quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Opinião do dia: Luiz Werneck Vianna*

Processos de modernização pelo alto, em suas variantes brandas, como os que ocorreram nos governos de JK, FHC e Lula, ou duras, incidentes no Estado Novo de 1937 e no recente regime militar, têm a característica comum de serem, mais ou menos, segundo os casos, refratários à auto-organização da vida social. Nosso sindicalismo, mais forte presença entre nós de vida associativa dos setores subalternos, que nasceu nos primeiros anos da República animado pelos princípios da autonomia, foi, como notório, incorporado à malha estatal pela chamada Revolução de 30, que, de fato, veio a estabelecer na política brasileira a modelagem típica dos processos de modernização autoritária.

A derrota dessa experiência, inesperada da forma como ocorreu - um impeachment encaminhado por um parlamentar a quem faltava densidade política contrariado em seus interesses, fundado em razões técnicas ininteligíveis para o homem comum -, deixou atrás de si um imenso vazio. Sem as escoras do nosso passado, que cederam pela ação corrosiva de um novo espírito do tempo, marchamos nas trevas. A hora da sucessão é mais que propícia para a descoberta de novas luzes que tenham sua fonte de energia na sociedade civil, aliás, já identificadas nas jornadas de junho de 2013.
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* Sociólogo, PUC-Rio, ‘A sucessão e o novo espírito do tempo’, O Estado de S. Paulo, 3/12/2017.

*Aloísio de Toledo César: Lula e a esperada decisão final

- O Estado de S.Paulo

O futuro do Brasil pode estar na mão dos juízes do TRF-4 que vão julgar a condenação de Lula

Ainda que seja grande a pressão das redes sociais em favor do encarceramento do ex-presidente Lula da Silva, é surpreendente verificar que a cada pesquisa de opinião pública ele aparece como forte candidato à Presidência da República.

Parece claro que a grande maioria da população está mesmo torcendo para que seja feito logo o julgamento, pelo Tribunal Regional Federal de Porto Alegre, do recurso proposto pela defesa de Lula contra a decisão do juiz Sergio Moro que o condenou. Se isso vier a se confirmar, mantida a decisão ele ficará enquadrado na Lei de Ficha Limpa e não poderá inscrever regularmente sua candidatura no pleito de 2018.

Nunca se deve pedir pressa em decisão de juiz. Mas, em verdade, se passar muito tempo e não for proferida pelo TFR-4 a decisão sobre o processo em que Lula é réu, a proximidade do prazo para inscrição das candidaturas no ano que vem tornará real o risco de a defesa do ex-presidente Lula aforar uma medida cautelar para garantir o seu direito de ser candidato.

Sem nenhuma dúvida isso não será fácil – mas não impossível – se o julgamento dos recursos aforados pela defesa de Lula e pelo Ministério Público se aproximarem da data de inscrição das candidaturas. Quanto mais próximo, maior pressão haverá dos defensores de Lula para que seu direito de concorrer seja respeitado.

A lei e o Direito não favorecem a obtenção de cautelar nas circunstâncias em que se encontra o ex-presidente. Mas, como duas pessoas não veem a mesma coisa, ou seja, uma vê de um jeito e a outra, de outro, não será impossível que algum juiz decida por manter o direito de Lula de concorrer à Presidência, passando por cima de decisões contrárias.

Murillo de Aragão: Os candidatos se apresentam

- Diário do Poder

A designação do governador Geraldo Alckmin como presidente do PSDB – a ser aclamado em convenção no próximo dia 9 – e sua virtual indicação como candidato à Presidência fez com que o tucano passasse a dedicar seu tempo quase integral às articulações para 2018.

Tudo o que ele faz, desde então, visa tal objetivo. Bem recebido pelo mercado, o PSDB estimulou o lançamento de candidaturas que se mantinham na sombra, a espera de um fato novo, que afinal surgiu com a conciliação no muro tucano.

Foi pensando também em 2018 que Marina Silva apressou sua entrada na disputa eleitoral. Ela admitiu que será "uma campanha ralada" e falou dos desafios que tem pele frente: financiamento escasso e tempo de TV insignificante. Apesar disso, a ex-senadora intimida com seus 9%.

José Aníbal: A razão de ser do PSDB: reformar o Estado a favor do Brasil

- Blog do Noblat

Votar a favor da reforma da Previdência é a atitude mais republicana, patriótica e responsável que qualquer político brasileiro pode tomar nos dias atuais.

Nenhum debate tem hoje relevância maior do que esse, seja por combater os privilégios da elite burocrática – que se aposenta mais cedo e com ganhos muito superiores do que a imensa maioria dos trabalhadores do setor privado –, seja por garantir a sustentabilidade financeira do sistema, evitando que nossos filhos e netos paguem pela inércia da nossa geração.

Como bem definiu o economista Paulo Tafner, se mantivermos as atuais regras da previdência, que pioram a distribuição de renda em vez de melhorar, a previdência pode até não quebrar, mas o Brasil quebra e quem pagará por isso serão os mais pobres. Para honrar as gordas aposentadorias do funcionalismo público, o governo teria de cortar investimentos em saúde, educação, segurança, saneamento...

Quem pode ser a favor disso, a não ser esses privilegiados?

Vera Magalhães: Expectativa x realidade

- O Estado de S.Paulo

A expectativa de que a convenção do próximo sábado fosse a aclamação da pré-candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência não do PSDB, mas da República, vai esbarrando na realidade de um partido para lá de dividido.

Por enquanto, fracassaram as investidas de bombeiros como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de dissuadir o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, de manter a postulação por prévias na sigla. Embora ninguém leve a sério nem sequer a real disposição do ex-senador de disputar a Presidência, ele quer se manter em evidência pelos próximos meses para depois engatar uma candidatura ao governo do Amazonas ou ao Senado.

Mesmo o esperado e já combinado anúncio do apoio de João Doria Jr. ao padrinho depois de meses em que mediram forças esbarra em outra questão: o que o prefeito de São Paulo dirá quando questionado sobre uma eventual candidatura ao governo? A pesquisa Datafolha que mostrou a deterioração de sua popularidade contribuiu para que aliados de Doria o aconselhassem a ser o mais discreto possível em se tratando de planos políticos.

Por fim, existe uma saia-justa instalada na sigla com a insistência de Aécio Neves em comparecer à convenção. Como tucanos têm punhos de renda, ninguém pediu abertamente ao mineiro que arranje uma desculpa e não vá a Brasília. Assim sendo, o mais provável é que Alckmin, além de não ser aclamado, ainda tenha de posar para a tradicional foto com braços levantados ao lado do presidente licenciado do partido.

