quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

"Há um caminho e tecnicamente já se sabe o que fazer. Os economistas também já sabem o que fazer na macroeconomia. A sociedade é que ainda não prestou muita atenção porque faltou o elo político, que significa falar, explicar. A sociedade se sente ainda perdida, nem sabe que essa agenda já existe.

Se não tivermos a capacidade de transmitir isso ao país, uma outra narrativa vai se sobrepor e tudo o que foi feito de errado vai parecer que foi feito agora e não no passado."

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Fernando Henrique Cardoso é sociólogo, foi presidente da República. Folha de S. Paulo, 29/9/2016

Disputa pelo 2º turno será voto a voto

Às vésperas da eleição, pesquisa Ibope divulgada pela Rede Globo mostra que a disputa para ir ao 2º turno no Rio será decidida voto a voto. Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Freixo (PSOL) estão numericamente à frente, com 10% cada, mas tecnicamente empatados com quatro adversários: Indio da Costa (PSD), que tem 8%, Jandira Feghali (PCdoB) e Flavio Bolsonaro (PSC), ambos com 7%, e Osorio (PSDB), com 4%. O candidato do PRB, Marcelo Crivella, lidera com 34%.

Emoção até o fim

• A 4 dias da eleição, 6 estão tecnicamente empatados na disputa para ir ao 2º turno contra Crivella

Fernanda Krakovics - O Globo

A quatro dias da eleição para a prefeitura do Rio, a disputa para decidir quem irá ao segundo turno está ainda mais acirrada, com seis candidatos empatados tecnicamente, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem pela TV Globo. O candidato do PRB, Marcelo Crivella, continua liderando a corrida, com 34% das intenções de voto, de acordo com a pesquisa.

Segundo o Ibope, dividem a segunda posição Pedro Paulo (PMDB) e Marcelo Freixo (PSOL), com 10%; Indio da Costa (PSD), com 8%; Jandira Feghali (PCdoB) e Flávio Bolsonaro (PSC), com 7%; e Carlos Osorio (PSDB), com 4%. A margem de erro do levantamento é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

João Leite tem 35% e Kalil, 24%, na disputa em Belo Horizonte, diz Ibope

• Pesquisa mostra que segundo turno será entre tucano e candidato do PHS

Evandro Éboli - O Globo

-BELO HORIZONTE- Favoritos para disputar o segundo turno à prefeitura de Belo Horizonte, os candidatos João Leite (PSDB) e Alexandre Kalil (PHS) oscilaram dentro da margem de erro em nova rodada da pesquisa Ibope e mantiveram o cenário inalterado. O tucano passou de 33% das intenções de voto para 35% e Kalil variou de 25% para 24%. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos. Os votos brancos e nulos se mantiveram em 13% e os que não sabem ou não responderam oscilaram de 6% para 5%.

Em São Paulo, Doria tem 28%, e Russomanno aparece com 22%

• Marta (16%) e Haddad (13%) vêm atrás, também empatados tecnicamente

Tiago Dantas e Silvia Amorim - O Globo

-SÃO PAULO- A quatro dias da eleição para prefeito de São Paulo, pesquisa divulgada ontem pelo Ibope mostrou que ainda não estão definidas as vagas para o segundo turno. Há três empates técnicos entre os quatro primeiros colocados no levantamento. João Doria (PSDB) obteve 28% das intenções de voto e está empatado, no limite da margem de erro, com Celso Russomanno (PRB), que tem 22%. Este, por sua vez, está empatado com Marta Suplicy (PMDB), que apareceu com 15% e empata com Fernando Haddad (PT), que alcançou 13%.

A deputada federal Luiza Erundina (PSOL) oscilou de 5% para 6%. Major Olímpio (SD), João Bico (PSDC), Levy Fidélix (PRTB) e Ricardo Young (Rede) têm 1% cada. Henrique Áreas (PCO) e Altino (PSTU) não pontuaram.

Pesquisa IPMN/JC: No Recife, levantamento aponta Geraldo Julio (PSB) mais perto de vencer no 1º turno

• Prefeito e candidato à reeleição, Geraldo Julio ampliou índice de intenção de votos e se aproxima de vitória no próximo domingo

A quarta pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) em parceria com o Jornal do Commercio e o portal Leia Já para as eleições 2016 aponta de forma mais firme a possibilidade do prefeito Geraldo Julio (PSB) ser reeleito já no primeiro turno. O levantamento aponta que o socialista subiu quatro pontos percentuais, com 47% dos votos válidos, gerados a partir dos valores de intenção de voto de cada candidato na pergunta estimulada e desconsiderando os votos brancos, nulos e indecisos. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais para mais ou para menos.

