quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Opinião do dia: João Doria

Não é em torno do Temer, mas o PMDB é uma sigla importante no processo de aliança no Brasil. O PMDB, o PSDB, o DEM, o PPS, o PP, o PR, O PRB, o PV, e o próprio PSB, ou parte dele. Não vejo candidatura vitoriosa no Brasil se esses partidos não estiverem aglutinados e unidos.

Nesse momento é a defesa do Brasil, não é a defesa nem do PSDB e nem do governo Temer. Se não houver capacidade de união desses partidos em torno de candidaturas maduras, efetivas e transformadoras, nós entregamos a eleição de 2018 para dois candidatos, para Lula e Bolsonaro. O bônus (dessa aliança) é uma candidatura fortalecida ajudar a criar esperança para o Brasil. O ônus é a falta de uma candidatura que unifique o país.


----------------------
João Doria, prefeito de São Paulo a jornalistas, após fazer uma palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), 31/10/2017.

Volume de salários sobe R$ 7 bi em um ano no País

Impulsionado pela reação do mercado de trabalho, resultado melhora expectativa de vendas no Natal
.
Daniela Amorim / O Estado de S. Paulo

RIO - Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo IBGE mostram que o mercado de trabalho no País movimentou R$ 188,1 bilhões em salários no terceiro trimestre. O resultado representa quase R$ 7 bilhões a mais em circulação em um ano e impulsiona a expectativa de vendas de Natal. Em um trimestre, a massa salarial cresceu R$ 2,6 bilhões. “Ela cresce porque aumenta o total de pessoas ocupadas e o rendimento delas também”, disse Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o varejo movimentará R$ 34,3 bilhões em vendas no Natal de 2017, alta de 4,3% em relação ao mesmo período de 2016. “A remuneração do trabalho é o combustível do consumo tanto de bens quanto de serviços”, disse Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da CNC.

O mercado de trabalho brasileiro movimentou R$ 188,1 bilhões em salários no terceiro trimestre do ano. O resultado representa quase R$ 7 bilhões a mais em circulação na economia no período de um ano, impulsionando a expectativa de venda para o próximo Natal. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

MP que tributa fundos atinge famílias mais ricas

Por Adriana Cotias | Valor Econômico

SÃO PAULO - A Medida Provisória 806 publicada pelo governo na segunda-feira à noite atinge em cheio o segmento de grandes fortunas no Brasil ao instituir o come-cotas, o imposto cobrado semestralmente, para fundos fechados - aqueles com regra restrita de resgate - de renda fixa e multimercados. A MP também anula o benefício do adiamento da cobrança de imposto para o momento do resgate (diferimento) nos fundos de participação (FIP) familiares, destinados a planejamento patrimonial e tributário. Mas tributaristas e especialistas no mercado de capitais anteveem muito questionamento jurídico se a cobrança vingar.

O texto prevê que a primeira cobrança do imposto de renda, em 31 de maio de 2018, seja pela alíquota efetiva. Considerando a tabela regressiva do IR, isso quer dizer uma alíquota que pode variar de 22,5% a 15% dependendo do prazo, e não os 15% (fundos de longo prazo) ou 20% (fundos de curto prazo) normalmente pagos como come-cotas para o público geral. "Isso coloca os cotistas de fundos fechados em situação potencialmente mais onerosa em relação aos cotistas de fundos abertos", diz o sócio do Mattos Filho, Flavio Mifano.

Alívio na renda do trabalhador

Com inflação menor e recuo do desemprego, graças sobretudo à criação de vagas informais, os ganhos dos trabalhadores cresceram 3,9% em setembro, a maior alta desde 2014, disse o IBGE. Foi um acréscimo de R$ 7 bilhões na economia.

Alívio nos rendimentos

Total de ganhos dos trabalhadores cresce 3,9%, com queda da inflação e aumento de vagas informais

Marcello Corrêa / O Globo

O país tem 13 milhões de desempregados, a retomada do mercado de trabalho ainda não chegou de vez no emprego formal e é comum ouvir, nas ruas, a queixa de que sobra mês no fim do salário. Mas dados divulgados ontem pelo IBGE mostram um alento nas estatísticas que, aos poucos, começará a ser sentido no dia a dia do brasileiro: o poder de compra da população aumentou. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, a soma dos ganhos dos trabalhadores voltou a crescer em ritmo próximo ao do período anterior à recessão.

No terceiro trimestre, encerrado em setembro, a chamada massa de rendimentos cresceu 3,9% na comparação com o mesmo período do ano anterior, para R$ 188,1 bilhões. É a maior alta desde maio de 2014, antes do início da recessão, quando o crescimento foi de 4,7%. Isso representa um acréscimo de R$ 7 bilhões circulando na economia, o que pode ajudar a impulsionar o consumo nos próximos meses. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE, que informou ainda que a taxa de desemprego recuou para 12,4% em setembro, frente aos 12,6% de agosto.

Reforma só virá após eleições, diz Arminio

Para ex-presidente do BC, mudanças na Previdência vão depender de 2018

Rennan Setti e Daiane Costa / O Globo

O ex-presidente do Banco Central Arminio Fraga acredita que a reforma da Previdência só ocorrerá depois das eleições. O economista participou ontem do seminário “E agora, Brasil?”, sobre a retomada da economia no país, promovido pelo GLOBO, com patrocínio da Confederação Nacional do Comércio (CNC) e apoio do Banco Modal, na Maison de France, no Centro do Rio.

— (A reforma da Previdência) Deve ficar para depois das eleições. Eu falo isso sem querer desmerecer o que tem sido feito. Considero quase um milagre o Brasil ter conseguido aprovar tantas reformas. Foi um bom trabalho da equipe econômica, embora também tenha tido influência do “Brasil velho”. O Brasil ganhou tempo, estabilizou o paciente que estava indo em uma direção muito perigosa — observou o sócio da Gávea Investimentos.

Para o economista Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP que debateu com Arminio no evento, uma reforma “de fato” da Previdência não vai ocorrer agora, mas representaria um avanço.

Desemprego cortou 1,4 milhão de contribuintes da Previdência Social

Fernanda Perrin, Flavia Lima / Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Cerca de 1,4 milhão de trabalhadores deixaram de contribuir com a Previdência Social desde 2014, ano de início da recessão, de acordo com dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (31).

