capitalização do fundo de previdência municipal que, segundo o prefeito, corria o risco de quebrar.

E foi dessa maneira que o Município do Rio passou a demonstrar seus gastos com Educação exigidos pela Constituição.

O dinheiro entra por uma porta, com o rótulo de capitalização do fundo de previdência, e sai imediatamente pela outra, para pagar os aposentados, ou seja, um drible desconcertante na regra constitucional e nas decisões judiciais que condenaram o Rio.

Não se sabe até quando o faz de conta vai prevalecer. Mas o Brasil e o Rio de Janeiro estão sob a influência de uma nova força.

Muitos podem ser enganados por muito tempo, mas não o serão para sempre.

Profissionais da rede pública de ensino trocaram as escolas pelas ruas e querem passar o cálculo dos recursos da Educação a limpo, afastando qualquer dúvida sobre quem está, de fato, em débito com as crianças cariocas.

Paulo Pinheiro é vereador (PSOL) no Rio

Fonte: O Globo

O que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Nara Leão - Odeon

Vento rasteiro – Graziela Melo

Era
um vento
rasteiro

que vinha
levantando
as folhas
do chão..
.
No ar,

o perfume
das flores

No céu,

as nuvens
em cores

No tempo

as dores

perdidos
amores

e...
solidão!!!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

OPINIÃO DO DIA – Fernando Henrique Cardoso: reinventar a democracia

Não obstante, é insuficiente proclamar os valores morais da liberdade individual e coletiva. Ou bem reinventamos a democracia contemporânea, salvaguardando a idéia de representação legítima, mas tornando-a transparente e responsável e a ampliamos para incorporar novos segmentos e novas demandas da sociedade ou a pressão “de baixo” poderá ser manipulada por formas disfarçadas de autocracia. As pressões não procedem mais de uma massa informe e desinformada. Existe um novo tipo de participante nas mobilizações. Já não é só o oprimido que se manifesta. As organizações políticas e sociais que representaram até o pouco as camadas menos favorecidas – os sindicatos e movimentos organizados — quando aparecem, vêem na rabeira dos novos movimentos de protesto. Como essas organizações foram em parte cooptadas pelas forças políticas tradicionais, o desprestígio delas abala a confiança daqueles.

Este novo tipo de pressão existe no Brasil e no exterior. Quando as instituições sufocam a liberdade e a economia não oferece oportunidades à maioria, os movimentos espontâneos, interconectando milhares e mesmo milhões de pessoas pela internet, são capazes de desencadear rebeliões que derrubam governos. Ainda não vimos a força desses movimentos ser capaz de reconstruir as instituições do poder, alçando-as a outro patamar. Até agora às explosões eventualmente vitoriosas, como no mundo árabe, têm-se seguido novas formas repressivas. E sem instituições que canalizem as forças de renovação estas podem morrer no ato de se expressar.

No caso das sociedades abertas, como a nossa, por enquanto a cada surto popular, não se derrubam governos, mas recai-se no desencanto com a política
e com as instituições. Até quando?

Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República. Extraído do discurso de posse de FHC na Academia Brasileira de Letras, em 10/09/2013.

A justiça tarda: STF mantém impunidade de mensaleiros até 2014

Celso de Mello reabre julgamento, e Fux é o novo relator.

Decano diz que sentimento das ruas não pode se sobrepor à lei e que recurso assegura direito de defesa.

Advogados dos réus comemoram decisão e já projetam cenário com clientes fora da cadeia.

Em Brasília e nas redes sociais, população protesta contra demora para executar condenações.

Depois de mais de um ano de julgamento, o decano do Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, desempatou a votação que estava em 5 a 5, concedendo a 12 condenados no mensalão o direito de apresentar novo recurso à Corte, o que deve adiar para 2014 a punição aos réus. A decisão de analisar os embargos infringentes beneficia os petistas José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares, além de Marcos Valério. Condenado como o "chefe da quadrilha" do mensalão, Dirceu poderá ter as penas reduzidas e escapar do regime fechado. Ao dar o voto de desempate, Celso de Mello destacou o amplo direito de defesa dos réus e afirmou que a Corte não deve sucumbir a pressões externas. A decisão aumentou o temor de que os crimes fiquem impunes. O STF não fixou a data de publicação do acórdão sobre os demais réus, que não têm direito a novo recurso. O ministro Luiz Fux foi sorteado para ser o relator da nova fase do julgamento. Ele acompanhou o antigo relator, Joaquim Barbosa, em quase todos os votos.

Punição adiada

STF reconhece direito a novo julgamento para 12 réus; Dirceu pode sair do regime fechado

BRASÍLIA- Doze dos 25 réus condenados no processo do mensalão ganharam ontem o direito a um novo julgamento — entre eles o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Por seis votos a cinco, o Supremo Tribunal Federal (STF) admitiu a possibilidade de analisar os embargos infringentes, um recurso que permite o reexame de provas e a absolvição em crimes cuja condenação contou com ao menos quatro votos a favor do réu. O voto de Minerva foi dado pelo ministro Celso de Mello, o mais antigo na Corte, que disse rejeitar a pressão das ruas sobre o Supremo.

Como há prazos para os advogados entrarem com os recursos e o Ministério Público Federal se pronunciar, qualquer punição aos mensaleiros pode ficar apenas para 2014. O ministro Luiz Fux substituirá o presidente Joaquim Barbosa na relatoria dos recursos.

O tribunal deu prazo de 30 dias para os réus entrarem com os infringentes, a contar da publicação no Diário da Justiça do acórdão referente aos embargos declaratórios, recursos cujo julgamento foi encerrado no último dia 5. A expectativa é que o tribunal leve cerca de 15 dias para publicar o acórdão, mas, pelo regimento, a publicação poderá ocorrer até o início de novembro. Acórdão publicado, e esgotado o prazo dos réus, a Procuradoria Geral da República ganha outros 15 dias para se manifestar.