Para vencer no primeiro turno, o candidato precisa de 50% dos votos válidos mais um. No levantamento anterior, Geraldo tinha 43%. Já João Paulo, o segundo colocado, caiu de 33% para 31%. “Essa pesquisa mostra um forte crescimento do prefeito em um intervalo de cinco dias. A tese de vitória no primeiro turno vem se consolidando”, resume Adriano Oliveira, professor de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e coordenador do levantamento divulgado hoje pelo Jornal do Commercio.

Haddad descarta vídeo de Lula

• Pesquisas qualitativas rejeitam apoio do ex-presidente, que não vai ao ar na propaganda de TV

Sérgio Roxo - - O Globo

Ovídeo gravado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o horário eleitoral do candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, foi rejeitado em pesquisas qualitativas e não foi ao ar. Devido ao teste, a participação do líder petista na propaganda na televisão é incerta.

Lula gravou depoimento para a campanha de Haddad na última segunda-feira pela manhã. A aparição do expresidente na propaganda havia sido acertada em um almoço com Haddad, na semana passada, no Instituto Lula.

Liderança do DEM, ACM Neto atribui sua popularidade a ajuste fiscal

• Candidato à reeleição em Salvador, ele já tem 69% das intenções de voto

Leticia Fernandes - O Globo

-SALVADOR- Candidato à reeleição com 69% das intenções de voto na terceira maior capital do país, o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto, tornou-se a liderança mais promissora de seu partido, o DEM, e atribui o sucesso de seu governo ao tradicionalmente impopular ajuste fiscal e reequilíbrio de contas que promoveu no início do mandato, em 2013. Após atuar como um dos principais críticos dos governo do PT no Congresso, ACM Neto diz não ter recebido ajuda do governo federal durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff nem do governo estadual, na época comandado por Jaques Wagner, hoje nas mãos de Rui Costa, todos petistas.

— Quando assumi, não tinha qualquer pretensão de ter vida fácil. Eu sabia que eles fariam de tudo para atrapalhar a vida da prefeitura, como aconteceu efetivamente. Em 2012, eu disse à cidade que ela poderia andar com as próprias pernas. Fiz um ajuste fiscal pesado, organizei as finanças da prefeitura, garanti o equilíbrio das contas desde o princípio, procurei economizar para ter recursos próprios da prefeitura para fazer obras e expandir os serviços, e a cidade melhorou. Agora, claro, a perspectiva com o governo federal já muda — avaliou o prefeito.

Lula faz ato ‘esvaziado’ em Campinas

• Associação ao governo petista, antes disputada na Justiça, agora motiva troca de críticas

Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo

/ CAMPINAS - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem de ato da campanha de Márcio Pochmann, candidato do PT à prefeitura de Campinas, que tenta chegar ao segundo turno. O evento, porém, reuniu menos de mil pessoas, segundo organizadores do encontro.

Acostumado a atrair grandes contingentes em suas passagens por Campinas, Lula não perdeu a chance de criticar a organização do ato.

“Vocês são muito ousados de convocar um comício para as quatro horas da tarde (na verdade, o ato começou 17h30). Aprendi que horário de comício é o horário da missa”, reclamou.

Pochmann, que é professor da Unicamp e presidente da Fundação Perseu Abramo, o braço intelectual do PT, aparece nas pesquisas atrás do atual prefeito, Jonas Donizete (PSB), que lidera a corrida eleitoral com 49% das intenções de voto, segundo o Ibope. O petista tem 10%, tecnicamente empatado com o ex-prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT), Dr. Hélio, que tem 12%

Em Rio Branco, petista dispensa irmãos Viana

Igor Gadelha – O Estado de S. Paulo

/ BRASÍLIA - Único candidato do PT nas capitais com chance de vencer no primeiro turno, o prefeito de Rio Branco (AC), Marcus Alexandre, tem rejeitado a imagem do partido e evitado usar o governador Tião Viana e o senador Jorge Viana – principais nomes da sigla no Estado – como cabos eleitorais de sua campanha à reeleição. Alexandre aproveita a falta de articulação da oposição e a boa aprovação de sua gestão para afastar a discussão nacional da campanha.

Apesar de serem os responsáveis pela ascensão política do prefeito no Acre, os irmãos Jorge e Tião Viana praticamente não apareceram na campanha de Alexandre. O senador só participou de um único programa eleitoral do aliado, enquanto o governador não gravou nenhuma inserção. Os dois, que em 2012 foram os principais cabos eleitorais da primeira eleição de Alexandre, também não aparecem no material impresso e participam de pouquíssimos atos de campanha ao lado do candidato.