O movimento se intensificou em 2017. O percentual da força de trabalho que contribui para a aposentadoria –que vinha resistindo à crise no mercado de trabalho– caiu para 63,8% no trimestre encerrado em setembro, o mesmo nível observado no início de 2014.

A situação contrasta com o ano passado, quando 65,5% da força de trabalho ocupada continuou contribuindo para a aposentadoria, apesar da alta do desemprego.

Essa queda, porém, não se refletiu na receita da contribuição da Previdência, que apresenta ao longo deste ano pequena recuperação. Até agosto, a alta é de 4,6% sobre igual período de 2016.

A expansão ocorre após essa receita ter despencado 10,8% (entre 2014 e 2015).

Ainda em crise: Míriam Leitão

- O Globo

Treze milhões de brasileiros estão procurando emprego e não encontram. Por incrível que pareça, essa é a notícia boa, porque de março deste ano a setembro caiu em 1,2 milhão o número de desempregados, segundo o IBGE. Mesmo na queda de 13% para 12,4% da taxa de desemprego, em três meses, há pontos negativos, como o aumento da informalidade.

“O mercado de trabalho está em recuperação. Mas qualitativamente ela é muito ruim, com muito trabalho por contra própria e informal. São empregos de menor qualidade”, diz o economista Bruno Ottoni, da FGV.

Na visão do economista, especialista em mercado de trabalho, o ritmo de recuperação do emprego está muito abaixo do necessário para o país sair da crise em que está, até porque os empregos criados são no mercado informal. Os números do IBGE mostraram queda de 810 mil vagas com carteira assinada em relação há um ano e aumento de 1,1 milhão de trabalho por contra própria, no mesmo período. Nem sempre o trabalho por contra própria é precário, porque pode ser o resultado do desejo de empreender. Mas, numa conjuntura como esta, a criação de negócios próprios é, em geral, decorrente das muitas demissões.

O Brasil potencial: Monica de Bolle

- O Estado de S.Paulo

Há ainda muito pouca reflexão sobre nosso problema de fundo, o acesso às oportunidades

Longe de Brasília, há uma adolescente guarani que sonha em ser advogada para defender os direitos de seu povo, que ela julga não estarem sendo respeitados. Longe de Brasília, há jovens negros tentando fugir do racismo e das terríveis estatísticas sobre mortes prematuras por meio da música. Longe de Brasília, há idosos produtivos, idosos com enorme potencial e vitalidade, que veem com assombro a perspectiva de ficarem parados depois da aposentadoria.

Esses são alguns retratos da realidade brasileira, da rica diversidade brasileira abordada no segundo episódio da série de Miriam Leitão sobre seu livro, História do Futuro. O programa leva a uma profunda reflexão sobre os rumos do País, sobre o que deveríamos almejar a partir do ano que vem.

Se restava alguma dúvida, a adolescente guarani, os jovens músicos do Neojiba – um dos programas prioritários do governo da Bahia –, os idosos dinâmicos de Santa Catarina e de outras partes do País revelam que o potencial do acesso às oportunidades para destravar a criatividade e a produtividade é imenso. O que falta é o princípio do acesso às oportunidades como regra, como parte integral das políticas públicas articuladas para qualquer esfera socioeconômica.

O emprego na reforma trabalhista: Vinicius Torres Freire

-Folha de S. Paulo

No Brasil que se arrasta para fora do buraco da recessão, até setembro ainda desapareciam empregos com carteira assinada, mostra o IBGE. O grosso do emprego que aparece é o dos "por conta própria", com salário médio 24% menor que o dos celetistas, e o dos sem carteira (salário médio 38% menor).

Não é lá surpresa, neste país precário, de empresas na retranca, de Justiça caótica e de recuperação econômica sob risco político. Para variar, porém, agora em novembro entra em vigor alguma reforma trabalhista. A reforma vai modificar ritmo e padrão da recuperação do emprego?

Há empresas que esperam a vigência da lei nova antes de contratar, como se ouve em conversas pontuais. A maioria parece ainda na retranca porque sobra capacidade em suas firmas ou porque receia uma reviravolta em 2018, tumulto por causa da eleição.

Ajuste externo é mais cíclico que estrutural: Sergio Lamucci

- Valor Econômico

Brasil está menos frágil, mas falta avançar no lado fiscal

O forte ajuste das contas externas e a redução expressiva da inflação foram fundamentais para tirar o Brasil de listas de economias consideradas mais vulneráveis a um aperto da política monetária americana, embora a situação fiscal do país siga preocupante. Há pouco mais de quatro anos, o país foi incluído pelo Morgan Stanley no clube dos "cinco frágeis", ao lado de África do Sul, Índia, Indonésia e Turquia. Naquele momento, eram os emergentes vistos como mais expostos à iminente retirada de estímulos monetários pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que acenava com a redução gradual das compras de ativos, voltadas para manter baixos os juros de longo prazo.

Com grandes déficits em conta corrente, índices mais elevados de inflação e moedas relativamente valorizadas, esses países eram então os principais candidatos a apanhar em caso de alta mais forte dos juros dos títulos do Tesouro americano. Na época, o real foi uma das moedas que se desvalorizaram bastante.

De lá para cá, o Brasil passou por uma gravíssima recessão e por uma depreciação significativa do câmbio, em parte já revertida, os principais motivos que fizeram o rombo em conta corrente em 12 meses cair de mais de 4% do PIB na virada de 2014 para 2015 para menos de 1% do PIB.

A recessão acabou: e daí?: Alexandre Schwartsma

- Folha de S. Paulo

Na semana passada, o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos anunciou que a recessão iniciada no segundo trimestre de 2014 se encerrou no quarto trimestre de 2016 (11 trimestres), não só a mais longa desde 1980 (empatada com a observada entre 1989 e 1992), como também a associada à maior queda de produto, 8,6%, um pouco pior do que a registrada durante a crise da dívida, de 1981 a 1983.

Isso significa que a economia, que vinha em processo de encolhimento a partir de meados de 2014, interrompeu sua queda e voltou a crescer moderadamente, uma boa notícia, mas que precisa ser qualificada.

Assim como inflação mais baixa denota preços subindo mais vagarosamente (e não preços em queda; fenômeno que chamamos de deflação), o fim da recessão não equivale a dizer que a economia está pujante; apenas que parou de piorar.