Rosângela Bittar: Candidato até o amargo ou doce fim

- Valor Econômico 

Lula para todos os gostos, papéis e balizador do centro

Quantas vezes já não se ouviu dizer de pesquisadores e cientistas políticos que Luiz Inácio Lula da Silva não será candidato a presidente da República em 2018, por impossível, improvável e rejeitável? Inúmeras. É praticamente um axioma e a sua campanha nacional, em forma de caravana Estado afora, teria apenas o objetivo de manter o ex-presidente politicamente ativo enquanto seu lobo não vem, ou seja, os processos da Lava-Jato não chegam a seu desenlace fatal. Pois bem, agora é um novo momento.

A candidatura Lula é uma realidade e há juristas garantindo que, independentemente da agilização dos julgamentos no TRF do Rio Grande do Sul, com o objetivo exatamente de inviabilizá-lo, o ex-presidente vai disputar. Como? Os prazos jurídicos podem ser elásticos, há os recursos, as liminares, o efeito suspensivo e outros remédios jurídicos que permitem a Lula disputar. Se a Justiça impugnar sua candidatura, esgotados os recursos, não poderá ser candidato, mas poucos creem nessa hipótese.

Alguns amigos têm o sentimento que seria melhor para Lula não desejar a Presidência da República novamente, evitar a campanha, o embate direto. Do ponto de vista pessoal, ele ainda está muito ferido, desanimado, acha-se realmente perseguido, considera que Marisa, sua mulher morta em fevereiro, foi vítima da pressão da Lava-Jato que agora estabeleceu uma busca incessante contra seus filhos, enfim, ainda não perdeu, mas está perdendo força para lutar. Porém, não parou e não pensa parar. Acha ainda que se outros, mais ou igualmente comprometidos com a Justiça como ele, estão na disputa, porque ele entregaria os pontos?

Bernardo Mello Franco: O pior Congresso

- Folha de S. Paulo

O Congresso nunca foi tão detestado. Seis entre dez brasileiros reprovam os parlamentares que deveriam representá-los. É a pior marca desde que o Datafolha começou a medir a avaliação de deputados e senadores. Com as exceções de praxe, eles fizeram por merecer.

O recorde de rejeição vem coroar a legislatura que alçou Eduardo Cunha à presidência da Câmara. Justiça seja feita, o correntista suíço não é o único culpado pelo descrédito da classe. Ele chegou lá porque soube organizar a massa de políticos que usam o mandato para fazer negócios.

O eleitor já conhece os métodos da turma desde a longínqua CPI do Orçamento. A novidade da Lava Jato foi atingir mais gente e pegar peixes mais graúdos que os "anões" de 1993. Além disso, a operação expôs as entranhas do comércio de leis, emendas e medidas provisórias.

Merval Pereira: Restrições à reeleição

- O Globo

A proposta de emenda constitucional (PEC) que institui o semipresidencialismo no Brasil tem uma novidade fundamental para a política brasileira: o artigo 82, que prevê que o mandato presidencial será de quatro anos, determina que (...) “Ninguém poderá exercer mais do que dois mandatos presidenciais, consecutivos ou não”. Quer dizer que um presidente da República reeleito não poderá nunca mais se candidatar ao mesmo cargo. Ou que um presidente que não se reeleja poderá disputar mais uma vez o mandato, mas, eleito, não poderá tentar a reeleição.

Lula é o único ex-presidente até o momento que tenta voltar ao poder, e se esse projeto de semipresidencialismo for aprovado no ano que vem, mesmo que não valha para as eleições presidenciais de 2018, impedirá que, eleito, tente a reeleição quatro anos depois. É claro que um presidente eleito terá condições de aprovar na Câmara uma mudança dessa regra, mas a intenção da ressalva é óbvia.

O cientista político Octavio Amorim Neto, professor Associado da Ebape/FGV-Rio, que estuda esse sistema de governo há 20 anos, especialmente o utilizado em Portugal, onde atualmente é investigador visitante do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, na análise que fez da PEC a meu pedido, não entra nesse mérito político, mas considera correto proibir que alguém exerça mais de dois mandatos presidenciais, “justamente para evitar o triste espetáculo que se observa na América Latina, com ex-presidentes que se recusam a se aposentar e impedem a renovação política”.

Vinicius Torres Freire: Bobagens sobre pesquisas eleitorais

- Folha de S. Paulo

Nos últimos dias, difundiram-se opiniões com ares céticos sobre os números do Datafolha. Dizem os doutos ponderados que não se pode levar muito em conta a pesquisa. A eleição estaria muito incerta porque 48% do eleitorado diz que não sabe em quem vai votar quando não se lhe apresenta uma lista de candidatos. Trata-se do resultado quando se pede a opinião "espontânea" do eleitor.

Hum. Não quer dizer nada. Tem sido mais ou menos assim desde 1994. A pesquisa "espontânea" não diz grande coisa. O eleitor costuma flutuar na estratosfera antes de seis meses da votação.

Quando há uma lista fechada de candidatos, em geral as chances e as forças dos candidatos ficam mais evidentes apenas e partir de junho do ano da eleição. Isto é, estamos a mais de seis meses de ter uma visão mais clara da pendenga.

O problema da incerteza não está bem aí, no eleitorado.

Luiz Carlos Azedo: A última carga

- Correio Braziliense

O governo prepara uma espécie de última carga para aprovar a reforma da Previdência na Câmara, para a qual precisa mobilizar uma tropa de 308 deputados dispostos a endossar o relatório do deputado Arthur Maia (PPS-BA), relator do projeto. Ontem, o presidente Michel Temer subiu o tom do discurso a favor da reforma, durante encontro com o presidente da Bolívia, Evo Morales, no palácio do Itamaraty, em Brasília: “O ponto central da reforma é estabelecer a idade mínima de aposentadoria de 65 para homens e 62 para mulheres. Muitas vezes, divulgações equivocadas falam que a mudança é para amanhã. Mas 65 anos é para daqui a 20 anos. De vez em quando espalham: ‘olha, vão tomar a sua aposentadoria’. É um terrorismo inadequado”.

Há um ano a reforma está parada na Câmara, entre idas e vindas. O cenário é confuso porque o governo viu a base parlamentar encolher para 240 votos na rejeição da segunda denúncia do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot contra o presidente Temer, num universo de 513 deputados. Na semana passada, o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estava pessimista quanto à aprovação. Agora, depois das reuniões de Temer com os líderes da base, já acredita na possibilidade de votar a reforma na próxima semana. Uma das medidas tomadas foi fechar questão na bancada do PMDB, o que pode se reproduzir em outros partidos.

Fábio Alves: As viúvas do mercado

- O Estado de S.Paulo

O temor é de que Alckmin não consiga se viabilizar como um candidato competitivo

Chile e África do Sul dão início neste mês a um dos ciclos eleitorais mais pesados para os países emergentes em pelo menos uma década, mas os investidores estrangeiros colocam as eleições presidenciais do Brasil e do México como as que apresentam os maiores riscos de causar nervosismo nos mercados e bastante volatilidade aos preços dos ativos.

A partir do próximo dia 17, com o segundo turno das eleições no Chile, pelo menos oito países emergentes têm pleitos presidenciais marcados até o fim de 2018.

