sábado, 29 de junho de 2013

Para decifrar o Brasil - Por Carlos Guilherme Mota

FHC: visões e interpretações decisivas da cultura, sociedade e política

"Onde o Brasil?", perguntava Carlos Drummond de Andrade em conhecido e denso verso. A seca indagação nos transporta para além do óbvio e solicita nova reflexão. Readquire significado nesta hora em que a sociedade brasileira parece querer se descobrir em "manifestações de rua", expressão que alcança, ela também, novo significado.

Hora de acordar, pois, ao lado de uma elite nem tão educada, surgem "rebeldes primitivos" anunciados, sobretudo oriundos do setor de serviços e escolar, que procuram fazer-se ouvir, por vezes tartamudeando, dado o enorme vácuo de formação e de boas escolas e universidades, característica deste país nos últimos anos. É a tal "carência mental" que, sob o nazismo, agoniava Karl Mannheim. Ou seja, vive-se a sociedade precária na qual o que entendíamos por "educação" política é marcada pela abstinência de leituras, o que explica por que, no atual quadro, a perspectiva histórica se tornou rala e rudimentar a sociologia, em mar de palpites sobre "classe média", "desenvolvimento sustentável", "neocapitalismo", "globalização", "sociedade em rede", "pós-modernidade".

Para além desse caldeirão de conceitos mal cozidos, multidões saem às ruas nessa magnífica mistura de frações sociais, em busca de algum horizonte histórico-cultural que lhes permita (quando menos) ensaiar participação e inclusão na cidadania, ainda que utopicamente como em 68, na invenção de sua/nossa história. Que deseja tal multidão?, perguntará o leitor. Resposta: respeito, transparência na política e na vida pública. E transitar da condição precária de súditos-contribuintes à de cidadãos ativos e válidos.

Nesse contexto, "Pensadores Que Inventaram o Brasil" (Companhia das Letras, 329 págs., R$ 39,50), que Fernando Henrique Cardoso acaba de lançar, torna-se importante, por analisar e "conversar" com estadistas e intelectuais que procuraram inventar ou reinventar o Brasil. Atualidade plena, pois, como diria Joaquim Nabuco, um dos estadistas estudados por FHC, "muitas vezes um país percorre um longo caminho para voltar, cansado e ferido, ao ponto donde partiu" (no diário de Joaquim Nabuco, 11-9-1877). Enfim, o Brasil de hoje.

Nessa publicação recolhem-se, em dez ensaios, visões e interpretações decisivas da cultura, da sociedade e da política do Brasil contemporânea. Estudos escritos em momentos e circunstâncias diversas, podem ser lidos separadamente, embora interligados pela obsessão de seu autor em explicar o sentido de nossa história, das "raízes" à atualidade. Bem escrito, em tom ensaístico, mas direto, a obra possui, além de outras qualidades, a de oferecer aos menos familiarizados ou "esquecidos" de nossos clássicos sólido roteiro para atualização de sua formação, e aqui incluo professores, profissionais liberais e "neoliberais" (?) como também jovens jornalistas e antigos sindicalistas, desacorçoados com as lutas de classes.

Acompanhado no fim de listagem de obras que inventaram o Brasil e de esclarecedor posfácio do historiador José Murilo de Carvalho, a obra condensa os diálogos intelectuais, políticos e até filosóficos que o ex-presidente manteve com alguns de nossos principais formadores, como os escolhidos na seleção seus interlocutores Sérgio Buarque de Holanda, Caio Prado Júnior, Antonio Candido, Florestan Fernandes, Celso Furtado e Raymundo Faoro. E sobretudo do grande "formador" Gilberto Freyre, a quem FHC dedica o segundo melhor ensaio do livro (o primeiro é sobre seu mestre e ex-catedrático Florestan), de modo que honrou seu campo de conhecimento, ao tratar dos nossos dois maiores sociólogos-historiadores do século XX brasileiro.

FHC escolheu pensadores-pesquisadores que foram, de algum modo, homens de ação e voltados ao tempo presente, que iluminaram o caminho que o levou, rapazote ainda na década de 1940, do Colégio Estadual Presidente Roosevelt, onde, orientado por professores de excelência, a ler Euclides da Cunha, Freyre e Caio Prado, à antiga Faculdade de Filosofia da USP da rua Maria Antônia, já na década de 1950. Na Maria Antônia, como aluno e professor, redescobriu o Brasil com Buarque, Candido, Fernando de Azevedo, Florestan e (talvez menos) Paulo Prado, mas também o vasto mundo das ciências humanas, de Marx, Weber, Mannheim, Durkheim, Sartre e inúmeros outros intelectuais. E logo conheceu homens de Estado, como Furtado, principal formulador das teorias do desenvolvimento e subdesenvolvimento, de pré-revolução e reforma. Teorias e práxis que o levaram ao exílio após o golpe de 1964, onde descobriu a América Latina, a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina) de Raúl Prebisch, respirou os novos ares do marxismo e do mundo e elaborou, com outros cientistas sociais, as teorias da dependência.

A partir de então aprofundou pesquisas e iniciou diálogo com os principais intelectuais e políticos de nosso tempo. Bom articulador e sempre juntando peças do quebra-cabeça brasileiro, não conseguiu, porém, fazer com que Caio e Furtado se entendessem... O fato é que FHC proferiu incontáveis conferências aqui e no exterior e muito polemizou: em larga medida, sua obra deriva e se alimenta de aulas, conferências e desses debates, confrontos e revisões.

Após descobrir o tamanho do mundo e circular pelos principais centros universitários mundiais, retornou ao país, envolveu-se na resistência à ditadura e, depois, na busca de um novo modelo político para o Brasil. Envolveu-se nas campanhas pela redemocratização do país (com o mesmo vigor que participara da campanha pela escola pública nos anos 60 e da Sociedade para o Progresso da Ciência nos anos de chumbo), incrementou seu "côté" publicista e, não surpreendentemente, após a senatoria e o Ministério de Relações Exteriores, conquistou a Presidência, mercê do mais acabado programa de recuperação nacional até então aplicado no país: o Plano Real, que, aliás, daria fôlego e seria malbaratado nos governos seguintes.

O título do livro indica com clareza o foco: pensadores que inventaram o Brasil, nada banal, pois a construção de um Estado e de uma cultura democrática moderna implica sofisticada arquitetura intelectual para embasá-los. Dir-se-ia "cum granum salis" que o problema também é o design do Estado brasileiro, dada a rudeza do universo político-cultural em que vicejam Renans, mais a carência de Estadistas (com E maiúsculo), o que dá razão ao historiador Caio Prado em seu mais duro diagnóstico. O historiador, com quem FHC manteve relações até o fim da vida, dizia que "o Brasil é um país muito atrasado". E, depois de mais refletir, repetia: "Muito atrasado".

Três ensaios sobre Nabuco abrem a coletânea, em que o leitor encontrará uma síntese do perfil do estadista, seu "olhar latino-americano" e uma análise aguda de sua ideologia democrática. FHC inclui na conversa clássicos como Tocqueville e Thiers, e historiadores, como nosso contemporâneo Murilo de Carvalho. Talvez seja este o estudo com o qual FHC mais se identifique e apareça de corpo inteiro, pois o autor de "Minha Formação" também era filho de político, preocupava-se com sua formação intelectual e cultivava suave postura de conciliador político (apesar de abolicionista consequente). Outra semelhança: Nabuco, "charmeur" e, não por acaso, apelidado de Quincas o Belo, destacava-se por bem administrado narcisismo, compreensível até, pois era talentoso e culto. Faoro, outro intérprete do Brasil analisado no livro, observou-me certa vez, sem a ironia habitual, que Fernando Henrique revela "traços de estadista da estirpe de Nabuco".

Por fim, acrescente-se que Nabuco não era homem de posses, como tampouco FHC e seu pai general o foram, ao menos nos inícios de vida. Em seu governo, Fernando Henrique inaugurou a Cátedra Nabuco na Universidade Stanford (Califórnia), pela qual passaram Freyre e Oliveira Lima e José Murilo. Penso, todavia, que, no denso estudo de FHC, caberia comentário ao célebre discurso de Nabuco sobre a "ponte de ouro", em que o estadista propôs, em conjuntura de grave crise nacional, que liberais e conservadores dessem as mãos e estabelecessem "ponte" para salvação da pátria. O que FHC, os tucanos e os petistas tampouco jamais conseguiram. Enfim...

Mais solto, porém sutil, é o ensaio sobre Paulo Prado, o mecenas modernista paulistano, a meu ver o Lampedusa brasileiro. Se indica em sua obra "Retrato do Brasil" os limites e a graça do "método" impressionista, já a obra de Freyre merece análise mais acurada e aguda, apontando pontos vulneráveis nas teorias do grande escritor, a começar pelo "ecletismo metodológico e o quase embuste do mito da democracia racial" e da "ausência de conflitos entre as classes" por conta da "plasticidade e do hibridismo inato que teríamos herdado dos ibéricos". Vale a menção ao cientista político e diplomata Tarcísio Costa, que o alertou quanto "às razões de pinimbas que muitos de nós, acadêmicos, temos com Freyre". Mas poderia ter insistido em que Freyre inaugurou em suas obras toda a pauta que seria a da badalada École des Annales, com os tais "novos" objetos, como habitação, alimentação, sexualidade, ecologia.