Doria: só frente de centro derrotará Lula e Bolsonaro

Tucano prega articulação rápida de candidatura: ‘em abril será tarde’

Jeferson Ribeiro / O Globo

É necessário e urgente criar uma frente de partidos para lançar uma candidatura de centro que seja capaz de vencer a eleição presidencial de 2018, que está polarizada entre um candidato da “extrema direita”, o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), e outro de “extrema esquerda”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem o prefeito de São Paulo, João Doria, que tem se movimentado nos últimos meses para ganhar a preferência do PSDB para a disputa da Presidência no ano que vem.

Segundo ele, Bolsonaro e Lula estão fortalecidos, e isso “acendeu” a luz amarela entre os políticos que não defendem qualquer um dos dois polos. Doria, porém, afirmou que estava recomendando com “modéstia e com muita humildade que os líderes partidários pudessem conversar” para criação da frente, indicando que ainda não há uma articulação nesse sentido.

— A hora é agora. Estamos a um ano da eleição. Se não aproveitarmos esses dois, três meses para consolidar uma aliança entre os partidos que têm essa mesma crença, a partir de abril será tarde — alertou o prefeito.

No domingo, o colunista Lauro Jardim revelou os números de uma pesquisa do Ibope, realizada entre os dias 18 e 22 de outubro, mostrando que a intenção de votos no ex-presidente chegava a 35% e no deputado, a 13%. Cientistas políticos ouvidos pelo GLOBO analisaram que a vantagem deles é fruto da atuação dos dois como pré-candidatos. No caso do petista, segundo os analistas consultados, ainda pesa a seu favor o recall por ter presidido o país por oito anos durante um período de estabilidade econômica e melhoria das condições de vida, principalmente das pessoas de baixa renda.

ALIADO INCÔMODO
Questionado se uma aliança de centro envolveria o PMDB e o presidente Michel Temer, Doria afirmou que não é uma aliança em torno do presidente, denunciado duas vezes pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva, organização criminosa e obstrução à Justiça.

— Não é em torno do Temer, mas o PMDB é uma sigla importante no processo de aliança no Brasil. O PMDB, o PSDB, o DEM, o PPS, o PP, o PR, O PRB, o PV e o próprio PSB, ou parte dele. Não vejo candidatura vitoriosa no Brasil se esses partidos não estiverem aglutinados — afirmou o prefeito de São Paulo a jornalistas após uma palestra na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Doria propõe criação de frente partidária para enfrentar Lula e Bolsonaro

Prefeito de São Paulo afirma que 'sinal amarelo acendeu' diante de pesquisas eleitorais, em evento no Rio

Roberta Pennafort / O Estado de S.Paulo

RIO - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), defendeu nesta terça-feira, 31, a criação de uma frente de partidos que ele chamou "de centro" - PSDB, PMDB, DEM, PPS, PP, PR, PRB, PV e PSB - para lançar candidato único em 2018 e derrotar nas urnas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado Jair Bolsonaro (PSC). Doria não quis se posicionar sobre a possibilidade de uma chapa pura tucana, com o governador Geraldo Alckmin para a Presidência e ele de vice.

"Não cabe a mim discutir se será chapa pura ou não. Não quero ser um elemento fracionador, mas aglutinador. São Paulo sairá unida já para a convenção do PSDB, dia 9, em Brasília. Todas as hipóteses estão em aberto", afirmou a jornalistas, depois de falar sobre sua gestão a empresários na Federação das Indústrias do Estado de Rio (Firjan).

Doria admite ser candidato a vice de Alckmin

Por Cristian Klein / Valor Econômico

RIO - O prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou que não será um "agente fracionador de São Paulo e, principalmente, do PSDB" na eleição presidencial e não descartou ser o vice em uma chapa "puro-sangue" liderada pelo governador do Estado, Geraldo Alckmin. "Todas as hipóteses ficam em aberto, não advogo nenhuma delas". A uma plateia de empresários, defendeu uma frente para impedir uma vitória de Lula ou Bolsonaro.

Doria afirma que chapa puro-sangue em 2018 é uma "hipótese em aberto"
O prefeito de São Paulo, João Doria, afirmou que não será um "agente fracionador de São Paulo e, principalmente, do PSDB" na eleição presidencial e não afastou a possibilidade está a de ser candidato a vice numa chapa "puro-sangue", liderada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.

"Todas as hipóteses ficam em aberto, não advogo nenhuma delas. Não cabe a mim discutir se é chapa pura ou se ela deixa de ser. O que quero reafirmar é que estarei dentro do firme propósito de ter a união do PSDB em São Paulo. Temos que trabalhar a favor de uma causa e de uma união, e eu estou disposto a isso, em qualquer circunstância", afirmou ontem, depois de discursar durante almoço na Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).

Para uma plateia de empresários, Doria defendeu - mais do que seu próprio nome - a necessidade urgente de formação de uma ampla frente de partidos que orbitam o governo de Michel Temer para impedir a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), que lideram a corrida presidencial, segundo as últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha. E afirmou que, diferentemente do que fez desde que assumiu a prefeitura, seu foco "mais intenso" agora será o município de São Paulo, especialmente a periferia da cidade.

Doria defende frente ampla de centro para derrotar Lula e Bolsonaro

Lucas Vettorazzo / Folha de S. Paulo

RIO - O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), defendeu na tarde desta terça-feira (31) a criação de uma frente ampla de partidos de centro para disputar as eleições presidenciais do ano que vem para derrotar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC), dois pré-candidatos que lideram pesquisas eleitorais até o momento.

Em viagem com clima de campanha ao Rio, Doria classificou Lula e Bolsonaro como opções extremistas e disse que a divisão poderia levar à vitória de um dos dois.

Doria evitou dar mais detalhes de quem poderia compor essa frente ampla de centro, mas afirmou que ela passa pela participação do PMDB, partido do presidente Michel Temer, no bloco.

O prefeito da capital paulista voltou a pregar a união no PSDB, mas evitou se posicionar enfaticamente sobre a possibilidade levantada por uma ala do partido de uma chapa puro sangue formada pelo governador paulista, Geraldo Alckmin, como cabeça, e Doria como vice.

"Se nós, que temos uma posição central para salvar o Brasil, não estivermos unidos, quem ganhará a eleição será um extremista, de esquerda ou de direita", disse o prefeito paulista em palestra na Firjan (Federação das Indústrias do Rio), no centro da capital fluminense.