Na hipótese célere, os prazos encerrariam em meados de novembro, e Fux elaboraria seu voto imediatamente depois. Em outro cenário, os prazos terminariam em 19 de dezembro, último dia do ano antes das férias do tribunal, inviabilizando o desfecho do caso este ano.

Execução de penas fica suspensa

Em razão do adiamento da conclusão do processo, a execução das penas dos 12 condenados que têm direito ao embargo infringente ficará suspensa. O presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, contudo, não mencionou na sessão de ontem como ficará a situação dos outros 13 réus que não têm direito aos recursos. A prisão deles deve ser discutida em plenário quando o tribunal publicar o acórdão.

Se ficar decidido que o grupo não pode mais entrar com nenhum tipo de recurso, as penas deverão ser executadas imediatamente.

Apontado como chefe da quadrilha do mensalão, Dirceu pode ter sua pena, atualmente em dez anos e dez meses, diminuída para sete anos e 11 meses, deixando de cumprir a pena em regime inicialmente fechado e passando ao regime semiaberto. No ano passado, Dirceu foi condenado por formação de quadrilha por seis votos a quatro. Por outro lacjd, não há como revisar a pena de corrupção ativa, crime pelo qual Dirceu foi condenado por oito votos a dois.

Além de Dirceu, sete réus condenados por formação de quadrilha tiveram pelo menos quatro votos pela absolvição: o ex-presidente do PT José Genoino; o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares; o operador do esquema, Marcos Valério, e seus ex-sócios Ramon Hollerbach e Crisüano Paz; e os ex-executivos do Banco Rural Ká-tia Rabello e José Roberto Salgado. Simone Vasconcelos, ex-funcionária de Valério, foi condenada pelo crime, mas não cumprirá pena porque houve prescrição.

Esses réus têm chance de serem absolvidos do crime de formação de quadrilha. Isso porque a formação da Corte mudou em relação ao ano passado, com a substituição de dois integrantes. Recentemente, o STF absolveu o senador Ivo Cassol (PP-RO) da acusação de formação de quadrilha, mudando a jurisprudência do tribunal. Se o mesmo ocorrer na ação penal 470, Delúbio Soares também vai para o semiaberto.

Outros três condenados poderão questionar a pena por lavagem de dinheiro: o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP); o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genu; e o doleiro Breno Fischberg. No caso dos dois últimos réus, eles foram condenados apenas por lavagem. Ou seja, em tese, podem ser totalmente absolvidos depois do julgamento dos embargos infringentes. No caso de Cunha, se ele for absolvido será preso em regime semiaberto, não no fechado, como decidiu o tribunal no ano passado.

Na semana passada, a votação sobre a legitimidade ou não do recurso foi interrompida com cinco votos a cinco. O voto de desempate foi dado ontem pelo mais antigo integrante da Corte, Celso de Mello. Ele defendeu os infringentes como garantia de um processo justo aos réus. E esclareceu que a Corte deve agir com correção jurídica, e não para atender os desejos das ruas.

— Tenho para mim que ainda subsistem, no âmbito do STF, nas ações penais originárias, os embargos infringentes — arrematou o decano.

Por duas horas, o ministro sustentou que os infringentes estão previstos no Regimento Interno, de 1980, que tem força de lei. E lembrou que a Lei 8.038, de 1990, que disciplinou recursos judiciais no STF e no Superior Tribunal de Justiça (STJ), não tratou dos infringentes, mas também não os baniu do regimento.

Celso de Mello afirmou que, ao silenciar sobre esse tipo de recurso, a lei de 1990 criou uma ""típica lacuna intencional" para manter a validade do regimento do Supremo. O ministro acrescentou que apenas o Congresso pode extinguir a possibilidade de embargos infringentes para ação penal no STF. E argumentou que não há outro tribunal ao qual se possa recorrer de condenação do STF. Daí a importância dos embargos infringentes.

— No STF, não há uma instância de superposição, e isso é grave. Por isso mesmo que o STF, no Regimento Interno, sabiamente construiu um modelo recursal que permite a possibilidade de controle jurisdicional de suas próprias decisões, porque não há outro órgão do Poder Judiciário ao qual a parte supostamente lesada possa se dirigir — explicou.

Fonte: O Globo

STF decide julgar de novo crimes de 12 condenados

Celso de Mello vota a favor de réus * Análise de recursos deve ocorrer em 2014 * Fux será o relator

BRASÍLIA - Nove meses depois de condenar 25 pessoas por seu envolvimento com o esquema do mensalão, o Supremo Tribunal Federal decidiu ontem que irá julgar novamente alguns dos crimes pelos quais 12 réus foram condenados na primeira etapa do julgamento.

Serão reexaminados os casos mais controversos, em que os réus conseguiram pelo menos quatro votos a seu favor na primeira fase do caso, concluída em dezembro. Se tiverem êxito, alguns dos réus, como o ex-ministro José Dirceu, ficarão livres de cumprir sua sentença em regime fechado, numa prisão.

A questão dividiu o Supremo e foi decidida por 6 votos a 5. O ministro Celso de Mello, mais antigo dos integrantes da corte, foi quem desempatou o placar ontem, opinando a favor dos embargos infringentes, recursos jurídicos que agora serão usados pelos réus para que o STF analise novamente seus casos.

A análise dos novos recursos só deverá ocorrer no ano que vem, após a publicação do acórdão que resumirá as decisões tomadas no julgamento dos primeiros recursos dos réus, quase todos rejeitados. O ministro Luiz Fux foi sorteado ontem para ser o relator que conduzirá a análise dos novos embargos.