O leitor poderá acompanhar o caminho percorrido e o método pelo qual FHC foi construindo ao longo da vida, dialeticamente, sua teoria do Brasil, para distinguir a soma do resto. Na soma, Buarque e seu culturalismo, Caio Prado e as lutas de classes, em Candido o professor-pesquisador, em Florestan a requalificação do intelectual, em Furtado o rigor e a continência crítica, em Faoro a complexidade do Estado patrimonialista. Mas o resto é enorme, e vale aguardar um segundo volume em que as obras de Manoel Bomfim, Darcy Ribeiro, Roger Bastide, Eduardo Portella, Cruz Costa, Sérgio Milliet, Manuel Correia de Andrade, José Honório Rodrigues, Dante Moreira Leite e tantos outros "explicadores" tenham lugar. Todos compõem a "forma mentis" desse estadista que escreveu o notável "Arte da Política".

"Homo politicus", sabe o que é "virtù". Rodeou-se de intelectuais de peso, como Pedro Malan, escolhido para o Ministério da Fazenda, Celso Lafer (Relações Exteriores) e Miguel Reale Júnior (Justiça). Vale notar que o trânsito de FHC da academia para o publicismo, tanto na imprensa escrita quanto na eletrônica, encorajou professores a sair de seus guetos para o debate público. Até então, "jornalismo era coisa para jornalistas", quando se registrava preconceito destes em relação aos universitários. Não sem alguma razão, pois o mundo universitário, quando ainda não havia escolas superiores de jornalismo, mantinha distância e certo desprezo em relação à "classe média" jornalística: para os universitários de novo perfil abria-se exceção apenas nos jornais em que os publishers eram e gostavam por assim dizer de "gente fina". FHC atravessou essa fronteira, pela senda aberta por Florestan, e se beneficiou, como muitos de nós, dos contatos do "sans-culotte" assistente do professor Fernando de Azevedo com o elegante girondino doutor Julinho de Mesquita Filho, via Paulo Duarte, jornalista jacobino, que também cultivavam o gosto aristocrático pelo popular.

Finalmente, uma nota pitoresca: copo na mão, Buarque, durante uma festa acadêmica de defesa de tese, aproxima-se do saudoso Bento Prado Júnior, bom de filosofia e de copo, e pergunta-lhe: "O Fernando Henrique, que está ali num canto, você confia nele?" Bento, atônito, admira-se: "Claro, por quê?" O historiador responde, com ceticismo: "Eu não confio em quem não bebe..." E saíram os dois dançando, com copo na mão.

Carlos Guilherme Mota, historiador, professor emérito da USP e autor de "Ideologia da Cultura Brasileira de História do Brasil" (em coautoria com Adriana Lopez)

Fonte: Valor / Eu & Fim de Semana

Flip – A Política invade a festa: homenagem à Graciliano - Por Andrè Miranda

Graciliano Ramos, o político: ordem na literatura e na administração

Flip terá na biografia e nos livros de seu homenageado um guia para debater o atual clima de insatisfação entre os brasileiros: como prefeito de Palmeira dos Índios, militante do Partido Comunista Brasileiro e autor de obras de cunho social, alagoano foi um exemplo de conduta ética

Há pouco mais de 80 anos, não foram necessários protestos para que houvesse mudanças num pequeno município do interior de Alagoas. Entre 1928 e 1930, um prefeito de Palmeira dos Índios resolveu combater a corrupção, acabar com o clientelismo que favorecia os coronéis e dar uma atenção especial para a periferia, antes ignorada. Ele chegou a demitir o secretário de Finanças, por deslizes. Proibiu pequenas infrações, tão comuns já naquele tempo, inclusive as cometidas por parentes. Fez, portanto, o que se espera de qualquer governante, apesar de ele próprio não ser um brasileiro qualquer.

Naquela época, o prefeito de Palmeira dos Índios era Graciliano Ramos, o alagoano que se tornaria, nos anos seguintes, um dos mais respeitados autores da literatura brasileira, mas que deixou uma breve marca de correção e austeridade na política — um exemplo para os dias atuais em que as ações de governantes têm sido questionadas pelo povo. Graciliano será o autor homenageado na 11a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) e terá mesas dedicadas não apenas à sua obra literária, mas também a seu legado e pensamento político. O anúncio da homenagem foi feito no ano passado, mas o momento não poderia ser mais apropriado.

— Acho que houve uma intuição da Flip na escolha do Graciliano para este ano — diz o escritor amazonense Milton Hatoum, que será responsável pela conferência de abertura da Festa, na quarta-feira. — Pretendo abordar muito o Graciliano político. Na vida política dele, tanto como prefeito de Palmeira dos Índios e depois como secretário de Educação de Alagoas, já havia uma preparação para o que seria sua ficção. Nunca houve uma mensagem ideológica em seus livros, mas ele tocou em questões profundas da nossa sociedade. Hoje, as pessoas estão indo para as ruas para tentar resolvê-las. A educação, por exemplo, era central na obra dele. Havia, por um lado, os Fabianos, e por outro o discurso pomposo do poder oligárquico e patriarcal.

Romances sociais e psicológicos

Graciliano foi prefeito de Palmeira dos Índios entre janeiro de 1928 e abril de 1930 e imortalizou a experiência em relatórios de prestação de contas enviados ao governo de Alagoas, nos quais descrevia suas atividades e comentava os problemas da cidade. Com ironia, ele escreveu, no relatório sobre o ano de 1929, acerca dos mais abastados do município: “Bem comido, bem bebido, o pobre povo sofredor quer escolas, quer luz, quer estradas, quer higiene. É exigente e resmungão. Como ninguém ignora que se não obtém de graça as coisas exigidas, cada um dos membros desta respeitável classe acha que os impostos devem ser pagos pelos outros”.

Foram os relatórios que chamaram a atenção do editor Augusto Frederico Schmidt para a qualidade do texto de Graciliano e levaram à publicação, em 1933, de seu primeiro romance, “Caetés”. Na época, o autor já havia deixado a prefeitura de Palmeira.

— Uma característica de Graciliano que transparece nos relatórios, apesar do humor e da ironia, é exatamente o desejo de ter as coisas em ordem, seja em termos de gramática, administração pública ou organização social — diz o americano Randal Johnson, professor do Departamento de Espanhol e Português da Universidade da Califórnia, que virá ao Brasil participar da Flip. — É importante notar, porém, que a sua concepção de ordem tem a ver com transparência e eficiência, e não com a regimentação autoritária, como se vê na mesma época em alguém como (o escritor e acadêmico carioca) Otávio de Faria.

O interesse de Johnson na cultura brasileira teve início em 1967, sob motivação de João Gilberto, Tom Jobim e outros célebres bossanovistas. Da música, ele passou para o cinema e para a literatura. E teve em “Vidas secas” sua estreia como leitor de romances brasileiros.

— O gênio de Graciliano foi ter conseguido transcender as dicotomias do campo literário na época, escrevendo romances que são sociais e psicológicos ao mesmo tempo, mostrando o impacto das contradições sociais sobre o indivíduo, ou como essas contradições são internalizadas em figuras como Paulo Honório (protagonista de “São Bernardo”) ou Luís da Silva (de “Angústia”) — explica Johnson.

Depois da breve experiência como prefeito, Graciliano se mudou para Maceió, onde assumiu primeiramente a direção da Imprensa Oficial de Alagoas e, em 1933, o cargo de diretor da Instituição Pública de Alagoas, órgão que equivalia à Secretaria de Educação. Biógrafo de Graciliano, e também convidado para debater sua obra na Flip, o carioca Dênis de Moraes explica que, nos quase três anos em que ficou no governo alagoano, o autor deu uma contribuição importante para alterar a gestão da instituição.

— Ele foi um secretário revolucionário, redirecionando os investimentos para os bairros pobres e municípios carentes — conta Dênis de Moraes, autor da biografia “O velho Graça” (Boitempo Editorial). — Assim que foi empossado para cuidar da Educação de Alagoas, ele quis ir à periferia. Escolheu, então, o bairro mais pobre de Maceió e encontrou uma escola completamente às moscas porque os alunos eram muito pobres, não tinham dinheiro para comprar uniformes e sapatos, e havia um regimento que impedia que a escola funcionasse com alunos sem uniforme. Aí ele foi a uma loja de tecidos, a uma sapataria e costureiras. Disse, em todos os casos, que não tinha dinheiro para pagar naquele momento pelos serviços, mas que precisava de ajuda e que pagaria assim que pudesse. Depois ele voltou pessoalmente à escola com os embrulhos para dar para os alunos. E, mais adiante, mandou pagar a loja de tecidos, as costureiras e a sapataria.

Logo depois de deixar o governo de Alagoas e justamente por algumas das posturas que mantinha em sua vida pública e pelos temas de seus livros, Graciliano foi preso pelo governo de Getúlio Vargas em março de 1936, acusado de ser comunista. A prisão de Graciliano acompanhou uma caça perpetuada por Vargas contra os integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB) que, meses antes, em novembro de 1935, deflagraram a Intentona Comunista, uma tentativa de golpe contra a presidência.

Graciliano foi, assim, levado para o antigo presídio de Ilha Grande, no Estado do Rio, onde ficou até janeiro de 1937. O episódio ficou conhecido por seu relato em “Memórias do cárcere”, obra que seria lançada apenas em 1953, poucos meses após sua morte.