Doria disse que é preciso "discernimento, concordância, liderança e humildade" para criar uma frente ampla de centro. A divisão, disse ele, resultaria na vitória de Lula ou Bolsonaro.

"Será que teremos um Lula aqui na frente? Será que é essa salvação do Brasil? Ou será o Bolsonaro? Eu digo que não. Precisamos nos apoiar em pilares que possam transformar o Brasil e, para isso, as forças democráticas e de centro precisam estar unidas. Nesse sentido, contem comigo", afirmou.

AGENDA
Doria teve um dia típico de campanha eleitoral. Pela manhã, anunciou parceria com o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, para licitações conjuntas na área da saúde.

À tarde, participou de almoço com empresários na Firjan (Federação das Indústrias do Rio), onde deu a declaração sobre a frente ampla e apresentou realizações de seus dez meses à frente da prefeitura paulista.

A sua agenda também previa uma visita à redação do jornal "O Globo", encontro com o ex-ministro Armínio Fraga e economistas da Casa das Garças, núcleo de pensamento econômico alinhado com os tucanos, e um jantar com o empresário Paulo Marinho.

‘PSDB desses caras não é o meu PSDB’

Presidente interino da sigla, Tasso critica reação de deputados pró-Aécio e pró-Temer em reunião na qual debateram contratação de agência

Igor Gadelha Julia Lindner Renan Truffi / O Estado de S. Paulo.

BRASÍLIA - Em mais um episódio da crise interna no PSDB, deputados da ala que defende o apoio do partido ao governo Michel Temer bateram boca com o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), que é favorável ao rompimento. A briga ocorreu durante encontro da bancada tucana na Câmara. Segundo dois deputados que não quiseram se identificar, houve ameaças de agressão. “Esse PSDB desses caras não é o meu PSDB”, disse Tasso.

A reunião foi convocada pelo líder do PSDB na Casa, deputado Ricardo Tripoli (SP), para que a empresa Ideia Big Data fizesse uma exposição sobre o plano de reestruturação de comunicação do partido nas redes sociais. A empresa foi contratada por Tasso recentemente.

A discussão começou quando os deputados Domingos Sávio (MG), Paulo Abi-Ackel (MG) e Giuseppe Vecci (GO) criticaram a contratação da empresa. Os três parlamentares são aliados do senador Aécio Neves (MG), presidente licenciado da sigla.

A contratação gerou reações negativas porque o proprietário da empresa, Moriael Paiva, foi responsável pela campanha do governador Fernando Pimentel (PT) em 2014, que derrotou a candidatura do tucano Pimenta da Veiga, apoiado por Aécio, ao governo de Minas.

“Coloquei que era um absurdo contratar uma empresa que fez uma campanha com ataques que considero criminosos ao PSDB de Minas. Mostrei que era inaceitável contratar uma empresa dessas”, disse Sávio.

"É preciso reconhecer os erros", diz FHC

Cristiane Agostine | Valor Econômico

SÃO PAULO - Em meio à crise interna do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que "é preciso reconhecer os erros e corrigi-los". Segundo o ex-presidente, se o partido não fizer isso, perderá a capacidade de expressar um sentimento de "esperança". FHC afirmou também que a legenda precisa mostrar-se diferente do PMDB e se não fizer isso enfrentará nas próximas eleições a mesma resistência do eleitorado que os pemedebistas enfrentam hoje.

O ex-presidente evitou falar sobre o presidente licenciado da sigla, senador Aécio Neves (MG) e não quis declarar sua opinião sobre a permanência do senador, investigado pela Operação Lava-Jato, no comando do partido. "Não quero falar sobre PSDB. Todos os partidos estão desgastados", disse. "É preciso reconhecer os erros e corrigir. Se não fizer isso, os partidos sobrevivem, mas vão perdendo a seiva", afirmou, ao participar de um debate sobre a Venezuela promovido por sua fundação.

Desafio de ser centro: José Álvaro Moisés*

- O Estado de S.Paulo

O Brasil vive uma grave crise de liderança política e, a seu modo, o PSDB tem parte nisso. A pouco menos de um ano das eleições, o partido esbanja as consequências negativas de suas divisões internas e tarda em assumir o papel que a crise de seus competidores lhe oferece de bandeja. Nem PT nem PMDB têm condições éticas e políticas para se reapresentar como alternativa para tirar o País da crise, o que torna invejáveis as chances do PSDB. Mas ele precisa estar unido e preparado para aproveitá-las. Estará?

É difícil responder com base no cenário atual do partido. O problema não é que João Doria frustre os que o elegeram para prefeito e queira atropelar a candidatura do governador Geraldo Alckmin à Presidência. O problema é que, tanto nessa questão, como na que se refere à participação do partido no governo do PMDB, a impressão que se tem é de que faltam critérios e regras claras capazes de apontar o rumo político que o partido propõe ao País.

Luz de advertência: Merval Pereira

- O Globo

A luz amarela que o prefeito de São Paulo João Doria acendeu depois da primeira pesquisa Ibope para a Presidência da República em 2018 indica que a possibilidade de uma polarização entre Jair Bolsonaro e Lula assusta, ou deveria assustar, as demais forças políticas que começam a se organizar para a disputa.

Doria parece disposto a não se chocar com seu patrono, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, mas, para ele, o susto com a radicalização da campanha é um bom motivo para mantê-lo em uma corrida que parece perdida internamente no PSDB.

Ele não pretende sair do partido para disputar a eleição presidencial, mas diz que aprendeu que, em política, um dia é uma eternidade, quanto mais seis meses, o tempo máximo para uma definição. Isso significa que até lá há possibilidade de uma mudança na tendência tucana, hoje francamente favorável a Alckmin.

Se não acontecer, Doria fará uma composição com o governador de São Paulo, para disputar sua sucessão ou, mais provavelmente, permanecer na prefeitura, tornando-se o candidato natural do partido para voos mais altos logo adiante.

Rumo ao centro: Vera Magalhães

- O Estado de S.Paulo

A polarização da campanha entre Lula e Jair Bolsonaro, apontada nas últimas pesquisas, levou o prefeito de São Paulo, João Doria, a recuar de sua apressada pré-campanha presidencial e pregar por uma união das forças de centro em 2018.