Fonte: Folha de S. Paulo

STF decide por novo julgamento e conclusão fica para 2014

Ministro Celso de Mello acolheu os embargos infringentes, que beneficiam 12 dos 25 condenados do mensalão • Relator da nova etapa será Luiz Fux • Com a publicação dos acórdãos, Supremo pode determinar as primeiras prisões ainda neste ano

Mensalão. O STF vai realizar novo julgamento para parte dos crimes pelos quais 12 dos 25 réus do mensalão foram condenados. O voto decisivo pela aceitação dos embargos infringentes, que permitem nova análise quando a sentença é obtida em votação apertada entre os ministros da Corte, foi dado ontem pelo decano Celso de Mello. O Supremo escolheu, por sorteio, o ministro Luiz Fux como relator dos embargos. Indicado para o cargo pela presidente Dilma Roussef, Fux acompanhou praticamente todos os votos condenatórios do hoje presidente da Corte, Joaquim Barbosa, relator do processo na primeira fase do julgamento. Mesmo com a disposição de celeridade, a nova análise só deverá voltar à agenda do Supremo em 2014, ano eleitoral. Enquanto 12 condenados esperam pela nova fase, os outros 13 poderão ter a execução de suas penas ainda neste ano.

Manobra do STF tenta antecipar prisões

Felipe Recondo, Mariângela Gallucci e Ricardo Brito

BRASÍLIA - A matemática regimental adotada pelo Supremo Tribunal Federal, além da tradição de morosidade na publicação dos acórdãos adiará para o início de 2014 o novo julgamento de parte das acusações contra 12 dos 25 condenados no processo do mensalão e a execução das penas. Mas uma proposta que deve dividir o plenário e ser a nova polêmica do caso pode servir de atalho para antecipar a prisão dos condenados no caso.

Os ministros Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello defendem a possibilidade de os réus começarem a cumprir as penas pelos crimes que não podem ser contestados nos novos recursos. O regimento do STF define que os réus só podem se valer dos embargos infringentes para contestar condenações impostas por maioria apertada.

Se o tribunal aceitar essa proposta, um condenado como o ex-ministro José Dirceu poderia ser preso j á em dezembro para a cumprir a pena de 7 anos e 11 meses por corrupção em regime semiaberto. Enquanto isso, o tribunal decidiria se manteria ou não a pena pelo crime de formação de quadrilha. Confirmada essa condenação, a pena total de Dirceu voltaria a 10 anos e 10 meses e, com isso, ele passaria ao regime fechado.

O desmembramento do trânsito em julgado do processo, cuja possibilidade já foi criticada pelos advogados, atingiria as figuras centrais do esquema: além de Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o empresário Marcos Valério.

Outra proposta já aventada por parte do tribunal seria executar as penas para os réus que não têm direito aos embargos infringentes. Neste caso, 13 dos condenados, quase todos com participação menos importante no esquema, seriam presos mais rapidamente. Esses condenados, porém, podem apresentar novos embargos de declaração, após a publicação do acórdão.

Morosidade» Se as alternativas para acelerar o processo não forem aceitas pelo plenário, o novo julgamento e a prisão dos réus seguramente ficariam para 2014. Todo esse calendário complexo e cheio de alternativas depende da publicação do acórdão dos embargos de declaração. O regimento fixa prazo de 60 dias, mas os atrasos são a regra na Corte. O acórdão do julgamento encerrado no ano passado, por exemplo, levou quatro meses para ser publicado.

Esse prazo será determinante para definir o desenrolar desse calendário. O desafio do novo relator, ministro Luiz Fux, será combinar com os demais ministros a liberação dos votos e a publicação da decisão antes desse prazo. Pelo histórico da Corte e pela divisão do tribunal ao longo do julgamento, dificilmente os apelos serão ouvidos.

Depois de publicado o acórdão, os defensores de 12 dos condenados terão 30 dias para apresentar os embargos infringentes. Os recursos chegarão ao tribunal às vésperas do recesso de fim de ano. Depois disso, o relator encaminhará os recursos para a análise do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Para acelerar o processo, Janot pode analisar o caso durante o recesso e encaminhar o parecer em janeiro. Nesse cenário, Fux poderia liberar os processos para serem julgados assim que o tribunal retornasse do recesso, em 3 de fevereiro.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Ministros defendem prisão de mensaleiros

Gilmar e Marco Aurélio dizem que punição deve ser aplicada a todos, depois da publicação do acórdão

BRASÍLIA- Os ministros Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), defenderam ontem a prisão dos 25 réus condenados — mesmo os que ainda têm direito aos embargos infringentes ou a outros recursos. A decisão terá que ser tomada pelo plenário do STF, após a publicação do acórdão referente aos embargos de declaração, que terminaram de ser julgados no último dia 5.

Ministros do STF acreditam que o acórdão seja publicado em 15 dias, mas o prazo regimental termina em 4 de novembro. Os dois ministros acreditam que o STF pode declarar que as penas sem direito a contestação podem começar a ser executadas assim que o texto for publicado.

— Todos os acusados em si, já que não houve maioria (pela absolvição) com quatro votos vencidos em todos os crimes, poderão ser alcançados pelo mandado de prisão, inclusive aqueles que entrarem com embargos (infringentes). Selada a culpa quanto àqueles crimes em que não houve quatro votos a favor, nós teremos o acionamento da decisão, ou seja, a expedição do mandado — disse Marco Aurélio.

— Tenho a impressão de que, publicados os embargos de declaração, passaremos à execução das decisões — concordou Gilmar Mendes.

Os dois ministros ficaram entre os cinco votos derrotados na sessão de ontem sobre a admissibilidade dos embargos infringentes, o recurso que dá direito ao condenado de ter novo julgamento quando houver pelo menos quatro votos a seu favor. Na semana passada, eles deram votos duros e afirmaram que o caso do mensalâo já se arrasta há muito tempo e está emperrando o trabalho do STF. Frisaram que a sociedade espera o cumprimento das penas dos condenados para afastar a sensação de impunidade. Gilmar chegou a destacar que a criação de uma nova fase de recurso, retardando o cumprimento da decisão da Corte, é a maneira de tentar evitar ao máximo que os crimes sejam punidos.