— Temos que parar de falar de Ilha Grande como um presídio e dar àquilo o termo correto: era um campo de concentração. Houve prisões em massa de opositores da Ditadura Vargas, que eram colocados lado a lado de presos comuns, de ladrões e assassinos — conta Dênis. — Em “Memórias do cárcere”, Graciliano mostrou como todos viviam lá em condições sub-humanas. Era uma situação ultrajante tanto para os presos políticos quanto para os presos comuns.

Apesar de ser preso sob a acusação de comunismo, o escritor só se filiou ao PCB anos depois, em agosto de 1945, a convite de Luís Carlos Prestes.

— Graciliano foi à União Soviética em 1952 como membro de uma delegação oficial do PCB. Embora na juventude, aos 20 e poucos anos, tivesse contato com “O capital”, de Marx, e tivesse acompanhado pelos jornais o desenrolar da Revolução Russa de 1917, a documentação sobre seu pensamento político na época é escassa. Portanto, acho difícil dizer que a sua crença na esquerda era a mesma nas duas ocasiões. Nem poderia ser. Temos que ter um pouco de cuidado com projeções retrospectivas. O fato de que alguém pensava de determinada maneira em 1952 não significa que já pensava da mesma forma em 1922 ou 1932 — diz Randal Jonhson.

Um dos temas de debate na Flip certamente será o quanto o comunismo afetou a postura pública e a obra de Graciliano. Seus livros nunca foram panfletários, muito menos seguiram a cartilha do realismo socialista do soviético Andrei Jdanov, para quem as artes deveriam refletir a política diretamente. E Graciliano acabou sendo criticado por membros do PCB por essa falta de alinhamento com a estética socialista.

Até mesmo ao analisar os ganhos do comunismo, ele adotava uma postura crítica. Em seu livro de crônicas “Viagem”, publicado em 1954, um ano depois de sua morte, há queixas sobre o excesso de policiais nas ruas de Moscou e quanto ao culto que havia entre os soviéticos ao Mausoléu de Lênin.

— Ele foi bastante cobrado pelo Partido, mas sua dignidade e compromisso com a literatura foram mais fortes do que essas cobranças — diz Milton Hatoum. — Nunca houve uma mensagem ideológica em seus livros. Ele detestava o realismo socialista.

Autonomia e sensibilidade crítica

Algumas dessas discordâncias estéticas de Graciliano com o socialismo também apareceram em sua viagem à União Soviética. Numa visita à Geórgia, então uma república soviética, ele estranhou não haver, na sede da União dos Escritores Georgianos , uma foto de Dostoiévski, cuja obra era considerada burguesa pelo governo de Stálin. Perguntou a razão da ausência para um responsável pelo local. E obteve como resposta que Dostoiévski não era georgiano.


Graciliano, então, percebeu que havia lá na parede uma foto de Tolstói, escritor russo que era tão “georgiano” quanto Dostoiévski, mas que nunca teve sua literatura condenada pelos dirigentes comunistas.

— Graciliano se filiou ao PCB por ter uma firme convicção no socialismo, por ver a ideologia como um caminho para a emancipação da Humanidade. O Partido, para ele, era um instrumento de luta política para a construção de uma nova sociedade. Foi uma militância extremamente importante dentro de sua escala de valores — avalia Dênis de Moraes. — Mas, ao mesmo tempo, ele sabia diferenciar o Partido como instituição do Partido apropriado por seus dirigentes. Com notável habilidade, ele sempre repeliu quem tentasse impingir o realismo socialista em sua obra. Ele tinha autonomia e sensibilidade crítica que não o fizeram se subordinar aos imperativos do Partido. Por isso, sua crença filosófica no socialismo não contaminou sua obra literária.

Outro exemplo da firmeza com que Graciliano defendia suas convicções — políticas e estéticas — apareceu no campo pessoal. O autor, nascido numa família de classe média no município de Quebrangulo, em 1892, foi visto por muitos como um homem sisudo e extremamente sério. Há relatos de quem o considerava arrogante e antipático justamente por não aceitar desvios de qualquer natureza, tanto públicos quanto privados.

Quando prefeito de Palmeira dos Índios, ele demitiu seu secretário de Finanças ao desconfiar de sua lisura no cuidado das contas do município. Só que o tal secretário era irmão do vice-prefeito, que prontamente foi até Graciliano reclamar da situação e dizer que, se o irmão saísse, ele sairia também. O escritor não se abalou. Peremptório, continuou a governar sem vice-prefeito.

— Correndo o risco de exagerar, digo que Graciliano era um tipo pouco brasileiro. O discurso comum nacional é o do excesso, do acúmulo, da intensidade, da carnavalização. Já o Graciliano ia na contramão disso. Seus personagens foram marcados por uma dureza moral, que vem de um ethos que desconfia das próprias emoções e excessos — analisa o escritor pernambucano José Luiz Passos, que estará em três mesas da Flip, duas como mediador de discussões sobre a obra de Graciliano. — Com a decisão de escolher Graciliano como autor homenageado da Flip em 2013, a organização deu uma sorte incrível por a festa ocorrer justamente neste momento de protestos pelo país. Eu acho que, por isso, a Flip será um campo importante de reflexão sobre tudo o que vem acontecendo no Brasil. E será uma reflexão guiada pelo pensamento do Graciliano.

Fonte: Prosa / O Globo

Paulinho da Viola - Filosofia

No meio do caminho - Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

OPINIÃO DO DIA – Marina Silva: as ruas, uma surpresa

As manifestações nas ruas do Brasil nos colocam uma grata surpresa: o atual modelo político, além de desautorizado pelo repúdio na polifonia das multidões, também está sendo descontinuado, desconstruído e, ao menos simbolicamente, sepultado. Isso pode assustar, mas devemos nos alegrar por termos chegado a um ponto de virada, em que é possível fazer a história fora do museu, deixar a velha e estagnada repetição que nos condena a andar sem sair do lugar.

Tenho dito e repetido: é hora de metabolizar, não de capitalizar. Para além das reações, podemos construir respostas, reelaborando, sobretudo, os improvisos que a surpresa do momento nos obriga a fazer e colocando em debate as soluções dadas no susto.

Marina Silva, ex-senadora, in “No susto”, Folha de S. Paulo, 28/6/2013

Manchetes dos jornais de hoje

O GLOBO
O Brasil nas ruas: Deputado desafia ordem de prisão do STF e some
Base apoia plebiscito, e oposição, referendo
Menos protestos, e mais um morto
BC avisa: PIB será menor; e inflação, maior
IPI de geladeira e móvel aumentará

FOLHA DE S. PAULO
Planalto defende plebiscito
conciso sobre reforma
Deputado não cumpre acordo de se entregar e está sumido
Alckmin corta secretaria para cobrir perda de receita do metrô
Violência do Estado dificulta atos pacíficos, diz Passe Livre
Dono da Azul e BNDES negociam compra da TAP

O ESTADO DE S. PAULO
Aliados apoiam plebiscito; oposição vê manobra de Dilma
Lula e as redes sociais
Senado dos EUA aprova reforma imigratória
IPI de móveis e linha branca sobe 2ª feira
Copa das confederações: Legado, só estádio, diz Valcke, da Fifa

VALOR ECONÔMICO
Demanda menor reduz juro no crédito para construção
BC prefere superávit fiscal estrutural
Commodities em baixa no semestre

BRASIL ECONÔMICO
BC ainda aposta no consumo apesar dos indicadores
Royalties da discórdia

ESTADO DE MINAS
O dia depois da guerra
Reforma política: Base aliada aprova plebiscito genérico

O TEMPO (MG)
Assembleia Popular define nova manifestação para o fim de semana
Comandante da Polícia diz que manifestações em BH são pacíficas
Oposição se une contra plebiscito e defende realização de referendo
BC prevê crescimento menor

CORREIO BRAZILIENSE
Burocracia emperra a vontade das ruas
Mais inflação e PIB menor, prevê o Banco Central
Comércio perde R$ 9 bilhões com protestos
IPI para móveis e linha branca volta no dia 1º

GAZETA DO POVO (PR)
Planalto tenta assumir controle sobre a agenda das manifestações
Burocracia impede a construção de presídios
Senado dos EUA aprova lei de imigrantes
Argentina segura o trigo

ZERO HORA (RS)
Governo quer plebiscito, oposição quer referendo
Manifestantes mantêm Câmara ocupada em SM
Abaixo do previsto: Móveis e linha branca terão elevação de IPI

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Protestos no País já deixaram 6 mortos
Preço de fogão e geladeira deve subir

O que pesna a mídia - editoriais dos jornais de hoje

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

O Brasil nas ruas - Menos protestos, e mais um morto

Os protestos pelo país foram menos intensos ontem. No Centro do Rio, num ato contra “ a violência policial e a corrupção, cerca de 5 mil pessoas marcharam até a sede da federação das empresas de ônibus.

O comércio sofre perdas de R$ 350 milhões a cada dia de manifestação.