Lava Jato analisa movimento de r$ 52 milhões de empresa de palestras de Lula

• Empresa foi aberta em 2011, após o petista deixar a presidência

- O Estado de S. Paulo

A Operação Lava Jato rastreia os valores movimentados pelo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua empresa de palestras, a LILS Palestras, Eventos e Publicações. Em 2014, ano de deflagração da fase ostensiva das investigações de cartel e corrupção na Petrobrás, foi registrado a distribuição de R$ 5,3 milhões em lucros ao petista dos R$ 7,5 milhões em dividendos retirados da empresa desde que ela foi aberta em 2011, após deixar a Presidência da República.

Réu desde a semana passada por supostos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no escândalo Petrobrás, Lula é acusado de receber R$ 3,7 milhões em propinas em reformas e benfeitorias no triplex do Edifício Solaris, no Guarujá (SP) – parte dos R$ 87 milhões pagos pela OAS por três contratos na estatal.

“A LILS Palestras, Eventos e Publicações distribuiu a Lula, a título de lucro, R$ 7.589.936,14, ou seja, 36% do total auferido pela entidade no período (destacando-se que a maior retirada, de R$ 5.670.270,72 aconteceu em 2014, ano da deflagração da fase ostensiva da ‘Operação Lava Jato’)”, registram os procuradores da Lava Jato, na primeira denúncia que levou Lula ao banco dos réus, em Curitiba, na terça-feira, 20.

Relator no TCU pede a rejeição das contas de Dilma em 2015

• Trata-se das chamadas "pedaladas fiscais" com recursos do Plano Safra, do Banco do Brasil, e da edição de decretos de suplementação orçamentária em desacordo com a lei

- O Tempo (MG)

O ministro José Múcio Monteiro decidiu pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) que dê parecer pela rejeição das contas do governo Dilma Rousseff em 2015, a exemplo do que ocorreu em relação aos balanços do ano anterior. A apreciação do processo na corte de contas, relatado pelo ministro, está prevista para semana que vem.

O voto pela reprovação se baseia nas conclusões da área técnica do TCU sobre as contas do ano passado. Após avaliar a defesa apresentada pela presidente cassada, a Secretaria de Macroavaliação Governamental do tribunal de contas manteve o entendimento de que a gestão da petista cometeu ao menos 15 irregularidades de maior gravidade, incluindo aquelas que serviram para embasar o processo de impeachment no Senado.

Trata-se das chamadas "pedaladas fiscais" com recursos do Plano Safra, do Banco do Brasil, e da edição de decretos de suplementação orçamentária em desacordo com a lei.

Governo Temer suspende repasse a blogs pró-PT

- Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O repasse de recursos do governo federal a sites e blogs pró-governo de Dilma Rousseff e pró-PT foi zerado desde junho com a chegada de Michel Temer à Presidência.

Levantamento da Folha na Secretaria de Comunicação da Presidência e em quatro estatais (Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES) identificou poucos pagamentos em junho, como resíduos de maio.

Desde então, nenhum dos 13 sites listados pela reportagem recebeu dinheiro, segundo a Secom e as estatais.

Após o afastamento de Dilma da Presidência, em 12 de maio, Temer ordenou um pente-fino na publicidade.

Justiça bloqueia R$ 30 milhões de empresa e conta pessoal de Palocci

Estelita Hass Carazzai – Folha de S. Paulo

CURITIBA - A Justiça Federal do Paraná bloqueou pouco mais de R$ 30 milhões do ex-ministro Antonio Palocci, presona última fase da Operação Lava Jato.

O pedido de bloqueio foi feito pelo juiz Sergio Moro, atendendo a pedido do Ministério Público.

Foram bloqueados R$ 30 milhões da Projeto Consultoria Empresarial, de propriedade de Palocci, além de R$ 814 mil das contas pessoais do ex-ministro, segundo ofício enviado à Justiça nesta quarta (28).

Palocci é investigado sob suspeita de ter solicitado e recebido pagamentos de propina da empreiteira Odebrecht, em troca de atender demandas da empresa no governo federal.

Para FHC, Temer tem que divulgar ajuste e mostrar diferença com Dilma

• Para FHC, Temer tem que marcar diferença com governo anterior

Mariana Carneiro – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou na noite desta terça-feira (27) que o governo de Michel Temer deve se empenhar na comunicação do ajuste econômico, sob pena de ser responsabilizado pelos erros da gestão anterior.

"É sempre muito difícil pedir austeridade. É preciso dizer para quê austeridade", disse. "E a motivação, para conseguir mais resultados, falando politicamente, é que tem que ser em nome de mais igualdade".