Escrevi no domingo sobre as nuances do timing político e citei o prefeito como exemplo de como a pressa pode sepultar até candidaturas eleitoralmente viáveis. Doria faz um claro recuo. Ele foi pré-combinado com Geraldo Alckmin e outras lideranças tucanas, como Fernando Henrique Cardoso.

E é resultado de um movimento maior, que engloba os principais partidos da aliança que hoje dá sustentação ao governo impopular de Temer. PSDB, PMDB, DEM e PSD reforçaram diagnóstico de que, caso Lula esteja no páreo, a pulverização de candidatos no campo da centro direita apenas jogará água no moinho de Jair Bolsonaro.

A constatação, fruto de conversas sobre como conduzir a agenda depois do arquivamento da segunda denúncia contra Temer, também fez com que DEM e PSD voltassem a negociar posições numa possível chapa única desses partidos governistas, com as siglas do Centrão acopladas.

Não se trata de desistência de nomes como Doria e Henrique Meirelles. Eles podem voltar a se movimentar e a forçar para que haja mais de uma candidatura da centro direita caso haja alguma decisão que tire Lula do páreo, ou alguma revelação que lhe cause dano mais sério. Enquanto isso não acontece, a tentativa será de criar um bloco identificável pelo mercado e pelo eleitorado médio como mais “racional” para evitar a radicalização da disputa.

Teu mal é comentar o passado: Rosângela Bittar

- Valor Econômico

Refúgio na economia encontra dados de euforia e depressão

Reconhecer a realidade é um dom e, trabalhar com ela, prova de inteligência. A disputa presidencial em andamento, a um ano de sua realização, carece dessas qualidades, como está se configurando. Tudo parece arcaico, uma repetição das experiências mal sucedidas, enquanto todos esperam por um milagre.

Que não virá. Não foi por acaso que os últimos Presidentes da República chegaram aos seus cargos. O populismo fácil ajudou muita gente, por oportunismo de época, e ainda pode ajudar hoje, não sai de moda. O país não avançou ao ponto de perceber sempre quando está sendo enganado. Mas organização e construção da proposta foram fundamentais em outras ocasiões, cada vez mais percebidas pelo eleitorado.

Juscelino Kubitscheck tinha vivência de prefeito, de constituinte, de deputado federal, mas quando resolveu ir mais longe plantou meticulosamente os alicerces da caminhada. A partir do apoio do PSD, construiu uma base física sólida, toda semana ia a um Estado, hospedava-se em casa de aliados naquele local, resolvia os problemas do grupo e, quando precisou, a consequência da preparação apareceu.

Jânio Quadros não foi eleito por ser excêntrico. Professor de português, descobriu São Paulo na essência da política que se desenvolve perto do cidadão, como vereador. Frequentou protestos, redações de jornais e em nome do povo reclamou do preço do pãozinho à sujeira visível. Ancorado em dois partidos que não eram os mais importantes, venceu todos os outros grandes reunidos para enfrentá-lo. O populismo, mais uma vez, foi arma.

Nada pelo social: Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

“Tudo pelo social”, o slogan do governo Sarney, foi escolhido com base nas regras de ouro do marketing, mas deu tudo errado, com o fracasso do Plano Cruzado. Foi inspirado na Constituição de 1988, a carta cidadã de Ulysses Guimarães, que ampliou os direitos sociais dos brasileiros, contra a qual José Sarney se bateu, depois de embarcar no populismo voluntarista de sua política econômica de crescimento acelerado e fracassar. Acabou o mandato com governo na lona, em meio à hiperinflação, juntamente com seus aliados. Todos eles assistiram perplexos uma disputa de segundo turno entre os ex-presidentes Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva, vencida pelo primeiro, que foi apeado do poder porque era um “outsider” na política. A crise econômica parecia imbatível.

Ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardozo fez o ajuste fiscal e um plano de estabilização da economia que deram tão certo que acabou presidente da República. Foi eleito graças ao fim da hiperinflação. Seu governo fez a reforma patrimonial do Estado (privatizações) e adotou uma política social liberal, que consistiu na focalização dos gastos sociais nos mais pobres. As políticas sociais universalistas enfrentaram grande restrição de recursos, mesmo assim, foram inovadoras em alguns aspectos, entre os quais a universalização do ensino básico, sob comando do ex-ministro da Educação Paulo Renato, já falecido, e alguns êxitos importantes na saúde pública, como o controle da epidemia de Aids e a produção de medicamentos genéricos, com a quebra de patentes internacionais, mérito do senador José Serra (PSDB-SP).

O futuro do Brasil em nossas mãos: José Aníbal

- Blog do Noblat

Daqui a menos de um ano, o Brasil saberá quem governará o país de 2019 a 2022. Mas o próximo presidente da República responderá por mais do que quatro anos do futuro nacional: será ele um símbolo de que a racionalidade supera o voluntarismo, de como a ação estratégica na política se sobrepõe à ingenuidade do falso moralismo e, principalmente, da capacidade de convergência e construção de unidade em torno de um objetivo maior.

É claro que tudo isso só será verdade se um projeto coeso, maduro e consistente se viabilizar e for eleitoralmente bem-sucedido. E é isso que deve ser o norte de toda força política comprometida com o efetivo avanço do Brasil, e não com seus interesses mais imediatos. Só um amplo leque de alianças, pautadas pela coragem e ousadia de promover uma agenda reformista justa e contemporânea, será capaz de superar os discursos demagógicos, sectários e anacrônicos que ecoam nos dois extremos do espectro político.

Não podemos nos furtar ao enfrentamento direto, claro e bem fundamentado contra uma esquerda retrógrada e corporativista que gravita em torno do lulopetismo e contra um conservadorismo que se traveste de laissez-faire, mas não consegue esconder sua essência anacrônica e autoritária.

Realidades paralelas: Marina Silva

- Valor Econômico

O Estado mobilizador cria o ambiente para que potencial inovador da sociedade oriente a maneira de governar

Nem econômica, nem social, nem mesmo ambiental, a maior crise que enfrentamos é de valores e a vitrine onde se expõe sua crescente degradação é a política. O prazo de validade do sistema político atual findou e só os que continuam identificados com ele não percebem. Continuam ocupando postos públicos, enquanto a República se desmancha e a Nação se debate em mazelas sociais e econômicas.