Semana passada, quando ocupava interinamente a chefia da Procuradoria Geral da República, a procuradora Helenita Acioli também defendeu a execução imediata das penas dos réus assim que fosse concluído o julgamento dos embargos. O ex-procurador Roberto Gurgel também defendia a prisão dos condenados. Chegou a apresentar um pedido de prisão durante o recesso do Judiciário, em dezembro do ano passado, mas o relator do caso e presidente do STF, ministro Joaquim Barbosa, preferiu aguardar o julgamento dos embargos. O novo procurador-geral, Rodrigo Janot, participou ontem de sua primeira sessão no STF, mas não se pronunciou sobre o assunto.

Barbosa pede rápida liberação dos votos

Na sessão de ontem, os ministros do STF falaram sobre o prazo para publicação do acórdão que resume o julgamento dos embargos declaratórios. Barbosa evitou marcar uma data, mas pediu aos colegas que liberem o mais rapidamente possível os votos. No STF, o relator prepara a ementa que resume o julgamento, e cada ministro deve aprovar a parte que reproduz seus votos. Só então o acórdão é publicado.

Caso prevaleça a posição de Gilmar e Marco Aurélio, os condenados já poderiam ter as penas executadas. Quem tiver pena em regime fechado precisaria ser recolhido a penitenciárias. Os condenados a regime semiabertó teriam que se apresentar a um juiz de execução penal, que definiria o local do cumprimento da pena. Nesse regime o preso dorme no estabelecimento penitenciário e pode sair para trabalhar durante o dia.

Caso não vingue a proposta de executar as penas logo após a publicação do acórdão dos embargos declaratórios, o STF vai esperar a tramitação dos embargos infringentes. Após publicação do acórdão dos embargos declaratórios, os advogados terão 30 dias para apresentar o novo recurso. Ao final desse prazo, o processo é remetido ao Ministério Público Federal. O procurador-geral terá 15 dias para contestar os argumentos apresentados pelos advogados de defesa. A partir daí, o caso volta para as mãos do novo relator, ministro Luiz Fux. Caberá a ele analisar todo o processo, preparar relatório e voto sobre os pedidos, solicitando que o caso seja incluído na pauta da sessão plenária do STF.

Fonte: O Globo

PSB entrega cargos e deixa base do governo

Eduardo Campos diz a Dilma que seu partido apoiará o Planalto apenas no que considerar de interesse do país

BRASÍLIA - Um strike, com todos os pinos derrubados. Essa foi a imagem que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PE), tentou passar ao explicar que o rompimento da aliança de dez anos e nove meses entre seu partido, o PSB, e o PT não se resume à simples entrega de cargos feita ontem à presidente Dilma Rousseff.

Para Campos, que disse a Dilma querer ficar mais livre para trabalhar a candidatura do PSB à Presidência da República e também evitar uma confusão na cabeça do eleitor, é preciso ficar claro que seu partido deixa o governo e que, agora, só vai apoiá-lo naquilo que considerar como sendo de interesse do país.

Embora a cúpula do PT e a própria Dilma tenham admitido que foram pegos de surpresa pela decisão que o PSB anunciou ontem, a presidente tentou deixar aberto um canal de diálogo com Eduardo Campos. Enxerga nisso uma possível aliança de segundo turno para as eleições do ano que vem.

A conversa, que seguiu em tom cordial, aconteceu no Palácio do Planalto e durou cerca de lh30m, Campos fez uma espécie de desabafo sobre os pontos que levaram ao rompimento da aliança. Disse que estava entregando os cargos devido às acusações de fisiologismo e de que estaria mudando de lado, em referência à sua aproximação ao pré-candidato do PSDB, o senador Aécio Neves (MG).

Em reunião extraordinária, a Executiva Nacional do PSB chancelou a decisão de entregar os ministérios da Integração Nacional e dos Portos, além de cargos de segundo escalão, como a presidência da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf). O único voto contrário foi do governador Cid Gomes (CE). A expectativa no partido é que ele deixe a sigla, o que abre a possibilidade de o ministro Leônidas Cristino (Portos), que é da cota dos Ferreira Gomes, permanecer no governo.

— Tentaram colocar no partido o carimbo de fisiológico e de que estávamos mudando de lado. Essa decisão busca não colocar o partido na vala comum — disse Campos a Dilma, de acordo com integrantes do PSB que conversaram com ele após a reunião no Planalto.

Campos entregou à presidente uma carta aprovada pela Executiva Nacional do PSB e disse que a decisão deixaria Dilma mais confortável, evitando cobranças de outros partidos da base, em referência ao PT e ao PMDB. Também afirmou que a saída do governo também deixaria os socialistas mais livres para discutir a candidatura própria à Presidência.

— Essa decisão deixa o partido mais à vontade para fazer o debate da candidatura própria. Teve o voto contrário do Cid (Gomes), mas a vontade do partido é essa. Se isso vai ser possível (a candidatura própria), só o tempo vai dizer — disse Campos à presidente.

Dilma, por sua vez, teria afirmado que lamentava esse desfecho, mas que entendia. Segundo relatos feitos por Campos a integrantes do PSB, a presidente teria dito que achava legítima a posição do partido e que os dois não podem perder a capacidade de diálogo. A presidente também teria afirmado que Campos sabe do carinho que ela tem pelos "companheiros" do PSB e teria dito que tinha grande admiração por seu avô Miguel Arraes:

— Eu lamento, mas compreendo a decisão do PSB. As portas do governo e do Planalto estarão sempre abertas para nosso aliado de longa data — disse Dilma a Eduardo Campos no encontro, que não foi aberto nem a fotógrafos.

Na carta entregue a Dilma, Campos deixou clara a irritação do partido com o aumento da pressão, nos últimos dias, para que o PSB desembarcasse do governo devido à sua movimentação para consolidar sua pré-candidatura, às críticas feitas por ele à gestão petista e à aproximação com o tucano Aécio Neves. "Neste momento, temos sido atingidos, sistemática e repetidamente, por comentários e opiniões, jamais negadas por quem quer seja, de que o PSB deveria entregar os cargos que ocupa na estrutura governamental, em face da possibilidade de, legitimamente, poder apresentar candidatura à Presidência em 2014" afirma a carta entregue por Campos a Dilma.