No Guarujá (SP), um jovem de 16 anos morreu atropelado por um caminhoneiro que desviava de um protesto. Jovens de países da América Latina, como Chile, Paraguai e Costa Rica também saíram às ruas em atos contra governos e políticos

Dia de protestos e negociações

Manifestantes retomam atos em todo o país, enquanto políticos tentam dar resposta aos protestos

Gustavo Goulart, Sérgio Ramalho e Vera Araújo

Enquanto a Polícia Federal caça o deputado federal Natan Donadon (RO), expulso do PMDB e foragido da Justiça depois de receber ordem de prisão do Supremo Tribunal Federal (STF) pelas condenações de peculato e formação de quadrilha, milhares de brasileiros voltaram às ruas ontem para pedir o fim da corrupção e melhores serviços públicos. As manifestações, porém, foram menos intensas.

No Rio, pelo menos cinco mil pessoas protestaram contra a impunidade e por mais dinheiro para a Educação, entre outros temas.

Em Brasília, a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) resolveram mostrar a cara, duas semanas depois do início da onda de manifestações.

Em Fortaleza, após uma grande protesto pacífico, vândalos tentaram furar o bloqueio da polícia no perímetro de segurança do estádio do Castelão, onde ocorria a partida entre Espanha e Itália, e provocaram novas cenas de violência. Em Salvador e Porto Alegre também houve protestos, com número menor de manifestantes, em relação aos dias anteriores.
Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff obteve, no Palácio do Planalto, o sinal verde dos partidos aliados ao governo para propor um plebiscito para fazer a reforma política. A base governista já discute incluir entre os temas do plebiscito o fim da reeleição e a ampliação para cinco anos do mandato do presidente da República. A ideia de plebiscito, porém, é rechaçada pelos partidos de oposição, que prefere realizar um referendo.

Juntos, PSDB, DEM e PPS emitiram nota na qual chamaram de "tentativa de golpe" a fracassada ideia de Constituinte para tratar do assunto. E defenderam, no lugar de um plebiscito - no qual os temas de reforma política seriam diretamente tratados pela população -, um referendo, em que o Congresso discutiria as mudanças na legislação e submeteria o resultado do debate parlamentar aos eleitores. Para a oposição, o governo tenta desviar o foco dos problemas sociais ao focar a discussão sobre a reforma política.

Manifestação pacífica ocupa o Centro do Rio

PMs reforçam a segurança da sede do Legislativo e da federação de ônibus

Milhares de pessoas voltaram a ocupar de forma pacífica as ruas do Centro do Rio ontem à tarde, numa manifestação organizada pelo Fórum de Lutas Contra o Aumento da Passagem. Cerca de cinco mil pessoas participaram do ato, de acordo com o 5º Batalhão da Polícia Militar (BPM). A Avenida Rio Branco foi totalmente interditada na altura da Presidente Vargas, que chegou a ficar bloqueada, nos dois sentidos, entre a Avenida Passos e a Candelária, onde a concentração começou. Depois de chegarem na Cinelândia, o grupo seguiu pela Rua Araújo Porto Alegre e ocupou a Avenida Presidente Antônio Carlos, que foi fechada. A passeata seguiu sem confrontos pela Rua Primeiro de Março até a Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), parou em frente à sede da Federação da Empresas de Transporte do Rio (Fetranspor), na Rua da Assembleia, e voltaram para a Cinelândia.

Diferentemente dos outros dias de protesto, em que manifestantes com bandeiras de partidos políticos foram hostilizados, desta vez sindicatos e membros de partidos participaram do ato sem ser incomodados. Alguns manifestantes levaram instrumentos musicais e formaram uma banda em meio ao protesto, que teve cartazes com dizeres e palavras de ordem contra a violência policial, a corrupção, a falta de verba nas universidades, defendendo melhor qualidade de ensino na universidade pública.

O protesto foi marcado uma plenária que reuniu cerca de mil pessoas no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da UFRJ, no Centro, no início da semana. Na página do evento no Facebook, mais de 9 mil pessoas haviam confirmado presença no protesto. A Polícia Militar mas informou que o policiamento foi reforçado na região com pelo menos 400 agentes. Somente em frente à Alerj, na Rua Primeiro de Março, ficaram cerca de 200 PMs. Do outro lado da rua, no número 10 da Rua da Assembleia, onde funciona a sede da Fetranspor, outro grupo de cerca de 200 policiais reforçava a segurança. Grupos de policiais militares em fila indiana seguiram a passeata pelas laterais, enquanto outro grupo permanecia à frente dos manifestantes, mas não houve registros de confusão. Ao longo da passeata, os manifestantes eram saudados por pessoas que estavam nos prédios, que piscavam as luzes dos escritórios à medida que eles passavam, além de jogar papel picado.
Apesar do clima de tranquilidade, alguns manifestantes chegaram a cobrir os rostos e a colocar máscaras de gás ao chegar perto da Alerj, palco, na semana passada, de violentos confrontos entre vândalos e a PM. Mas os organizadores pediram que eles não escondessem o rosto, e o ato prosseguiu sem incidentes.

TJ dispensa juízes por causa do ato

O comércio do Centro fechou as portas mais cedo, mas dezenas de vendedores ambulantes aproveitaram a passeata para trabalhar. Como Paulo Sergio Bernardo, de 50 anos. Auxiliar de serviços gerais, ele vendia bandeiras do Brasil, mas reclamou que o ato de ontem tinha menos manifestantes que o da semana passada.

- Da outra vez, consegui vender 300 bandeiras a R$ 10 em uma hora e meia. Hoje, em 30 minutos, vendi apenas 40 - lamentou o ambulante.

A concentração para o ato começou pouco antes das 16h na Candelária, onde policiais militares pediam aos manifestantes que se afastassem de possíveis vândalos. Eles distribuíram panfletos com os dizeres "Ajude-nos a proteger você. Afaste-se dos que insistem em vandalizar uma manifestação pacífica".

A estudante do programa Jovem Aprendiz Beatriz Gonçalves, de 16 anos, participava pela primeira vez das manifestações no Rio, protestando a favor da educação. Beatriz, que mora na Ilha do Governador, contou que, por causa do horário de trabalho, não pôde participar dos outros atos. Ela chegou mais cedo, com oito amigos.

- Sem conhecimento, não se muda um país - disse a estudante.

Por causa do protesto, a presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargadora Leila Mariano, pediu que todos os juízes deixassem o prédio do TJ, que fica na Avenida Presidente Antônio Carlos.

Outros dois grupos se juntaram aos manifestantes que se concentravam na Candelária: um deles, formado principalmente por professores, saiu da Lapa e seguiu pela Avenida Presidente Antônio Carlos, passando pela Rua Primeiro de Março, e o outro, com cerca de 300 pessoas, saiu do Largo de São Francisco, onde fica o IFCS. O grupo que estava concentrado no Largo de São Francisco se dirigiu à Candelária por volta das 17h.

As mortes no Complexo da Maré também entraram na pauta de reivindicações. Manifestantes levavam cartazes pedindo uma polícia menos truculenta e gritavam palavras de ordem como "A Maré está conosco". Um grupo de moradores da comunidade levou cartazes pretos com os nomes das vítimas da operação que deixou nove mortos, além de um sargento do Bope, na madrugada de terça-feira.

Em Fortaleza, 84 são presos por vandalismo em passeata

Minoria confrontou a PM e causou depredações; sete ficaram feridos

Um dos mais violentos confrontos entre a polícia e manifestantes ocorrido em Fortaleza desde a última segunda-feira mudou ontem a rotina de uma das principais vias de acesso à Arena Castelão, onde jogavam Espanha e Itália, pela Copa das Confederações: o vai e vem dos veículos na Avenida Dedé Brasil foi substituído por carros incendiados, ônibus e placas de publicidade depredadas e uma enxurrada de pedras, bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Sete pessoas ficaram feridas e, segundo a Secretaria de Segurança Pública, 84 foram detidos por vandalismo.

O protesto, que reuniu cerca de cinco mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar, iniciou de forma pacífica. Pela manhã, os manifestantes se reuniram em frente à Universidade Estadual do Ceará (Uece) e saíram em passeata com uma extensa pauta de reivindicações: a criação de um fundo para obras contra a seca, mais investimentos em Educação e Saúde, a redução da tarifa de ônibus dos atuais R$ 2,20 para R$ 2 e a suspensão das obras do Acquário. Por volta do meio-dia, as duas pistas da avenida já estavam tomadas pelos manifestantes, entre eles, estudantes, trabalhadores e representantes de entidades do movimento estudantil e sindical.

Ao tentarem passar pela primeira barreira policial, distante apenas três quilômetros do estádio, um pequeno grupo entrou em confronto com a PM e passou a jogar paus e pedras nos agentes de segurança, reação que os demais manifestantes tentaram conter. O grupo furou o primeiro bloqueio, mas foi contido na segunda barreira policial, formada pelo Batalhão de Choque, que avançou e, com apoio da Força Nacional de Segurança, tentou afastar a minoria exaltada com bombas de gás lacrimogêneo. O grupo reagiu e incendiou pneus, cadeiras e um carro de reportagem de uma emissora local, a TV Diário, afiliada da Rede Globo. Depois, depredou o veículo de outra emissora de TV e atirou pedras contra um ônibus que levava torcedores para a Arena Castelão. Os demais manifestantes tentaram contê-los, gritando "Sem violência", sem sucesso. A polícia usou mais bombas de gás lacrimogêneo e dispersou o grupo. Dos 84 detidos, 57 são adultos e 27, adolescentes.