Fogo-fátuo - *José Antônio Segatto

- O Estado de S. Paulo

• Transformaram-se em mero blefe as obsessões piromaníacas pós-impeachment

“Lá vem a nega Luzia/ No meio da cavalaria/ Vai correr lista lá na vizinhança/ Pra pagar mais uma fiança/ Foi cangebrina demais/ Lá no xadrez/ Ninguém vai dormir em paz/ Vou contar pra vocês/ O que a nega fez/ Era madrugada/ Todos dormiam/ O silêncio foi quebrado/ Por um grito de socorro/A nega recebeu um Nero/ Queria botar fogo no morro”

Wilson Batista e Jorge de Castro, ‘Nega Luzia’

Desde o primeiro momento em que o impeachment da então presidente da República, Dilma Rousseff, foi aventando por setores da oposição a seu governo, ilustres dirigentes petistas e líderes de movimentos sociais, seus aliados, passaram a proclamar em alto e bom som que tal desígnio seria intolerável sob todos os aspectos.

Caracterizado como golpe, deveria ser obstado por todos os meios possíveis e imagináveis. Os métodos, quaisquer que fossem, de defesa do governo seriam justificáveis, já que se tratava de impedir uma armação contra o poder popular, montada por forças de direita, majoritárias no Congresso Nacional, legitimada pelo Judiciário arbitrário e pela mídia monopolista e reacionária.

Com esse entendimento, as advertências aos propósitos ou tentações golpistas ganharam modulação estridente. O presidente da CUT, Vagner Freitas, prometeu inédita mobilização dos trabalhadores, “para ir às ruas entrincheirados de armas nas mãos”. João Pedro Stédile, dirigente do MST, advertiu que colocaria seu exército de trabalhadores rurais nas ruas. Guilherme Boulos, líder do MTST, ameaçou botar fogo no Brasil. No mesmo diapasão, Lula anunciou que poderia “incendiar o País” – os golpistas haveriam de arder em praça pública ou queimar no fogo do inferno. Os ímpetos sediciosos e as obsessões piromaníacas, que visavam a atemorizar velhos e novos inimigos, transformaram-se, porém, em meros blefes e não encontraram ressonância nem em seus supostos representados.

Perdedores e vencedores - Merval Pereira

- O Globo

Se tudo acontecer como as pesquisas eleitorais indicam, as eleições municipais já têm um perdedor indiscutível, o PT, um vencedor provável, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e um derrotado indireto, o governo Temer, que inventou Marta ex-Suplicy como candidata alternativa em São Paulo.

Sua queda se deve mais às cinzas petistas do que à nova realidade peemedebista, embora seja mais fácil para ela atribuí-la à “herança maldita” de Temer, com suas reformas impopulares anunciadas em meio a uma algaravia de desinformações.

Na verdade, poucos a identificam com o governo Temer, mas os antigos 30% de eleitorado petista estão hoje divididos entre o PSOL de Erundina e a candidata do PMDB, que não conseguiu atrair a classe média para ampliar seu eleitorado.

Temer sonha com outubro - José Roberto de Toledo

- O Estado de S. Paulo

Depois do primeiro turno da eleição, o governo Temer espera alcançar seu ápice político – se a realidade não atrapalhar. Catalisador da oposição, o PT sairá das urnas menor ou igual a quando chegou ao poder federal: corre risco de retroceder até 12 anos em influência nos municípios. PMDB, PSDB e companhia contam com a perplexidade petista após 2 de outubro para aprovar o que querem e precisam no Congresso – antes que sindicatos e movimentos sociais reajam e pressionem os parlamentares.

Por conta disso, não chamam mais a emenda constitucional dos cortes de gastos pelo que ela é, mas como querem que seja vendida à população: PEC do equilíbrio das contas públicas. Tentarão votá-la na Câmara dos Deputados até 11 de outubro (véspera de feriado, o que é sinônimo de deserção em Brasília), para dar tempo de a emenda tramitar e ser aprovada no Senado ainda em 2016 – e, assim, começar a valer já no próximo ano.

Lula na ponte aérea - Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

• Com exceção de Rio Branco, no Acre, o PT enfrenta grandes dificuldades nas capitais, a começar por Rio e São Paulo

Duas eleições municipais estão implodindo a frente de esquerda que o PT articulou para deixar o poder em ordem e tentar sobreviver às eleições municipais, garantindo uma mínima base de apoio à candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2018: a de São Paulo e a do Rio de Janeiro. Em ambas, as forças que adotam a narrativa de golpe — PT, PCdoB, PSol e representantes da Rede — se digladiam e correm o risco de ficar fora do segundo turno. Com exceção de Rio Branco, no Acre, o PT enfrenta grandes dificuldades nas capitais, a começar pela reeleição de Fernando Haddad em São Paulo.

Procura-se entusiasmo - Maria Cristina Fernandes

- Valor Econômico

• Desinteresse nas maiores capitais aumenta indefinição

Em oito das dez maiores cidades do país caiu o interesse pela eleição municipal. Este desinteresse aumenta a indefinição, torna as disputas mais imprevisíveis e transforma a edição de primeira página numa função de alto risco.