Todos vimos estarrecidos os garimpeiros, em Humaitá (AM), atearem fogo na sede do ICMBio e do Ibama, que fiscalizam o garimpo ilegal no rio Madeira. Já nos sentimos acuados nas grandes cidades, onde a ousadia do tráfico desafia as polícias, mas também nos sertões não é a primeira vez que os órgãos oficiais sofrem ataques em reação ao trabalho que realizam no combate aos crimes ambientais, trabalhistas e fundiários.

Os donos da verdade – Editorial: O Estado de S. Paulo

Dois recentes acontecimentos envolvendo membros do Ministério Público demonstram a existência de uma mentalidade abusiva no órgão que deveria, por força de sua função institucional, ser um vigoroso defensor do bom Direito. Em 7 de agosto deste ano, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), sob a batuta do então procurador-geral da República, Rodrigo Janot, publicou uma nova edição da resolução que dispõe sobre a instauração e a tramitação do procedimento investigatório criminal conduzido pelo Ministério Público. A medida autoriza promotores e procuradores a realizar vistorias, inspeções e diligências, e a requisitar informações e documentos de autoridades públicas e privadas sem autorização judicial, conforme revelou o Estado.

A Resolução 181/2017 do CNMP é claramente abusiva. Em primeiro lugar, o CNMP não tem competência para legislar sobre a matéria. Segundo a Constituição, “compete ao Conselho Nacional do Ministério Público o controle da atuação administrativa e financeira do Ministério Público e do cumprimento dos deveres funcionais de seus membros”. Ou seja, a função constitucional desse conselho, criado em 2004 durante a reforma do Judiciário, é justamente garantir que o Ministério Público atue dentro da lei. Não pode, por decreto, expandir os poderes do Ministério Público.

Paradoxo Temer – Editorial: Folha de S. Paulo

Excetuando sociedades marcadas por conflitos armados, tensões étnicas e religiosas ou miséria crônica, o Brasil está sem dúvida entre os países mais difíceis de governar.

Não bastassem as dimensões do território e da população, há profundas desigualdades sociais e regionais, que se traduzem em demandas múltiplas e, não raro, contraditórias entre si.

Depois de sucessivos percalços ao longo da história, viabilizou-se uma democracia baseada num sistema político permissivo, que ao mesmo tempo favorece a proliferação de partidos e a baixíssima fidelidade dos eleitos às siglas.

Acrescente-se uma organização federativa, com 26 Estados e 5.570 municípios dotados de autonomia administrativa, e um Congresso Nacional bicameral —o resultado é uma pletora incomum de obstáculos potenciais a medidas do Executivo ou propostas legislativas.

Se governantes em todo o mundo costumam ser avaliados pela capacidade de promover reformas, aqui a mera conclusão do mandato tem se mostrado um desafio.

Ajuste fiscal depende da reforma da Previdência – Editorial: O Globo

Depois de trabalhar apenas para salvar Temer na Câmara, Planalto volta a tratar do déficit público, mas, sem equacionar a questão previdenciária, problema persistirá

Barrada na Câmara a tramitação da segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente Michel Temer — as duas serão remetidas à primeira instância quando ele e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco, também acusados, perderem o foro privilegiado —, o Planalto se apressa para tratar do que importa: dar as condições a que a economia retome o crescimento em bases sólidas. Existe um movimento de retomada cíclica, mas sem que seja possível esperar sua conversão num crescimento sustentável.

Na realidade, o governo trabalhou nos últimos meses — a partir de maio, quando surgiram provas do envolvimento de Temer com Joesley Batista, da JBS — a fim de salvar a pele do presidente, e para isso mobilizou literalmente bilhões do Tesouro e abriu a diversificada caixa de ferramentas do fisiologismo que o PMDB soube usar junto com o PT, enquanto estiveram aliados no poder.

Estado não tem respostas para escalada da violência – Editorial: Valor Econômico

O Brasil já era um país violento e a violência está aumentando, alerta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado pelo Fórum Nacional de Segurança Pública com dados até 2016. Os números para 2017 compilados até agora também indicam que as mortes violentas seguem a tendência de alta em 2017. A taxa de homicídios para cada cem mil habitantes subiu 3,8% em relação a 2015 e atingiu 29,9 no ano passado, superior à do Haiti, um país com rudimentos de Estado, e à do México (19), que vive uma guerra contra (e entre) traficantes de drogas. Foram 61.619 pessoas assassinadas em 2016 - a grande maioria pobres e negros.

As estatísticas mostram a continuidade do aumento da violência nos municípios do interior do país - do Norte, Nordeste, Goiás e norte de Minas Gerais. As duas primeiras regiões concentraram 22 dos 30 municípios onde mais se matou no país no ano passado. As taxas no Sudeste e Sul são mais baixas, embora não homogêneas. Houve alta de 70% nas mortes violentas no Rio Grande do Sul.

Os números do anuário sugerem alguma correlação em pouco mais de uma dezena de Estados entre a queda das verbas públicas destinadas à segurança e o aumento do número de assassinatos. Ela, porém, não é determinante. Entre 2005 e 2010, os homicídios se estabilizaram na casa dos 40 mil por ano, para darem um salto até 2014, quando chegaram a 57 mil, um período ainda de relativa prosperidade. Depois veio a recessão e a violência parece ter consolidado novo patamar.

Leveza: Cecília Meirele

Leve é o pássaro:
e a sua sombra voante,
mais leve.

E a cascata aérea
de sua garganta,
mais leve.

E o que lembra, ouvindo-se
deslizar seu canto,
mais leve.

E o desejo rápido
desse mais antigo instante,
mais leve.

E a fuga invisível
do amargo passante,
mais leve.

Orquestra Filarmonica de Berlin: Carmen Suite n 1 (G Bizet) -Barenboim

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Opinião do dia: Editorial/O Estado de S. Paulo

Por mais que tente, Lula da Silva não pode se desvencilhar de seu verdadeiro legado desde a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao poder central, em 2003: uma profunda recessão econômica e a instalação de um sistema de corrupção sem precedentes na História do País, engendrado para submeter o Estado ao serviço do partido e de seu projeto de poder, além, é claro, de garantir uma próspera existência a seus próceres à custa do dinheiro público.