Em Salvador, após uma manifestação pacífica em defesa do passe livre, da redução da tarifa de ônibus da capital e contra a corrupção, que, segundo a PM, reuniu cerca de duas mil pessoas, um pequeno grupo de manifestantes que se dirigia à Estação da Lapa, principal terminal de ônibus do Centro, entrou em confronto com a polícia, que virou alvo de pedras e rojões. Dois contêineres foram incendiados no local. Assim como em Fortaleza, eles tentaram furar o bloqueio policial e houve reforço do Batalhão de Choque, que usou gás lacrimogêneo para afastá-los.

Mais cedo, os líderes do Movimento Passe Livre (MPL), que esperavam entregar uma carta com 21 reivindicações ao prefeito ACM Neto (DEM), foram recebidos pelo secretário Municipal dos Transportes, José Carlos Aleluia, vaiado pelos manifestantes.

Um grupo de manifestantes também foi recebido em Maceió (AL), mas pelo presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas. Eles participaram de um protesto pacífico contra a corrupção e pela redução da tarifa de ônibus e pediram que a Justiça proíba o reajuste de R$ 2,30 para R$ 2,85.

- Não há clima para se aumentar a passagem de ônibus em Maceió. O Tribunal de Justiça de Alagoas é sensível à voz das ruas - disse o presidente do TJ, José Carlos Malta

(Odilon Rios e Biaggio Talento, da Agência Tarde, com o G1)

Fonte: O Globo

O dia depois da guerra

Destruição

Cenários desoladores nas lojas e revolta dos comerciantes. Era a situação da Avenida Antônio Carlos após as depredações e saques da véspera. As mais atingidas foram as concessionárias de veículos. Em apenas uma delas, o prejuízo é de R$4 milhões. "Já cheguei chorando e implorando para que não roubassem nem destruíssem nada", lembrou a empresária Ana Paula Freitas, que evitou a invasão de sua estamparia. Para piorar, os seguros raramente indenizam por esse tipo de incidente. Só quando há uma cobertura adicional, que encarece a apólice em até 50%.

Desespero

Buscar forças para superar a dor. Era o que restava à família de Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21 anos, que morreu depois de ter caído do Viaduto José Alencar, na Pampulha, durante a manifestação. Auxiliar de logística de uma empresa de Contagem, ele havia faltado ao serviço para ir ao protesto. O corpo será sepultado hoje, em Curvelo, onde o rapaz passou grande parte da vida. Das outras cinco pessoas que caíram do mesmo viaduto nas várias manifestações, quatro continuam internadas. Na quarta-feira, o total de feridos chegou a 16 e 15 já tiveram alta.

Prisões

Setenta e nove adultos e 30 adolescentes, num total de 109 detidos por depredações, roubos e outros oito crimes cometidos quarta-feira. Esse foi o balanço apresentado pela Polícia Civil. Permanecem presos 26 maiores e apreendidos 18 menores. A maioria tem antecedentes criminais. Uma força-tarefa trabalha para identificar e prender outros marginais. Segundo o delegado Anderson Alcântara, há dois grupos extremistas radicais adeptos do vandalismo, com ligações em outros estados e até países, envolvidos nas ações violentas em BH, que já estão sendo rastreados.

Depois do quebra-quebra, uma família em pedaços

Belo Horizonte ainda conta os prejuízos de uma das maiores ondas de vandalismo de sua história. As primeiras estimativas falam em milhões de reais. Mas uma família já sabe que jamais vai conseguir quantificar o que perdeu durante a manifestação de quarta-feira, que arrasou a Avenida Antônio Carlos. "A morte do meu filho não vai representar os cinco centavos de redução da passagem e os políticos vão continuar roubando. A única mudança que vai ter é na minha alma, que agora tem um vazio. Ele não mudou a história do país, mas a da nossa família." A fala carregada de dor e revolta é de Neide Caetano de Oliveira, de 43 anos, mãe de Douglas Henrique de Oliveira Souza, de 21, morto durante a manifestação na Pampulha. Douglas não pertencia a grupos políticos nem carregava bandeiras. Foi ao protesto contrariando a mãe, que havia lhe pedido para ficar em casa. "Ele queria lutar por um Brasil melhor, por saúde e educação, que é o que todos querem, mas mudou a nossa família", completa a irmã Letícia Aparecida, de 22.

Longe da baderna e das confusões, o grito de protesto de Douglas foi interrompido em um pulo dado em falso de cima do Viaduto José Alencar, que faz a ligação das avenidas Antônio Carlos e Abrahão Caram, no acesso ao Mineirão. Segundo um dos dois amigos que o acompanhavam na manifestação, Fernando Fernandes, Douglas tentou pular a mureta do viaduto para alcançar a outra pista, mas não viu o vão livre entre os dois lados. De acordo com a Polícia Civil, não haverá investigação sobre a morte, pois ainda não há indícios de crime. Outros cinco manifestantes foram pegos pela mesma armadilha nos protestos de sábado e quarta-feira. A proteção instalada pela Prefeitura de Belo Horizonte na terça-feira não evitou o risco, pois impedia o acesso apenas nas cabeceiras do elevado

A mãe assistiu a tudo pela televisão e, na hora do acidente, identificou o filho pela cor da camisa. "Vi o Douglas deitado no chão. Meu filho era muito especial na minha vida, falava que me amava todos os dias", diz Neide, em prantos. "Não sei se conseguirei superar esta dor", completa. Filho de pais separados, Douglas se mudou com a mãe, as duas irmãs e uma sobrinha, há cerca de dois anos, de Curvelo, na Região Central, para Contagem, na Região Metropolitana de BH. O pai mora em São Francisco de Paula, no Centro-Oeste do estado. Teve que ser internado com hipertensão ao saber da morte do filho.

O jovem nasceu em Oliveira, também no Centro-Oeste de Minas, mas passou grande parte da vida em Curvelo, onde será sepultado hoje, às 8h, no Cemitério Santa Rita. O velório começou ontem, às 18h. "Viemos do interior para estudar, pois lá não há muitas oportunidades. Queríamos uma vida melhor", diz a irmã. Segundo o primo Pedro Henrique Caetano, de 23, Douglas sonhava em cursar engenharia elétrica. De família simples, o jovem não voltou aos estudos e acabou se dedicando ao trabalho.

Havia seis meses que era funcionário da Usifast, empresa de logística em Contagem. Lá, trabalhava como auxiliar de logística e ajudava a colocar as mercadorias nos caminhões. Pegava serviço às 6h da manhã, mas, na quarta-feira, faltou ao expediente para ir à manifestação. Desde a semana passada estava entusiasmado com os movimentos de protesto e, no perfil do Facebook, chegou a convocar os amigos para irem para a rua. Compareceu à manifestação de sábado e chegou a postar fotos dos protestos de quarta, pouco antes do acidente. Ontem, a morte virou assunto nas redes sociais, onde muitos lamentaram a tragédia.

"Ele morreu lutando, mas não sei se valeu a pena. Fatalidade ou não, morreu por aquilo que acreditava. Era uma pessoa cheia de planos, aventureiro, bonito", lamenta a irmã Letícia. Para o primo, fica a imagem de um jovem que tentou fazer a diferença. "Ele tinha uma luz própria e não esperava ninguém fazer nada por ele. Ia sempre atrás. No sábado, chegou a me falar que a manifestação tinha a nossa cara e que ele iria participar, porque, desse jeito, faria a diferença", conta.

Confronto em dia de jogo

Pela segunda vez, desde o início da Copa das Confederações, o entorno da Arena Castelão, em Fortaleza, transformou-se em palco de confronto entre a polícia e manifestantes que protestavam contra os gastos elevados na construção dos estádios. Cinco policiais militares e pelo menos 20 pessoas que participavam do movimento ficaram feridas. PMs utilizaram spray de pimenta, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. A Polícia Militar do Ceará informou ter feito 92 prisões. Cinco mil pessoas participaram da mobilização.

Integrantes do movimento disseram que, durante o protesto, guardas municipais, responsáveis pela proteção do patrimônio público, teriam usado, pela primeira vez, o chamado canhão sônico. A arma não letal provoca um ruído muito forte que causa náuseas, desorientação e dores pelo corpo. O equipamento foi bastante utilizado nos Estados Unidos em 2012, durante protestos contra encontro do G-20 (grupo dos 20 países mais ricos) que ocorria no país. No fim da tarde, a Guarda Municipal comunicou por meio de nota que a arma não foi acionada. "Oficialmente, a Guarda Municipal de Fortaleza não dispõe de canhão de som. Nunca compramos esse material", informou.

Os confrontos foram travados na Avenida Dedé Brasil, uma das principais vias de acesso à Arena Castelão, que ontem foi palco da eliminação da Itália, nos pênaltis, pela Espanha. O ato teve início às 11h. A PM montou três barreiras até o acesso principal do Castelão. Por volta das 12h30, os manifestante chegaram ao primeiro bloqueio. O clima ficou tenso às 14h. Manifestantes queimaram pneus num trecho da Avenida Dedé Brasil. A polícia utilizou balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar o grupo. Pelo menos cinco ônibus que levavam torcedores para a Arena Castelão foram interceptados. Um dos veículos acabou sendo destruído. Mais cedo, pessoas que protestavam incendiaram um carro de reportagem que fazia a cobertura do ato. Ao todo, três carros da imprensa foram destruídos. A situação foi controlada no fim da tarde.