E basta ver o dia seguinte ao resultado do primeiro turno no Chile, quando o candidato conservador e com uma plataforma favorável ao mercado – o ex-presidente Sebastian Piñera – foi ao segundo turno com uma margem bem menor do que o esperado sobre o rival de centro-esquerda, Alejandro Guillier: o principal índice da bolsa de valores chilena caiu 5,86%, a maior queda em seis anos.

As últimas pesquisas de intenção de voto apontam para uma disputa muito acirrada no segundo turno chileno.

Míriam Leitão: O começo da volta

- O Globo

A economia está se recuperando. Há indicadores positivos mostrando que o país saiu do fundo do poço, mas há ainda um grande caminho a andar até chegar ao ponto do qual o país caiu na recessão. A produção industrial em outubro ficou 5,3% maior do que a de outubro do ano passado, mas ainda esta 17% abaixo do melhor momento, em 2013. A queda já chegou a ser de 21%. O caminho de volta só está começando.

Nada será como em outras recuperações. A volta será trilhada passo a passo e no meio do caminho haverá não apenas uma, mas várias pedras. Esta recessão não foi provocada por uma crise externa, foi feita aqui mesmo. Quando começou, o país já estava em desordem fiscal e ela se aprofundou pela queda forte da arrecadação. A dívida bruta subiu 20 pontos percentuais do PIB, desde o começo do governo Dilma. O cenário político é confuso, o governo não inspira confiança. Tudo isso é fator desestabilizador que dificulta o crescimento. Mesmo assim, há dados mostrando que a recuperação já começou.

Monica De Bolle: Grandes expectativas tortas

- O Estado de S.Paulo

Na realidade, as expectativas podem estar a revelar apenas o viés e os anseios políticos de cada um

“Não faça perguntas e não ouvirás mentiras”,
Charles Dickens,
Great Expectations

Em economia o termo “expectativas” refere-se às previsões e cenários que tomadores de decisão formam em relação à evolução dos preços, do consumo, da atividade econômica, das contas públicas, das contas externas. Expectativas podem ter impacto significativo nas decisões das empresas e dos consumidores: visões pessimistas sobre a economia podem levar firmas a desistir de investir, afetando empregos, a arrecadação futura do governo, a capacidade de consumo das famílias. Expectativas também influenciam a política econômica – se os formadores de preço acreditam que a inflação continuará a aumentar, provável será que o aumento necessário de juros para estabilizar preços tenha de ser maior do que o antecipado. Por fim, as expectativas têm papel político importante. Quantas vezes já não se ouviu dizer que “a melhora das expectativas mostra que o governo de xxx está fazendo um excelente trabalho”? Não à toa, muitas vezes as expectativas viram mote de campanha. O que poucos sabem é que as expectativas raramente são imaculadas. Em mundo cada vez mais polarizado, as expectativas estão crescentemente contaminadas pelo viés político de cada um, e isso é um problema para qualquer economista que queira delas extrair informações sobre o futuro da economia.

Cristiano Romero: A origem da corrupção

- Valor Econômico

Esquema de corrupção da Petrobras foi criado por técnicos de carreira

Quando é indagado sobre as causas da corrupção no Brasil, o juiz Sérgio Moro costuma dizer que o mal está no loteamento político dos cargos de direção das estatais, das autarquias e da administração direta. É fato que, sim, o loteamento existe para sustentar politicamente as forças que governam o país. Na ausência de partidos fortes, cargos. Mas a ocupação de espaços na administração direta e indireta não explica, sozinha, a roubalheira que, erradamente, atribuímos a um desígnio exclusivo do Brasil.

Observe-se o caso da Petrobras, do qual trata Sérgio Moro há mais de três anos e que se transformou no símbolo da malversação de dinheiro público na história do país: o mega-esquema de corrupção investigado pela Operação Lava-Jato, que já resultou na condenação de 177 indivíduos, foi montado originalmente por funcionários de carreira da estatal e não por pessoas indicadas por políticos.

Incentivados por padrões absolutamente lenientes de governança, diretores e gerentes da Petrobras perceberam que era muito fácil desviar recursos da empresa que, na primeira metade deste século, inflada por uma política de gigantismo estatal irresponsável e danosa ao erário, orgulhava-se de tocar o maior programa de investimento corporativo do planeta - claro, às custas do Tesouro Nacional, que apenas em 2010 despejou na companhia, em recursos obtidos por meio de endividamento, R$ 51 bilhões, isto sem falar de centenas de bilhões de reais de dívida emitida para viabilizar os empréstimos subsidiados do BNDES a empresas como a Petrobras, a maior tomadora desses recursos.

O verdadeiro trunfo eleitoral: Editorial/O Estado de S. Paulo

O governo pretende convencer os partidos da base aliada a fechar questão em favor da reforma da Previdência. Isso obrigaria os parlamentares dessas legendas a aprovar a reforma, ficando os dissidentes sujeitos à punição. A nova estratégia do presidente Michel Temer, que até agora estava sendo obrigado a cabalar votos deputado por deputado em razão da hesitação dos partidos da base, aposta no comprometimento formal das legendas governistas com as reformas.

Pode-se perguntar o que o governo pode oferecer para convencer os partidos que até aqui vinham evitando esse apoio institucional explícito a uma reforma tão reputadamente impopular. A resposta vai além da simples promessa de mais espaço na máquina do Executivo ou de preciosas verbas às vésperas de um ano eleitoral. Trata-se de fazê-los enxergar que a reforma da Previdência integra um esforço muito mais amplo, com vista à recuperação rápida e sustentável da economia, trabalho cujo sucesso é essencial para alavancar as candidaturas vinculadas de uma forma ou de outra ao governo.

Ou seja, o governo entende que é possível transformar o que seria um fardo eleitoral – a aprovação da reforma da Previdência – em um trunfo.

Tal estratégia contraria a percepção generalizada segundo a qual as medidas de austeridade e a reformulação do sistema previdenciário tirariam votos porque prejudicariam os eleitores em geral. É nisso que apostam, aliás, os dois candidatos que aparecem na frente nas pesquisas de intenção de voto, Lula da Silva e Jair Bolsonaro. O primeiro, inclusive, já avisou que, se eleito, mandará rever todas as medidas saneadoras adotadas pelo presidente Temer, a começar pelo teto de gastos públicos, e conclamou a oposição a “juntar forças para evitar que essa reforma (da Previdência) aconteça, porque o que eles estão fazendo não é uma reforma, é um desmonte, quase que uma implosão de tudo aquilo que foi considerado conquistas sociais para o povo brasileiro”. Bolsonaro, por sua vez, fiel a seu estilo, chamou a reforma da Previdência de “porcaria”.