O Ibope começou a medir o grau de interesse do eleitor na disputa de 2012. Naquele ano esse colégio eleitoral das dez mais encontrou, em média, dois em cada dez eleitores completamente desconectados do resultado das urnas. Quatro anos depois, o desinteresse já ultrapassa a média de um quarto dos eleitores.

Disputas locais em cidades grandes sempre mobilizam menos. Uma explicação para isso é que as políticas públicas municipais afetam mais desigualmente a população do que aquelas conduzidas a partir do Palácio do Planalto. Enquanto a inflação afeta a todos, os postos de saúde não são percebidos da mesma maneira nem mesmo pela população que os utiliza.

O grande ausente – Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Há algo em comum nas duas eleições mais importantes do ano. Com medo de perder votos, os candidatos do PMDB no Rio e em São Paulo decidiram esconder Michel Temer de suas campanhas. Ninguém quer aparecer ao lado do presidente, que passou a ser visto como um espantalho de eleitores.

Na disputa carioca, Pedro Paulo tenta ignorar a existência de Temer. Apesar de contar com o maior tempo de propaganda, o peemedebista não exibiu nenhuma imagem do correligionário. Nos debates, ele tem sido chamado de "golpista" —o deputado era aliado do PT, mas votou a favor do impeachment na Câmara.

Reforma do trabalho - Míriam Leitão

- O Globo

Mesmo com o desemprego em 11,6%, a reforma trabalhista saiu da lista de prioridades do governo e já circulam rumores de que pode até ser deixada de lado. Diminuir as distorções que regulam o mercado de trabalho seria uma opção para estimular as contratações neste momento de crise. A principal mudança defendida por especialistas é permitir que trabalhadores e empregadores negociem antes de ir à Justiça.

Os economistas José Márcio Camargo, da PUC-Rio e Opus Gestão de Recursos, e Hélio Zylberstajn, do Departamento de Economia da USP e coordenador do projeto Salariômetro, da Fipe, têm visão semelhante sobre o principal problema das leis trabalhistas do país: a negociação acontece apenas no final do contrato, quando no meio do litígio uma das partes recorre à Justiça em busca de alguma compensação.

A Lava Jato chegando lá – Editorial / O Estado de S. Paulo

Como se estivesse sendo seguido o método da escalada hierárquica no processo de investigação e apresentação de denúncias da Operação Lava Jato e congêneres, nos últimos dias o chefão Lula da Silva tornou-se réu, pela segunda vez, e dois ex-ministros da Fazenda dos governos petistas, Guido Mantega e Antonio Palocci, tiveram prisão temporária decretada. Figuras de menor expressão política, camaradas espertos, operadores obedientes e empresários inescrupulosos, todos beneficiários do maior esquema de corrupção no governo federal de que se tem notícia no País, já estão atrás das grades. Aperta-se o cerco agora em torno dos responsáveis maiores por esse esquema que, conforme se torna cada dia mais evidente, tinha como objetivo principal financiar o projeto lulopetista de perpetuação no poder. Tudo leva a crer, diante da devastadora evidência de um conjunto probatório meticulosamente trabalhado pela polícia e pelo Ministério Público, que o Judiciário continuará condenando os larápios do dinheiro público, até esgotar o primeiro escalão dessa hierarquia de delinquentes.

Aumenta a infiltração do crime organizado na política – Editorial / O Globo

• O poder público precisa dimensionar, com urgência, a extensão desse desafio, uma afronta ao estado democrático de direito, um risco para a sociedade

A denúncia de que milícias do Rio cobram uma espécie de pedágio a candidatos a cargos eletivos, chegando a pedir-lhes uma taxa de até R$ 120 mil para liberar a campanhas áreas sob seu domínio, era pedra cantada desde que esses grupos começaram a despertar para a participação direta no processo político-partidário. Há nessas quadrilhas um agravante que as distingue de outros grupos do crime organizado: elas são chefiadas por agentes públicos da área de Segurança, que atuam criminosamente, inclusive de dentro das instituições, sob o anteparo de suas prerrogativas funcionais.

Os juros, ainda um desafio – Editorial /O Estado de S. Paulo

Só haverá corte de juros quando o recuo da inflação for muito mais claro e houver maior segurança quanto ao ajuste das contas públicas: esta mensagem foi reiterada pelo Banco Central (BC) em relatório divulgado na terça-feira passada. Sem essas condições, os juros de 14,25% ao ano, um pesadelo para os empresários, serão mantidos na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para 18 e 19 de outubro. Será muito difícil justificar uma decisão fora desse critério. Sem uma explicação convincente, a perda de credibilidade será inevitável, com prejuízo para a instituição e para a economia nacional. Isso ocorreu no governo da presidente Dilma Rousseff, quando a política foi afrouxada de forma voluntarista, a inflação disparou e a imagem do BC foi gravemente prejudicada. A atual diretoria tem-se mostrado, pelo menos até agora, disposta a evitar esse risco.