Salvador Uma passeata com cerca de 2 mil pessoas, convocada pelo Movimento Passe Livre, cobrou a redução do preço das passagens no transporte público da capital baiana. Em coro, os manifestantes gritavam, em frente à Prefeitura de Salvador: "Só em Salvador a tarifa não caiu".

No Rio Grande do Sul, o governador Tarso Genro (PT) anunciou ontem que instituirá o passe livre estudantil no transporte intermunicipal em 1º de agosto. Os alunos atendidos pela medida serão os que residem em uma cidade e estudam em outra, no ensino médio ou na universidade. Estudos preliminares apontam que o impacto será de R$ 10 milhões por ano, e a estimativa é de que sejam concedidos 200 mil passes por mês.

No Rio de Janeiro, 5 mil pessoas foram às ruas, no fim da tarde de ontem, para pedir melhorias no serviço de transporte público e a libertação de manifestantes presos em protestos anteriores. Houve registro de pequenos tumultos entre os próprios manifestantes, mas o ato foi pacífico. Também foram registradas manifestações pacíficas ontem em Florianópolis, São Paulo, Maceió, Porto Alegre, Recife, Goiânia e Santa Maria (RS).

Enquanto isso...

...ministro não vê pobres nos protestos

O ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, Marcelo Neri, disse ontem que "não é a mulher negra de favelas da periferia" que está nas ruas protestando. Para ele, a forte queda da desigualdade na última década, que beneficiou os mais pobres do país, está provocando uma reação de parte da sociedade. "O pessoal do lado belga da Belíndia talvez tenha razões para não estar satisfeito", afirmou. Em palestra, o ministro apresentou dados sobre a queda da desigualdade no período que coincide com os governos petistas de Lula e Dilma Rousseff. "A renda dos 10% mais pobres cresceu 550% mais rápido do que a dos 10% mais ricos. Não tenho o perfil dos manifestantes, mas talvez não sejam os mais pobres da sociedade, que foram os beneficiários da última década", disse ele, que acumula o cargo com a Presidência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Fonte: Estado de Minas

Na praça, um começo com flores e serenata

Durante duas horas e meia, a manifestação realizada ontem diante Palácio Piratini teve clima de quermesse. Havia música ao vivo executada de cima de um trio elétrico, grupinhos conversando animadamente e venda de pipoca, quentão, churrasquinho e cerveja.

– Virou festa junina – comentou uma jovem, provocando riso entre os amigos.

Foi uma noite de novidades dentro da onda de protestos que balançou Porto Alegre nas últimas semanas. O grupo Porto Alegre Vai Parar, que vinha convocando milhares de pessoas para as manifestações anteriores com uma pauta em contra a PEC 37 e a corrupção, não participou, para não fomentar vandalismo.

Em consequência, a manifestação ganhou a cara do Bloco de Luta pelo Transporte Público, uma organização formada por partidos como o PSOL e o PSTU e por uma série de organizações de esquerda. Teve menos gente dos que nos protestos anteriores e assumiu contornos mais tradicionais, com centenas de bandeiras de sindicatos e discursos. Foi a primeira vez que houve discursos em Porto Alegre.

Entre os militantes políticos, também havia muitos cidadãos comuns, que foram levar suas próprias pautas de reivindicação. Alessandra Moreira, 34 anos, e seu marido, Sidnei Vieira, 62 anos, levaram o filho Vitor, nove anos, para participar. Com a máscara do Anonymous, o menino exibia seu cartaz de protesto: "Eu poderia estar jogando no computador, porém estou lutando por um Brasil melhor".

– Nós o trouxemos para que ele cresça com essa ideia de mudança – disse a mãe.

No meio da festa, um helicóptero parou em cima da praça. Na parte debaixo ostentava um painel eletrônico onde sucediam-se mensagens apaziguadoras: "Não ao vandalismo", "Sem partido", "Não deixem os vândalos agirem. Denunciem", "A polícia está aqui pela segurança de todos". Nesse momento, no caminhão de som, a pessoa que discursava chamava a Brigada Militar de "fascista".

O helicóptero incomodou alguns manifestantes:

– Para fazer fazer isso, tem de ser alguém com muito dinheiro. Alguém que quer colocar sua manifestação individual como se fosse de todo mundo. Não representa o grupo que está aqui. O que eu quero saber é quem representa – criticou o pedagogo Guilherme Oliveira, 31 anos.

Sindicalistas gritavam ao microfone "A praça é nossa". Deles e dos policiais, na verdade. Toda a Matriz estava palmilhada por PMs, que faziam um cerco em torno dos prédios dos três poderes ali localizados: Palácio Piratini (sede do Executivo), Palácio Farroupilha (sede do Legislativo) e Palácio da Justiça (antiga sede do Judiciário, hoje Corregedoria e Memorial), em precaução contra depredações. Afinal, o prédio do Judiciário chegou a ser apedrejado, numa manifestação há 10 dias.

Algumas ruas ficaram abertas para que os manifestantes pudessem se dirigir para lá, mas outros trechos – como a parte da Duque de Caxias fronteiriça à sede do Executivo e também o trecho próximo ao Teatro São Pedro – foram fechados.

PMs ganharam rosas de manifestantes

O bloqueio levou os manifestantes a gritar palavras de ordem contra o governador Tarso Genro, pela grande presença de PMs no local. O protesto, aliás, foi convocado "contra a criminalização dos movimentos sociais". Por volta das 19h cresceu o número de manifestantes, chegando a cerca de 5 mil pessoas. Havia muitos sindicalistas, professores, integrantes do movimento gay e estudantes, mas a uma certa distância era possível ver um grupo de mascarados, muitos deles adolescentes, fazendo uma reunião à parte. Eles consumiam bebida alcoólica e ouviam música em rádios.

Tarso Genro resolveu abrir as portas do Piratini para um grupo de 12 manifestantes, o que ajudou a diminuir as vaias. Ficou reunido com eles por cerca de uma hora, a partir das 19h30min. Até então, tudo era calma – até flores para os PMs os manifestantes ofereceram. Dois amigos e colegas de trabalho, os técnicos de informática, Daniel Martins, 26 anos, e Ariel Varriento, 23 anos, seu uniram para distribuir 700 rosas.

Mas a preocupação pairava no ar:

– Se a gente precisar correr, vamos por ali – disse uma jovem ao namorado, indicando a Rua Jerônimo Coelho. Porto Alegre viveu ontem outro dia de protestos e vandalismo. O ato começou com serenata e terminou com bombas de gás, em frente à sede do governo estadual. A fórmula foi a mesma: maioria pacífica e minoria belicosa, com confusão no final.

Agora, os caminhoneiros

Os caminhoneiros vão aderir à onda de protestos para pressionar o governo e o Congresso em busca de soluções para as questões que afetam a categoria. A convocação partiu do Movimento União Brasil Caminhoneiro, que disse contar com "concordância unânime" do setor (motoristas de caminhão, cooperativas, transportadoras e outras empresas de serviços) de apoio imediato às manifestações populares. A paralisação começa às 6h da próxima segunda-feira e termina às 6h de quinta, dia 4 de julho.

Protestos pelo país

Também houve protestos em São Paulo, Florianópolis, Goiânia, Aracaju, Salvador, Maceió, Teresina, Blumenau (SC), Chapecó (SC), Petrolina (PE), Sorocaba (SP) e São José dos Campos (SP) – a maioria, pacíficos.

PELO RIO GRANDE DO SUL

- Manifestantes em Passo Fundo (foto) protestaram contra o reajuste da tarifa de ônibus pela 10ª vez. Eles defendem a revogação do aumento autorizado em abril, de R$ 2,45 para R$ 2,70. Por determinação do prefeito Luciano Azevedo (PPS), as empresas de transporte coletivo deverão reapresentar as planilhas de custo que geram a tarifa na próxima semana.

- Um grupo de centenas de pessoas realizou passeata em Novo Hamburgo, no Vale do Sinos, pedindo passe livre para estudantes e maior segurança pública. Manifestantes avaliaram que interdições na BR-116 não seriam efetivas, já que a Polícia Rodoviária Federal faz bloqueios antecipados e desvia os carros por dentro da cidade.

- Na mesma região, dezenas de pessoas entraram na Câmara de Vereadores de São Leopoldo. Assim como em Novo Hamburgo, o grupo decidiu não realizar bloqueios na BR-116.

- O trânsito foi pauta em Capão do Leão, no sul do Estado. Dezenas de pessoas cobraram soluções para mortes ocorridas na BR-293.

- Em Paraí, protesto reuniu cerca de 300 pessoas, que percorreram cinco quadras da cidade. Eles pediram por melhores salários para os professores, mais hospitais e o fim da corrupção.

- A rodovia Pinheiral-Vale Verde (ERS-405), no trevo de acesso a Passo do Sobrado, no Vale do Rio Pardo, foi interrompida por cerca de 30 minutos. Os manifestantes pediram reformas e redutores de velocidade no local.

- Em Campina das Missões, no Noroeste, ativistas realizaram caminhada na cidade. Em Santa Rosa, centenas de pessoas criticaram os valores gastos por vereadores e defenderam a construção de um canil.

Fonte: Zero Hora (RS)

Protestos no País já deixaram 6 mortos

Confirmação das mortes do metalúrgico que caiu de viaduto em Belo Horizonte e de um jovem atropelado por caminhoneiro no Guarujá-SP elevou número de vítimas durante as manifestações.