Esforço concentrado para aprovar reforma: Editorial/O Globo

Não faltam informações objetivas para desmistificar ameaças aos parlamentares de corporações que se beneficiam dos desequilíbrios da Previdência

O governo, nos últimos dias, acelerou gestões para começar a votar a minirreforma da Previdência ainda este ano. O Planalto precisa mesmo apressar este projeto. O tempo passa, e é necessário dar um sinal forte de que governo e Congresso farão o possível para aplainar o terreno de 2018, ano em que haverá oscilações nos mercados ditadas por pesquisas eleitorais, com o risco de contaminação da economia real.

A campanha de 2002, em que Lula logo apareceu como favorito, é um alerta. À medida que o candidato do PT se fortalecia no eleitorado, o dólar subia, encarecendo as importações e, assim, criando pressões inflacionárias.

Investigação chega mais perto do núcleo político de Trump: Editorial/Valor Econômico

A única vitória legislativa do primeiro ano de governo de Donald Trump, mesmo com a Câmara e o Senado dominados por republicanos, encontrou o presidente às voltas com mais suspeitas de colaboração russa na campanha eleitoral que o levou à Casa Branca. O Senado aprovou na madrugada de sábado, por 51 votos a favor e 49 contrários, projeto de reforma tributária que corta impostos para os mais ricos. Horas antes, o ex-assessor de segurança nacional, Michael Flynn foi indiciado, e se declarou culpado, por ter mentido para agentes federais sobre seus encontros com o embaixador russo em Washington, Sergei Kislyak, logo após as eleições.

O promotor especial Robert Mueller, encarregado da investigação, vai aos poucos se aproximando do círculo íntimo do presidente. Flynn disse ter recebido instruções para contatar os russos de alguém graduado no comando da campanha, uma pista que aponta em primeiro lugar para Jared Kushner, genro do presidente, e, depois, potencialmente, para o próprio Trump.

Doria esvaziado: Editorial/Folha de S. Paulo

Prestes a completar o primeiro ano à frente da administração de São Paulo, o prefeito João Doria (PSDB) acaba de receber uma lição de humildade dos eleitores. Segundo o Datafolha, 39% dos paulistanos consideram sua gestão ruim ou péssima. Só 29% aprovam o tucano, que contava com o apoio de 44% um mês depois da posse.

Ungido após uma vitória acachapante no primeiro turno das eleições do ano passado, quando se apresentou como resposta ao cansaço dos brasileiros com a política profissional, Doria agora ostenta uma taxa de reprovação tão alta quanto a de seu antecessor, Fernando Haddad (PT), ao fim do primeiro ano de seu mandato.

O petista enfrentava então o desgaste causado pelas manifestações que marcaram o ano de 2013, quando protestos contra o aumento do preço das passagens de ônibus nas principais capitais se transformaram numa avalanche contra políticos e governos de todas as cores.

Poder em jogo/O Globo: Primeiras entregas

Assim que assumiu o comando da Polícia Federal, há quase um mês, Fernando Segóvia prometeu à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, concluir até 15 de dezembro as investigações que ela pediu sobre a menção de ministros da Corte em uma conversa entre os delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud. O áudio, revelado pela Procuradoria-Geral da República em setembro, deixava no ar suspeitas de corrupção. À época, a ministra foi à TV pedir apuração urgente do caso. Joesley e Saud pediram desculpas ao Supremo.

Ação pelo silêncio
O ministro Marcos Pereira (Indústria) tenta impedir, no STF, que a Comissão de Ética da Presidência tenha acesso a conversas gravadas entre ele e Joesley Batista. O ministro Edson Fachin decidira entregar os áudios à comissão. A defesa de Pereira alega que o caso saiu das mãos de Fachin e, agora, está com Celso de Mello. E diz que nem o cliente nem Mello tiveram acesso ao material. Em delação, Joesley diz que Pereira pediu propina.

Ruas e cofres vazios
A luta contra a reforma da Previdência rachou o movimento sindical. As grandes centrais recuaram e decidiram cancelar a greve geral convocada semana passada, que aconteceria ontem. As entidades de menor porte foram em frente, mas a baixa adesão foi evidente. Sem capacidade de mobilização, as centrais temem perder arrecadação de seus filiados, fonte importante de recursos depois do fim do imposto sindical.

Decisão bilionária
Está nas mãos do ministro do STF Dias Toffoli uma decisão que pode causar ao setor de geração de energia hidrelétrica perdas estimadas em R$ 4,6 bilhões. Após audiência com o ministro na semana passada, integrantes do governo saíram confiantes de que ele suspenderá centenas de liminares concedidas a empresas da área, que contestam decisões do Ministério de Minas e Energia. Essa percepção levou o governo a suspender o envio ao Congresso de medida provisória sobre a crise no setor. A informação foi dada pelo diretor-geral da Aneel a grupo de investidores, em reuniões recentes, em Brasília. O recurso da União e da Aneel está com Toffoli.

Campo magnético
O pedido da procuradora Raquel Dodge ao STF para que o deputado Lúcio Vieira Lima passe a usar tornozeleira eletrônica semeou preocupação na Câmara. Um curioso comentava: “Se a moda pega, teremos uma bancada de ‘eletroacorrentados’ no plenário, com ‘risco’ de interferência de sinal no painel eletrônico de votações.”

Painel/Folha de S. Paulo: Data de decisão do TRF ‘muda pouca coisa’ para Lula, diz autor da tese que fez o petista mirar 2018

Corrida de obstáculos Autor do parecer que definiu a estratégia de Lula para concorrer ao Planalto mesmo condenado em segunda instância, o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira diz que a tentativa de acelerar o julgamento do petista no TRF-4 “muda pouca coisa no cenário geral”. Ainda que os desembargadores concluam o processo no primeiro semestre de 2018, virão os recursos. É improvável que todos sejam apreciados antes de agosto, quando o ex-presidente levará seu registro à Justiça eleitoral.

Abre uma janela Pereira explica que, ainda que o TRF-4 analise todos os recursos em tempo recorde, Lula poderá apelar ao STJ e ao STF para tentar suspender o veredito dos desembargadores e levar a campanha até, no mínimo, 20 dias antes do primeiro turno.

Fecha uma porta Uma performance extremamente célere do TRF anularia apenas um dos caminhos sugeridos por ele ao ex-presidente: o que recomendava pedir ao Tribunal Superior Eleitoral a suspensão de qualquer análise sobre o registro da candidatura de Lula até que todos os recursos fossem esgotados na segunda instância.

Só com ele O PT vai explorar a rapidez do Tribunal Regional Federal. Dirá que o “tratamento diferenciado” mostra que não há perseguição aos políticos, mas apenas ao petista.

Coluna do Estadão/O Estado de S. Paulo: PSOL quer cassação de Lúcio Vieira Lima

Além do pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, de recolhimento noturno, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA) também deve enfrentar um processo no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. O PSOL vai representar no colegiado pela cassação do mandato do peemedebista acusado de lavagem de dinheiro e associação criminosa . “O caso de malas de R$ 51 milhões é bastante simbólico para a sociedade e achamos que a Câmara tem de agir, não só a Procuradoria”, enfatizou o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

» Sempre eles. O último deputado cassado pelo colegiado foi o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, após pedido do PSOL.