O presidente do PSB telefonou para o ex-presidente Lula, na noite anterior, avisando da decisão que seria chancelada pela Executiva Nacional do PSB. Lula vinha tentando conter o PT e aconselhou Dilma a não hostilizar Campos. O ex-presidente defendeu que Dilma só fizesse mudanças no Ministério em janeiro.

Após a reunião da Executiva, mas antes de ser recebido por Dilma, o presidente do PSB afirmou que o desejo do partido hoje é ter candidato a presidente da República, mas que essa decisão só será sacramentada no ano que vem. Ele afirmou que o partido continuará apoiando o governo no Congresso nas questões que considerar pertinentes:

— Não vamos entrar na oposição. Vamos dar apoio no que acharmos que for correto.

O ministro Fernando Bezerra Coelho (Late-gração Nacional), afilhado político de Campos, afirmou que pediria uma audiência à presidente logo após o encontro dela com o governador de Pernambuco. A expectativa era de que Bezerra Coelho entregasse sua carta de demissão ainda ontem, o que não tinha ocorrido até o fechamento desta edição. O ministro dos Portos não participou da reunião da Executiva porque estava no Panamá.

— Eu vou na seqüência pedir uma audiência para agradecer a possibilidade de ter servido ao país e dizer que estou atendendo a uma recomendação do partido — disse Bezerra Coelho.

Único dos presentes a votar contra a ruptura imediata, o governador do Ceará, Cid Gomes, não quis fazer comentários sobre a decisão do partido. Segundo alguns dos presentes no encontro, Cid reclamou do momento em que a decisão está sendo tomada, mas não ampliou sua defesa.

— Foi aprovado com meu voto contra. Não acho oportuna (a decisão), mas não vou comentar — afirmou Cid Gomes, dizendo que o ministro da Secretaria dos Portos também deixará o governo.

Fonte: O Globo

Em carta, PSB diz não ser fisiológico

Trabalhando para colher frutos positivos na saída do governo federal, o PSB amarrou o discurso que deve guiar a legenda até que se defina, em 2014, pela candidatura presidencial do governador Eduardo Campos, em uma carta (leia trechos ao lado) que foi entregue pessoalmente pelo socialista à presidente Dilma Rousseff. Tendo como base a trajetória do partido em seus 60 anos, o texto relembra situações em que se atuou como um aliado fiel do PT.

Numa referência indireta ao mensalão, o PSB "refresca" a memória dos petistas trazendo à tona sua atuação no Congresso no período de maior turbulência do governo Lula. "Nosso partido contribuiu para os avanços econômicos e sociais proporcionados ao País pelo governo do presidente Lula, dedicando seus melhores esforços e sua total lealdade nos momentos mais difíceis dos oito anos de mandato", diz o texto.

A retirada da pré-candidatura do ex-ministro Cid Gomes, em 2010, também constou na carta, que serviu quase que como uma conta que o PSB apresentou ao PT ao longo dos 10 anos em que a sigla está na Presidência. O PSB reclama o tratamento recebido de aliados, garantindo que nunca manifestou qualquer traço de fisiologismo.

"Temos sido atingidos por comentários de que o PSB deveria entregar os cargos que ocupa, em face da possibilidade de poder apresentar candidatura à Presidência. O PSB - que nunca se caracterizou pela prática do fisiologismo - reafirma seu desapego a cargos na estrutura".

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Por Campos, PSB devolve cargos a Dilma

Em reunião com a presidente, governador de Pernambuco, pré-candidato em 2014, entrega carta com queixas

Decisão de abrir mão de dois ministérios e postos de segundo escalão surpreendeu o Planalto e a cúpula petista

Natuza Nery, Ranier Bragon

BRASÍLIA - Aliado do PT desde 1989, o PSB anunciou seu desembarque do governo federal, dando o primeiro passo concreto da candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Ontem, na saída do encontro com a presidente Dilma Rousseff, Campos ouviu a seguinte frase de despedida, segundo interlocutores: "As portas estão abertas".

A decisão de abrir mão dos dois ministérios (Integração Nacional e Portos) e demais cargos do segundo escalão surpreendeu tanto o Palácio do Planalto quanto a cúpula do PT, ambos incomodados com a movimentação recente de Campos e seus flertes com o adversário PSDB.

Internamente, acreditava-se que o PSB ficaria instalado no Executivo federal até sua expulsão pela presidente da República.

Nos últimos meses, o partido elevou suas críticas ao governo sem cogitar deixar a Esplanada. Quem possuía cargos na capital ou dependia do apoio do PT nos Estados resistia à separação. Mas o temor à pecha de "fisiológico" precipitou a saída.

Nos bastidores, ministros e dirigentes petistas se queixavam da dubiedade do PSB: "De dia é governo; de noite, oposição".

Na carta entregue por Campos para a presidente, a sigla reclamou: "Temos sido atingidos, sistemática e repetidamente, por comentários e opiniões, jamais negados por quem quer que seja, de que o PSB deveria entregar os cargos". Na conversa com Dilma, Campos repetiu a queixa.

"Eu nunca fiz isso", respondeu Dilma, de acordo com interlocutores.

Não houve momento tenso na reunião. Nem mesmo quando Campos escancarou a resistência interna. Ele disse que, mesmo não sendo candidato, teria dificuldades de levar o apoio do PSB a ela.

Mais cedo, após a reunião da Executiva Nacional que sacramentou a despedida, o governador de Pernambuco deu sinais de seu projeto: "A decisão sobre candidatura própria é só em 2014, [mas] o desejo hoje do partido é pela candidatura própria".

Pró-governo

Apesar de o PSB entregar os cargos, Campos reafirmou que continuará defendendo o governo no Congresso.