Eficientes na destruição - Carlos Alberto Sardenberg

- O Globo

• Brasil do PT criou sistemas ineficientes e corruptos dos principais setores da economia aos mais simples serviços públicos

Quanto tempo, dinheiro, energia e criatividade o pessoal da Odebrecht gastou para montar e manter por tantos anos o tal “Departamento de Operações Estruturadas”? O sistema supervisionava, calculava e executava os pagamentos de comissões — propinas, corrige a LavaJato — referentes a grandes obras no Brasil inteiro e em diversos outros países. Considere-se ainda que os pagamentos deviam ser dissimulados, o que trazia o trabalho adicional de esconder a circulação do dinheiro e ocultar os nomes dos destinatários. Coloquem na história os funcionários que criavam os codinomes dos beneficiários — Casa de Doido, Proximus, O Santo, Barba Verde, Lampadinha —e a gente tem de reconhecer: os caras eram eficientes.

Conclusão a sucata!... Fiz o cálculo - Fernando Pessoa

Conclusão a sucata !... Fiz o cálculo,
Saiu-me certo, fui elogiado...
Meu coração é um enorme estrado
Onde se expõe um pequeno animálculo...

A microscópio de desilusões
Findei, prolixo nas minúcias fúteis...
Minhas conclusões práticas, inúteis...
Minhas conclusões teóricas, confusões...

Que teorias há para quem sente
O cérebro quebrar-se, como um dente
Dum pente de mendigo que emigrou ?

Fecho o caderno dos apontamentos
E faço riscos moles e cinzentos
Nas costas do envelope do que sou...

Fernanda Gonzaga - Belo Balão (Gonzaguinha)

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Opinião do dia – Fernando Henrique Cardoso

• Estado - As pesquisas de opinião apontam, de forma geral, um grande descrédito, uma grande desconfiança da população em relação aos políticos no Brasil - e não é de hoje. Como o senhor analisa essa questão?
Fernando Henrique - Isso não é só aqui, é geral. No mundo todo, se está com um pé atrás em relação à política e aos políticos. A sociedade mudou muito, talvez com mais rapidez do que os políticos se adaptaram a essas mudanças. Os políticos vêm de uma tradição em que os partidos tinham, de alguma maneira, um enraizamento forte na sociedade. Numa certa época, havia quase uma correlação entre partidos e classes sociais. As pessoas se sentiam representadas. A ideia era essa. Hoje, não que não existam classes, porque, obviamente, elas estão estão aí, mas a sociedade se transformou e existem muitas outras identidades. É importante o que você pensa sobre o racismo, a imigração, o movimento LGBT, drogas, meio ambiente. Tornou-se muito mais difícil você encontrar uma correspondência de posição dos políticos com essa multiplicidade de questões. Houve quase uma separação entre o que os políticos e a sociedade falam. Os políticos falam de uns temas e a sociedade de outros. De onde vem essa sensação de vazio, de falta de correspondência entre os anseios das pessoas e o comportamento dos políticos.

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Fernando Henrique Cardoso, sociólogo, foi presidente da Repúplica, em entrevista O Estado de S. Paulo, 28/9/2016

Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo viram réus no STF

Gabriel Mascarenhas – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A segunda turma do STF (Supremo Tribunal Federal) acolheu nesta terça-feira a denúncia contra a senadora Gleisi Hoffmann e o marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo. Com isso, o casal se tornou réu em uma ação penal na corte.

Votaram em favor do acolhimento da denúncia os cinco ministros do colegiado: Ricardo Lewandowski, Teori Zavascki, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Celso de Mello.

A acusação é que a campanha de Gleisi ao Senado, em 2010, teria recebido R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras. Os repasses, de acordo com a investigação, foram solicitados por Paulo Bernardo.

Eles foram denunciados pela PGR (Procuradoria-geral da República) em maio deste ano.

A turma também aceitou denúncia contra Ernesto Krugler Rodrigues, empresário que teria participado da operação de repasses à campanha. Os três responderão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

Para Teori Zavascki, o casal se beneficiou do que classificou como "corrupção sistêmica" na Petrobras.

Após julgamento no STF, Gleisi e Paulo Bernardo viram réus

• Por unanimidade, Corte acolhe denúncia contra senadora e ex-ministro, que são investigados por suposto recebimento de R$ 1 milhão em propina de contratos firmados entre empreiteiras e a Petrobrás

Beatriz Bulla, Rafael Moraes Moura e Julia Lindner - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Por unanimidade, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu aceitar nesta terça-feira, 27, a denúncia contra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o marido, o ex-ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que se tornaram réus na Operação Lava Jato.

