O PSB deixou as pastas da Integração Nacional e dos Portos, primeiro passo para que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, lance candidatura própria à Presidência. Os ministérios devem ficar com o PMDB.
PSB entrega cargos e dá 1º passo na candidatura
Aliado do PT desde o governo Lula, o PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deu ontem o primeiro passo para lançar candidatura própria à Presidência, em 2014, e entregou os cargos ocupados na administração Dilma Rousseff. Em reunião com a presidente Dilma, Campos disse que o PSB não admitia o carimbo do fisiologismo e devolveu os dois ministérios (Integração Nacional e Portos), além de companhias comandadas pelo partido.
A atitude de Campos, que preside o PSB e quer concorrer ao Palácio do Planalto, precipita a reforma ministerial. Dilma planejava mexer na equipe somente em janeiro do ano que vem, mas poderá ser obrigada a antecipar as mudanças. Os dois ministérios devolvidos pelo PSB podem ser entregues ao PMDB do vice Michel Temer, desde que os peemedebistas concordem em reforçar o palanque de Dilma em alguns Estados, principalmente na região Nordeste.
Antes da conversa com Dilma, Campos reuniu a Executiva Nacional do PSB, que decidiu pela devolução dos cargos. Apenas o governador do Ceará, Cid Gomes, se absteve de votar e ameaça provocar um racha interno. Adepto da candidatura Dilma, Cid não concordou com os termos da carta entregue por Campos àpresidente e pode deixar o partido.
Se Cid e seu irmão Ciro Gomes desembarcarem do PSB, a tendência é que o ministro dos Portos, Leônidas Cristino - afilhado político dos dois também saia do partido. Os irmãos Gomes trabalham para filiar Cristino no PROS, partido que o PT tem ajudado a criar e que deverá integrar a aliança de apoio à candidatura de Dilma.
"Quem ficar no PSB tem que saber que vamos ter candidatura. Ninguém aqui está sendo enganado". disse Campos na reunião da Executiva. "Estamos deixando o governo, entregando as funções que ocupamos, para deixar o governo à vontade e para que também possamos ficar à vontade para fazer o debate sobre o Brasil. Queremos debater o crescimento econômico, a geração de empregos, o estado da saúde e da educação, o pacto federativo. E. não ficar nessas conversinhas".
Queixa. A presidente disse a Campos que lamentava esse desfecho, mas respeitava a posição do governador. Na carta entregue a ela, o governador escreveu que "o PSB nunca se caracterizou pela prática do fisiologismo e reafirma seu desapego a cargos e posições na estrutura governamental". No documento, o PSB se queixou de rumores
"O PSB não admite ser jogado na vala comum do fisiologismo", disse Campos a aliados de seu partido, num restaurante, após reunião com a presidente. "Tenho certeza de que nossa relação com a presidente vai melhorar. O futuro do País não passa por cargos. Não vamos desconsiderar o nosso campo político. Agoraficarámais fácil falar das divergências".
Além dos ministros Fernando Bezerra (Integração Nacional) e Leônidas Cristino (Portos), deixam o govemò os presidentes e diretores da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Pamaíba (Code-vasf), da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Superintendência de Desenvolvimento do Çentro-Oeste (Sudeco). Bezerra entrega hoje a carta de demissão. Cristino está a trabalho no exterior.
PSB no governo
• Ministério da Integração Nacional Aliado político do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
O ministro Fernando Bezerra Coelho foi alvo de rumores de que poderia deixar o PSB e migrar para o PT, com 0 objetivo de concorrer ao governo de Pernambuco. Bezerra Coelho já passou pelo PDS, PFL e PMDB, andou um tempo afastado de Campos, mas logo se recompôs com ele.
• Secretaria dos Portos
O ministro José Leônidas Cristino, ex-prefeito do município de Sobral, é um nome do alto escalão federal da cota do ex-ministro Ciro Gomes e de seu irmão, o governador Cid Gomes (Ceará)
• Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco)
O superintendente Marcelo de Almeida Dourado, historiador e ex-secretário de Turismo do Distrito Federal, foi indicado ao posto pelo líder do PSB no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF)
• Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf)
Engenheiro elétrico, O presidente da Chesf, João Bosco de Almeida, é nome de confiança do governador Eduardo Campos, de quem foi secretário de Recursos Energéticos
• Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene)
O superintendente da Sudene, Luiz Gonzaga Paes Landim, chegou ao cargo por indicação do governador do Piauí, Wilson Martins (PSB), e também com o apoio do pernambucano Eduardo Campos
Colaborou Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de S. Paulo
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