Tido como o primeiro operário a chegar à Presidência da República, favorecido por uma base de apoio popular e congressual sem precedentes, além de ter a seu favor a conjuntura internacional, Lula da Silva, caso inspirado por bons desígnios, poderia ter conduzido o País rumo ao benfazejo destino que antes era apenas sonhado. Mas, na encruzilhada da História, fez sua opção. Traiu o Brasil e os brasileiros.

--------------------
Editorial: ‘A traição original’/ O Estado de S. Paulo, 30/10/2017

A superreforma do ministério: Raymundo Costa

- Valor Econômico

Meirelles pode sair, mas Ilan e Dyogo ficam no governo

Apesar das pressões em sentido contrário, o presidente Michel Temer só pensa em mudar o governo no início de abril, quando 20 ou mais ministros e dirigentes de estatais devem deixar seus cargos para disputar as eleições de outubro de 2018. Atualmente, são 17 os ministros pré-candidatos a algum cargo eletivo, mas a conta não considera os ministros Henrique Meirelles (Fazenda), já lançado à Presidência pela bancada do PSD na Câmara dos Deputados, e dois outros homens-chaves do governo - Eliseu Padilha, ministro da Casa Civil, e Moreira Franco, titular da Secretaria de Governo, que devem sobreviver à grande dança das cadeiras.

Chefe de um governo impopular, Temer conta com a grande mudança ministerial de abril como um trunfo a seu favor em 2018. Se 17 ministros saírem, são outros 17 que entram. Com a sucessão aberta em praticamente todos os Estados, inclusive nos maiores colégios eleitorais do país, nos quais até agora não despontaram favoritos, o governo federal tem possibilidades nas articulações de bastidor para a composição das alianças. Esse é um terreno em que Michel Temer, Eliseu Padilha e Moreira Franco sabem como poucos se movimentar.

Se recuperação econômica criar um ambiente mais favorável ao presidente - no momento quem cabala votos quer mais é distância- o Palácio do Planalto vai tentar organizar uma candidatura da situação. Por enquanto, mede as próprias forças. A curto prazo, o desafio é manter sob controle as demandas dos aliados que ajudaram o presidente e os dois ministros a salvarem seus pescoços e agora querem uma retribuição à altura no governo. Nos cargos com poder de multiplicação eleitoral e na pauta de votações do Congresso. Um bom teste deve ocorrer na votação de vetos prevista para a noite desta quarta-feira, com destaque para o projeto da convalidação dos incentivos fiscais.

A farsa em marcha: Merval Pereira

- O Globo

Como dizia aquele alemão barbudo (como o ex-ministro do STF Eros Grau se referiu a Marx certa vez), a História se repete como farsa. Caminhamos para uma eleição presidencial tão radicalizada quanto a de 1989, a primeira direta após o regime militar, que terminou em tragédia, com o impeachment de Collor. Só que com tons e nuances diferentes.

A esquerda tinha dois representantes naquela ocasião, o líder metalúrgico Lula e o líder trabalhista Brizola, que disputaram voto a voto a ida para o segundo turno contra o representante da centro-direita, Collor de Mello. Populismo de direita contra populismo de esquerda.

Lula derrotou Brizola por 0,67% e foi para o segundo turno contra Collor, e mais tarde admitiu que, naquele momento, não estava preparado para ser presidente da República. Foi em Divinópolis, na campanha de 2010, para eleger Dilma, que ele disse que agradecia por ter perdido a eleição presidencial de 1989, porque era “muito mais radical” e poderia cometer erros no governo.

“Hoje eu agradeço a Deus por não ter ganhado em 1989, porque eu era muito novo, muito mais radical do que eu era em 2002 e, portanto, eu poderia ter feito bobagem. Não bobagem porque eu quisesse fazer, mas pela impetuosidade, pela pressa de fazer as coisas.”

Hoje, tão radical quanto era em 1989, longe daquele Lula que escreveu a carta aos brasileiros em 2002 para dirimir as dúvidas do mercado financeiro e da classe média sobre seu radicalismo, considera-se preparado para voltar à presidência que exerceu entre 2003 e 2010, e a lembrança daquele tempo está viva na memória de cerca de 35% dos eleitores, segundo a mais recente pesquisa do Ibope.

Estresse ou ressaca?: Eliane Cantanhêde

- O Estado de S.Paulo

Num ano difícil para governo, Congresso e Supremo, feriado é pausa para pensar

Finalmente chove em Brasília, após uma seca insuportável e em meio a um racionamento de água cruel e constrangedor, mas os três Poderes não vão comemorar, com o Feriado de Finados bem na quinta-feira. O presidente Michel Temer se recupera em São Paulo, parlamentares e ministros do STF viajam e há um enorme estresse – ou “ressaca”, como prefere o presidente da Câmara, Rodrigo Maia – no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.

O Executivo atravessou o ano às voltas com as denúncias da PGR contra Temer e atuais ministros, prisão de ex-ministros, arrocho fiscal, recuos embaraçosos e impopularidade recorde do presidente, apesar de o governo, objetivamente, vir ganhando todas as votações fundamentais.

No Legislativo, é muito desgastante derrubar não só uma, mas duas denúncias contra o presidente da República no mesmo ano. E um ano pré-eleitoral, com boa parte do Congresso em compasso de espera, enquanto a rebordosa da Lava Jato não chega contra quem tem mandato e foro privilegiado. Deputados e senadores dividem-se em oposição e governo e quanto ao mandato de Temer, mas se unem no pavor ao bicho-papão da Lava Jato.

Preocupação zero: Bernardo Mello Franco

Em julho de 2016, a Folha perguntou a Michel Temer se ele estava preocupado com a Lava Jato. "Não tenho a menor preocupação. Zero. Pode botar zero em letras garrafais", respondeu o presidente. Poucos meses depois, ele entrou de vez na mira da operação. Já foi denunciado duas vezes e escapou por pouco de perder o mandato.

Nesta segunda, o jornal "O Globo" perguntou a Temer se ele está preocupado com uma possível delação de Geddel Vieira Lima. A Procuradoria já concluiu que o ex-ministro não atuava sozinho. Ele tem enviado sinais de desespero da cadeia. Apesar dos avisos, o presidente repetiu a resposta anterior. "Zero. Põe zero em letras garrafais aí", ordenou.

Políticos não gostam de admitir preocupação com nada. Muito menos com o próprio pescoço. Temer não é exceção nessa lista. O manual da classe ensina a negar sempre. Mesmo quando os fatos mostram que a negativa não para em pé.