Votaram pelo recebimento da denúncia os cinco ministros que compõem a 2.ª Turma: o relator do processo, Teori Zavascki, e os ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. “Considero que as declarações em colaboração premiada seriam suficientes para juízo de recebimento da denúncia. Aqui há elementos que vão muito além das declarações prestadas em colaboração premiada, de modo que considero preenchidos os requisitos para o recebimento da denúncia e voto nesse sentido”, disse Teori.

STF abre ação penal contra Gleisi e Paulo Bernardo na Lava-Jato

• Investigados responderão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

Carolina Brígido – O Globo

BRASÍLIA – A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) abriu nesta terça-feira ação penal, transformando em réus a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), do marido dela, o ex-ministro Paulo Bernardo, e o empresário Ernesto Kugler. Por unanimidade, o colegiado aceitou a denúncia apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Eles responderão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro sob acusação de envolvimento no esquema de desvios de dinheiro da Petrobras. A decisão foi unânime, com os votos dos ministros Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no tribunal, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Gilmar Mendes.

TCU confirma irregularidades na distribuição de panfletos de Dilma em 2014

Coluna do Estadão

O TCU confirmou irregularidades na distribuição, sem chancela, pelos Correios de santinhos de Dilma Rousseff em 2014. Benjamin Zymler pede hoje que o caso vá para o Tribunal Superior Eleitoral.

Secretário do Tesouro dos EUA vê melhora na economia do Brasil

• Para Jacob Lew, reformas estruturais permitirão retomada do crescimento

Bárbara Nascimento, Gabriela Valente - O Globo

-BRASÍLIA- O secretário do Tesouro americano, Jacob J. Lew, expressou ontem confiança de que a economia brasileira está retomando o caminho do crescimento. Em passagem por Brasília, durante um tour pela América do Sul, Lew afirmou, momentos antes de se reunir com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem visto sinais de melhora por parte do setor privado.

A avaliação feita pela equipe do secretário é que o presidente Michel Temer tem capital político para aprovar as reformas estruturais que o país necessita e estão no Congresso Nacional. Com essa perspectiva e com as mudanças que já foram feitas na condução da economia, a previsão do governo americano é que o Brasil está prestes a retomar o crescimento econômico.

Ontem, Lew disse que as medidas para recuperar a confiança e as reformas estruturais estão no caminho certo para “reorganizar o país” e fazer o Brasil voltar a crescer.

Banco Central já prevê inflação abaixo da meta no ano que vem

• Após relatório do BC, cresce a aposta de corte nos juros básicos em outubro

Gabriela Valente - O Globo

-BRASÍLIA- Pela primeira vez nos últimos dois anos, a previsão para a inflação no ano que vem ficou abaixo da meta do governo de 4,5%. Com isso, foi aberto o caminho para o Banco Central (BC) começar a cortar os juros. Segundo o relatório de inflação, a expectativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado oficialmente no sistema de metas, passou de 4,7% para 4,4%. No entanto, o BC alertou que há condicionantes para começar a afrouxar a política de juros. As principais delas são o prometido corte nos gastos públicos e o equilíbrio das contas do governo.

O economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luís Otávio Leal, acredita em corte de juros já no mês que vem. Leal lembra que antes de mudar o comando da autarquia, não havia perspectivas de inflação na meta antes de 2020. Atualmente, a projeção do próprio BC é de que a inflação fique na meta no ano que vem e em 3,8% em 2018.

Bolsa sobe com expectativa de queda na Selic

• Bovespa avança 0,56%. Dólar recua após Hillary se sair melhor em debate americano

Ana Paula Ribeiro, Juliana Garçon - O Globo

-SÃO PAULO E RIO- A redução das incertezas em relação à eleição americana fizeram o dólar perder força ontem. Os operadores entenderam que o debate entre a candidata democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump foi mais favorável à democrata, cuja condução da economia é vista como menos arriscada. Com isso, a moeda americana recuou 0,52% ante o real, para R$ 3,231. Internamente, a expectativa de uma inflação caminhando para a meta fez a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subir 0,56%, atingindo os 58.383 pontos. A divulgação do Relatório de Inflação pelo Banco Central consolidou a expectativa de que um ciclo de corte dos juros está próximo: a taxa básica Selic está em 14,25% ao ano e a expectativa de um corte de ao menos 0,25 ponto percentual, podendo chegar a 0,5 ponto, ganhou força.

— Há uma incerteza sobre Donald Trump e isso eleva a aversão ao risco. Mas o consenso é que há uma probabilidade maior de Hillary ser eleita e isso agrada — avaliou Eduardo Velho, economista-chefe da A2A Invx Global Partners.