» Todo cuidado... Para aprovar a reforma da Previdência, o governo vai tentar mudar o clima de “já perdeu” que se instalou no Congresso e começar a espalhar que tem os votos suficientes para aprová-la.

» ...é pouco. A mudança de discurso é necessária para evitar o risco de perder votos até entre os que já decidiram a favor da reforma e podem se ver tentados a recuar uma vez que ela pode ser engavetada.

» Chumbo trocado. A cotovelada do ministro Henrique Meirelles no PSDB foi uma resposta às críticas que enfrentou da dupla Aécio e Tasso Jereissati sobre a condução da economia.

» Mágoas. Meirelles não esquece que o senador mineiro já atuou para emplacar um nome do PSDB na área econômica e das alfinetadas que tomou de Tasso.

» Azeitona na empada. Tucanos graúdos ameaçam boicotar a convenção do partido, sábado, a depender da chapa que será apresentada pelo governador Geraldo Alckmin (SP) para a executiva nacional.

» Viúvos. Uma ala não admite que Alckmin deixe de fora da executiva os tucanos alinhados ao governo Temer e defende que o governador de Goiás, Marconi Perillo, seja o primeiro-vice-presidente da legenda.

» Vai mudar? Na ausência do presidente do PSDB, cabe ao próprio escolher qual dos vices vai substituí-lo. O novo estatuto do partido vai definir uma ordem.

» Sinal vermelho. Interlocutores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizem que ele está preocupado com o fato de o ministro Luiz Fux assumir a presidência do TSE no período eleitoral. O petista acha que ele é muito suscetível às pressões das ruas e atuaria para barrar sua candidatura.

» Em jogo. Está surgindo um movimento favorável à candidatura de José Múcio a governador de Pernambuco pelo PTB. Caso isso ocorra, o senador Antonio Anastasia poderia ser indicado por Temer para a vaga de Múcio no TCU.

» Nem pensar. A bancada ruralista na Câmara não conseguiu apoio do governo para aprovar o projeto que parcela em até 20 anos as dívidas dos fazendeiros com a Previdência rural.

» Já foi. A oposição ao governo Evo Morales enviou uma carta a Michel Temer para que ele não recebesse o presidente da Bolívia. De nada adiantou.

País não pode substituir políticos por funcionários públicos, diz Gilmar

Letícia Casado / Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta terça-feira (5) que o país precisa de profissionais da política e não de "funcionários públicos, ainda que graduados como juízes ou promotores".

O magistrado, que preside o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), defendeu a importância da classe política durante evento sobre eleições na corte.

"Precisamos, inclusive, dos profissionais da política, dessas pessoas que se dedicam integralmente à atividade política e que têm todo um aprendizado especial. Não podemos pensar em substituir os políticos por funcionários públicos, ainda que graduados como juízes ou promotores", afirmou.

Ele destacou que o cidadão não deve considerar todos os políticos corruptos e, com isso, desacreditar no sistema.

"Temos que ter a política limpa, ativa, mas não podemos fazer isso de lenda política ou tentar fazer com que todos os políticos sejam considerados elementos negativos da sociedade ou corruptos", completou.

Gilmar disse ainda que o tribunal se preocupa com o financiamento das campanhas eleitorais em 2018.

Carlos Drummond de Andrade: A Máquina do Mundo

E como eu palmilhasse vagamente
uma estrada de Minas, pedregosa,
e no fecho da tarde um sino rouco

se misturasse ao som de meus sapatos
que era pausado e seco; e aves pairassem
no céu de chumbo, e suas formas pretas

lentamente se fossem diluindo
na escuridão maior, vinda dos montes
e de meu próprio ser desenganado,

a máquina do mundo se entreabriu
para quem de a romper já se esquivava
e só de o ter pensado se carpia.

Abriu-se majestosa e circunspecta,
sem emitir um som que fosse impuro
nem um clarão maior que o tolerável

pelas pupilas gastas na inspeção
contínua e dolorosa do deserto,
e pela mente exausta de mentar

toda uma realidade que transcende
a própria imagem sua debuxada
no rosto do mistério, nos abismos.

Abriu-se em calma pura, e convidando
quantos sentidos e intuições restavam
a quem de os ter usado os já perdera
e nem desejaria recobrá-los,

Marisa Monte: Lencinho querido (El pañuelito) ao vivo em Buenos Aires

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Opinião do dia: Luiz Werneck Vianna*

A política brasileira encontra-se criptografada, indecifrável para os mortais comuns, que a cada dia são aturdidos pelos meios de comunicação com notícias de que o fim do nosso mundo está próximo e não há o que fazer para salvá-lo do pântano da corrupção em que estaria atolado. Nossos profetas do apocalipse são prisioneiros de suas fabulações sobre a História do País, que identificam como um experimento malsucedido a ser “passado a limpo” por sua intervenção redentora. Querem nos fazer crer que atuam em nome de ideais e sem interesse próprio, mas o gato está escondido com o rabo de fora, pois em meio à alaúza que provocam se pode entrever a manipulação da sucessão presidencial de 2018.

Essa sucessão abre uma janela de oportunidade para uma agenda inovadora que procure, em meio a um amplo processo de deliberação pública, identificar novos rumos legitimados pelo voto para o País. No entanto, caso se frustre esse caminho por desastradas ações dos agentes políticos, pode apontar para o derruimento do regime da Carta de 88, concedendo passagem às potências malignas que ora nos espreitam. O cenário que se tem pela frente, é forçoso reconhecer, não favorece previsões de desenlaces felizes para os dilemas com que ora nos confrontamos.

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* Sociólogo, PUC-Rio, ‘A sucessão e o novo espírito do tempo’, O Estado de S. Paulo, 3/12/2017.

Merval Pereira: O papel das Forças Armadas

- O Globo

O papel do presidente da República como Comandante Supremo das Forças Armadas não está bem definido na Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que implanta o semipresidencialismo no país, o que poderá gerar conflitos entre o presidente, o ministro da Defesa e o primeiro-ministro. É o que avalia o cientista político Octávio Amorim Neto, professor associado da Ebape/FGV-Rio, que estuda esse sistema de governo há 20 anos, especialmente o utilizado em Portugal, onde atualmente é investigador visitante do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

A meu pedido, ele fez uma análise da PEC, que circula em Brasília no meio político, gerada em discussões entre o presidente Michel Temer e o ministro do Supremo Gilmar Mendes, que acumula a presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Embora a mudança de sistema de governo não possa vigorar já na eleição de 2018, o Supremo Tribunal Federal tem na pauta próxima uma definição sobre se é possível fazer uma alteração do nosso sistema presidencialista apenas por emenda constitucional, depois que ele foi aprovado duas vezes por plebiscitos.