O tempo ruge: Luiz Carlos Azedo

- Correio Braziliense

Com 35% de intenções de votos, Lula largou na frente. Colheu os frutos de suas andanças pelo Nordeste e de uma estratégia de enfrentamento da Operação Lava-Jato

O presidente Michel Temer tem ainda 14 meses de mandato; na prática, sua “sombra de poder” pode não passar de seis meses, porque as articulações de 2018 começaram para valer e os políticos começam a se movimentar para decidir o que fazer nas eleições presidenciais. A pesquisa eleitoral do Ibope de domingo mostra, digamos assim, o estado da arte da sucessão presidencial. Com 35% de intenções de votos, Lula largou na frente. Colheu os frutos de suas andanças pelo Nordeste do país e de uma estratégia de enfrentamento da Operação Lava-Jato que busca desqualificar as acusações contra ele.

Nessa tarefa, foi ajudado, e muito, pelos ex-adversários citados nas delações premiadas de Marcelo Odebrecht e Joesley Batista, pela atuação do presidente Michel Temer para a Câmara rejeitar a denúncia do ex-procurador da República Rodrigo Janot e até pelo senador Aécio Neves (PSDB), presidente licenciado do PSDB, ao reverter no Senado a decisão da Segunda Turma do STF que o havia afastado do mandato.

É óbvio que ninguém quis pôr azeitona na empada de Lula, mas a política é assim mesmo, tem complexas relações de causa e efeito. O mais surpreendente na pesquisa, nesse caso, foi o fato de a economia não ter atrapalhado a vida de Lula. Inflação baixa e juros igualmente em queda livre, fim da recessão e a retomada do crescimento não tiveram impacto na vida dos eleitores que têm saudades de Lula. Esperto, o petista tratou de se desvincular do desastre causado pela política econômica de Dilma Rousseff, que jogou o país numa recessão profunda e desempregou milhões de brasileiros.

Quem quer Luciano Huck para presidente?: Ricardo Noblat

- Blog do Noblat

O PPS, marca fantasia do Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, está dividido em três bandas

O apresentador Luciano Kuck simpatiza com a ideia de se filiar ao Partido Popular Socialista (PPS) para ser candidato à sucessão do presidente Michel Temer. Por ora, apenas simpatiza. Mas o PPS, marca fantasia do Partido Comunista Brasileiro, o Partidão, está dividido em três bandas.

Uma, liderada por Roberto Freire, seu presidente, defende internamente o nome de Huck. Freire e o apresentador já conversaram a respeito mais de uma vez.

A outra banda, de raiz paulista, prefere apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB). A terceira, forte em outros Estados, apoia Cristovam Buarque (DF), líder do partido no Senado.

O PPS de raiz paulista, no último domingo, fez sua convenção estadual com a presença maciça de vereadores e de deputados. Alckmin passou por lá.

Em dezembro, o partido fará sua convenção nacional. É possível que ela sirva para definir quem o PPS apoiará na próxima eleição presidencial.

Destruindo riqueza: Hélio Schwartsman

- Folha de S. Paulo

A economia cresce encontrando soluções, em geral tecnológicas, para reduzir ineficiências e, nesse processo, libera mão de obra.

Um exemplo esclarecedor é o do emprego agrícola nos EUA. Até 1800, a produção de alimentos exigia o trabalho de 95% da população do país. Em 1900, a geração de comida para uma população já bem maior mobilizava 40% da força de trabalho e, hoje, essa proporção mal chega a 3%. Quem abandonou a roça foi para cidades, integrando a força de trabalho da indústria e dos serviços.

Esse processo pode ser cruel para com indivíduos que ficam sem emprego e não conseguem se reciclar, mas é dele que a sociedade extrai sua prosperidade. É o velho fazer mais com menos.

Contas penduradas: Míriam Leitão

- O Globo

O Orçamento de 2018 chega ao Congresso com fragilidades. As MPs que sustentam parte do esforço fiscal estão sendo enviadas junto com o Orçamento. Se não forem aprovadas ou se forem alteradas, muda a equação, cujo melhor resultado é um déficit de R$ 159 bi. A questão fiscal se agravou muito nos últimos anos, e a melhor medida é a dívida pública, que atingiu 73,9% do PIB. O déficit do INSS bate recordes.

Pelo menos, o cenário econômico que o governo traçou para fazer a previsão das suas contas é positivo e possível. Pelas projeções, a inflação subirá um pouco, mas ficando no centro da meta. Os juros ficarão estáveis na casa dos 7%, e o PIB crescerá 2%, pela avaliação do Ministério do Planejamento, estimativa considerada conservadora pelo próprio ministro Dyogo Oliveira. Claro que num ano eleitoral as incertezas podem provocar turbulências no câmbio, que afetam os juros e a inflação, mas tem chance de ser mesmo um ano de recuperação. O problema é que a incerteza fiscal permanecerá.

A mediocridade do crescimento de 95 a 2016: Antonio Delfim Netto

- Valor Econômico

O quadro geral dos últimos 20 anos é desolador

Os números preliminares do Comitê de Datação dos Ciclos Econômicos (Codace) da Fundação Getulio Vargas, sugerem que a grande recessão que vivemos teve início no segundo trimestre de 2014 e terminou no quarto trimestre de 2016. Durou 11 trimestres. Produziu uma queda acumulada do PIB da ordem de 9%. Tratou-se de um ciclo absolutamente autóctone, produzido por uma política econômica voluntarista a partir de 2012, como se vê na tabela 1 abaixo.

Como é evidente, a comparação do comportamento de uma economia tem que ser referenciada à conjuntura real da economia mundial em que ela esteve inserida. No período registramos uma taxa de crescimento 15 vezes menor do que a de nossos companheiros (emergentes + em desenvolvimento) e 5 vezes menor do que as economias avançadas. Mais trágica foi a "variabilidade": 61 vezes maior do que a dos emergentes e 40 vezes maior do que as economias avançadas.


Se chamarmos o retrato de caótico não estaremos exagerando. O que surpreende é assistir ao espetáculo da oposição no Congresso. Cega pela paixão ideológica, recusa a aritmética em favor da "lógica do grito" e atribui tal tragédia à administração de Temer. Ela deixará sua marca registrada no resultado da mais pobre e irresponsável CPI já feita no Congresso, onde se "provou" que a Previdência é "superavitária"!