Balanço

SDS apresentou números da confusão de quarta-feira, no Recife: seis feridos, sete manifestantes detidos e dois adolescentes apreendidos.

Queixas

Ativistas questionam polícia. Caso de maior repercussão foi o da estudante presa e levada para o Bom Pastor, que pretende processar o Estado.
Polêmica

Partidos aliados deram apoio ao plebiscito defendido por Dilma. Oposição quer referendo. Veja as diferenças entre as propostas.

Mortes em protestos já são 6

Jovem que caiu de viaduto em Belo Horizonte e outro atropelado por caminhão no Guarujá (SP) morreram quarta à noite

BELO HORIZONTE - Subiu para seis o número de mortes ligadas à onda de manifestações pelo País. Em Belo Horizonte, o metalúrgico Douglas Henrique Oliveira, 21 anos, morreu na noite de quarta-feira, horas após cair de um viaduto durante um protesto nas proximidades do Mineirão. Na mesma noite, um jovem de 16 anos morreu atropelado por um motorista de caminhão que tentou desviar de uma manifestação no Guarujá (SP).Antes, duas mulheres já haviam morrido atropeladas na segunda-feira durante protesto numa rodovia em Goiás. No dia 20, o estudante Marcos Delefrate, 18, morreu atropelado por um motorista que avançou sobre os manifestantes em Ribeirão Preto (SP). Na sexta-feira (21), morreu em Belém a gari Cleonice Moraes, 54, intoxicada por gás lacrimogêneo ao tentar fugir de uma confusão em um protesto.

No Guarujá, o jovem morto estava de carona na bicicleta do amigo. Ele foi socorrido no Pronto-Atendimento Médico da Rodoviária, mas não resistiu aos ferimentos. O amigo, de 17 anos, ficou gravemente ferido, mas não corre risco de morte. O caminhoneiro foi preso em flagrante.

Na capital mineira, de acordo com testemunhas, Douglas Henrique de Oliveira tentou pular de uma pista do Viaduto José Alencar para outra, mas caiu no vão que há no meio, de uma altura de 5 metros. Ele foi levado para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII com fraturas múltiplas e traumatismo craniano e foi submetido a cirurgia, mas não resistiu. O acidente aconteceu no fim da tarde, quando um grupo protagonizava um embate com os militares que faziam a segurança no entorno do Mineirão, onde o Brasil enfrentava o Uruguai pelas semifinais da Copa das Confederações. Um vídeo feito por um manifestante mostra o momento em que ele despencou.

O corpo do metalúrgico será enterrado hoje na cidade de Curvelo, na região central de Minas. A mãe dele, Neide Souza, tinha medo e o alertava para os riscos, segundo a irmã, Letícia Souza. "Perdeu uma vida a troco de nada", disse ela.

Seis pessoas já caíram do viaduto nas três manifestações realizadas no entorno do Mineirão. Um deles, Luiz Felipe Aniceto, 22, caiu no último sábado. Ele está internado na UTI e respira com ajuda de aparelhos. O quadro é grave.

Prisões

A Polícia Civil mineira anunciou que até a manhã de ontem foram presos 79 adultos e apreendidos 30 adolescentes acusados de participação nos tumultos durante as manifestações em Belo Horizonte. Segundo a Polícia Civil, entre os adultos, 26 tiveram prisão em flagrante decretada e permanecem presos. Os outros 53 foram ouvidos e liberados. Ontem também foi dia de limpeza e de contabilizar os prejuízos causados pelo protesto. Uma concessionária em que os manifestantes puseram fogo ficou completamente destruída.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Burocracia emperra a vontade das ruas

O governo terá dificuldade em implementar as medidas anunciadas em resposta às manifestações populares. Não há consenso nem mesmo sobre o plebiscito para a reforma política, principal bandeira do Planalto.

Voz das ruas presa na burocracia dos políticos

Os manifestantes que ocupam as ruas do país vão ter dificuldades para desembrulhar o pacote de bondades anunciado pela presidente Dilma Rousseff e pelo Congresso Nacional. Na visão de especialistas, as medidas já votadas pelos deputados e senadores ou prometidas por eles e pelo governo federal não resolvem plenamente os problemas apontados pelos protestos. Em alguns casos, as demandas ainda não tiveram sequer solução prevista.

As propostas para fazer a reforma política — tema agora classificado como "imprescindível e urgente" por políticos e pelo governo federal — não encontram consenso nem mesmo na base governista. Na reunião com a presidente ontem, líderes de partidos aliados toparam o plebiscito, mas se alguns se mostraram desacreditados com a proposta. Se sair mesmo do papel, a previsão de integrantes do Judiciário é de um processo demorado e caro para os cofres públicos.

As iniciativas que começam a se tornar realidade não apontam soluções claras. Ao ouvir os gritos pelo fim da corrupção, os senadores resolveram tirar da gaveta e aprovar um projeto que transforma a corrupção ativa e passiva em crime hediondo, o que dobra a pena mínima atual (dois anos) e dificulta a concessão de benefícios, como a liberdade mediante fiança. Para especialistas, a medida, que segue para análise na Câmara, não significa o fim da corrupção.

"A majoração de pena não tem relação direta com a diminuição do crime. Existem vários estudos que mostram isso. Não quero dizer que não precisamos de uma revisão da legislação penal, mas corrupção se combate com transparência, abertura de canais com a população e reforma política", defende o juiz Márlon Reis, um dos diretores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes também faz ponderações. "Temos um sistema penal e uma Justiça Criminal altamente falhos e lentos, que permitem que muitos escapem pela prescrição", disse.

Na Câmara dos Deputados, uma das medidas da agenda positiva já colocadas em prática foi a análise do fim do voto secreto em cassações em uma das comissões da Casa. Para o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, a decisão "responde parcialmente" aos anseios da população. "O titular do poder é o eleitor, que delega aos eleitos que votem em seu nome. O eleitor tem que saber como essa pessoa se posiciona no exercício da função em todas as votações, inclusive de vetos presidenciais."

Na saúde, Dilma anunciou a contratação de médicos estrangeiros e a abertura de vagas em cursos de medicina. Para a professora de saúde pública da Universidade Federal do Rio de Janeiro Lígia Bahia, a presidente deu a resposta ao público errado. "Ela deve estar com problema de audição. A contratação de médicos é para cidades do interior. Não resolve o que os cartazes dos grandes centros pedem: "Hospitais padrão Fifa". Solução para a saúde é investimento no Serviço Único de Saúde (SUS) e valorização política dele", defende.

Agenda política

O analista político do Diap, Antônio Augusto Queiroz, diz que a agenda positiva mostra que "as instituições estavam sendo lenientes nas suas funções". "É positiva essa reação e é uma questão de sobrevivência, já que tem eleições no ano que vem", avalia Queiroz. Para Márlon Reis, é preciso abrir canais a fim de que as demandas da população não se acumulem. "Os Três Poderes foram surpreendidos pela necessidade de ouvir amplos setores da sociedade que não têm canais para falar sobre suas demandas. Com esse acúmulo, houve a pressão popular. Devem ser criados mais mecanismos para que as pessoas consigam veicular sua voz."

No Judiciário, o presidente do STF e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Joaquim Barbosa, decidiu enviar ofícios a todos os tribunais estaduais e federais para que cumpram a meta de julgar até o fim do ano um total de 121,8 mil processos ingressados na Justiça antes de 2011 relacionados à improbidade administrativa e crimes contra a administração pública. Por enquanto, só 36% dos casos foram julgados. Ele classificou de "pífios" os índices obtidos, até agora, pelos tribunais.

Confira quais são os entraves do pacote de reivindicações, promessas de medidas e projetos aprovados como respostas às manifestações

Plebiscito

São grandes as divergências no Congresso a respeito da ideia de se fazer um referendo ou um plebiscito sobre a reforma política. A proposta também encontra resistência no Judiciário

Contratação de médicos estrangeiros

O anúncio feito pela presidente Dilma de contratação de "milhares" de médicos estrangeiros gerou críticas de entidades de saúde. O Ministério da Saúde anunciou que o edital de chamamento para médicos trabalharem na periferia e no interior do país deve sair ainda este ano

100% dos royalties do petróleo para a educação

Aproveitando os protestos, Dilma Rousseff pressionou o Congresso a aprovar a destinação de 100% dos royalties para a educação. A Câmara, no entanto, aprovou 75% para a educação e 25% para a saúde. O projeto ainda será votado no Senado

Inflação

O primeiro pacto proposto pela presidente é o da responsabilidade fiscal, "para garantir a estabilidade e o controle da inflação". Não foi dito como isso vai ser feito

Mobilidade

Dilma prometeu R$ 50 bilhões em recursos novos para investimentos em transporte público. Parte do dinheiro, no entanto, já foi prometida antes. Além disso, a liberação pode ser incompatível com a responsabilidade fiscal e o esforço para controlar a inflação

Meta 18

O presidente do STF e do CNJ, Joaquim Barbosa, disse que vai enviar ofício a todos os tribunais estaduais e federais cobrando o julgamento, até o fim do ano, de 121 mil processos de improbidade e crimes contra a administração pública. No meio jurídico, muitos acreditam que a meta não será cumprida