Eliane Cantanhêde: Quem é mais anti-Lula

- O Estado de S.Paulo

Alckmin patina e as forças de centro estão se guardando para quando o carnaval chegar

Ao mesmo tempo em que viabiliza sua candidatura à Presidência da República, Geraldo Alckmin patina nas pesquisas e atrai pressões e ataques especulativos de dentro e de fora do PSDB e até mesmo de adversários. Isso significa fraqueza, mas também pode significar força.

Se Alckmin não empolga, está em quarto lugar e não consegue criar a expectativa de vitória, por que ele incomoda tanto, preocupa tanto, mobiliza tanto os adversários? Porque, em uma política polarizada como continua sendo a brasileira, um candidato do PSDB, qualquer que seja, ainda é um fator relevante na eleição. Especialmente se o PT é quem lidera.

Ao dizer que os antilulistas estão migrando para Jair Bolsonaro, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não faz uma mera constatação e sim exercita uma estratégia: insuflar Bolsonaro e minimizar Alckmin. Apesar dos pesares, para Lula é melhor Bolsonaro do que Alckmin no segundo turno.

Bolsonaro se consolidou e não faltam relatos de como é recebido em festa pelo País afora e estimula anônimos a lançarem camisetas para ele no Aeroporto de Brasília, outdoors em Criciúma (SC) e adesivos de carro em Natal, para ficar em poucos exemplos. Mas Bolsonaro não tem a estrutura partidária, as alianças, o tempo de TV, os recursos e a experiência de Alckmin. E, ao contrário de quem é governador de São Paulo, também não tem muito o que mostrar em uma campanha.

Logo, o tucano Alckmin é “mais perigoso” para um candidato petista do que um deputado que vive há 25 anos da política, mas se diz antipolítico. Por isso, os petistas vão martelar o oposto: que Bolsonaro é o anti-Lula e Alckmin não está com nada. Para bom entendedor, basta: eles temem Alckmin.

A vida do tucano, porém, não está nada fácil e a cobrança sistemática é de que Alckmin tem prazo: ou encorpa nas pesquisas até fevereiro, ou vai enfrentar competição interna. Ali ao lado, na espreita, estarão João Doria e Luciano Huck. Eles estão praticamente fora do páreo, mas “praticamente” não quer dizer “totalmente”.

Míriam Leitão: Volatilidade política

- O Globo

A dez meses das eleições, há tempo para muita mudança no quadro eleitoral porque os processos eleitorais brasileiros são voláteis. Ciro Gomes, Garotinho, Roseana, nas disputas presidenciais, Celso Russomanno e Francisco Rossi, em São Paulo, conheceram esses movimentos que os levaram a ter altos índices de preferência em ondas que quebraram antes. Lula e Bolsonaro são eventos de natureza diferente.

Lula conhece a volatilidade da intenção de votos, nas duas eleições que perdeu para Fernando Henrique. Agora, o que o mantém na liderança é o recall e a campanha que tem feito com sua experiência e a estratégia de fugir da Justiça. Quando ele deixou o governo, o país estava crescendo 7,5% e a inflação era baixa. A recessão foi provocada pelo governo Dilma, mas Lula pode dizer que nos seus oito anos as famílias estavam usufruindo do aumento da renda e do consumo. Principalmente no Nordeste, endereço de 27% do eleitorado brasileiro. Ao mesmo tempo, Lula segue a estratégia de se fortalecer nas intenções de voto para acuar a Justiça. O Judiciário terá coragem de vetar o candidato que estiver na preferência do eleitorado?

Hélio Schwartsman: Lula ameaça a economia?

- Folha de S. Paulo

A pedidos, tento responder à pergunta que eu próprio lancei na coluna de sábado (2), na qual questionei se investidores têm reais motivos para temer uma piora da economia, caso Lula seja eleito presidente. Eu receio que tenham, mas, como veremos, os motivos são mais sutis do que sugere a polarização nossa de cada dia.

O primeiro fato a destacar é que, em 2002, também sob a desconfiança do mercado, Lula sagrou-se presidente e fez, especialmente no primeiro mandato, uma administração responsável da economia. Sua gestão não apenas produziu superavits primários como ainda patrocinou uma importante reforma da Previdência.

Foi só no final de seu segundo mandato, com o propósito de fazer o sucessor e impulsionado pela exuberante bonança das commodities, que Lula começou a flertar com o populismo. Nada de irrecuperável, porém. Foi preciso Dilma para que a responsabilidade fiscal realmente desandasse.

José Casado: Choque de desconfiança

- O Globo

Lula lidera nas mesmas pesquisas em que há 12 meses é campeão de rejeição. Eleitores duvidam da honestidade e da capacidade dos candidatos à Presidência

Vai ser a eleição da desconfiança, sugerem as pesquisas. Os eleitores não escondem suas dúvidas sobre a honestidade, a sinceridade e a capacidade de liderança dos atuais candidatos à Presidência. Essa resiliência se reflete nas taxas de rejeição, persistentemente elevadas.

O caso de Lula é exemplar. Aos 72 anos, é o político mais popular — nove entre dez eleitores o reconhecem, segundo o Datafolha, e, entre esses, 67% afirmam conhecê-lo “muito bem”. Natural para quem atravessou metade da vida em cima de um palanque.

O primeiro comício de Lula candidato aconteceu 35 anos atrás, na Curitiba de 1982. Eleito presidente, duas décadas depois, manteve três discursos diários, por rádio e TV, durante oito anos. Elegeu Dilma Rousseff falando por ela na campanha de 2010, às vezes imitando-a, como fez em Salgueiro (PE) para uma plateia de sertanejos. Escanteado por Dilma, em 2014, persevera como o eterno candidato preferencial do PT.

Raymundo Costa: Governo tenta salvar Previdência à força

- Valor Econômico

Fundo partidário pode ser usado para retaliar dissidência

A mesma eleição que ameaçava a reforma da Previdência pode funcionar como argumento decisivo para aprová-la, se tiver êxito uma ousada manobra em curso no Palácio do Planalto e no Congresso. A articulação avançou no fim de semana, a partir do entendimento de sete dos principais partidos aliados do presidente Michel Temer segundo o qual o sucesso da reforma da Previdência significa o sucesso da economia e o sucesso na economia a vitória nas eleições presidenciais de 2018.

Os dirigentes dos sete partidos - PMDB, PP, DEM, PR, PRB, PTB e PSD - firmaram um pacto para aprovar a reforma da Previdência, talvez ainda este ano, e pressionar o governador de São Paulo e presidenciável do PSDB Geraldo Alckmin a somar forças na votação da proposta. Se conseguirem ficar juntos, os comandantes dos sete partidos acreditam que podem ter voz e força na sucessão do presidente. Somado, o "grupo dos sete" representa cerca de metade do tempo de televisão que os candidatos a presidente terão na eleição.

Na avaliação dos dirigentes de partidos, a não aprovação da proposta previdenciária seria o verdadeiro risco eleitoral, pois significaria jogar fora o que até agora foi alcançado na economia, a dispersão desses partidos e a cristalização do atual panorama sucessório, com o ex-presidente Lula da Silva e o capitão Jair Bolsonaro na liderança, segundo informam as pesquisas eleitorais, o que não interessa a nenhum deles.