Na sigla, a proposta de desembarque só teve oposição do governador do Ceará, Cid Gomes. Ele disse considerar "intempestiva" a ruptura e preferiu se abster na votação.

Prometeu reunir o PSB do Ceará para decidir o que fazer. O ministro de Portos, Leônidas Cristino, é seu afilhado político. Para seguir na pasta, terá de se afastar do PSB.

O Palácio do Planalto demorou para confirmar a reunião da presidente com Campos. Quando o fez, após o fim, limitou-se a dizer: "A presidente se reuniu com o governador Eduardo Campos, recebeu sua carta e voltou à sua agenda oficial".

Colaborou Tai Nalon, de Brasília

Fonte: Folha de S. Paulo

PSB devolve 2 ministérios ao governo Dilma

O PSB deixou as pastas da Integração Nacional e dos Portos, primeiro passo para que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lance candidatura própria à Presidência. Os ministérios devem ficar com o PMDB.

PSB entrega cargos e dá 1º passo na candidatura

Aliado do PT desde o governo Lula, o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deu ontem o primeiro passo para lançar candidatura própria à Presidência, em 2014, e entregou os cargos ocupados na administração Dilma Rousseff. Em reunião com a presidente Dilma, Campos disse que o PSB não admitia o carimbo do fisiologismo e devolveu os dois ministérios (Integração Nacional e Portos), além de companhias comandadas pelo partido.

A atitude de Campos, que preside o PSB e quer concorrer ao Palácio do Planalto, precipita a reforma ministerial. Dilma planejava mexer na equipe somente em janeiro do ano que vem, mas poderá ser obrigada a antecipar as mudanças. Os dois ministérios devolvidos pelo PSB podem ser entregues ao PMDB do vice Michel Temer, desde que os peemedebistas concordem em reforçar o palanque de Dilma em alguns Estados, principalmente na região Nordeste.

Antes da conversa com Dilma, Campos reuniu a Executiva Nacional do PSB, que decidiu pela devolução dos cargos. Apenas o governador do Ceará, Cid Gomes, se absteve de votar e ameaça provocar um racha interno. Adepto da candidatura Dilma, Cid não concordou com os termos da carta entregue por Campos àpresidente e pode deixar o partido.

Se Cid e seu irmão Ciro Gomes desembarcarem do PSB, a tendência é que o ministro dos Portos, Leônidas Cristino - afilhado político dos dois também saia do partido. Os irmãos Gomes trabalham para filiar Cristino no PROS, partido que o PT tem ajudado a criar e que deverá integrar a aliança de apoio à candidatura de Dilma.

"Quem ficar no PSB tem que saber que vamos ter candidatura. Ninguém aqui está sendo enganado". disse Campos na reunião da Executiva. "Estamos deixando o governo, entregando as funções que ocupamos, para deixar o governo à vontade e para que também possamos ficar à vontade para fazer o debate sobre o Brasil. Queremos debater o crescimento econômico, a geração de empregos, o estado da saúde e da educação, o pacto federativo. E. não ficar nessas conversinhas".

Queixa. A presidente disse a Campos que lamentava esse desfecho, mas respeitava a posição do governador. Na carta entregue a ela, o governador escreveu que "o PSB nunca se caracterizou pela prática do fisiologismo e reafirma seu desapego a cargos e posições na estrutura governamental". No documento, o PSB se queixou de rumores

"O PSB não admite ser jogado na vala comum do fisiologismo", disse Campos a aliados de seu partido, num restaurante, após reunião com a presidente. "Tenho certeza de que nossa relação com a presidente vai melhorar. O futuro do País não passa por cargos. Não vamos desconsiderar o nosso campo político. Agoraficarámais fácil falar das divergências".

Além dos ministros Fernando Bezerra (Integração Nacional) e Leônidas Cristino (Portos), deixam o govemò os presidentes e diretores da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Pamaíba (Code-vasf), da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintendência de Desenvolvimento do Çentro-Oeste (Sudeco). Bezerra entrega hoje a carta de demissão. Cristino está a trabalho no exterior. 

PSB no governo 

• Ministério da Integração Nacional Aliado político do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
O ministro Fernando Bezerra Coelho foi alvo de rumores de que poderia deixar o PSB e migrar para o PT, com 0 objetivo de concorrer ao governo de Pernambuco. Bezerra Coelho já passou pelo PDS, PFL e PMDB, andou um tempo afastado de Campos, mas logo se recompôs com ele.

• Secretaria dos Portos
O ministro José Leônidas Cristino, ex-prefeito do município de Sobral, é um nome do alto escalão federal da cota do ex-ministro Ciro Gomes e de seu irmão, o governador Cid Gomes (Ceará)

• Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco)
O superintendente Marcelo de Almeida Dourado, historiador e ex-secretário de Turismo do Distrito Federal, foi indicado ao posto pelo líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF)

• Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf)
Engenheiro elétrico, O presidente da Chesf, João Bosco de Almeida, é nome de confiança do governador Eduardo Campos, de quem foi secretário de Recursos Energéticos

• Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene)
O superintendente da Sudene, Luiz Gonzaga Paes Landim, chegou ao cargo por indicação do governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), e também com o apoio do pernambucano Eduardo Campos

 Colaborou Tânia Monteiro

Fonte: O Estado de S. Paulo

Em entrevista à Rede Vida, Freire diz que PT levou Brasil a uma 'encruzilhada'

Na entrevista, Freire também analisou cenário político para 2014

Por: Fábio Matos 

O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, fez duras críticas ao governo de Dilma Rousseff em entrevista concedida ao programa “Frente a Frente”, da Rede Vida, na última terça-feira (17). Durante uma hora e meia, o parlamentar respondeu às perguntas dos jornalistas Leandro Mazzini e Denise Rothenburg, além dos telespectadores e internautas.