Voto aberto

O projeto que está na fila para ser aprovado acaba com o voto secreto apenas nos casos de cassação, ponto mais consensual entre os parlamentares. Eles se recusaram, por exemplo, a acabar com o sigilo nos casos de apreciação de veto presidencial. Na prática, continua havendo voto secreto no parlamento

Corrupção como crime hediondo

Estudos mostram que a transformação da corrupção em crime hediondo pode não significar a redução da corrupção. Além disso, o projeto aprovado no Senado deixa de fora do rol de hediondos crimes como lavagem de dinheiro, fraude em licitação e evasão de divisas

Proposta de passe livre para estudantes

Tramita no Senado projeto em regime de urgência que assegura gratuidade no transporte público para estudantes de instituições públicas e privadas. O texto é de autoria do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a ideia é votá-lo antes do recesso de julho. Em relação à pauta da tarifa zero no transporte público, defendida nos protestos, Dilma já descartou a possibilidade

Redução de ministérios

Medida defendida após o início dos protestos, encontrará resistência no Palácio do Planalto. Hoje, existem 39 pastas. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, ironizou a proposta e sugeriu que os governos estaduais comecem cortando as secretarias

Cura gay

Embora os parlamentares prometam derrubar em plenário o projeto conhecido como Cura gay, a proposta não resolve a principal bandeira dos movimentos em defesa dos direitos humanos, que é a retirada do pastor Marco Feliciano do posto de presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados

Fonte: Correio Braziliense

Aliados apoiam plebiscito; oposição vê manobra de Dilma

Na reforma política, base propõe fim da reeleição para 2018; PSDB, DEM e MD defendem referendo

Em reunião com a presidente Dilma Rousseff, presidentes de partidos da base aliada pediram a inclusão, no plebiscito sobre a reforma política, de perguntas relativas ao fim da reeleição a partir de 2018. Dilma fará nos próximos dias reunião ministerial para avaliar o quadro político e enviará segunda-feira ao Congresso mensagem sugerindo a convocação do plebiscito. O presidente do PT, Rui Falcão, disse que o partido quer uma reforma política que tenha validade nas eleições de 2014. Os presidentes de PSDB, DEM e MD, os maiores partidos de oposição, se manifestaram contra o plebiscito. Eles chamaram a ideia de "manobra diversionista" e saíram em defesa de referendo em que o povo aprova ou rejeita uma decisão já tomada pelo Congresso.

Partidos da base apoiam plebiscito, mas sugerem fim da reeleição na consulta

Presidentes de dez partidos da base aliada e de líderes na Câmara e no Senado disseram à presidente Dilma Rousseff que apoiarão a convocação de um plebiscito sobre a reforma política, mas, provocaram mal-estar ao propor um debate sobre o fim da reeleição e mandato de cinco na consulta popular e ao enfatizar que mudanças no sistema só devem vigorar em 2018. Dilma e o PT vão insistir numa reforma que vigore em 2014.

Embora a sugestão dos aliados tenha sido para que o fim da reeleição comece a valer a partir de 2018, não afetando a campanha de Dilma pelo segundo mandato, a simples referência ao assunto constrangeu o governo. O Estado apurou que, mesmo com a garantia de que eventual mudança não vai valer para ela, Dilma é contra incluir questões sobre o fim da reeleição no plebiscito.

Ela fará uma reunião ministerial nos próximos dias para avaliar o quadro político e enviará na segunda-feira ao Congresso uma mensagem sugerindo a convocação de plebiscito sobre a reforma política. .

Apesar de aceitarem o plebiscito, senadores e deputados da base aliada admitiram não haver tempo hábil para uma reforma política profunda até outubro. Em três reuniões ao longo do dia ontem, Dilma ouviu "senões" sobre a conveniência de convocar um plebiscito agora, de afogadilho. Apesar das resistências, a maioria dos partidos aliados concordou em sair do Planalto com um discurso público favorável à consulta popular.

Não demorou muito, porém, para que as divergências viessem à tona. O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), disse a Dilma que a melhor forma de impulsionar a reforma política seria por meio de um "referendo", depois da lei aprovada pelo Congresso, mas ela não gostou da ideia. A oposição também quer um referendo (veja na
página A6).

Diante do ceticismo de aliados, preocupados com a possibilidade de a reforma política ser só para "inglês ver", com pouca chance de incluir mudanças no financiamento de campanha e no modelo de voto para as eleições de 2014, Dilma não se conteve. "Alguma coisa tem de valer para 2014", disse ela, segundo relato de presidentes de partidos presentes na reunião.

O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), afirmou que a pergunta sobre o fim da reeleição presidencial, com mandato de cinco anos, pode entrar "sem problemas" no plebiscito. "Mas isso só seria para 2018", ressalvou ele. "Time que não faz gol leva, e nós estamos levando agora", resumiu Raupp, avaliando o clima das ruas. Não sei por que o constrangimento com essa ideia. "Não é para cassar mandato de ninguém agora", emendou o senador Eunício Oliveira (CE),líder do PMDB.

Autocrítica. Provável candidato do PSB à Presidência em 2014, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, disse a Dilma que todos os poderes precisam fazer uma autocrítica diante dos protestos que levaram mais de 1 milhão de pessoas nas ruas, nos últimos dias.

"Precisamos rever falhas e erros cometidos. As instituições foram sacudidas e é fundamental vivermos uma renovação", afirmou Campos, que também preside o PSB e poderá enfrentar Dilma em 2014. "É como se a classe política e os poderes estivessem na era analógica e a sociedade, no sistema digital."

"O plebiscito deve conter quatro ou cinco perguntas", afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, que conduz o diálogo político com o Congresso. "Questões sobre sistema de governo não vão entrar porque o parlamentarismo já foi rejeitado pela população."

Se a ideia do plebiscito vingar, ao menos duas perguntas passarão pelo crivo da consulta popular: qual deve ser o tipo de financiamento de campanha (público, privado ou misto) e qual o modelo de voto (distrital, proporcional ou distrital misto) preferido por eleitores. É nessa lista que até aliados querem incluir a pergunta sobre o fim da reeleição.

O presidente do PTB, Benito Gama – recém-nomeado para uma diretoria do Banco do Brasil - e o líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS), também sugeriram proibir a reeleição a partir de 2018.

Oposição diz que só aceita referendo

Os presidentes dos maiores partidos de oposição se manifestaram contra a realização " de plebiscito sobre pontos da reforma política. Em nota divulgada ontem, Aécio Neves (PSDB), José Agripino (DEM) e Roberto Freire (MD) chamaram a intenção da presidente Dilma Rousseíf de “manobra divérsionista” e saíram em defesa de um referendo? em que o povo aprova ou rejeita uma decisão já tomada pelo Congresso.

Enquanto a presidente Dilma estava reunida com líderes da base aliada no Planalto, as lideranças da oposição unificaram seu discurso contra os pactos assumidos por ela na última segunda-feira. “A iniciativa de plebiscito, tal como colocada hoje, é mera manobra diversionista, destinada a encobrir a incapacidade do governo de responder às cobranças dos brasileiros, criando subterfúgios para deslocar a discussão dos problemas reais do País”, diz a nota.

A eleição em que a população escolhe uma entre diferentes propostas sobre um tema, como prevê o plebiscito, foi um dos pactos propostos por Dilma em reunião com governadores e prefeitos na segunda-feira sem consulta anterior aos parlamentares. “Somos favoráveis à consulta popular. Mas não sob forma plebiscitaria do "sim” ou do “não”. Legislação complexa, como a da reforma política, exige maior discernimento, o que só um referendo pode propiciar”, defendem os oposicionistas.

Criticando os gastos inevitáveis com o plebiscito, Aécio defendeu o referendo, destacando que ele pode até ocorrer junto com as eleições do ano que vem. “A construção de um plebiscito é muito complexa. Essa é a responsabilidade do Congresso, submeter a decisão a um referendo popular”, disse o senador, provável concorrente de Dilma em 2014.

Para Aécio, Agripino e Freire, a presidente tenta acalmar as vozes que tomaram conta das mas nas últimas semanas com a promessa de um novo sistema político, mas tenta dar visibilidade à realização do plebiscito depois de ser derrotada na “tentativa golpista de uma Constituinte restrita”. Diz ainda a nota: “Se tivesse, de fato, desejado ! tratar com seriedade esta im-I portante matéria, a presidente já teria, nesses dois anos e meio, manifestado à nação a sua proposta para o aperfeiçoamento do sistema partidário, eleitoral e político brasileiro”.

Encontro» O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes (SP), disse que nenhum convite for mal de encontro com a presidente foi feito até o momento. A conversa com a oposição foi uma promessa feita por Dilma na segunda-feira, depois de propor o plebiscito, umaprerrbgati-va do Congresso.

Líderes do governo dizem que a reunião será na segunda-feira. Quando houver convite, avisou Aloysio, as oposições vão definir suas diretrizes. Segundo o presidente do DEM, senador Agripino, o grupo deve apresentar uma pauta com 26 propostas detalhadas - entre elas “redução pela metade no número de ministérios e cargos comissionados do governo e revogação do decreto que proíbe a divulgação dos gastos em viagens presidenciais”, explicou. Também há pontos sobre educação, saúde e segurança.

Na Câmara, as lideranças de oposição também se reuniram e já anteciparam que, na reunião com a presidente, não aceitarão a restrição do debate à reforma política.

Fonte: O Estado de S. Paulo