Joel Pinheiro Da Fonseca: Direitos humanos para humanos de esquerda

- Folha de S. Paulo

Os direitos humanos são vistos como coisa de esquerda no Brasil. É uma pena. Suspeito que isso se deva mais a animosidade para com a "turma dos direitos humanos" do que ao tema em si. Ela é vista como pronta para defender os direitos humanos de criminosos (o que é correto -a lei é para todos, sem exceção) enquanto silencia sobre a violência e o crime organizado que assolam tantos inocentes.

Nem toda turma é igual. O Human Rights Watch (HRW), uma das principais ONGs internacionais de defesa dos direitos humanos,publicou semana passada um relatório ("Crackdown on Dissent: Brutality, Torture, and Political Persecution in Venezuela") sobre o maior violador de direitos humanos da América do Sul: o regime de Nicolás Maduro.

Os casos relatados pela HRW dão uma ideia da violência do regime. Um exemplo: Ernesto Martin (pseudônimo) foi apreendido em sua casa por oficiais não-fardados, levado até Caracas, vendado e acusado de ser um terrorista, sem julgamento. Foi despido, pendurado por uma corrente no teto, recebeu jatos d'água e choques elétricos para confessar que recebia dólares da oposição. Depois de semanas preso e submetido a torturas, assinou um termo em que afirmava ter sido detido por apenas um dia e, com a obrigação de se apresentar às autoridades a cada 15 dias, foi liberado. Finalmente, conseguiu fugir do país.

Fábio Medina Osório: Uma nova Idade Média?

- Folha de S. Paulo

Em 1993, Alain Minc escreveu "A Nova Idade Média", em que caracterizava os novos tempos ou o fim dos tempos modernos. Ele mirava a queda do Muro de Berlim e cenários internacionais subsequentes para a perspectiva de uma nova ordem mundial, identificando muitas semelhanças de nosso contexto com a Idade Média.

Uma característica central seria a predominância das zonas cinzentas no universo normativo e nas sociedades, como um retorno à "lei da selva" nos mercados, na expansão de regulações paralelas ou na desobediência aos sistemas normativos por parte de muitos atores.

Algumas características de tal panorama: a insegurança jurídica, a incerteza absoluta, o caos, a extrema dificuldade de se diferenciar o permitido do proibido e a violência (real ou simbólica, do mercado ou das autoridades) nas disputas.

Como consequência, o autor identifica —e se espelha no modelo italiano— a emergência de uma inevitável aliança entre juízes, opinião pública e mídia, perante os quais os outros Poderes necessitariam prestar contas.

Luiz Carlos Azedo: A anistia das urnas

- Correio Braziliense

Apesar da Lava-Jato, a candidatura de Lula tornou-se quase irreversível nos tribunais, pois sua inelegibilidade poderia parecer uma tentativa de tirá-lo da disputa de 2018 no tapetão

Quem quiser ver o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fora do poder a partir de 2018 que trate de pisar no barro e deixar de lado os tapetes felpudos, porque a senha de que dificilmente o petista estará impedido de disputar as eleições por causa da Operação Lava-Jato foi dada ontem pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, que ainda é o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esse cenário cada dia que passa fica mais improvável, ainda mais com Lula na frente dos adversários em todas as pesquisas.

Ontem, Gilmar Mendes voltou à carga contra decisões judiciais que determinam a prisão preventiva — aquela aplicada antes de qualquer condenação judicial —, sobretudo nos processos da Operação Lava-Jato, e relativizou a jurisprudência sobre a prisão após condenação em segunda instância, ameaça que paira sobre a candidatura de Lula à Presidência nas próximas eleições. O ministro fez palestra num seminário sobre ativismo judicial na sede do Superior Tribunal de Justiça (STJ), do qual participaram magistrados, procuradores, advogados e estudiosos do direito.

Mendes voltou a criticar os juízes federais de primeira instância e os procuradores da República, numa referência indireta à força tarefa da Lava-Jato em Curitiba: “A prisão em segundo grau, em muitos casos, especialmente no contexto da Lava-Jato, se tornou algo até dispensável. Porque passou a ocorrer a prisão provisória de forma eterna, talvez até com o objetivo de obter a delação. Sentença de primeiro grau, o sujeito continuava preso, confirmava-se a provisória, e com certeza no segundo grau ele começa a execução”, disparou.

José Márcio Camargo*: Em casa que não tem pão...

- O Estado de S.Paulo

Quase 40% da arrecadação tributária do Brasil financia 8,5% da população. Sobra pouco para o resto

“Em casa que não tem pão, todo mundo grita e ninguém tem razão.” Essa é a situação do Brasil neste momento. Com um déficit público de 8,0% do PIB e uma dívida crescente, que caminha para 75% do PIB, a falta de recursos é generalizada. Cientistas reclamam de que não têm recursos para manter seus laboratórios, professores das universidades reclamam de que não têm recursos para manter as universidades, médicos dos hospitais públicos reclamam da falta de remédios e material cirúrgico, a população reclama das filas para ser atendida pelo SUS, sanitaristas reclamam da falta de investimentos em saneamento básico, etc.

Não é necessário afirmar que todas são demandas meritórias. O País precisa de mais investimento em ciência e tecnologia, mais recursos para a manutenção das universidades públicas, mais investimento em saneamento básico, mais recursos para a manutenção de hospitais públicos e para o atendimento do SUS. O problema é que não tem dinheiro. O dinheiro acabou.

Meirelles aprofunda impasse entre PMDB e PSDB para 2018

Tucanos reagiram à fala que exclui Alckmin da lista de candidatos aliados

Maria Lima / O Globo

-BRASÍLIA- Ao afirmar que o governo de Michel Temer terá um candidato próprio à Presidência em 2018 e que ele não será o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, aprofundou a crise do Planalto e do PMDB com o PSDB. Os tucanos subiram o tom das respostas a Meirelles, acusando-o de ter assumido uma posição que pode ser danosa nas relações entre os dois partidos por “ansiedade”. E disseram que sua candidatura “começa muito mal”.

Líderes do PSDB saíram em defesa de Alckmin e disseram ter dúvidas de que o ministro da Fazenda, que fez as declarações em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”, tenha condições de sustentar uma candidatura a presidente ou que possa influir nas alianças de 2018, porque não tem controle sobre o PSD, seu partido. Por outro lado, parlamentares da base e da oposição avaliam que as declarações podem ser um tiro no pé e desandar as articulações da reforma da Previdência.

— Nessa altura, quando a reforma ainda está sendo discutida e o governo aposta tudo em votá-la, tem que puxar pra dentro, não empurrar pra fora. É loucura você afugentar apoios dessa forma. Menosprezar quem está ajudando o governo é muito feio. Meirelles começou mal, não se faz campanha assim — disse o líder do PSDB, Ricardo Tripoli (SP).