Na avaliação de Freire, a delicada situação econômica enfrentada pelo país leva o Brasil a uma “encruzilhada”. Para ele, uma candidatura própria do PPS, possivelmente do ex-governador José Serra (PSDB), poderia qualificar o debate durante a campanha do próximo ano. “Nessa eleição de 2014 nós vamos ter bons debates porque o Brasil está numa encruzilhada. Daí o aspecto interessante de uma candidatura Serra. Ele tem essa capacidade”, afirmou.

O presidente do PPS reiterou que o partido aguarda a resposta de Serra ao convite para se filiar e ser o candidato da legenda à Presidência da República. “O partido todo aguarda com muita ansiedade porque a tese da candidatura própria é amplamente majoritária no PPS. Mas ele [Serra] continua sem maior definição”, contou Freire. “Todos nós entendemos que não é uma situação fácil de resolver. A vida política dele em São Paulo é com o PSDB. Não é uma decisão fácil, mas estamos aguardando.”

De acordo com o parlamentar, Serra é uma boa opção porque “foi um excelente prefeito e um excelente governador de São Paulo”. “Serra é um dos homens públicos que tem a coragem de enfrentar os problemas e não faz nenhuma concessão ao populismo”, diz Freire.

Caso a candidatura própria não se confirme, o presidente do PPS apontou os nomes do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do senador Aécio Neves (PSDB) como opções para a legenda. “São dois excelentes candidatos. O partido tem grandes apoios e simpatia por ambos. Então, não posso aqui afirmar nem antecipar”, disse. “Tanto Eduardo Campos quanto Aécio Neves são grandes candidatos que podem representar a mudança que o Brasil precisa ter.”

Freire interpreta a decisão do PSB de entregar os cargos que possui no governo Dilma como uma importante sinalização de que Campos deve mesmo ser candidato ao Planalto. “Romper com o governo é sempre problemático porque as pessoas criam muitos vínculos quando você tem cargos. Não é fácil. Eu posso dizer isso por experiência própria, porque o PPS fazia parte do governo Lula”, lembrou.

Em relação à ex-ministra Marina Silva, que tenta registrar seu partido, o Rede Sustentabilidade, pelo qual pretende lançar a candidatura presidencial, Freire criticou a obrigatoriedade da Justiça eleitoral de que os candidatos estejam filiados aos partidos um ano antes da eleição. “Não tem que ter prazo nenhum. O prazo é o da cidadania. Isso é um abuso. Quem perde se Marina não for candidata? É a cidadania”, afirma. “Sou defensor da plena liberdade de organização partidária e de candidaturas. Isso é o que importa para a cidadania, não cumprir os prazos para a burocracia. Perde a sociedade brasileira.”

Mensalão

Durante a entrevista ao “Frente a Frente”, Roberto Freire também falou sobre o julgamento do mensalão. Na véspera do voto do ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a procedência ou não dos recursos de 12 dos 25 réus condenados pela Corte, o presidente do PPS voltou a defender a prisão imediata dos mensaleiros.

“Vai ter um impacto se [o STF] conceder o embargo infringente porque a opinião pública não está discutindo a técnica jurídica. Mas que, politicamente, é como se fosse uma absolvição dos mensaleiros”, disse. “Um Poder importante que começava a adquirir muito respeito da sociedade brasileira era o Judiciário, que estava um pouco resguardado. Essa decisão coloca o Judiciário no olho do furacão. Essa é uma preocupação que eu tenho.”

Freire apontou como determinantes os votos dos dois novos ministros da Corte, Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso, indicados por Dilma, para que os embargos infringentes estejam perto de ser acolhidos. “Dois juízes que não participaram do julgamento viraram o julgamento", criticou. “O embargo infringente é um grau de recurso para uma outra instância. Você está fazendo agora no STF, que é a última instância do Judiciário, um novo julgamento. É uma excrescência jurídica. Esse embargo não cabe.”

Freire também afirmou que, independentemente da aceitação ou não dos recursos, o PT “está indelevelmente marcado como o partido que patrocinou um dos maiores escândalos de corrupção da história brasileira”. “Pode até ganhar eleição, mas não ganha mais conceito. Não tem como você dissociar o PT do mensalão”, analisa.

Política externa e marketing

O presidente do PPS ainda foi questionado sobre a política externa do governo petista e criticou o viés excessivamente ideológico em algumas posições, contrariando os reais interesses do Estado em nome dos anseios do PT.

Sobre a decisão de Dilma de adiar a visita aos Estados Unidos em represália à espionagem americana no Brasil, Freire lamentou que a posição tenha sido tomada após uma reunião com o marqueteiro da presidente, João Santana. “Como o Brasil pode ter relações internacionais levando em consideração o que um marqueteiro diz? Isso é uma indignidade, uma demonstração da pequenez desse governo.”

Fonte: Portal do PPS

Aécio Neves no horário nobre

Pré-candidato ao Planalto, o presidente do PSDB é o protagonista do programa do partido que vai ao ar esta noite com críticas ao governo petista e um convite para mudar o país

Alice Maciel

Dando continuidade à estratégia de ficar conhecido em todo o país para ser candidato ao Palácio do Planalto no ano que vem, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), será o protagonista da propaganda eleitoral do partido que vai ao ar hoje no horário gratuito em cadeia de rádio e televisão, com duração de 10 minutos. O tucano vai manter a linha das inserções que estão no ar desde o dia 10, com críticas ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), e pretende mostrar as diferenças entre PSDB e PT.

Depois de focar em Minas, no primeiro programa, que foi ao ar em maio, o senador agora vai aparecer em várias regiões do país, como vem acontecendo nas inserções. Ele gravou o programa com jovens da periferia de São Paulo, com produtores rurais em Sorriso (MT), com feirantes em Campina Grande (PB) e na Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro. No Ceará, ele fez críticas às obras da transposição do Rio São Francisco. A intenção é atingir um novo eleitor, da classe emergente. Mantendo o slogan "Quem muda o Brasil é você", ele vai enfocar os principais temas que preocupam o brasileiro, como inflação, educação, saúde e transporte público.