Com elogios ao governo Temer, EUA veem Brasil 'prestes' a crescer de novo

Por Daniel Rittner, Lucas Marchesini e Cristiane Bonfanti – Valor Econômico

BRASÍLIA - Terminou com declarações otimistas sobre a economia e elogios ao novo governo a visita do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Jack Lew, maior autoridade americana que esteve no Brasil após o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Lew, disse ontem que vê o país "prestes" a retomar o crescimento econômico e enalteceu os "passos ambiciosos" dados pela administração do presidente Michel Temer para recuperar a confiança dos investidores e consumidores.

Em rápida declaração antes de encontrar-se com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, Lew afirmou que as reformas sugeridas pelo novo governo são "o caminho correto para o Brasil" chegar a uma posição forte. "O governo Temer toma medidas ambiciosas para retomar o crescimento", afirmou o secretário. Por isso, segundo ele, "temos visto sinais de melhoria na confiança por parte do setor privado e também temos visto oportunidades de mudanças na realidade atual do Brasil".

PEC dos gastos vai ao plenário da Câmara nos dias 10 e 11, diz Geddel

Por Andrea Jubé e Bruno Peres – Valor Econômico

BRASÍLIA - O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, afirmou na noite desta terça-feira que os líderes se comprometeram, em jantar com o presidente Michel Temer, votar a proposta de emenda constitucional (PEC) que define um teto para os gastos públicos nos dias 10 e 11 de outubro no plenário da Câmara dos Deputados.

Geddel também confirmou que o envio da reforma da Previdência Social ao Congresso será adiado, mas deve ocorrer ainda em outubro. Porém, a estratégia pode esbarrar no calendário, já que as eleições municipais deste ano terão o primeiro turno em 2 de outubro e o segundo turno em 30 de outubro.

'No Brasil, os partidos se transformaram em acúmulo de letras', diz Fernando Henrique

ENTREVISTA: Fernando Henrique Cardoso

• Para o ex-presidente, a falta de correspondência entre os anseios da sociedade e a ação dos políticos é agravada pela multiplicação de legendas sem expressão

José Fucs, especial para O Estado de S. Paulo

Em entrevista ao Estado para a série A reconstrução do Brasil, cujo objetivo é discutir os grandes desafios do País pós-impeachment, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, líder do PSDB, afirma que a falta de representatividade e o descrédito dos políticos não é uma exclusividade brasileira, mas um fenômeno global. Segundo ele, porém, no Brasil, o problema é agravado pela proliferação de partidos inexpressivos, sem preocupação com os interesses da sociedade. "Nosso maior problema é o clientelismo, o corporativismo, interesses de grupos em manter ou ampliar seus privilégios", diz. "Nunca se fala no interesse comum."

Na entrevista, Fernando Henrique afirma também que a reforma política em gestação no Senado Federal, embora parcial, poderá contribuir para melhorar as práticas políticas no País. "Em matéria de reforma, eu já tentei muitas e você sabe que quando tenta mudar tudo não consegue mudar nada", afirma. Em relação à anistia para o caixa 2 de campanha, articulada nas sombras em Brasília, ele diz que "não há clima" para aprovar uma medida do gênero hoje no Brasil. "No momento, a opinião pública não aceita a anistia de nada."

Esquema confirmado - Merval Pereira

- O Globo

Com a decisão unânime da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de acatar as denúncias contra a senadora Gleisi Hoffmann e seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo, tornando-os réus na Operação Lava-Jato, fica mais explícito ainda o esquema de corrupção montado pelos governos petistas.

O casal teve papel preponderante nas administrações de Lula e Dilma, Paulo Bernardo como ministro do Planejamento de Lula, Gleisi como chefe do Gabinete Civil do governo Dilma. Não sobrou um membro da cúpula petista para ser a exceção à regra, e o fato de que os cinco ministros da Segunda Turma seguiram sem ressalvas o voto do relator, ministro Teori Zavascki, indica que os indícios são muito conclusivos, como o próprio ressaltou.

Rotatividade delituosa - Dora Kramer

- O Estado de S. Paulo

A Casa Civil é o mais importante gabinete da Esplanada dos Ministérios, o mais próximo da Presidência, aquele que tem o maior espectro de atribuições político-administrativo no assessoramento direto de quem ocupa a chefia da República.

O titular é a pessoa que avalia e monitora atos presidenciais – aqui incluído o exame prévio da constitucionalidade de cada um deles –, acompanha a execução de ações governamentais da Presidência e demais ministérios, supervisiona o andamento das propostas do Executivo no Congresso, passa o pente-fino em cada palavra a ser publicada no Diário Oficial, analisa o mérito dos projetos, fiscaliza o andamento das propostas, faz a interface com o Parlamento, toca, enfim, a República.