O PSDB está em vias de desembarcar do governo, na convenção do próximo sábado, e o texto do governo para a reforma da Previdência ainda divide os tucanos, que devem decidir amanhã se fecham questão sobre o tema.

O presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), José Aníbal, disse que a “ansiedade” levou Meirelles a falar o que “não devia”.

Presidência, um desejo distante

Maia diz sonhar com Planalto, mas calcula votos para a Câmara

Chico Prado / O Globo

SÃO PAULO -Um sonho: chegar à Presidência da República. Mesmo com uma autocrítica de que são poucas as chances a curto prazo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), admitiu interesse em que este dia chegue. Após ter o nome mencionado pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, como possível candidato a vice-presidente, apoiado pelo presidente Michel Temer, Maia evitou alimentar expectativas, apesar de admitir que “sonha” com a ideia.

O deputado, no entanto, avaliou que hoje não se elegeria nem mesmo governador do Rio de Janeiro, seu estado. A declaração foi dada ao receber o prêmio de “Personalidade Política do Ano”, oferecido pela Central Brasileira do Setor de Serviços (Cebrasse), ontem, em São Paulo.

— É claro que eu sonho (com a Presidência), mas eu acho que não é o momento. Acho que o momento de discutir uma candidatura presidencial minha é quando eu tiver base eleitoral pra isso. Eu não tenho base eleitoral no meu estado. Tenho boas condições de me reeleger deputado, mas não tenho votos pra me eleger governador e, muito menos, presidente do Brasil — disse ele.

Meirelles ataca PSDB de olho em 2018

Críticas do titular da Fazenda aos tucanos têm respaldo de Temer; Planalto cobra apoio à PEC da Previdência e defesa do legado do presidente
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Adriana Fernandes Vera Rosa / O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA -As críticas feitas pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda) ao PSDB e ao governador Geraldo Alckmin tiveram aval do presidente Temer. A ideia do Planalto para as eleições presidenciais é reunir os principais partidos da coalizão governista numa chapa de centro-direita. Meirelles (PSD) quer se fortalecer como postulante a essa vaga e deixar ao PSDB o ônus por eventual fracasso na votação da reforma da Previdência.

As críticas do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao PSDB e até ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, tiveram o aval do presidente Michel Temer. O movimento de Meirelles tem como objetivo não apenas se fortalecer como possível candidato à Presidência, em 2018, mas também jogar no colo do PSDB a responsabilidade por eventual fracasso na votação da reforma da Previdência.

Conforme revelou o Estado no fim do mês passado, Temer começou a desenhar uma estratégia para a eleição. A ideia é reunir os principais partidos da coalizão governista em uma chapa de centro-direita para disputar a corrida ao Palácio do Planalto. Filiado ao PSD, Meirelles quer ser esse concorrente e já tenta repaginar sua imagem, para torná-la mais popular.

O outro nome que, na avaliação de aliados, pode quebrar a polarização das possíveis candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do deputado Jair Bolsonaro (PSC) é justamente o de Alckmin. O problema é que o governador – prestes a ser eleito presidente do PSDB, em convenção marcada para sábado – já defendeu o desembarque do partido da equipe de Temer e, no diagnóstico do Planalto, dá sinais dúbios sobre a defesa da gestão do PMDB.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Meirelles disse que o governo Temer terá um candidato à Presidência, em 2018. Afirmou, porém, que esse postulante não será Alckmin. “O PSDB está tendendo na direção de não apoiar o governo e isso terá consequências no processo eleitoral”, afirmou o ministro. “Não há um comprometimento do PSDB em defesa dessa série de políticas e do legado de crescimento com compromisso de continuidade.”

O ataque de Meirelles ao PSDB encontra respaldo da cúpula do PMDB, que cobra a defesa do “legado” de Temer e o apoio à reforma da Previdência, em troca de alianças para a eleição. Mesmo se não conseguir renovar a dobradinha com o PSDB, o Planalto tentará manter sob sua órbita o maior número possível de partidos aliados. A chapa dos sonhos de Temer reuniria o DEM e siglas que compõem o Centrão, como o PSD, o PP, o PR e o PTB.

Ministro ‘falou mais do que devia’, afirma Alberto Goldman

Presidente interino do PSDB rebate declarações de Meirelles; para líder na Câmara, foi uma ‘deslealdade com a sigla
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Pedro Venceslau / O Estado de S. Paulo

Os tucanos reagiram ontem à entrevista do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ao jornal Folha de S.Paulo, na qual ele criticou o PSDB e disse que a saída do partido do governo “terá consequências eleitorais” em 2018. Segundo Meirelles, os tucanos não estão comprometidos com a atual política econômica, que será o “legado” de Temer.

Presidente interino do PSDB, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman foi um dos que criticaram a entrevista. “Ele falou mais do que devia”, afirmou o dirigente. Segundo Goldman, Meirelles tem “plena consciência” de que o PSDB é a favor da reforma da Previdência, mas ressaltou que o governo ainda não chegou à versão final do texto que vai para votação no plenário.

“Meirelles não está lendo jornal”, disse Goldman sobre o posicionamento público de líderes tucanos em defesa das reformas. Sobre as “consequências eleitorais” da saída do PSDB do governo levantadas pelo ministro da Fazenda, o presidente interino do partido disse que isso é um problema “para depois”. “Temos tempo até julho do ano que vem. Não tem de discutir aliança agora”, afirmou.

Ofensiva de Meirelles é recado ao PSDB

Ribamar Oliveira e Andrea Jubé | Valor Econômico

BRASÍLIA - A entrevista do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, à "Folha de S. Paulo", publicada ontem, foi um claro recado ao PSDB, de acordo com interlocutores do ministro ouvidos pelo Valor. Meirelles quis lembrar aos tucanos, segundo as mesmas fontes, que não adianta sinalizar desembarque do governo e, ao mesmo tempo, esperar apoio da base aliada na eleição presidencial do próximo ano.
"É uma definição de posição, no sentido de que é importante o engajamento de todos nesse processo de ajuste da economia do país. O PSDB toma decisão (de deixar o governo) que tem consequência eleitoral para a composição de alianças no ano que vem", disse um dos interlocutores.

O ministro considera um equívoco dos tucanos, segundo as fontes, achar que os partidos e os eleitores que não estiverem com a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ou com a candidatura do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), os dois extremos do universo eleitoral, apoiarão o PSDB. "Eles acham que eles [os partidos e os eleitores] cairão, por gravidade, no colo do PSDB e, neste caso, do governador Geraldo Alckmin", observou uma fonte.

Na entrevista à "Folha", Meirelles contrariou essa avaliação atribuída aos tucanos, ao afirmar que o governo terá o seu candidato próprio à eleição presidencial. "Um candidato que se comprometa com as medidas de ajuste da economia, que defenda o que foi realizado e a estratégia seguida pelo governo", disse outra fonte.