Aécio vai terminar a propaganda convidando o telespectador para um bate papo on-line, no site www.conversacombrasileiros.com.br, lançado em maio. A conversa vai durar cerca de uma hora, com a participação do sociólogo Cláudio Beato; do coordenador do Afroreggae, José Júnior; e do economista Samuel Pessoa.

Entram no ar também três novas inserções. Nos filmetes que estão no ar desde o dia 10, Aécio focou sua atenção em temas como quem muda o Brasil não é o político, mas o cidadão; é possível melhorar o transporte coletivo, por exemplo, abrindo mão do trem-bala; e que a inflação não está controlada.

Na estrada A aparição no horário eleitoral gratuito é apenas parte de uma ampla estratégia de divulgação do tucano, que inclui viagens pelo país. Depois de protagonizar hoje o programa do PSDB, Aécio volta a pôr o pé na estrada. Amanhã ele estará em Salvador e sábado, em Maceió, onde vai reunir tucanos de todos os estados em encontro regional do Nordeste. Já no dia 28, o encontro será em Curitiba, reunindo aliados do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina.

Ainda não foram marcadas as datas das reuniões em Manaus, com os estados do Norte do país, e em Goiânia, com a turma do Centro-Oeste. A ideia é fazer encontros nas cinco regiões brasileiras e colher informações para a elaboração de uma agenda social e econômica que servirá de base para o programa de governo tucano.

Fonte: Estado de Minas

PDT apoia permanência de Dias no Trabalho

A decisão de endurecer e continuar à frente do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), anunciada pelo ministro Manoel Dias em entrevista ao GLOBO, foi apoiada ontem pelo PDT Reunida, a cúpula do partido decidiu que, por enquanto, não entregará o cargo e nem fará oposição ao governo. No Planalto, a orientação também é continuar sustentando a posição do ministro, mesmo depois das ameaças de que, caso seja demitido, tomaria "providências im~ publicáveis” Ele também afirmou na entrevista que faria uma devassa nos convênios da pasta para entregar “todo mundo"

A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, preferiu minimizar e defender a correção de Manoel Dias à frente do MTE. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" ela preferiu tratar as ameças como "um desabafo de quem se sente injustiçado e que acabou se expressando de maneira que gerou um mal entendido”

Em um café da manhã na casa do líder da bancada na Câmara, deputado André Figueiredo (CE), o ministro Manoel Dias explicou as medidas que está adotando para tirar a Pasta que dirige da linha de tiro e anunciou que não deixará o cargo enquanto não fizer a limpeza que pretende.

De acordo com Figueiredo, o ministro afirmou que só tomará uma decisão se continua ou não no cargo após concluir o que chamou de limpeza na pasta. O líder pedetista disse que, para o PDT, o Ministério do Trabalho, do jeito que está, representa mais ônus do que bônus.

— Até para preservar a imagem da instituição e dele próprio, como homem público que tem 75 anos. Ele não quer sair com mácula — disse Figueiredo.

Ele também afirmou que na reunião a legenda concluiu que, mesmo se entregasse o ministério, a agremiação não passaria automaticamente à oposição. Participaram do café da manhã o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, 18 deputados e três senadores, além do ministro. Lupi afirmou que, se Dias deixar o cargo, a possibilidade de o partido indicar seu substituto é remotíssima.

— Eu não sei o que é justiça ou o que não é justiça. Eu só sei que a imprensa só publica aquilo que quer. Aí não tem jeito. Adianta eu brigar com você? Não adianta. Eu desisto. Quando vocês escolhem alguém pra Cristo, tem que apanhar até acabar. Não tem jeito!

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), questionou a entrevista de Dias ao GLOBO. O tucano qualificou de esdrúxula e incompreensível a declaração de que, se demitido, iria tomar atitudes impublicáveis.

— Por que o ministro não publica o que é impublicável? Não é sua função como gestor público? Que providências são essas que são impublicáveis? A quem o ministro está ameaçando? Talvez esteja trocando seu silêncio pela permanência no cargo.

Fonte: O Globo

Voto não reverte decisão histórica - João Bosco Rabello

Não houve surpresa no alentado voto do ministro Celso de Mello pela admissão dos embargos infringentes, posto que já o antecipara no curso do processo, por entendê-los como análogos ao duplo grau de jurisdição.

O foro privilegiado, que a partir de agora fica em xeque, é a primeira e última instância para os réus com a prerrogativa de julgamento especial que, em tese, os protege de perseguições e da banalização de ações judiciais. O ônus é a instância única. O bônus, que o Supremo Tribunal Federal suprimiu, era a blindagem produzida pela ausência de julgamento.

Essa conquista histórica, do fim do ciclo de impunidade de políticos de alto coturno, não parece ameaçada pela admissão dos embargos infringentes, que não devem reverter os votos originais de mérito, o que toma as condenações irreversíveis.

Eles podem alterar sentenças, gerando como melhor hipótese para réus como o ex-ministro José Dirceu seu cumprimento em regime semiaberto, caso caia a condenação por formação de quadrilha.

O que parece aposta de risco do decano do STF é a de que a nova etapa possa ser cumprida em curto prazo, contra a previsão geral em sentido contrário. Neste caso, a percepção social será negativa, com sabor de impunidade e efeito de impaciência. Na melhor das hipóteses, essa nova etapa permeará a campanha eleitoral, podendo ocorrer prisões às vésperas do pleito. Assim, os réus têm o que comemorar, mas o PT e a presidente Dilma Rousseff não. A prolongação do processo mantém o assunto na vitrine, agora com um veredicto contra o partido.

Chamou a atenção a menção de Mello à adesão do Brasil ao acordo de San José, que obriga o País a aplicar a dupla jurisdição, o que sugere um temor do ministro de que a recusa dos embargos pudesse respaldar o recurso dos réus ao foro internacional.

Fonte: O Estado de S. Paulo