Folha de S. Paulo
Governador só disputa a Presidência se Lula e
Bolsonaro estiverem no chão; ainda não é o caso
No primeiro plano, as evidências apontam para
uma candidatura presidencial em 2026, mas podemos contar com jogada menos
evidente se o governador de São Paulo, Tarcísio de
Freitas (Republicanos), estiver sendo orientado por quem, no
entorno dele, enxerga longe na política.
Os olhos de lince de Gilberto Kassab (PSD) veem chance real de o presidente Luiz Inácio da Silva (PT) vir a ser reeleito. Tanto que considera precipitado o movimento do centrão de se desvencilhar do governo.
"É um erro, Lula saiu
do corner, voltou ao ringue e sabe fazer campanha. Já ganhou cinco", disse
o secretário de Relações Institucionais (vale dizer, articulação política) do
governo Tarcísio há dois meses, quando o presidente se reiniciava no modo
"nós contra eles".
Na ocasião, a análise não pareceu acurada. Agora, vendo o governador paulista
sair da toca da moderação e entrar na arena com as armas do bolsonarismo,
convém pensar melhor sobre o que hoje soa como erro fatal de Tarcísio no abraço
aos radicais que lhe custaria o apoio do centro em 2026. Será enfrentar Lula o
plano A?
Para Tarcísio desistir da reeleição seria preciso Lula e Bolsonaro estarem no
chão e a faixa presidencial praticamente garantida ao peito. Convenhamos, não é
o caso. Ele teria de sair do governo no início de abril, enquanto o presidente
teria todo o tempo para sentir os ventos e se decidir.
Quando pisou feio no tomate ao apoiar a agressão de Donald Trump,
o governador prontamente se reposicionou. Ao ver a reação bolsonarista, no
entanto, vestiu-se de
bravateiro e fez vergonha no 7 de Setembro.
Tarcísio pode não entender do riscado, mas Kassab é do ramo. No Palácio dos
Bandeirantes, contas podem ter sido refeitas, imaginando-se que o tempo mais
alongado permita ao governador voltar ao figurino de direitista civilizado.
Teria muito trabalho para convencer o eleitorado em prazo exíguo de seis meses
e ainda repaginar-se de bom moço sem atiçar os brucutus a lançarem na disputa
alguém da sua grei.
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